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UM JOGO QUE AINDA NÃO TERMINOU

por Claudio Lovato


O velho repórter chegou à casa do ex-craque exatamente na hora marcada. Abriu o portão de dobradiças enferrujadas, percorreu o caminho de brita e cascalho que levava até a porta e tocou a campainha. Nada. Bateu de novo. Nada. 

“Não vai adiantar o senhor bater”, disse uma mulher, escorada no portão, com um cigarro entre os dedos da mão direita. “Ele foi embora ontem”.

O velho repórter fez o caminho de volta até o portão.

“A senhora sabe para onde ele foi? Ele disse alguma coisa?”

“Disse que estava indo para um lugar onde lhe deixariam morrer em paz”.

Depois de quase um ano de investigação, o velho repórterconseguira localizar o ex-craque. Sete cidades, quatro estados. Gastando suas economias.  Contando com a interminável compreensão (e o sacrifício) da esposa. E agora isso. 

“Ele não disse mais nada?”

A mulher jogou a bagana no meio-fio, afastou da testa uma mecha de cabelo grisalho e disse:

“O senhor é o jornalista, não é? O que está escrevendo um livro…”

“Sou”.

“Ele me falou do senhor. Disse que só aceitou conversar porque o senhor tem respeito por ele e pelos companheiros dele”.

“Pois é, mas apesar disso não cumpriu o combinado comigo”, ele disse num tom pesado.  

“Venha comigo”, ela falou, e apontou o caminho.

A casa ficava a menos de uma quadra de distância. 

“O senhor não me leve a mal, mas o meu marido é acamado e…”

“Não se preocupe”.

Ela entrou no quarto e, pouco depois, voltou com uma sacola de feira. 

“Ele deixou umas roupas para o meu marido e esta fruteira para mim”.

O velho repórter olhou para as coisas que ela ia tirando da sacola.

“E isto aqui para o senhor”.

Ele viu nas mãos dela um envelope fechado com durex e o abriu ali mesmo. 

“Amigo, 

Eu lhe peço desculpas, mas não há nada que eu queira mais nesta vida que ser esquecido.

“Quando se vive de lembranças, o que se é?

“Eu e meus companheiros fomos derrotados na única oportunidade em que poderíamos sair do anonimato para encontrar, como se diz, um lugar ao sol. Queríamos muito isso, por nós, pela nossa torcida, por nossas famílias.

“Não foi covardia, não foi incapacidade. Apenas aconteceu. Perdemos. 

“Sei da sua admiração, sei do seu respeito, e por isso, no início desta carta, lhe chamei de ‘amigo’.

“Vamos deixar o passado no passado. Vai ser melhor assim.

“É um favor que lhe peço. Um pedido de amigo.

“Um abraço com estima”.

O velho repórter levantou os olhos e encontrou os da vizinha. Ela lhe ofereceu um cigarro. Ele aceitou. Ela foi até a geladeira, pegou uma cerveja e lhe entregou um copo.

“Você vai atrás dele?”, ela perguntou.

“Sim”.

“Ela tem uma irmã no Paraná. Acho que mora em Londrina… Ou em Maringá, não me lembro bem. Quando ele me contou,a gente estava tomando umas”.

Ele sorriu sem vontade. Apagou o cigarro no cinzeiro, tomou o último gole da cerveja e guardou a carta, dobrada, no bolso da camisa. 

“Diz para ele que a gente manda lembranças”, ela falou quando ele já estava na calçada.

“Pode deixar”, ele respondeu. “Vou dar o seu recado”, disse por fim, e então foi procurar um táxi que o levaria à rodoviária e à continuidade de uma busca que se tornara parte essencial de sua vida.

IRON MAIDEN: BANDA LANÇA UNIFORME EM PARCERIA COM O WEST HAM UNITED

por Mateus Ribeiro


Todo fã sabe que o baixista Steve Harris é torcedor fanático do West Ham, tradicional clube de futebol de Londres. Pois bem, agora, além de torcedor, ele pode se orgulhar de ser parceiro. O Iron Maiden (representado pela figura de seu baixista/dono) se juntou ao West Ham para lançar a coleção de roupas futebolísticas estilizadas, que recebeu o nome de “Die With Your Boots On”, música lançada em 1983, no clássico “Piece Of Mind”.

