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A ARTE PREVISÍVEL

por Marcos Eduardo Neves


Que me desculpem os coleguinhas da imprensa. Há anos, senão décadas, se espalha a máxima de que jogador de futebol brasileiro deixou de ser artista para ser atleta. Mais um tabu que o Flamengo vem quebrando desde 2019.

O que o time de Jorge Jesus vem jogando dá gosto de ver. É o melhor futebol da América, sem dúvida. Soma de gestão correta, criativa e ousada a crédito na praça e investimento alto, para retorno ainda maior. Um espetáculo por jogo. Ainda que diferentes.

Quarta-feira quem se endereçou ao Maracanã para conferir a estreia em casa do clube na Libertadores foi com uma expectativa e saiu saciado. O Flamengo entrega o que se paga para ver. Daí o embate com a Globo: o Rubro-negro dá ao espectador um programa de televisão bem ensaiado, produzido e finalizado. O que nem mesmo a própria emissora faz sempre.

A vitória desta noite, por exemplo, nada mais foi do que outro capítulo qualquer de novela. Dispensável, digo mais, não fosse a indispensável audiência. Tipo, Até o próximo capítulo! Se perdeu esse, não tem problema, você vai entender a trama no próximo.

Sim, não era um capítulo imperdível, como o final de novela que foi a decisão contra o River Plate. Aliás, aquilo foi filme. Com direito a séria concorrência no Oscar: possibilidades de melhor filme, melhor roteiro, melhor diretor e melhor ator. Um thriller avassalador, de final surpreendente.

Aquele jogo fugiu à regra devido à atuação do elenco, fora do scritpt. Hoje foi normalidade, mesmice. Naquela tarde o Flamengo foi irreconhecível até os minutos finais. Contra o Barcelona do Equador, igualzinho ao último ou ao penúltimo. Previsível.


A ponto de parecer teatro ou show: as pessoas indicam por ser bom, os fãs não perdem porque são fanáticos, e seja pela TV, pelo rádio ou no estádio, a plateia se divertirá, o evento será dentro de campo agradável, um programa bacana onde os atores, ao fecharem a cortina, agradem em conjunto ao público. As pessoas vão sabendo o que verão e até mesmo o final. A diferença é que numa peça ou no show não faz ideia de quando o espetáculo terminará, se daqui a uma hora e meia, duas ou três. Já um jogo do Flamengo não se sabe de quanto vai ser. A única dúvida é acertar o placar.

Contra o Liverpool o filme foi midiático, mas, para as duas equipes, dramático. Houve um mocinho vitorioso no fim, mas o vilão não convenceu no papel: criou empatia monstra. Na noite de quarta, entretanto, o time jogou com a intensidade de sempre e conquistou o placar de quase sempre. E, quer saber, mesmo que perdesse, ou porque a bola não entrou ou porque o árbitro errou, seria apenas um capítulo melodramático de novela. Do estilo, Aguarde o próximo, segue o jogo e, cuidado, olha lá com as brincadeiras. Quem ri por último ri melhor.

Novela, filme, teatro… ver jogo do Flamengo é certeza do que vai apreciar, que nem circo. Mesmo sem um ou outro jogador a coisa acontece, funciona. Como circo com ou sem palhaço, ou sem globo da morte mas com trapezista, ou sem animal mas com mágico. Pague para ver – e receba. Ou não pague e azar o seu.

Claro, uma peça pode ser ruim, um circo, um filme, uma novela até. O Flamengo de hoje, não. Pode até estar em uma manhã, tarde ou noite ruim. Porque ser ele não é. Estar, pode até ser. Mas é incomum.

Dessa forma, o Flamengo prova hoje que seus atletas ainda fazem arte, sim. São artistas. Não mais fumam, se drogam ou exageram fora de campo, como nos anos 60, 70 ou 80: são ‘paulísticamente’ trabalhadores, responsáveis, profissionais – outro tabu quebrado. Mas são artistas.


