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1921: NASCIDO PALESTRA, FORJADO CRUZEIRO


Juro, esses 99 anos não foram fáceis.

Nesse meu quase um século de vida, vi muita coisa do mundo e isso também me afetou.

O início foi bem difícil, trabalhadores e comerciantes italianos, vindo em busca de uma melhor vida nas primeiras décadas do século passado pelas terras das Minas Gerais resolveram proclamar meu nascimento em 02 de janeiro de 1921. Deram-me o italianíssimo nome de Società Sportiva Palestra Italia, xará do meu primo mais velho paulista. Na época, na periferia da capital mineira: Barro Preto. Hoje, ainda moro nesse bairro que já faz parte da área central de Belo Horizonte. A cidade cresceu muito. Cresci com ela, quase que de mãos dadas. Nasci com as cores da bandeira italiana: verde, vermelho e branco.

Passei minha infância e adolescência sob a flâmula italiana. Até que, quando iniciei a vida adulta, aos 21 anos, iniciou uma perseguição a mim e a meus compatriotas italianos. Por conta da Segunda Guerra Mundial, o governo Vargas me obrigou a mudar meu nome e passei a me chamar: Cruzeiro Esporte Clube. Sem esquecer as origens, meu uniforme agora remetia-se à Azzurra, à seleção bi campeã mundial, camisa azul e short branco. No peito, a primeira referência ao hemisfério sul, onde nasci: cinco estrelas da constelação Cruzeiro do Sul.

Em 1965 conheci o meu grande amor, imponente e nascido em Belo Horizonte, aos arredores da Lagoa da Pampulha, sob os lindos traços de Oscar Niemeyer: o Mineirão, conhecido atualmente também como Toca da Raposa 3.

Sabe aquelas estrelas no peito? Sabe o Mineirão? Pois é: agora o céu é o limite.

Quando meu amor fez 1 ano de idade, eu tive a minha primeira grande glória: Taça Brasil, em 1966. Uma glória que me mostrou para o mundo, ganhamos de 6 gols do Santos de Pepe, Coutinho e Pelé. Um verdadeiro show, com Raul, Piazza, Dirceu, Tostão, Natal, entre outros. Eram moleques que tinha arte com a bola nos pés. Eles apresentaram o mundo para mim, ou melhor: me apresentaram para o mundo.

Os cinco primeiros anos do Mineirão foram só vitórias minhas. Penta campeonato só para mostrar que eu já estava maduro para voar mais alto.

Contudo, 10 anos após ganhar do Santos de Pelé, fui disputar minha primeira final internacional. Era muito difícil jogar contra argentinos e uruguaios por essas terras da América do Sul. Depois de dois jogos duros no Mineirão e no Monumental de Nuñes, me mandaram lá para Santiago, no Chile, para decidir quem seria o rei da América em 1976. Aquele River Plate era um time malandro, marcaram um gol em mim cobrando uma falta sem o juiz apitar, acreditam?! Eu tinha um lateral-direito que tinha um foguete em sua perna direita chamado Nelinho. E, aos 43 minutos do segundo tempo, com uma falta frontal, em um jogo que estava 2 a 2. Mas vocês não acreditam, um bailarino vestido de azul, não quis esperar o Nelinho. Quando Nelinho foi virou de costas para pegar distância, Joãozinho não esperou o árbitro, não esperou Landaburu arrumar a barreira: enquanto o goleiro estava arrumando a barreira em uma trave, ele colocou a bola no ângulo do gol, no lado oposto ao goleiro. Aquilo foi épico.

Os anos de 1980 não foram os melhores. Mas nos anos 1990, iniciou uma nova era. Poderia ficar aqui contando as tantas glórias contra Racing, River Plate, Velez Sarsfield, Colo-Colo, Peñarol, Nacional de Montevideu, ninguém me segurava. A gente juntava todos os campeões da Libertadores até então e fazia a nossa panela, uma campeonato só com os grandes da América do Sul: a Supercopa da Copa Libertadores da América. Ganhei duas vezes seguidas, em 1991 e 1992. O primeiro ano com show de Charles e Mario Tilico, enquanto no ano seguinte a dupla era Renato e Roberto Gaúcho.

