MEU PAI, A AGULHA E A BOLA
por Simone Magalhães
Oswaldo José de Souza, filho da Rua Oliveira Fausto, pertinho da sede de General Severiano, era botafoguense doente. Daqueles que dava instruções aos jogadores pela televisão, assistia às partidas com radinho de pilha grudado no ouvido e às mesas redondas na extinta TVE, hoje TV Brasil. Sofria a cada partida. Quando o Botafogo perdia, nervoso, ele jurava: “Troco meu nome se continuar torcendo pra esse time!”. Que nada! Nunca abandonou o “Botinha”, como chamava seu time, carinhosamente.
Vavá, para quase todos, e Vavado para a família, nasceu em 27 de julho de 1929. Perdeu a mãe aos 4 anos, mal fez o curso primário. Seu pai não o queria pelas ruas do bairro gazeteando e tratou de arranjar trabalho para o menino. Aos 9 anos, foi entregador de pães. Não deu certo. Largava a cesta num canto da Oliveira Fausto para participar das peladas com os meninos na rua. Aos 13, seu pai o obrigou a ser aprendiz de alfaiate. O garoto nem tinha interesse pela profissão, mas não desacatava o pai que amava.
Como o sonho de ser craque de bola foi frustrado, aos 20 anos ele remava pelo Botafogo. Em barcos com ou sem “patrão”. Se dava bem – ganhou a medalha de bronze na prova clássica Riachuelo, da Federação Metropolitana de Remo -, mas não era aquilo o que ele queria. Entrou para o time de futebol amadores do clube do coração. Durou pouco. Tinha que trabalhar muito para ter sua própria alfaiataria. Em 1962, arranjou um sócio para, aí, sim, comprar um conjunto de salas, na Rua da Passagem. Nascia a Oswaldo & Barros Alfaiataria. E os atletas do Botafogo começaram a querer se vestir na estica…
Minhas lembranças mais antigas são de 1969. Tinha jogador que ia buscar os ternos lá em casa – muitas vezes, à noite. Meu pai costurava para o escrete que foi a base da Copa de 70. Jairzinho, PC Caju, Clodoaldo, Gérson… Eu achava estranha a cabeleira pintada de louro do Marinho Chagas e a barba do Afonsinho – um gentleman. Lembro-me de acordar uma noite e ver um rapaz que me arrebatou – imagina isso, aos 6 anos de idade! – moreno, alto, cabelos cacheados… Quando ele saiu lá de casa, pegou um Dodge Dart vinho, e nunca mais o vi. “Quem era, pai?”, perguntei. “O Wendel, goleiro do Botafogo”.
Foi um ano tenso. Véspera da ida à Copa do México. Além dos ternos que os jogadores e outros clientes do meu pai pediram, ele ainda fez uniformes da Seleção para Jairzinho e Gérson. Rivellino, aos 45 do segundo tempo, não tinha alfaiate. Por indicação do Canhotinha, ligou para o meu pai. Não dava, estava em cima da hora. Riva demonstrou que não ficou nem um pouco feliz e bateu o telefone.
Mesmo com vida atribulada, Vavá foi campeão, nas peladas do Aterro, como treinador do Doca, um time de amigos de Botafogo. Lembro do Alfredinho, nosso vizinho, que quase se profissionalizou, mas não seguiu a carreira; do Ivan Gonçalves, pai do ex-jogador Robertinho; do canhoto João Carlos; do Carlinhos, da General Polidoro; dos irmãos Ney e Nédio – duas figuras simpaticíssimas. E do seu Manuel, uma espécie de assistente, caso alguém se machucasse. Estão todos e mais alguns que não reconheço na única foto que meu pai mandou colorizar e enquadrar. Com muito orgulho.
