Escolha uma Página

O TROCO NA INAUGURAÇÃO DO PLACAR ELETRÔNICO DO MARACANÃ

por Serginho 5Bocas


Por muito tempo o Maracanã teve um placar modesto, que não condizia com sua magnitude. Para se ter uma ideia, o nome do Flamengo era mostrado como “CRF” e o do Vasco, seu grande rival era “CRVG”, só para exemplificar. Mas em 1979 finalmente, foi inaugurado um novo placar eletrônico no maior do estádio do mundo da época.

Esse era moderno, para a época é claro, tinha uma comunicação com os presentes através de nomes, números e de jogadas em movimento, tudo feito com lâmpadas controladas à distância de dentro de uma sala. A partir dele, a escalação das equipes era mostrada nas três telas do estádio, com nome e número. Quando a bola ia na trave, por exemplo, surgia um bonequinho chutando a bola e ela batendo em uma trave de uma baliza, depois o bonequinho demonstrava frustração abaixando a cabeça, uma tremenda novidade, a torcida gostou na hora. Por último, na hora do gol, escrevia em letras garrafais a palavra “gol”, piscando acelerado no ritmo da torcida, show de bola, tudo de bom.

Lembro que o jogo inaugural foi um Flamengo e América FC, um confronto sempre complicado, pois o “Ameriquinha” apesar de contar com a simpatia de todas as torcidas do Rio de Janeiro, era uma constante pedra no sapato de muito time grande.

Naquele dia o placar registrou o seu primeiro gol, feito por Reinaldo, ponta direita vindo do América para o Flamengo e que fazia sua estreia com o manto rubro-negro justamente naquele dia, Adílio faria o segundo e Zico, marcaria os dois últimos da partida, ambos de falta.

Tudo muito bem, não fosse por um detalhe do jogo. Lembro que alguns anos depois da partida, vi numa dessas resenhas daquelas mesas-redondas de fim de noite aos domingos, o Zico e o Roberto dando dicas de como bater faltas com excelência. Zico dizia que colocava o birro da bola para baixo e Roberto fazia exatamente o contrário, colocando o birro da bola para cima. Num dado momento da entrevista, perguntaram para ambos, se eles já haviam sido provocados por algum goleiro adversário e conseguiram dar o troco.


Roberto disse que o goleiro Ubirajara pegou um pênalti seu, mas ele não teve tempo de dar o troco, pois Ubirajara abandonou a carreira para ser modelo. Já o Galo, disse que o goleiro País, num jogo contra o Flamengo, defendeu uma falta da entrada da área, e virou-se para a torcida do Flamengo, exibindo a bola como se fosse um troféu. Zico disse que aquilo ficou engasgado, e naquele dia, no dia da inauguração do placar eletrônico, estava lá o País, e infelizmente para ele, tomou dois gols de falta, um no ângulo e outro à meia altura. Zico havia pago a provocação com juros e correção monetária, finalmente havia dado o troco.

Dinamite e o Galinho foram reis do Maracanã, lá eles se sentiam em casa, lugar que marcou demais as suas carreiras, mas o estádio recebeu muita gente além deles e aquele que foi o terceiro placar do estádio, o famoso placar eletrônico, presenciou gols de muitos craques e viveu muitas emoções.

O placar eletrônico que não era um, mas sim três placares (ou placas), envelheceu e foi aposentado na marra, para a chegada da modernidade. Hoje um deles descansa na sede do América FC do Rio, outro no estádio do Friburguense e um, reza a lenda que está no estádio do Madureira.

Bom descanso para aquele que foi testemunha de muitos craques e de muitos gols importantes do futebol carioca, brasileiro e mundial.

Ô TEMPO BÃO!

O GOL DE PLACA, O MAIS BONITO GOL E O SOCO NO AR

por Victor Kingmar


Pelé, o melhor jogador e maior artilheiro da historia do futebol, marcou em toda sua carreira, oficialmente, 1281 gols, em 1363 jogos.

O milésimo destes gols, marcado, de pênalti, no Maracanã contra o Vasco, em 19 de junho de 1969, foi seguramente o mais esperado e festejado.  

Outro dos seus tentos, que também se imortalizou, foi o famoso marcado contra o Fluminense, no torneio Rio x São Paulo, em 05 de março de 1961. Naquela tarde de domingo, também no maior estádio do mundo, Pelé, partindo do seu próprio campo, driblou toda a defesa do time carioca e venceu o goleiro Castilho com um leve toque.   

O lance foi tão bonito que o jovem jornalista Joelmir Beting, que cobria o jogo para o Jornal O Esporte, sugeriu que deveria ser homenageado com uma placa. Feito isso, aliás a placa acabou sendo paga pelo próprio jornalista, o gol foi eternizado e acabou entrando para o vocabulário do futebol como “O Gol de Placa.”

Entretanto, segundo o próprio Pelé, e amplamente divulgado, o mais bonito de todos os seus gols, aconteceu em 1959, contra o Juventus, na Rua Javari, em São Paulo.  


Embora já tenha até sido reconstituído, poucos são os registros originais sobre esse jogo  e não existe nenhuma filmagem que se tenha notícia.

