RONALDO QUER GUARDIOLA
por Elso Venâncio

Ronaldo Fenômeno agendou reunião com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, para demonstrar sua preocupação com o futebol brasileiro e falar que pretende disputar a presidência da CBF. O movimento inicial de Ronaldo, se for eleito, seria contratar o técnico Pep Guardiola, atualmente no Manchester City. O próprio Guardiola já está ciente do projeto.
Ronaldo já esteve visitando políticos em Brasília, inclusive buscando apoio do Judiciário. Mas a tarefa não é fácil, mesmo com seu carisma e o acesso tanto aos maiores grupos de mídia quanto à elite empresarial.
A CBF pode marcar a eleição a partir de abril, durante o período de um ano. Hoje, o presidente Ednaldo Rodrigues está fechado com 20 federações, o que garantiria a sua reeleição. Para concorrer, Ronaldo Fenômeno precisa ter apoio de pelo menos quatro federações e quatro clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Antes, votavam as 27 federações. Mesmo de forma desproporcional, os 40 clubes das Series A e B passaram a participar do pleito, em que as federações têm peso 3 (81 pontos); os clubes da elite nacional, peso 2 (40 pontos); e os clubes da segunda divisão, peso 3 (20 pontos).
Durante décadas, o ex-presidente da FERJ Eduardo Viana, o Caixa d’Água, era quem dava as cartas. Falecido em 2006, ele era presidente da Assembleia Geral e sempre apadrinhava o candidato a ser eleito na CBF. Após uma palestra, ao ser perguntado sobre quando deixaria a presidência da federação do Rio de Janeiro, respondeu rispidamente: “Só saio morto ou se aparecer alguém mais inteligente que eu”.
Antes da Copa do Mundo de 1986, no México, houve a mais acirrada eleição na CBF, com Caixa d’Água recorrendo ao contraventor Castor de Andrade, que mandava no samba, no futebol e na cidade do Rio. Castor agiu rapidamente e financiou a ida dos presidentes aliados para o Copacabana Palace, sem direito a deixar o hotel. A estratégia deu certo, pois a chapa de oposição, formada por Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid, venceu o vascaíno Medrado Dias, apoiado por Giulite Coutinho.
No dia em que faleceu, antes do arbitral da segunda divisão fluminense, Eduardo Viana chamou para uma conversa o então presidente do Goytacaz, Valtair Almeida.
— Não quero deixar essa vida com o remorso de ter prejudicado o Goytacaz (time de maior torcida em Campos dos Goytacazes). Faz um time razoável, que você vai subir — disse Eduardo Viana, fanático torcedor do Americano.
Na reunião, Caixa D’Água se estressou num bate-boca e acabou não resistindo a uma parada cardíaca.
O polêmico jurista Eduardo Viana foi afastado algumas vezes pela Justiça, mas sempre voltava ao cargo de presidente da FERJ. Ao seu lado, o jovem advogado Pedro Trengrause o acompanhva nas reuniões. Trengrause, que trabalha nos bastidores, é considerado por muitos
o segundo homem mais influente do futebol brasileiro. Consultor jurídico da CBF, foi ele quem atuou junto ao STF
para garantir a liminar que mantém o presidente Ednaldo Rodrigues no poder.
E O ORGULHO VOLTOU
por Zé Roberto Padilha

Em certos momentos da decisão, que assisti ao lado da minha irmã, a Simone, e do meu primo, Geraldinho, percebi que algo importante em nossas vidas, a paixão pelo futebol, estava sendo aos poucos resgatada. Mais precisamente a 29 segundos de jogo.
Todos tricolores voltamos a torcer, e muito, como antigamente abríamos exceção apenas pela seleção brasileira. Aquela mesmo que nos afastamos por falta de talento, empatia e títulos.
O Botafogo, ontem, alcançou mais que um título da Copa Libertadores da América. Ele nos libertou do sentimento de vergonha que passamos a ter por quem não mais nos representava. Uma seleção que vende cedo suas matérias primas, cheias de Luiz Henrique, e os convocava previsíveis e limitados pelos Tic-Tacs. Como daqui a pouco vão transformar o André.
Como, hoje, jogam os Brunos Martinelli. Como, hoje, retornam os Coutinhos. E tratam de modificar preciosas joias, como Wesley, que, por favor, mantenham longe do Aeroporto do Galeão.
Obrigado, Botafogo. Por nos levar de volta às ruas, ter orgulho de ser brasileiro, de lembrar do Jairzinho quando Junior Santos enganou dois adversários e marcou o gol da vitória.
Mais do que isto, de presenciar o respeito, ser reconhecido o valor de uma sagrada instituição que não é apenas um clube de futebol.
O Botafogo é uma seita.
O BOTAFOGO DE TODOS OS SANTOS
por Wesley Machado