Em 1993, ganhei a minha primeira Copa do Brasil, em cima do Grêmio. Ali, iniciava a busca do recorde: quem seria o Rei de Copas do Brasil?

Em 1996, eu já conseguia o bi campeonato da Copa do Brasil. Depois de destruir Pelé, Pepe e Coutinho, o que seria Luizão, Cafu, Rivaldo e Djalminha? Realmente não ganhamos de seis. O Vasco já havia levado seis na “carcunda” (como dizem aqui em Minas), nas oitavas de finais. Aliás, esse “seis” sempre foi um número cabalístico na minha história… Foi sofrido, mas ganhamos de 2 a 1 dentro do estádio, acreditem ou não, o estádio chamado “Palestra Itália”, contra nosso primo paulista que também mudou de nome e se chama Palmeiras.

Aquele meu amor da Pampulha tinha que ter um recorde de público a altura. Final do campeonato mineiro contra o Vila Nova – um time da região metropolitana, de Nova Lima. 133 mil espectadores para ver Cruzeiro enfrentar na final o time que deixou um outro time da região metropolitana, de Vespasiano, em quinto no Campeonato Mineiro. Deixa eu confessar: aqui a gente chama o campeonato mineiro de campeonato rural… mas isso eu conto outra  hora. 

Em 1997, novamente a glória do maior da América do Sul. Disseram que não chegaria a lugar nenhum, depois de perder as três primeiras partidas. Tenho que confessar, era uma tarefa difícil. Consegui uma vitória épica contra o Grêmio em Porto Alegre, e depois venci os times peruanos do Alianza Lima e Sporting Cristal no Mineirão. Depois fui galgando vitória a vitória, até a grande final. Quem eu encontro lá? Novamente o Sporting Cristal. O jogo estava tenso, até que em uma falta para o Sporting Cristal, o goleiro Dida soltou a bola nos pés do atacante do time peruano. Em milésimos de segundos, o mundo parou. Dida recuperou-se rapidamente e conseguiu espalmar para fora aquela bola. Minutos depois, em um escanteio, a bola sobrou no pé direito do canhoto Elivélton. Ele chutou com a destreza de um canhoto com a perna direita (óbvio). Aquela bola estranha foi passando vagarosamente pelas mãos do goleiro peruano e o Mineirão virando aquela festa sem tamanho.

Para fechar o século XX, outra vitória épica na Copa do Brasil. Dessa vez, contra o São Paulo. Tínhamos que ganhar, mas perdendo até os 30 minutos do segundo tempo por 1 a 0. Dois gols muito rápido, sendo que o segundo foi uma falta “espírita”, por baixo da barreira, deixando o goleiro Rogério Ceni imóvel, já nos acréscimos.

Como vou contar esses meus últimos vinte anos de vida, com tantas glórias a serem contadas?

Em 2003, o Talento Azul, usando a camisa 10, emprestada por Dirceu Lopes, como o próprio Alex disse. Ganhamos todos os campeonatos nacionais possíveis: rural, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Não queria tirar onda, mas nem esse Flamengo de  2019 conseguiu tantas vitórias em um ano como eu consegui em 2003.

Em 2008 e 2009, vale a menção de que no primeiro jogo da final do rural contra o time de Vespasiano, ganhamos de 5 a 0: um gol para cada estrela.

Em 2011, eu estava “voando” no primeiro semestre. O técnico do Peñarol, Diego Aguirre, chegou a me apelidar de Barcelona das Américas. Mas  acho que não deu muito certo. No final do ano, estava brigando contra o rebaixamento. O último jogo? Contra o time de Vespasiano. Não poderíamos empatar. Meus dois principais guerreiros não jogariam a última batalha: Montillo e Fábio. Meus outros guerreiros entraram com a faca nos dentes. Roger comandou uma vitória épica no estádio de Sete Lagoas, enquanto meu amor estava sendo reformado para Copa do Mundo. Vocês lembram daquele número cabalístico? Pois é… ganhamos de 6 a 1. Fizemos uma tatuagem no time de Vespasiano, uma marca que nunca cicatrizará.