Muitos jornalistas e torcedores veteranos costumam afirmar que assistiram ao jogo e presenciaram o famoso gol. Costuma-se brincar no meio esportivo que, se isso fosse verdade, não haveria espaço suficiente no pequeno estádio do bairro da Mooca, em São Paulo, para abrigar tanta gente.

Embora a beleza do gol sempre foi atestada por todos que, efetivamente, assistiram ou participaram da partida, há algumas divergências em relação aos detalhes do lance.          

Sendo assim, nada melhor do que o depoimento de um jogador que, não somente estava em campo naquele dia, mas que participou diretamente do lance, como o zagueiro Clóvis, do Juventus, (já falecido):

“Eram decorridos 36 minutos do segundo tempo e o Santos estava atacando para o gol dos fundos (aquele situado ao lado da Creche Marina Crespi). O ponteiro Dorval, recebeu um passe do meia Jair e cruzou. A bola passou por cima da grande área…

Tira, tira, cabeceia, gritei! Quando a bola desceu encontrou o Pelé. Sem deixá-la fugir, ele, com um leve toque por baixo da bola, encobriu o zagueiro Julinho que chegava para dar combate. Na sequência deu novo chapéu, no Homero.  

E prossegue:

Fui para cima dele e também tomei o meu…


Faltava apenas o goleiro Mão-de-Onça, que saiu para abafar a bola. Aí Pelé também deu um chapéu nele e completou o lance de cabeça, com uma lucidez impressionante. 

O fato teve um lado até engraçado. Tinha chovido bastante de manhã e havia uma poça d’água na pequena área. O Mão-de-Onça pegou só barro. Ele ficou com a cara sobre a lama”. 

Após o fantástico gol, uma cena de grande emoção tomou conta do estádio, com todos os jogadores e os torcedores aplaudindo a jogada magistral daquele que se tornaria o maior jogador de todos os tempos.

Para completar, se não bastasse o gol genial, Pelé, que vinha sendo hostilizado pela torcida, correu em direção ao alambrado xingando e dando socos no ar, criando, naquele mesmo jogo histórico, o gesto que se tornou sua marca registrada e o acompanharia por toda a sua carreira.

Dados do Jogo:

 

Santos  x  Juventus

Local:  Rua Javari

Data :    02/08/1959

Público: aproximadamente 10 mil torcedores

Renda:  Cr$ 622.225,00 

Árbitro: Sebastião Mairinque

Primeiro tempo: Santos 1 x 0  (Pelé aos 23 minutos)

Final Santos 4 x 0 (Pelé, aos 8 e 36 e  Dorval aos 27 minutos).

 

Times: 

Santos: Manga, Ramiro, Pavão, Mourão e Formiga;

Zito e Jair;

Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.

 

Juventus: Mão-de-Onça, Julinho, Homero, Pando e Clovis;

Lima e Zeola;

Lanzone, Buzone,  Cássio e Rodrigues. 

 

 

Fontes : Arquivo particular do autor e

Site Portal da Mooca.

OS NOVOS BAIANOS E O FUTEBOL

por Wesley Machado


Os Novos Baianos voltaram a se reunir em 2016 para um show após 17 anos sem todos da formação original. Mas mais do que um grupo musical, os Novos Baianos eram um time de futebol. Gostavam tanto ou até mais de futebol do que gostavam de música. Tanto que o 3º disco do grupo, de 1973, foi intitulado Novos Baianos F. C., tendo dado origem a um documentário homônimo.

Eles chegaram a jogar dentro de um apartamento no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, onde moraram, antes de se mudarem para o sítio Cantinho do Vovô, no bairro de Jacarepaguá, também no Rio.

Foi no campo do Cantinho do Vovô que a bola rolou com força em partidas bastantes disputadas. E os magricelos eram bons com a pelota. Ainda tinham o reforço de craques como Afonsinho e Nei Conceição e participação especial de Paulinho da Viola.

Em contrapartida, Moraes Moreira, que nos deixou nesta segunda-feira (13/04), jogava no time de Afonsinho, o Trem da Alegria. Os Novos Baianos apareceram em várias imagens com camisas de times de futebol.


Moraes Moreira, um flamenguista inveterado, autor de músicas sobre o Rubro Negro, como “Vitorioso Flamengo” e “Saudades do Galinho”! Pepeu Gomes também era rubro-negro, tanto no Rio como na Bahia, onde torcia para o Vitória. O letrista Luiz Galvão, Vasco; o baixista Dadi, Botafogo.

Há ainda quem apareça em imagens da época com camisas do Santos, do Santa Cruz e até do Olaria.

MASCARADO, EU?

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Estava dando um pulo rapidinho, no Kurt, do Leblon, para comprar um pedaço de torta quando alguém me grita “Ô, mascarado!”. Já ia partir para cima, conferir se as aulas que vinha fazendo de boxe deram resultado. Mas era o flanelinha, que guarda e lava os carros da rua. Só então lembrei que estava de máscara para me proteger desse vírus maldito. Mas malditos mesmo são esses políticos, que mesmo em um momento crítico como esse, com a população fragilizada, nos deixam cheios de dúvidas.