E no que tange à produção, efeitos visuais e adereços, são até mais, top de linha. Não duvido que, além de comissão técnica, roupeiros, massagistas, seguranças e todo o séquito que normalmente já envolve um time de futebol, faça parte da folha do clube também um ou mais cabeleireiros e camarins, talvez na concentração, para que antes de pegarem o ônibus os astros deem aquele tapa no visual. Afinal, não consigo acreditar que, não bastassem os exímios músicos sinfônicos de uma orquestra encantadora, ainda encontrem tempo e, principalmente, competência para fazer por conta própria os cabelos com que sobem ao palco. Narcisos egos a aproveitarem a colossal vitrine para mostrar o quão vaidosos são não apenas com a bola, mas com a própria imagem.

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MARCA QUASE PRÓPRIA

por Idel Halfen


Como já foi explorado em outros artigos, a marca própria em uniformes vem ganhando um espaço bastante expressivo no futebol brasileiro. Por estar mais familiarizado com esse conceito em empresas do segmento varejista, tendo a estranhar um pouco essa “solução” para uniformes ainda que, aparentemente, esteja propiciando aos clubes que a adotaram resultados melhores do que os que obtinham quando eram supridos por marcas já estabelecidas no setor.

Para ficar mais claro o que aqui se pretende explorar, vale fazer um breve resumo de como foi a evolução do conceito de marca própria no Brasil, onde podemos colocar os anos 70 como o início desse conceito.

Na verdade, o que chamam de 1ª geração de marcas próprias abrigava produtos sem marca, que usavam o nome da categoria como forma de identificação, não primavam pela qualidade e se diferenciavam em função do preço mais baixo praticado.

A 2ª geração aconteceu nos idos de 80 e trouxe como evolução a aplicação da marca do varejista/atacadista nas embalagens, até que nos anos 90 com a entrada de varejistas internacionais, a categoria recebeu mais investimentos que melhoraram a qualidade dos itens, porém, mantendo o preço como o principal atributo de posicionamento.

A 3ª geração teve como marco o final da década de 90 e se destacou pelo significativo crescimento da categoria tanto em termos de variedade de produtos, como em qualidade e valor agregado.


Já a 4ª geração se diferencia por agregar conceitos de sustentabilidade e vida saudável aos produtos, de forma que o preço deixa de ser o atributo principal de diferenciação. Data dos meados dos anos 2000 essa fase, a qual perdura até os dias atuais e passa a incorporar ao varejo, detentor das marcas, os conceitos associados a esses “novos” produtos.

Esse breve racional nos mostra que o segmento varejista tem hoje nas “marcas próprias” uma ferramenta estratégica tanto no que diz respeito aos resultados operacionais como no próprio posicionamento. Tais ganhos ficam facilitados graças ao controle que as redes possuem sobre os pontos de vendas onde os produtos são ofertados, fato que não acontece no caso dos uniformes dos times, o que é um ponto de questionamento acerca da plena aplicação do conceito por parte dos clubes.

Corrobora ainda para esse questionamento a parceria que foi desenvolvida entre o Esporte Clube Bahia –  que veste uniformes da sua marca própria, a Esquadrão – e o Vitória da Conquista (não confundir com o Vitória, principal rival), que passará a ser suprido pela mesma marca, ou seja, um adversário será o seu fornecedor de material esportivo.

O mais perto que encontramos disso no mercado corporativo é a parceria entre os varejistas Kroger e Walgreens, onde o primeiro, uma rede mais voltada às categorias de alimentos, tem alguns produtos de uma de suas marcas próprias – a Home Chef – comercializados na segunda, mais voltada ao varejo farma. Nesse caso a Walgreens melhora seu sortimento sem canibalizar nenhum de seus produtos e a Kroger se beneficia por ter mais pontos de vendas.

Apesar de alguma similaridade, o exemplo citado acima não se compara com o case “Esquadrão”, o qual, na verdade, deixa bem descaracterizado o  conceito de marca própria.


Isso sem falar nos riscos da própria operação. Será utilizada a mesma equipe de vendas? Como fica a programação de produção? E a política comercial?

Muitos avaliam a iniciativa como ótima para o Bahia, pois através da iniciativa de sua “marca própria” consegue outra fonte de receita: o fornecimento de material esportivo para outra equipe, o que em tese faz algum sentido.