O kit contém camiseta, calção e meião. O design do uniforme é similar ao que o clube londrino utiliza como primeiro uniforme, com o nome da banda estampado na faixa horizontal no centro da camiseta.

Sobre sua paixão pelo West Ham United, Steve Harris diz que “quando estou lá em cima tocando e vejo fãs na platéia vestindo material do West Ham, tenho arrepios.”

Para quem quiser adquirir seu kit, basta ir até o site oficial da banda:
https://666.ironmaiden.com/collections/die-with-your-boots-o…

ARTIME E O GOL COMO MELHOR AMIGO

por André Felipe de Lima


Os torcedores do Nacional de Montevidéu ficaram mal acostumados com os gols em profusão que o grande ídolo Luis Artime assinalava no começo dos anos de 1970. Gols que inclusive renderam ao arquirrival do Peñarol muitos títulos.

É natural que a paixão cega os mais afoitos. Que para defender o ídolo, alguns torcedores beiram às raias do inverossímil. Isso tudo é compreensível. Mas afirmarem que Artime marcara mais de mil gols, com o milésimo em um jogo contra o Peñarol, é um exagero inaceitável.

Mito. O argentino Artime sequer passou dos 300 gols oficiais em toda a carreira. Não há, porém, como negar que o Peñarol sofreu horrores com ele. Foram 16 jogos, com 10 vitórias do Nacional, seis empates e 10 gols de Artime.

Mas quem era esse craque tão badalado pelo torcedor uruguaio, que também fez sucesso defendendo o River Plate, o Independiente e o Palmeiras?

Artime não era um atacante alto, mas foi exímio cabeceador. A habilidade não era o forte do “trombador” Artime, mas fazia muitos gols. Por onde passou, deixou sua marca de artilheiro.

Foi quatro vezes goleador do campeonato argentino, duas pelo River Plate, em 1962 e em 1963, marcado 25 gols nas duas temporadas, e outras duas pelo Independiente, em 1966 [23 gols] e em 1967 [11 gols], ano em que conquistou o seu único campeonato argentino.

Estreou no Nacional no dia 16 de agosto de 1969 diante do Danúbio, em jogo válido pelo campeonato uruguaio. Marcou dois dos três gols na vitória de 3 a 0. Não há dúvidas de que Artime viveu seus melhores momentos na carreira defendendo as cores do Nacional, clube com o qual conquistou três campeonatos uruguaios, em 1969, 70 e 71, sendo artilheiro das três competições nas quais assinalou 24, 21 e 16 gols respectivamente. Foi também campeão da Taça Libertadores da América e do Mundial Interclubes, em 1971.

Na fase de grupos da Libertadores, o Nacional precisava derrotar o Penãrol para seguir adiante. No dia 30 de março, os dois times entraram em campo. O Peñarol saiu na frente no placar. Mas nos últimos cinco minutos do segundo tempo, Artime apareceu. Fez um gol e, logo em seguida, sofreu um pênalti convertido por Mujica. Dali para frente, o Nacional fez uma bela campanha até o jogo final, no dia 9 de junho, contra o Estudiantes de La Plata, com gols de Espárrago e [claro] Artime.

O desafio seguinte seria o inédito título mundial já conquistado pelo rival, o Peñarol. E Artime novamente mostraria sua importância histórica para o Nacional.

Por pouco o Mundial Interclubes de 1971 não foi disputado por conta da grande confusão na final da edição do ano anterior, disputada na Argentina entre o Estudiantes e o Feyenoord, da Holanda,

O Nacional vencera a Libertadores em 1971, mas havia um impasse na Europa. O campeão continental, o Ajax, da Holanda, recusou-se a jogar a final contra o Nacional. Diante disso, a Uefa decidiu indicar o vice-campeão europeu, o grego Panathinaikos.

Nos dois jogos decisivos do Mundial, contra o Panathinaikos, Artime marcou três gols: 1 a 1, na Grécia, e 2 a 1 para o Nacional, em Montevidéu. O Nacional tinha um timaço. Para os mais antigos, o melhor da história do clube. Jogavam lá o goleiro brasileiro Manga, Ángel Brunell, Juan Masnik, Luis Ubiña, Julio Montero Castillo, Juan Carlos Blanco, Luis Cubilla, Ildo Enrique Maneiro, Víctor Espárrago, Luis Artime e Juan Carlos Mamelli.

