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VALEU, ZÉ

por Zé Roberto Padilha


No primeiro gol meu, pelo Fluminense, como profissional no Maracanã, ele, ao lado do Gil, foi o primeiro a nos abraçar. E o Jornal dos Sports, felizmente, estava lá para registrar. E minha mãe para cortar e registrar seu amor.

Seu sorriso era de cumplicidade, carinho, amizade construída desde as divisões de base. Todos nós chegamos do interior, eu de Três Rios, ele de Volta Redonda, e demos as mãos, amarramos nossas chuteiras e lutamos juntos  muitos anos para permanecer e vencer na capital. 

Hoje, Zé Maria, dono desse sorriso angelical, nos deixa. Leva junto pro céu um pouco da nossa história da bola, construída durante os sete anos que passamos naquela universidade da disciplina, do respeito, capaz de formar tanto atletas como cidadãos do bem.

Zé Maria vai se juntar ao Cleber, Toninho Baiano, Silveira, Felix, Ximbica, Cafuringa, Gilson Gênio e ser novamente treinado no céu pelo Pinheiro. Com a supervisão de Roberto e Paulo Alvarenga. E o carinho do Argeu Afonso.

Zé Maria mal deu tempo de retribuir esse abraço. Então, descanse em paz, meu amigo. Dever cumprido com sobras, idas à linha de fundo, cruzamentos precisos e um domínio admirável de bola. Que grande amigo e admirável atleta que nos deixa tantas saudades. 

E muita paz e conforto aos seus.

Paulinho Massariol

O GOLEADOR COM A CRUZ DE MALTA NO PEITO

Nosso correspondente de Piracicaba, Kal Mattus foi até a casa de Paulinho Massariol para saber mais sobre a carreira do artilheiro que começou no XV de Piracicaba e logo ganhou visibilidade nacional!

Filho do zagueiro Idiarte, jogador que mais vezes vestiu a camisa do XV, Paulinho carrega o talento no sangue e, desde novo, se acostumou a balançar as redes adversárias. Logo assim que subiu para os profissionais, foi vice-campeão do Paulista de 1976, sendo derrotado pelo poderoso Palmeiras na grande decisão.

O talento chamou a atenção dos times de ponta do Brasil e o Vasco seduziu o goleador com uma proposta irrecusável. Garoto do interior, chegou a São Januário em 77 repleto de malas e não foram poucas as noites em que dormiu embaixo das arquibancadas.

No ano seguinte, terminou o Campeonato Brasileiro como o grande artilheiro, com 19 gols marcados, jogando ao lado de Dinamite, Abel, Marco Antônio e companhia.

Durante o papo, Paulinho não escondeu a sua indignação com os “artilheiros” de hoje em dia, que balançam a rede 10 vezes por ano e são idolatrados pela torcida!

Assista ao vídeo acima e confira a resenha completa!

 

Oriel

O GOL CONTRA DO ARTILHEIRO

O personagem de hoje, infelizmente, já não está mais entre a gente. A batalha contra o álcool foi dura e cruel, sendo o capítulo final no dia 17 de maio de 2020. Contudo, a história do “incrível Oriel” merece ser lembrada e, graças ao parceiro Kal Mattus, poderemos saber um pouco mais sobre o centroavante do XV de Novembro de Piracicaba nos anos 80.

Tendo iniciado a carreira no Valério Doce de Itabira-MG, Oriel se destacava, sobretudo, pela força física e é daí que vem o apelido de “incrível”. Embora não fosse muito alto, travava duelos de sair faísca com os zagueiros grandalhões e quase sempre levava a melhor!

De 1979 a 1982, o goleador defendeu as cores do XV de Piracicaba e um dos momentos mais marcantes pelo clube ocorreu no dia 25 de maio de 1980, quando Oriel marcou o gol da vitória contra o Corinthians de Zé Maria, Biro-Biro, Sócrates e companhia, em pleno Pacaembu.

Antes de pendurar as chuteiras e virar treinador, passou ainda por Bandeirantes do Paraná, Marcílio Dias, Pinhalense, União Barbarense, Paulista de Jundiaí e, por fim, Barretos FC. Como treinador, Oriel foi campeão invicto da Copa Metropolita pela categoria de base do XV de Piracicaba, além de levar a categoria infantil do alvinegro para a primeira divisão do campeonato estadual!