Em 2013 e 2014, fizemos um time que jogava para frente, assim como a escola de Dirceu e Tostão me ensinou. Em 2017 e 2018, conseguimos ganhar mais duas Copas do Brasil.

Contudo, em 2018, colocaram uns empregados dentro da minha casa que só me deram veneno e remédios que me deixavam com alucinações e fora de mim.

Se o mundo tinha me mudado, a história do político brasileiro entrou em meu corpo: comprando apoio de sócios, de torcidas organizadas, da imprensa até que uma hora, o dinheiro acabou.

Em 2019, apareci na TV. Mas não com minhas glórias, mas nas páginas policiais. Uma quadrilha tomou-me de assalto. Com mandos e desmandos. A polícia veio me visitar. Para os amigos tudo, para os inimigos, nada. Tudo que eu comprava e deixava na dispensa, não existia quando abria os armários. E agora, nos meus 99 anos, o que será de mim?

Parece que a minha torcida viu os meus gritos nos fundos do hospital. Infelizmente tive que ser rebaixado para ouvirem a minha voz. Alguns médicos disseram que eu estava em estado terminal, um enorme câncer havia alastrado por mim em todos os departamentos.

Qual seria a saída? Quimioterapia? Efeitos colaterais fortíssimos.

Mas para você saber, não fui rebaixado. Empurraram-me no desfiladeiro, sem dó, nem piedade. Eu estava sob cuidados de pessoas que não eram incompetentes. Elas sabiam o que estavam fazendo. Agora estão ricas. Caso pensado.

Hoje, no meu aniversário, todos vieram me abraçar. Filas nas lojas pelo meu novo manto. Ações por todos os lados para me recuperar. Homens corretos e honestos, empreendedores da vida, estão agora cuidando de mim. Não será fácil. Não mesmo. Mas me recuperarei mais rápido que vocês imaginam e continuarei com minha caminhada rumo à glória.

Abraço a todos,

Cruzeiro Esporte Clube, O Cabuloso.

A POLARIZAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO

por Leandro Ginane


A enorme empolgação dos torcedores dos times brasileiros e parte da imprensa especializada com a derrota do Flamengo para o Liverpool não surpreende, mas levanta uma questão interessante que é reflexo do abismo que se abriu entre o Flamengo e os demais times do país, dentro e fora do campo. O Brasil, tão polarizado na política, parece estar se tornando binário também no futebol e isso é ruim para o futebol brasileiro.

A superioridade imposta no ano de 2019 pelo time da Gávea expôs a enorme fragilidade dos demais times e também da seleção da CBF, que há anos não joga como o verdadeiro futebol brasileiro. O Flamengo mudou o patamar do esporte bretão e isso despertou um sentimento de rivalidade (mesmo que não exista por grande parte dos rubro negros) em todas as partes do país, entre torcedores — que é totalmente aceitável — e parte da imprensa. Na realidade, o momento deveria ser de reconhecimento do ano histórico rubro-negro e união do futebol sul-americano que tem neste time do Flamengo a possibilidade de desafiar o Eurocentrismo no futebol.

Curiosamente, a imprensa européia e sul-americana enxergaram no estilo de jogo do rubro-negro brasileiro, uma forma de desafiar a superioridade européia, mesmo com um orçamento dez vezes menor.

O ar blasé como os europeus tem encarado o torneio mundial da FIFA nos últimos vinte anos deveria envergonhar os sul-americanos, que historicamente sempre foi um celeiro de craques, como Riquelme, Juninho Pernambucano, Raí, etc, mas que se tornou um exportador de mão de obra para a Europa. Perceba que o que está em jogo não é apenas o que acontece durante os noventa minutos, mas a hegemonia histórica que passa pela colonização dos países sul-americanos por aqueles do antigo continente.

A comemoração da vitória do Liverpool sobre o Flamengo é uma demonstração míope e desesperada da grande parte da imprensa que se sente de certa forma aliviada com o resultado do jogo, uma espécie de alento ao corporativismo histórico que está sendo desafiado neste ano.