Além do Aterro, papai supervisionava ou era técnico (eu nunca soube bem a diferença…) de futebol de areia. Foi bicampeão invicto dirigindo o São Conrado Praia Club (1968/69), com direito à faixa e placa de agradecimento. Ainda em 1968, foi vice-campeão no Torneio de Pelada Jorge Miranda. No IV Campeonato de Pelada Jornal dos Sports, em 1970, e no VIII, em 1975, vice duas vezes. Na Praia de Botafogo, amigo, das antigas, do Ivo da Rocha Gomes, fundador do São Clemente Futebol Clube, ele participava dando seus palpites. Numa conversa com Lurnel (filho de LURdinha Bittencourt com NELson Gonçalves), Vavá soube da necessidade de um reforço nas estratégias de jogo na praia da Urca. Lá foi ele. Lembro-me do time Guaíba e do falecido ator João Carlos Pedroso, que, nas areias, tinha o apelido de “Dedinho”. E também de outros times, como Radar, Milionários, Dínamo.
Nos anos 1980, meu pai foi chamado pelo Maestro Júnior para reger temporariamente o Juventus, em Copacabana. Ele conhecia Júnior das areias; e Zico, do Aterro, ainda na luta para se desenvolver fisicamente. Vavá era muito introspectivo, mas quando o assunto era futebol falava pelos cotovelos. Acho que uma das últimas informações futebolísticas que tive foi sobre um grande amigo, Garrincha. Ele o encontrou bêbado, sentado no chão, no Tabuleiro da Baiana. Mané insistiu no pedido de um trocado pra “mais uma, só mais uma”. Papai não deu. Chamou um táxi, deixou o dinheiro na mão do motorista e o encaminhou para a casa. Logo depois, num encontro com Nilton Santos, papai profetizou emocionado: “Assim, ele vai morrer logo”. Não deu outra.
Vavá se aposentou, a lombar dele suplicava por isso. E passou a ir muito eventualmente à praia para ver um jogo. Com a morte da minha mãe, por erro médico, em 2003, ele ficou apático. Confuso, foi constatado que tinha Alzheimer. Contou várias vezes as histórias do passado, como a do calote que PC Caju deu nele, encomendando um terno de tecido caríssimo, que nunca foi buscar. Não tive tempo de registrar tudo. Adoraria dedicar um livro a ele, que foi reencontrar seu grande amor, exatamente dez anos depois, em 17 de fevereiro de 2013.
DUDU E O TÚNEL DO TEMPO
por Sergio Pugliese
No carro, indo para Arraial do Cabo, parecia aquele menino de 14 anos que não via a hora de entrar no Maracanã ou em São Januário. Era impressionante, mas mesmo indo aos estádios semanalmente, a prazerosa sensação não cessava. Acho que isso é o que chamam de magia. O campo gigante, o gramado verdinho, a tal aglomeração, que hoje virou sinônimo de palavrão, os bandeirões, as organizadas e eles, os ídolos, nossos super-heróis. Eu sempre ficava com olhar fixo no túnel à espera da entrada dos artistas do espetáculo. O primeiro que eu procurava era Dinamite, meu maior ídolo no futebol, e, em seguida, buscava Dudu. Não era difícil avistá- lo, afinal ele era grandalhão. Volta e meia eram publicadas matérias criticando seus quilinhos a mais. E eu lá estava preocupado com isso! O cara jogava uma barbaridade! Roubava a bola do adversário, avançava com um vigor de touro faminto e disparava um míssil certeiro de fora da área. A torcida delirava! “Esse gordinho joga demais!”, era uma frase recorrente nas arquibancadas. Mas Dudu não era um ídolo improvável, Dudu jogava muita bola e em uma entrevista à Placar, que tenho guardadinha aqui comigo, Zico alertava seus companheiros: “Preocupem-se em marcar Dudu”. Chegou a ser cotado para a Copa de 82. Mas logo saiu do Vasco, foi para Portugal e nunca mais ouvi falar. Claro que ao longo do tempo busquei outros ídolos na saída do túnel, mas Dudu ficou guardado em um cantinho da memória afetiva. Jamais esquecerei o dia em que falando sobre velhos ídolos com um motorista de táxi ele disse…”o Dudu sei que anda muito doente e trabalha na Prefeitura de Arraial do Cabo”. Foi impactante. Dudu, doente? Aquele gigante? Impossível! Não falei nada, mas a maquininha do tempo instalada em nosso cérebro foi rebobinando, rebobinando e voltei à arquibancada, um menino e seu ídolo indestrutível. Pouco tempo depois, Marcelo Cortez, parceiro do Museu da Pelada, nos deu o caminho das pedras para encontrarmos um Dudu debilitado, trêmulo, mas com um humor ácido, saboroso. Que resenha! Na companhia do próprio Marcelo e de Da Silva, campeão da Libertadores pelo Olimpia, do Paraguai, rimos e acariciamos nossas almas com doces recordações. Não bebemos porque seu fígado já havia pedido arrego há tempos, mas pude abraçá-lo e agradecê-lo por aqueles momentos sublimes nos estádios. Que felicidade ter chegado a tempo, nem sempre dá. Ontem, Dudu pendurou as chuteiras, saiu de campo e entrou no túnel, o mesmo túnel que eu, ansioso, esperava que surgisse, gigante, imbatível, iluminado.