Dê o play no vídeo acima e saiba mais sobre a carreira do saudoso centroavante!

 

O GOLEIRO DE INCRÍVEIS MARCAS

por André Luiz Pereira Nunes


O goleiro Carlos Germano, o qual aniversaria hoje, tinha tanta identificação com o Vasco que certa feita proferiu uma declaração que ficou marcada.

– Em todos os outros clubes em que atuei, com exceção do Penafiel, enfrentei o Vasco. Mas vestir rubro-negro nem pensar! – afirmou em referência à contundente antipatia pelo rival Flamengo. 

Com passagem longa e marcante pelo Gigante da Colina na década de 90, o arqueiro, nascido na cidade capixaba de Domingos Martins, em 14 de agosto de 1970, foi mais uma grata revelação de São Januário, fazendo valer a tradição de grandes guarda-metas formados pelo clube. É responsável pela incrível marca de 632 jogos, entre 1990 e 1999, sendo o segundo jogador que mais atuou pelo time, perdendo apenas para o ídolo Roberto Dinamite. Na Colina, o goleiro ainda atingiu o feito histórico de 933 minutos sem tomar gols, entre os dias 24 de novembro de 1991 e 27 de setembro de 1992.

Suas excelentes atuações o levaram à Seleção Brasileira pela qual atuou por 8 jogos. O ápice de sua prestigiosa carreira ocorreu em 1998, quando fez parte do elenco titular que perdeu a final do Mundial Interclubes, no Japão, frente ao Real Madrid. No mesmo ano participara da Copa do Mundo como reserva imediato de Taffarel naquela equipe derrotada na fatídica decisão diante dos anfitriões franceses. Vale ressaltar que no ano anterior havia esbanjado técnica, elasticidade e segurança durante a disputa do Campeonato Brasileiro. Na decisão contra o Palmeiras fechou o gol com defesas magistrais, garantindo o título para São Januário. 

Pelo Vasco ganhou muitos títulos, entre os quais, o Campeonato Estadual em 1992, 1993, 1994 e 1998, o Brasileiro de 1997, a Libertadores de 1998 e o Torneio Rio-São Paulo de 1999. Pela Seleção Brasileira conquistou o Campeonato Sul Americano Sub-20, em 1988, e a Copa América de 1997. 

Deixou o Vasco, em 1999, brigado com a diretoria, após não entrar em acordo no processo de renovação de contrato. Depois da longa estada em São Januário, transitou, já sem o mesmo brilho, por Santos, Portuguesa, Internacional, Botafogo, Paysandu, America-RJ e Madureira, encerrando a carreira, em 2005, no Penafiel, de Portugal. Em 2008, iniciou a trajetória de preparador de goleiros, trabalhando no Vasco durante seis anos.

Em 2001, ainda participou do grupo que disputou a Copa das Confederações dirigido por Émerson Leão. Contudo, quando Luiz Felipe Scolari assumiu o comando técnico da Seleção, Germano ficou de lado e infelizmente acabou vendo o pentacampeonato pela televisão.

O MÉDICO E O MONSTRO

por Valdir Appel


Em 1969, o Vasco abriu as portas para dois jovens talentos: o ex-craque Evaristo Macedo e o ortopedista Arnaldo Santiago.

O técnico Evaristo, culto e educado, fazia questão de passar uma imagem de um sujeito sarcástico e gozador, e usava constantemente palavrões no meio da boleirada. 

Caminho mais curto, segundo ele, para a comunicação com os jogadores.

Em contrapartida, Arnaldo se portava como um gentleman dentro e fora das quatro linhas do gramado e procurava desesperadamente melhorar a educação e o nível cultural da rapaziada. 

Orientava e chamava a atenção dos que falavam palavrões, tarefa nada fácil, já que Evaristo não colaborava, por pura sacanagem.

Evaristo fazia suas preleções colocando-se estrategicamente de costas para a saída do túnel que dava acesso ao campo em São Januário, pedindo que os jogadores o avisassem quando da aproximação do doutor Arnaldo.

Assim que o médico apontava no túnel, um jogador entregava:

– Lá vem o doutor!

Imediatamente, Evaristo aumentava o volume da voz e desfilava todos os palavrões do seu amplo repertório.

O doutor Arnaldo aproveitava o embalo, fazia meia volta e retornava ao departamento médico, com todo mundo caindo na gargalhada.