A contratação de técnicos ultrapassados, que não têm resultados relevantes há mais de uma década por Palmeiras e Vasco demonstra o quanto ainda são resistentes a evolução do futebol na direção de enfrentar os melhores times do mundo. Preferem a mediocridade e a retórica de comemorar a derrota de um time brasileiro, em vez de olhar para os próprios problemas e tentar resolvê-los. Isto é uma armadilha que certamente fará o Flamengo aumentar ainda mais a distância nos próximos dois anos.

Por outro lado, os principais veículos internacionais exaltam o ressurgimento de um time sul-americano capaz de jogar tática e tecnicamente de igual para igual com um time europeu e isso passa longe da comemoração de derrota, mas sim reforça a esperança de que é possível enfrentar os Europeus, diminuir a exportação de mão de obra e criar times competitivos, o que vale também para a seleção brasileira.

Findo 2019, é chegada a hora de reconhecer o que o Flamengo fez de tão diferente, aprender com ele e olhar para dentro para tentar diminuir a distância inédita que se formou no Brasil, a despeito de existir em breve — se é que já não existe — uma grande polarização entre os que estarão ao lado do Flamengo e do futebol brasileiro e os que estarão contra, que manterão o apoio ao corporativismo da CBF e aos técnicos ultrapassados que ganham milhões.

Enquanto os Rubro-negros continuarão sorrindo com o peito repleto de faixas de campeão, recordes quebrados e troféus conquistados.

UMA HOMENAGEM AOS HERÓIS DE 70

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Nessa primeira coluna do ano faço questão de homenagear os heróis de 70, os personagens que apresentaram ao mundo uma nova forma de jogar bola e que até hoje serve de inspiração para grandes times, como Barcelona, e técnicos, como Josep Guardiola.

Em 2020, comemora-se 50 anos da conquista do Tri e guardarei para sempre aqueles dias que passamos no ensolarado México. O grupo era especialíssimo, uns respeitavam os outros até porque era comandado por dois bicampeões do mundo, Zagallo e Pelé. Ninguém ousava uma reclamação por ir para a reserva por respeito ao Rei. Ter referências na vida é fundamental para a nossa formação.

Eram três goleiros espetaculares, Félix, Ado e Leão. Félix passava gomalina na tentativa de se igualar aos seus dois reservas, galãs de primeira, Kkkk!!!! Mas nunca é demais lembrar que duas defesas de Félix, contra a Inglaterra e Itália, nos permitiram seguir adiante. Brito, o Cavalo, teve sua convocação muito contestada, mas só reclamou quem não sabia nada de bola. Foi eleito melhor preparo físico da Copa e tinha como parceiro Piazza, um líder nato, que mudou de posição sem reclamar.

Everaldo, por ser mais maduro e marcador, ganhou a posição de Marco Antônio, que avançava sem medo de ser feliz. E Zagallo já achava o time ofensivo demais! Carlos Alberto Torres reinava na posição, mas qualquer problema Zé Maria estava lá para dar conta do recado. Com João Saldanha, a zaga titular das Eliminatórias era Claudio _ lembram-se dele? _ , Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel e Rildo, que ficou frustradíssimo com o corte.

Paulo Borges, Toninho Guerreiro e Dirceu Lopes também estavam no time, mas com a entrada de Zagallo alguns nomes mudaram. Zagallo conversava muito comigo e, certa vez, puxou assunto sobre Dadá Maravilha. Joguei com ele no Flamengo e, claro, tem o seu valor, mas se pudesse escolher teria levado Caio Cambalhota. A zaga também tinha Baldocchi, fechadão, na dele, e Fontana, que jogou contra a Romênia. No meio-campo e ataque era aquela constelação: Clodoaldo, Gerson, Rivellino, Pelé, Tostão, Jairzinho, eu, Edu e Roberto Miranda. Rogério foi cortado, mas seguiu com o grupo.

Muitos ficaram de fora, como Arílson, Silva, Eduzinho Coimbra, Scala, Ademir da Guia. Na Copa, tive orgulho de ter sido titular no jogo contra a Inglaterra, considerada por muitos a decisão antecipada. Jogar contra o Peru foi muito emocionante porque nosso rival era treinado pelo mestre Didi.