O saldo no futebol uruguaio não poderia ser melhor. Até hoje Artime se mantêm como o sexto maior goleador da história do Nacional, com 158 gols, e o oitavo da história da Taça Libertadores, competição na qual dividiu a artilharia em 1971 com o compatriota Raúl Castronovo que defendia [vejam só a ironia] o Peñarol. Os dois marcaram cada um 10 gols.

Luis Artime iniciou a carreira no Independiente de Junín, e, posteriormente, com a recomendação de Osvaldo Zubeldía e “Coco” Luis Alberto Mannini transferiu-se para o Atlanta, em 1958, quando atuou ao lado daquele que para muitos foi o melhor time da história do clube, que contava, entre outros, com Errea, Gatti, Clariá, Griguol, Bettinotti, Gonzalito e Guenzatti.

Mas foi no River Plate, a partir de 1962, que Artime tornou-se craque renomado. Em 1965, antes, portanto, de ir para o Independiente, Artime teve o passe cedido por meio ano ao Real Jaén, um clube da terceira divisão do futebol espanhol. Retornou ao River para deixá-lo em definitivo em 1966, sem conquistar títulos, mas mostrando-se um goleador extraordinário. Marcou 71 gols pelo clube.


No Independiente, Artime não só manteria o posto de artilheiro, mas conquistaria o seu primeiro título Argentino, em 1967. No clube “Rojo” formou um ataque avassalador com Raúl Emilio Bernao, Raúl Armando Savoy, Héctor Yazalde e Aníbal Tarabini. Uma turma da pesada que mantém até hoje o recorde de pontos corridos na era do profissionalismo no futebol argentino, com 86,67% dos pontos disputados. Foram 15 jogos, com 12 vitórias, dois empates e apenas uma derrota, para o San Lorenzo. No Independiente, Artime marcou 45 gols em 72 jogos.

No período em que esteve no clube “Rojo”, Artime teve mais oportunidades na seleção argentina. Disputou a Copa do Mundo, na Inglaterra, em 1966, chegando às quartas de final. No ano seguinte, jogou a Copa América, competição da qual foi o principal goleador da Argentina, com cinco gols.

Com o escrete argentino, Artime manteve excepcional média de 0,96 gol por partida, em 25 jogos.

Luis Artime nasceu em Mendoza, na Argentina. A data de seu nascimento é 2 de dezembro de 1938. Inexplicavelmente, quando chegou ao Brasil em julho de 1968, para defender o Palmeiras, informaram à imprensa paulista que Artime teria nascido no dia 25 de novembro de 1941.

Ficou pouco tempo no Parque Antártica [até julho de 1969], mas tempo suficiente para se sagrar ídolo da torcida ao lado de Ademir da Guia na “Academia”. Segundo os pesquisadores Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Artime vestiu a camisa do Palmeiras em 57 jogos, com 32 vitórias, 13 empates e 48 gols assinalados [mais uma média sensacional do craque] e conquistou o “Robertão” de 1969, a Taça de Prata que equivale ao que é hoje o campeonato brasileiro.

Uma de suas grandes façanhas aconteceu vestindo o manto verde, no dia 16 de janeiro de 1969. Artime marcou os cinco gols da goleada de 5 a 0 no Rapid Viena.

Em julho de 1969, o craque foi brilhar no Nacional, onde permaneceu até o dia 3 de maio de 1972, quando disputou seu último clássico contra o Peñarol. Saiu de campo ovacionado após marcar os três gols da vitória de 3 a 0 sobre o rival. Artime trocaria o Nacional pelo Fluminense.

Nas Laranjeiras, a diretoria do Tricolor movimentava-se para montar um time forte. Trouxera Artime, em maio de 1972, e Gerson.