Todavia, a prática de diversificar e agregar negócios muito distintos do core business original, ainda que tenha casos de sucesso – como por exemplo o varejista inglês Tesco que atua até em telecomunicação e finanças –  costuma ser bastante arriscada, principalmente em clubes de futebol, onde o processo de gestão ainda não está suficientemente maduro.

OS MENINOS DA VILA

Luis Filipe Chateaubriand 


No ano de 1978, o Santos encontrava-se em dificuldades financeiras. Era, portanto, difícil manter um elenco de estrelas. 

A solução encontrada, para se fazer um grande time, foi caseira: promover garotos das divisões de base. 

Então, para as posições de frente, lá vieram Nílton Batata, Pita, Juary e João Paulo. Os quatro garotos vieram se juntar aos experientes Clodoaldo e Aílton Lira, formando uma comissão de frente formidável. 

Nílton Batata era um ponta direita insinuante, que aliava boa técnica a grande força física, sempre buscando a linha de fundo para fazer excelentes cruzamentos. 

João Paulo, o Papinha, exercia o mesmo papel que Batata, só que pelo lado esquerdo, com menos força física e com mais técnica, sendo que nem sempre precisava ir à linha de fundo para proceder ótimos cruzamentos. 

Juary era um centroavante rápido e oportunista, que se movia pelos lados da área, saía dela para buscar jogo, era muito veloz e, óbvio, fazia muitos gol. 

Pita era o cérebro do time. Habilidoso ao extremo, ditava o ritmo do time. No momento de prender a bola, o fazia a fazendo “grudar” em seu pé e através de toques lentos, de vai e vem. Na hora de acelerar, procedia incríveis dribles verticais e passes em profundidade.

 Aquele time estupendo, que dava gosto ver jogar, foi campeão paulista em 1978. Logo depois, se desfez, com as negociações de Nílton Batata e Juary para o futebol mexicano. Ficou para a torcida praiana a saudade – muita saudade.

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.

O FUTEBOL EM OUTRA DIMENSÃO

por Antonio Maria de Jesus


Recentemente, o jogador Bruno Henrique, dando uma entrevista, afirmou que o futebol praticado pelo Flamengo, em relação aos demais clubes brasileiros, estava em um outro PATAMAR.

Ao ouvir essa entrevista, minha memória me trouxe à lembrança uma afirmativa de Pelé, que rola na INTERNET. Se referindo a Garrincha, disse que muitas vezes, quando jogavam juntos, Mané driblava o seu marcador, e dependendo da posição em que estava no campo, Pelé pedia para Garrincha cruzar no primeiro ou segundo pau. Entretanto, às vezes Garrincha esperava o marcador voltar para driblá-lo novamente, e isso permitia a recomposição dos adversários. Convém ressaltar que os dois gênios juntos venceram todos os jogos que disputaram.

Ora, diante dessa afirmativa, eu posso interpretar que os dois gênios, certamente os dois maiores gênios do futebol, jogavam o mesmo jogo, na mesma equipe, mas em DIMENSÕES diferentes.

Pelé, desde tenra idade, já praticava um futebol de “resultado”, com rara percepção do profissionalismo e da objetividade que esse esporte requeria. Já Garrincha, jogava se divertindo, e se divertia jogando, até porque a sua maior diversão, além de caçar passarinhos, era jogar futebol. Logo, ele era capaz de jogar uma final de Copa do Mundo, com o mesmo sentimento que jogava uma pelada em Magé. Diante do acima exposto, posso concluir que, a dimensão em que o genial Pelé vivenciava o futebol era uma, já a dimensão que o também genial Garricha vivenciava o futebol era outra. Um poderia ser entendido como um extraordinário economista, com pós graduação em Harvard, quem sabe Souborne, estabelecendo conquistas e marcas que tornaram inquestionáveis a sua genialidade, o outro seria um poeta cujos versos tortos como as suas pernas marcaram a alma, de forma inesquecível dos amantes do futebol.