Na partida contra o Uruguai, Zagallo me mandou aquecer e fiquei feliz na vida. Entraria na vaga de Clodoaldo, que em um momento de pura inspiração, meteu um golaço! Mas ele raramente fazia gols! Olhei para o banco e todos riram, pegaram no meu pé, porque sabiam que aquele gol mudaria os planos do Velho Lobo. E não deu outra, voltei para o banco, Kkkk!!!

Sempre que me deito, esses momentos adoçam a minha mente. Se é nostalgia, não sei, mas dá uma saudade tremenda. Nos últimos dias, recebi ligações de produtoras de diversas partes do mundo, México, Estados Unidos, Inglaterra, França, todas agendando entrevistas para documentários, livros e homenagens. Do Brasil, zero. Ninguém valoriza a memória como americanos e europeus, e nossos irmãos argentinos, chilenos e uruguaios. Eu valorizo e idolatro meus mestres de 58 e 62, e que essa nostalgia continue guiando meus dias e ritmando as batidas do meu coração. Feliz 2020!!

RECORDE MUNDIAL DE GOLS FAZ 60 ANOS

Por Odir Cunha, do Centro de Memória

Estatísticas por Guilherme Guarche


Ao vencer o Bahia por 2 a 0, em Salvador, em 30 de dezembro de 1959, o Santos estabeleceu o recorde absoluto de 342 gols em um ano. Isso em apenas 99 jogos, o que resultou na média de 3,45 gols por jogo. Vivia-se o auge do futebol arte, o Brasil gozava o prestígio de ser campeão mundial e o Santos se consagrava como a maior expressão do futebol bonito e ofensivo daqueles tempos de sonho.

Dos 342 gols marcados pelo Santos em 1959, 183 foram obtidos em 51 jogos oficiais e 159 em 48 “amistosos”. Ou seja, a média de gols em partidas oficiais – 3,58 – foi maior do que a dos amistosos – 3,30.

Colocamos aspas em amistosos porque na época torneios como o Teresa Herrera, o Valencia e o Pentagonal do México eram relevantes, não tinham a conotação atual para um amistoso e conquistá-los era motivo de orgulho. Pois o Santos ganhou as três taças, marcando 27 gols em sete jogos, com média de 4,3 gols por jogo. Nesses eventos goleou o Botafogo de Garrincha por 4 a 1, a Internazionale, da Itália, por 7 a 1, e o América, do México, por 5 a 0.

Outros “amistosos” de 1959 foram jogados contra equipes de prestígio e respeitável nível técnico, como Barcelona, a quem goleou por 5 a 1 em pleno Camp Nou, Real Madrid, Anderlecht, Feyernoord, Fortuna Dusseldorf, Valencia, Sporting, Nuremberg, Standard Liége, Seleção da Bulgária, Colo-Colo,Vasco, São Paulo, Palmeiras, Fluminense e outros mais.

Quanto aos compromissos oficiais de 1959, o Santos fez 38 jogos pelo Campeonato Paulista, competição em que marcou 151 gols durante o ano e que terminou em segundo lugar, após uma super decisão com o Palmeiras disputada no início de 1960.

O Alvinegro marcou ainda nove gols pelo Torneio Rio-São Paulo, taça que ergueu pela primeira vez ao derrotar o Vasco por 3 a 0, e quatro gols pela Taça Brasil/ Campeonato Brasileiro, cuja final só seria realizada em 1960 e apontaria o Bahia campeão e o Santos, vice.

Artilharia pesada, uma antiga tradição

Além do recorde absoluto de gols, obtido com os 342 tentos marcados em 1959, por nove vezes o Santos marcou mais de 200 gols em um ano, quais sejam:

338 gols em 1961
270 em 1957
252 em 1958
245 em 1962
240 em 1965
228 em 1968
225 em 1960
223 em 1970
216 em 1956

O Santos detém ainda a maior média de gols em uma temporada, primazia alcançada em 1927, quando fez 179 gols em 29 jogos, média de 5,93 por partida. Mas não foi um fato isolado.