O gol do título da Libertadores 2024 do Botafogo não poderia ter sido feito por outro jogador que não Júnior Santos.
Júnior Berimbau, Jacaré, Raio, como queira, é a alma do jogador de futebol brasileiro.
O jogador que dribla, tem raça, vai prá cima, inventa e não desiste nunca.
Artilheiro da competição com 10 gols e autor de um gol que será lembrado eternamente, Júnior Santos chegou ao clube em 2022 e entrou para a galeria de ídolos da história gloriosa do time da estrela solitária.
Uma instituição que tem como um dos seus maiores ídolos o Enciclopédia Nilton Santos.
Estava escrito que no último dia do mês de novembro o Fogão seria campeão das Américas.
Mês que começa com o Dia de Todos os Santos.
Um novembro alvinegro.
Neste sábado, 30/11, minha filha primogênita escolhida, Luiza, foi a única que teve a coragem de colocar a camisa do Botafogo para assistir ao jogo.
E vestiu logo a camisa retrô de Nilton Santos, que deu sorte.
No estádio Nilton Santos mais de 50 mil botafoguenses torciam, tinham suas superstições.
No estádio Monumental mais de 40 mil botafoguenses rezavam, vibravam.
Foi tenso, sofrido, emocionante.
Sabemos que com o Botafogo nada é fácil.
Foi um roteiro digno de Oscar.
Com ingredientes dramáticos de novela brasileira.
Mas com um final épico e feliz.
Afinal, é tempo de Botafogo!
E ainda não acabou.
Aliás, o Botafogo nunca vai acabar como pensaram.
Porque o Botafogo é maior que tudo.
FOGO, FOGO, Fogo
por Paulo-Roberto Andel

A gente vem de longe. De muito longe. Agora mesmo estou finalizando um livraço do Kleber que fala inevitavelmente dos Flu x Bota de 110 anos atrás.
Eu podia ter sido Botafogo. Sempre fui Fluminense, mas sempre tive simpatia pelo rival.
Fui completamente apaixonado por duas botafoguenses. Três. Não, uma só. Deixa pra lá.
Algumas das pessoas que mais admiro na vida são alvinegras.
Nunca escondi que um dos meus ídolos de texto – e tudo – é João Saldanha.
Numa noite, testemunhei quando boa parte do Brasil abraçou o Botafogo em 1989, e Maurício pôs fim ao jejum. Aquela foi uma noite fantástica. No dia seguinte, o Mourisco parecia Woodstock – eu vi.
Em 1979 tomamos um chocolate do Mendonça. Demos o troco em 1980 com um show do Adão. Ah, aquele Maracanã.
Neste momento, milhões de pessoas estão felizes. Algumas que adoro, outras que amei, outras que se foram mas estão aqui para sempre.
Quem tem dúvida de que Nilton Santos, Garrincha e Heleno de Freitas estão aí? E Mendonça? Quarentinha, Zagallo, o próprio Saldanha. Carvalho Leite. Basso. São muitos e muitos nomes. Beth Carvalho, Vinícius de Moraes.
Parabéns ao Botafogo, que se preparou para voltar ao seu cenário natal, que é o de protagonista.
Tantas e tantas pessoas emocionadas, o que é natural. Um título desse tamanho merece toda emoção. Todos sabemos.
Hoje é festa merecida na Guanabara. Muito merecida.
E como tem coisas que só acontecem ao Botafogo, o grande título vem do dia do aniversário da morte de Cartola, símbolo do Flu e do título carioca tricolor de 1980 – justamente quando a gente azucrinava eles.
Mas agora 30 de novembro é também um dia eterno para o clube cujo escudo não tem uma única letra, mas cuja imagem diz tudo. O velho e eterno rival, que nos ajudou a construir o que se transformou no futebol carioca.
Em 2025 no Estadual a chapa vai ferver quando a gente se encontrar. É o Clássico Vovô, agora das Américas. Que honra estar nessa.
Parabéns, Fogão. Fogões. Fogatas.
Paulo-Roberto Andel
Guanabara, 30/11/2024
O CALENDÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO E AS DATAS UTILIZADAS
por Luis Filipe Chateaubriand

Um calendário eficaz para o futebol brasileiro é o adequado ao calendário europeu.
Ou seja, de Julho de determinado ano a Junho do ano seguinte.
Em Julho, deve haver a Pré-Temporada.
De Agosto a Maio, deve haver a Temporada Regular.
Em Junho, deve haver as férias dos jogadores.
Na Temporada Regular, de Agosto de um ano a Maio do ano seguinte, são 44 fins de semanas.
Quatro deles são para Datas FIFA e 40 deles são para jogos de clubes.
Na Temporada Regular, de Agosto de um ano a Maio do ano seguinte, são 43 meios de semanas.
Oito deles são para Datas FIFA e 35 deles são para jogos de clubes.
Há 12 Datas FIFA na temporada (três em Setembro, três em Outubro, três em Novembro, três em Março), que também podem ensejar jogos de clubes.
São, portanto, 87 datas para jogos de clubes: 40 em fins de semanas normais, 35 em meios de semanas normais e 12 para os jogos de clubes em simultâneo às Datas FIFA.
E como alocar as competições de clubes pelas 87 datas disponíveis?
É o que será respondido nos próximos textos.