Mas existiriam essas duas DIMENSÕES do futebol? Eu diria que, a dimensão em que Pelé é o símbolo maior, seria o futebol no seu mais alto sentido de profissionalismo, onde os jogadores ficavam ricos e famosos, jogavam em grandes estádios, etc…

Já a dimensão que é personificada por Garrincha, para entendê-la faz necessário retornar a um tempo em que o Brasil, era literalmente, o “país do futebol”, ou seja, o futebol era o centro de prazer e entretenimento de uma população. Era no futebol que o povo encontrava seus heróis, seus artistas, era unicamente através do futebol que o povo extraía alegria e poesia. Televisão era artigo de luxo reservado às pessoas da classe média, logo as tardes de domingo, principalmente do povo humilde, não era na sala em torno de uma TV, assistindo, simultaneamente, os campeonatos de todas as partes do mundo, e sim em volta  dos diversos campos e campeonatos das respectivas cidades em que viviam.

No RJ, por exemplo, o campeonato de profissionais (Botafogo, Vasco, Flamengo, América e outros), embora nos jogos do Maracanã a freqüência média fosse em torno de 80 mil pessoas, quem frequentava o Maracanã, em sua maioria, eram os moradores da zona sul e dos bairros adjacentes do Maracanã.

Logo, paralelo ao campeonato profissional do RJ, acontecia o Campeonato do DA (Departamento Autônomo), com times como o Manufatura, Mavilis, Pavunense, Anchieta, Rosita Sofia, Brasil Novo e outros. Esse campeonato era acompanhado com paixão pelos seus torcedores, e havia os craques que, independente de onde estavam atuando, enchiam os corações dos torcedores de arte e poesia.

Na Baixada Fluminense também havia suas ligas, como a de Japeri, onde pontificavam clubes como o Brasil Industrial e Tupi. Na liga de Nova Iguaçu  clubes como Miguel Couto, Queimados, São Roque, Filhos de Iguaçu, Mesquita entre outros, também tinha uma torcida apaixonadíssima.


Parte da minha infância e adolescência foi vivida no município de Nilópolis. Embora fosse Botafoguense, como amante do futebol acompanhava o campeonato da Liga Nilopolitana de Futebol. E é dessa liga que guardo comigo as mais doces recordações dessa comovente esporte chamada futebol.

A minha memória me traz à lembrança clubes, como por exemplo, o Ás de Ouros, com craques como MEIO QUILO que lembrava Tostão com a sua perna esquerda se movimentando em todo o campo, NELSON CAGU jogava com a mesma desenvoltura de zagueiro ou médio volante, TONINHO MACHADINHO, ADILSON NEGUINHO, talvez o mais completo de todos os jogadores que tive o privilégio de ver jogar nessa DIMENSÃO, BETINHO SANDUÍCHE e outros. No Flamenguinho da Soares Neiva, brilhavam PRESUNTO, CHIQUINHO e DULCINEI uma síntese de Pagão – Tostão e Reinaldo, ou seja atacante com rara habilidade. Havia também os Filhos de Nilópolis cuja formação era composta por irmãos e primos, dentre eles EDSON, SAVINHO COMPOSITOR. No Brasil do Cabral se destacavam NILTON CRIOULO, PAKITO e JOÃOZINHO MARIMBONDO, o maior driblador de todos nessa DIMENSÃO. Isso num tempo onde driblar era a marca registrada de um atacante brasileiro. Não posso esquecer do Cometa, camisa branca como a do Santos, onde se destacavam os irmãos DARTAGNAN e DIDEROT, sendo auxiliado nos embates futebolísticos por ZITO e HELIO BOMBEIRO (cuja tática de jogo era “um por todos e todos por um”). Não podia deixar de citar o Frigorífico de SIMPLÍCIO, e dos também irmãos RUI e DELMO DA SILVA. E o que dizer do Nova Cidade, do lendário, WALTER COQUINHO. É isso mesmo, para os amantes do futebol dessa DIMENSÃO, é uma lenda.