Desde 1913, ano em que se iniciou nas competições, até 1970, portanto em um período de 57 anos, o Santos só não conseguiu média superior a dois gols por partida nos anos de 1921, 1922, 1923 e 1937.

Em 20 desses anos alcançou média superior a três gols por partida, casos de 1913, 1914, 1915, 1917, 1918, 1926, 1927, 1928, 1929, 1930, 1931, 1936, 1941, 1942, 1957, 1958, 1959, 1961, 1962 e 1963.

Hegemonia prossegue neste milênio

Desde 2002 o Santos já marcou mais de 150 gols em três temporadas: 151 gols em 2003; 166 em 2004 e 180 em 2010. Nesta última, lembrada pela explosão do time de Neymar, Paulo Henrique Ganso, Robinho & Cia, excluindo quatro gols feitos em amistosos, o saldo foi de 176 gols em 74 jogos oficiais, média de 2,35 gols por jogo.

Time com mais gols marcados no futebol mundial – 12.613 até o final do Campeonato Brasileiro – recentemente o Santos se tornou também o primeiro clube a fazer mil gols no Campeonato Brasileiro desde a prevalência dos pontos corridos, em 2003. Nesse quesito, a classificação atual é a seguinte:

1º – Santos,1.008 gols.
2º – Cruzeiro e São Paulo, 978 gols.
4º – Flamengo, 916 gols.
5º – Atlético-MG e Fluminense, 903 gols.
7º – Grêmio, 859 gols.
8º – Athletico Paranaense, 855 gols.
9º – Internacional, 832 gols.
10º – Corinthians, 823 gols.

Paulinho Criciúma

O POETA DA BOLA

Embora seja Drummond o predileto do craque, é a prezada Cecilia, onde quer que ela esteja além dos corações e das mentes daqueles que só mentem para fingir as dores que deveras sentem – e já vou fazer o mesmo a Pessoa -, que peço permissão para começar este texto, distorcendo levemente seus versos, quase da mesma forma que fez Caetano. E que o baiano Veloso me conceda por sua parte também.

Nem alegre, nem triste, poeta. Poeta da bola. Paulinho Criciúma, 10 na camisa, na posição em campo e na nota no trato com a pelota e com as pessoas, devia estar meio ressabiado e me driblou várias vezes. Porém, gentilmente cedeu à marcação, certamente só para não causar uma desfeita. E, podem crer, foi a melhor coisa que fizemos: ele ao aceitar o convite para este papo que você tem aí à sua disposição, e eu – perdoem-me pela citação em primeira pessoa – por não ter desistido de trazer a sua voz de inteligente sensibilidade e um pouco de sua valiosa História no futebol para o público fã do Museu da Pelada.
Depois de mais de um mês de idas e vindas, dribles daqui e dali, ele rolou a bola para mim e tabelamos desde o nosso encontro numa manhã de sexta, no início de dezembro, em frente ao edifício em que mora, onde fui apanhá-lo com o motorista Vander Schons para seguirmos até onde já se encontrava – preparando tudo – o nosso cinegrafista, Fernando Gustav. Ali, cercados de verde por todos os lados e observados por crianças que pararam sua pelada matinal para saber o que acontecia, traçamos uma resenha sem firulas, mas com aquela destreza de quem lida com prosa e versos com a mesma facilidade com que (ele) tratava a bola. E foi assim que este bate-papo fluiu, como um bate-pronto da entrada da área, daqueles que pega na veia e a pelota morre no barbante depois de quase matar a coruja dormindo.
No fim, o autor deste golaço ainda me pediu desculpas, como se fosse preciso. Porém, diante da solicitação do craque aceitei, acatei, é claro, porque gentileza gera gentileza, já dizia o profeta. E, que se preze, todo e qualquer poeta.
Caso queira ler na íntegra a poesia “Botafogo”, de Paulinho Criciúma, é só clicar aqui: http://mundobotafogo.blogspot.com/2014/11/paulinho-criciuma-poema-do-poeta.html