O melhor é ouvir o que os médicos sugerem porque morreremos se dependermos dos políticos. Mas achei divertido esse grito de “mascarado” porque ouvi durante toda a minha carreira, na verdade desde o infanto-juvenil quando jogava no futebol de salão do Flamengo. Adorava quando ia jogar nas quadras de taco. As duas do Flamengo eram de cimento, mas as do Vasco, Vila, Grajaú, Melo, Carioca e Fluminense eram lindas, de madeira.

A primeira vez que me chamaram de “mascarado” foi em um jogo contra o Vasco. O goleiro deles era o Borrachinha e tinham um cracaço, Antônio Carlos Cabeça. O meu era Alcides e Marcelo revezando no gol, Fred de parado, Johnson, excelente pivô, eu e Maurício. Foi 4×4 e meti os quatro. Era brincalhão, abusado, gostava de dar caneta e isso irritava a torcida adversária. Mas quebrava a cara quando encontrava um Tamba pela frente. Tomei uma goleada inesquecível quando joguei contra ele, na Associação Atlética Tijuca. Que jogador!!!

Depois, aos 15 anos, fui levado para a Colômbia, por Marinho, meu pai adotivo e treinador do Junior Barranquilla. Na minha estreia contra o Milionários, de Bogotá, ganhamos de cinco e meti três. Mas era fácil jogar com Oto Valentim, Airton Beleza, Escurinho, Dida e Fred, meu irmão adotivo, todos levados pelo grande Marinho. Aí veio minha estreia pelo Botafogo, no Maracanã, três contra o América e o título.

Como meus amigos eram de classe média alta me vestia com as grifes da época. Achavam marra, mas era estilo!!! Lia muito e não aceitava desaforos e ofensas. Me irritei porque a diretoria do Botafogo deu uma volta no meu pai. E a partir daí sempre briguei pelos meus direitos. Isso virou máscara, mas era personalidade!

Quando viajei para os Estados Unidos, conheci o os negros de lá e suas ideologias aí que ninguém me segurou. Voltei com um black power laranja e calça boca de sino. No aeroporto de São Paulo, os adversários fizeram a festa. “Mascarado” foi pouco! Mas continuei fazendo meus gols e dançando à noite nas boates do Rio. Minha carreira toda foi assim.

Aí ligo a tevê e noticiam a morte de meu amigo Moraes Moreira. Meu Deus, quantas peladas, noitadas e loucuras. Moraes viveu intensamente e fez um cordel para mim e um trecho diz assim…”chamado o nariz de ferro, pois sempre encarou sem medo, jogar era seu segredo, eu falo assim e não erro, ninguém ganhava no berro. Qual era a sua função? Marcar posição…”.

Obrigado, parceiro! Carregarei para sempre você, meu cordel e minha máscara, que como você bem definiu, representa minha verdade, minha liberdade de expressão.

AGORA COMO É QUE EU FICO

por Marcos Eduardo Neves 


Despertei com a notícia da morte de Moraes Moreira. Foi encontrado caído no chão sem vida pela empregada que havia chegado para trabalhar e percebeu o gás aberto. Moraes tomava medicamentos para pressão. A grande imprensa fala em infarto fulminante, mas fonte segura me avisou que ele era muito distraído – e era mesmo, isso eu pude constatar!

ACABOU CHORARE para o BRASIL PANDEIRO nesta segunda-feira. BESTA É TU, se não conheces direito a obra de Moraes. O MISTÉRIO DO PLANETA era um dos gênios imortais da MPB. Com ele A MENINA DANÇA, seja ela loira, morena, índia ou PRETA PRETINHA. Os meninos também. Não à toa, PELAS CAPITAIS só se fala disso. LÁ VEM O BRASIL DESCENDO A LADEIRA com mil homenagens a quem, COM QUALQUER DOIS MIL RÉIS, alegrava a plateia sem fazer esforço.


POMBO CORREIO me passou que o mestre do cordel contemporâneo esqueceu a COISA ACESA e a moça da VASSOURINHA ELÉTRICA bateu de frente com a tragédia ao chegar. Não importa. Gosto dele desde que calçava o CHINELO DO MEU AVÔ e a seu lado tive duas passagens mágicas, SINTONIA profunda em ambas. Primeiro, numa entrevista. Depois, no lançamento de um livro meu, faz um ano e meio. Tenho SANTA FÉ que ele agora CHAME GENTE para cumprimentá-lo no Além. Divertidas as próximas baladas no céu.

Aqui na Terra, ficam as SAUDADES DO GALINHO, saudades minhas, saudades nossas desse rubro-negro que soube levar a vida como novo baiano e autêntico carioca. Solto um GRITO DE GUERRA: Agora, como é que eu fico nas tardes de domingo sem a LENDA DO PÉGASO para aplaudir? O CAMINHÃO DA ALEGRIA freou.  PAROU POR QUÊ, POR QUE PAROU? Só Deus há de saber. E ISSO AQUI O QUE É? Ainda estou sem resposta.

Eis aqui o meu respeitoso e apaixonado POEMA DO ADEUS.