Para concluir com chave de ouro essas recordações, seria imprescindível fundir a dimensão do futebol com a dimensão do samba, fazendo menção do EC Santa Rita, cujo campo ficava onde atualmente é a quadra da Escola de Samba Beija Flor. Ou seja, onde hoje há um reconhecimento ao talento dos sambistas, outrora brilharam o goleiro ANTONIO PRETINHO, o Centroavante CORUJA, NONA, extraordinário médio volante, e a dupla de atacantes SILVINHO e BETINHO, que faziam tabelinhas que lembravam as de Pelé e Coutinho.

Tenho a absoluta certeza de que assim como eu, muitas pessoas que estarão lendo esse texto lembrar-se-ão de jogadores/torcedores que vivenciaram o futebol nessa DIMENSÃO, e terão suas mentes e corações acalentados por essas singelas lembranças.  

Como já dizia o poeta, “não sou eu que vivo no passado, mas o passado é que vive em mim”, e nesses tempos em que o futebol está sendo classificado por patamar, eu me refugio no futebol de uma outra DIMENSÃO”.

O NOVO TROCA-TROCA

por Zé Roberto Padilha


Francisco Horta, então presidente do Fluminense, revolucionou o futebol carioca, e brasileiro, nos anos 70. Primeiro, fez do tricolor uma máquina de jogar futebol ao contratar Rivelino, Paulo César e Mário Sérgio. Que se uniram a Félix, Toninho, Edinho, Marco Antonio, Zé Mário, Gil, Cléber, Pintinho e Manfrine, entre outros, para conquistar a Taça GB, o estadual e ser semifinalista do Brasileirão 75.

Ao caminhar para se colocar “em outro patamar”, Horta descobriu que não conseguiria acabar de pagar o passe de Rivelino ao Corinthians. E Rivelino era o maior responsável por toda esta revolução.

E descobriu a solução: reforçar os adversários e transformar o estadual do ano seguinte como o mais rentável de todos os tempos. Mesmo correndo o risco de perder a hegemonia alcançada, mas honrando compromissos, gratificações e salários, Horta enviou Mário Sérgio, Gil e Manfrine ao Botafogo, Abel, Marco Antonio e Zé Mário ao Vasco e este que vos escreve, na época titular da ponta esquerda, junto a Toninho e Roberto ao Flamengo. No total, foram seis titulares cedidos que jogaram a última partida do clube em 75, a  semifinal contra o Internacional, no Maracanã. Didi, o treinador ficou bravo. Mas quem manda é o Presidente.


Em troca, o Fluminense recebeu Renato, Miguel, Rodrigues Neto, Dirceuzinho, Doval, Marinho Chagas. O resultado da ousadia: média de público do estadual de 1976 em torno de 100 mil torcedores, entre eles o quinto maior público da história do Maracanã: Flamengo 3×1 Vasco (174.770 torcedores). Detalhe: não era uma decisão. Apenas o primeiro clássico da Taça Guanabara. E o Fluminense ainda alcançou o bicampeonato.

Neste instante em que o “patamar acima” se distancia dos outros grandes do Rio, a ponto desta régua alcançar pela primeira vez, em nível de negociações, a toda poderosa Rede Globo, será que não estaria na hora de um novo troca-troca ser realizado para sacudir o futebol carioca?

Vitinho, César e  Rodrigo Caio trocados por Nenê, Digão e João Lucas, do Fluminense. Com o Vasco, Filipe Luis, Berrío e Pedro Rocha por Cano, Talles Magno e Pikachú. E, finalmente, Diego Ribas, Léo Pereira, e Renê por Gatito, Alex Santana e Luís Henrique do Botafogo. 


Patamares parecidos. Redistribuição de rendas, patrocínios, cotas de TV a evitar este inevitável êxodo dos nossos netos em direção a Fla Boutique depois de tantos mimos e bolos tricolores decorando seus aniversários. O Fla x Flu é o clássico mais charmoso do futebol carioca pelo eterno equilíbrio, mas se a nossa arquibancada continuar esvaziando…E o clássico dos milhões, o que será dele se a miséria ocupar um dos lados?

Calma, gente. Foi só uma sugestão, um “vale a pena trocar de novo” de quem esteve envolvido no primeiro e preservou sua paixão tricolor mesmo tendo a honra de vestir o manto sagrado e atuar ao lado do Zico, Junior e Cia. Detalhe: com os salários em dia.