Com a chegada de Artime para ocupar a vaga de Flávio Minuano, Gerson arriscara um vaticínio. O “Canhotinha” afirmara que ganhar jogo com aquele time do Tricolor seria “mole”, que ele, Gerson, receberia a bola do volante Denílson, lançaria a pelota ao ponta-direita Cafuringa e correria para abraçar Artime, que na certa faria o gol. Não foi bem assim. Artime reclamava, em entrevistas, que era boicotado pelos colegas, o Fluminense acabou em 14º lugar no campeonato brasileiro de 1972 e foi mal no campeonato carioca.

Quando Artime chegou ao Fluminense, o primeiro jogador a boicotá-lo foi o ponta-esquerda Lula, como assinalara o repórter Marcelo Rezende, doze anos depois da efêmera passagem do jogador argentino pelas Laranjeiras: “Lula deixou claro que não gostava dele, de seu salário mais alto que dos demais e da badalação que se armou em torno do seu nome. Resultado: só lhe cruzava bolas erradas. E boicotou-o tanto que quando o argentino foi embora tinha marcado, em 12 meses, apenas um gol. E seu passe custara nada menos que 100.000 dólares [cerca de um milhão de cruzeiros, na época].”

Lula sempre negou haver atrito com o argentino: “Artime é nosso amigo, só que não deu sorte aqui”. A verdade era inexoravelmente decepcionante para Artime, que perdia gols fáceis. Acabou no banco de reservas, por determinação de um insatisfeito treinador Pinheiro. Pediu um “tempo” à diretoria do clube e, simplesmente, escapou dez dias das Laranjeiras para, supostamente, curar “problemas estomacais” e ver como estavam seus negócios na Argentina: uma metalúrgica, uma financeira e uma loja de eletrodomésticos. “Em quinze anos de futebol, em todos os clubes que passei, nunca deixei de ser o artilheiro. Não sei o que está acontecendo comigo.”

Considerado “velho” para futebol, o craque argentino não rendeu no Fluminense como nos tempos de River Plate, Independiente, Palmeiras e Nacional. Em outubro de 1972, a diretoria do Tricolor já esboçava uma despedida para o jogador.


O ex-técnico da seleção brasileira e radialista João Saldanha entrevistou Artime para um programa de rádio. O craque confessou ao “João sem medo” que a maioria dos gols que assinalara na carreira acontecia porque errava o arremate tanto com o pé quanto com a cabeça. Pensava num canto e a bola era disparada no outro. Para quem não acredita em milagres…

Artime deixou as Laranjeiras no final de 1972, devolveu ao clube parte das “luvas” que recebeu e foi imediatamente repatriado pelo Nacional, onde sempre fora “rei”. Lá, o ídolo encerrou a gloriosa carreira recheada de gols, em 10 de fevereiro de 1974, quando o time enfrentou o Olímpia, do Paraguai, pela Taça Libertadores da América. Artime deixou sua marca, após balançar as redes do time adversário, e, no vestiário, após a partida, anunciou que aquele era o seu último gol na carreira. Ponto final da brilhante trajetória de um dos maiores goleadores da história do futebol sul-americano.

Se os gols que marcou foram “sem querer”, pouco importa. Eles alegraram estádios e deram títulos aos clubes por onde passou Artime, que hoje goza sua merecida aposentadoria em Buenos Aires, mantendo uma rede de lojas de material esportivo.

SAUDADES DO PERI

por Francisco José Vasconcelos


Peri, o menino do futuro do Corinthians: foi assim que surgiu o bom e consagrado ponta esquerda Peri. O menino canhoto encantava a imprensa com a sua técnica e astúcia, como atacante. Embora não tenha conquistado título no Corinthians, foi personagem marcante em grandes clubes brasileiros, clubes esses que tinham grandes times. Foi assim com os timaços do: Bahia, Sport (Seleção do Nordeste), e o Operário de Mato Grosso (com grande campanha no Campeonato Brasileiro).

Para o menino de 13 anos (eu), em 1975, foi maravilhoso saber que no grande time que o Sport estava formando, tinha sido contratado o bom ponta esquerda Peri. O Sport era um timaço! Do Goleiro ao ponta esquerda: Tobias, Louro, Pedro Basílio, Alberto e Cláudio Mineiro, Luciano Qualhada, Assis Paraiba e Garcia, Miltão, Dadá Maravilha e Peri.

Com o passar do tempo, o Sport se reforçou com a chegada de outro bom ponta esquerda, o português Peres. Tive a felicidade de assistir no Maracanã, esse timaço do Sport vencer o Flamengo, em que jogava Zico e Geraldo, por 1 X 2. Dois gols de Miltão, um gol mal anulado de Dadá Maravilha, e o gol do Flamengo foi de Zico.


Jamais imaginária que aos 17 anos encontraria o Peri em uma pelada na praia de Boa Viagem (o Peri tinha parado de jogar no futebol profissional), e entrosados ficaríamos pelo bom futebol que eu (garoto) jogava, e ele um jogador de futebol profissional consagrado também jogava. Eram dois canhotos habilidosos em uma pelada de praia. Um garoto e um consagrado.

O entrosamento levou a amizade e o carinho que tive do Peri quando jogamos juntos na praia foi admirável pela sua refinada educação! Esse carinho recebido por mim fez com que a minha admiração por Peri aumentasse e de ídolo, ele passou a ser ídolo, parceiro de pelada e amigo.

Passou o tempo e com o tempo passou a minha adolescência. Perdida no tempo ficou a minha parceria de pelada e a minha convivência com o Peri, mas não passou a minha idolatria a um belo ponta esquerda, não passou a minha admiração a um belo ser humano!

Quando soube da morte do Peri (por ter caído de uma escada), a dor que senti no coração fez com que uma lágrima caísse lentamente em meu rosto, como se fosse um gol do Peri em câmara lenta. Guardo a dor da saudade de um ídolo e de um amigo! Ídolo e amigo que moram em meu coração e irão morar para a eternidade!

Mickey

O ARTILHEIRO PAZ E AMOR

Em sua primeira incursão a Balneário Camboriú, um dos principais polos turísticos de Santa Catarina, o Museu da Pelada foi encontrar o Artilheiro Paz e Amor para um bate-papo que reproduziu fielmente o apelido-slogan que Mickey ganhou na Taça de Prata de 1970. Ao marcar todos os gols do Fluminense nos últimos jogos da campanha vitoriosa que deu o primeiro título brasileiro ao Tricolor, e comemorá-los com o gesto símbolo dos hippies em pleno período ditatorial no país, o centroavante marcou seu nome na História não só do clube carioca, mas também do futebol nacional.

Ele nega qualquer cunho político quando levantava os braços com os dedos em V apontando para o céu. Porém, ao recordarmos que hoje muitos goleadores se fazem literalmente de artilheiros ao empunharem armas imaginárias dos mais variados calibres na celebração de seus gols, a simbologia de alguém que é verdadeiramente de paz e amor em tempos tão conturbados como o que vivemos não deixa de ser exemplar. E Adalberto Kretzer, o Mickey, apelido ganho por ter orelhas e nariz grandes que virou marca registrada, é um grande exemplo.

A entrevista foi marcada para a casa de um de seus filhos, Alexandre, que tem numa pequena sala de frente onde gravamos o nosso agradável e divertido papo, fotos, quadros, troféus e medalhas do pai. Um minimuseu em homenagem ao jogador-talismã tricolor, não só do Rio, mas também da Bahia, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. E de outros times também, inclusive da Colômbia.

Recebeu-nos com festa, eu, o cinegrafista Fernando Gustav e o motorista Vander Schons. Não só ele, mas os filhos, Alexandre e Beto, este também ex-jogador de futebol e que atualmente disputa torneios máster de futevôlei pelo país, noras e amigos. Um churrasco celebrava a amizade e acabamos como convidados de honra após o trabalho. Muitas histórias de futebol correram de mesa em mesa e um dos amigos de Mickey revelou algo que certamente a sua humildade não permitira contar perante à câmera: quando Carlos Alberto Parreira era preparador físico do Fluminense e morava na Baixada Fluminense, portanto a muitos quilômetros das Laranjeiras, Mickey cedeu-lhe um apartamento que tinha na Zona Sul do Rio para que o futuro técnico da seleção brasileira não precisasse fazer tamanho deslocamento diário.

Falar mais o quê sobre este grande entrevistado. Deixemos que ele fale e conte sua rica história. Clica no vídeo e assista, ninguém se arrependerá.