UMA EXPLOSÃO NO MAIOR DO MUNDO
por Fausto Rêgo
Passou sem muito alarde um aniversário que nenhum vascaíno esquece: o da volta triunfal de Roberto Dinamite. No caso, uma data redonda como a bola que o nosso ídolo maior jogou naquele dia: quatro décadas.
Era o primeiro domingo de maio de 1980 e eu tinha 12 anos. Fui com meus pais e meu irmão almoçar na casa de meu tio, então conselheiro do Vasco, que não perdia um jogo em São Januário ou no Maracanã. Com alguma frequência, ele arrumava os ingressos e a gente ia aos jogos. Do também inesquecível Campeonato Carioca de 1977, por exemplo, tenho até hoje na memória um 6×0 no Bangu e um 7×1 contra o Madureira saboreados com muito gosto nas sociais da colina histórica. Mas voltemos àquele domingo de maio.
Era o dia do retorno de Roberto ao Maracanã, depois da breve aventura catalã e de uma disputa com o Flamengo que em algum momento parecia perdida. Vou poupar os leitores mais novos de recorrer ao Google. Dinamite havia sido contratado pelo Barcelona no início do ano. Marcou dois gols na estreia, depois fez mais um e parecia que ia emplacar na Espanha. Mas caiu o treinador em seguida e o cenário mudou. Tudo passou a dar errado.
Espertamente, o Flamengo – presidente Márcio Braga à frente – tentou repatriar o artilheiro pra fazer dupla com Zico. Os vascaínos gritaram, o clube se mexeu e conseguiu atravessar o negócio. Três meses depois de partir, Bob voltou pra casa e reestreou contra o Náutico em Recife (PE), no fim de abril – mas isso quase ninguém lembra. O “jogo da volta” mesmo é o do dia 4 de maio, no então maior estádio do mundo, contra o Corinthians. Detalhe: era rodada dupla e quem fazia o primeiro jogo era justamente o Flamengo.
Meu tio morava na Tijuca, razoavelmente perto do Maracanã. Não perdia um jogo do Vasco, certamente não deixaria de ver a volta do Dinamite. Pensando nisso, eu estava animadíssimo quando saímos de casa, em Engenheiro Leal. Ora, é claro que depois do almoço ele vai levar a gente ao jogo!
Chegamos, comemos, ainda era cedo, tudo no esquema. Meu tio foi fazer a sesta habitual. Acontece que ele tinha tomado umas e outras durante o almoço, e nada de acordar. Quatro da tarde, quatro e quinze… ele ainda roncava. O jogo era às cinco.
Quatro e meia… nada. A agonia tomava conta de mim. Mandei indiretas (depois diretas mesmo) pra mulher do meu tio, querendo saber se ele não ia ver o Vasco. Ela respondia vagamente que sim, depois desconversava, mas o fato é que o tempo passava e o nobre conselheiro permanecia no mundo dos sonhos. E eu sonhando com o Maracanã.
Acho que em algum momento, afinal, foram sacudir o pobre coitado e perguntar se não ia levar os meninos no jogo. Ele apareceu na sala de cara amassada e começou a se arrumar pra sair. Pegamos o carro e fomos. A essa altura, a partida já tinha começado. Ouvimos no rádio que o Vasco vencia. O placar era de 2 a 1 pra nós – dois do Roberto! E eu sem acreditar que ainda não estava lá.
Chegamos. Carro estacionado. Mas ele não tinha ingresso. Achou um cambista, comprou e conseguimos entrar. Da porta até o interior do estádio, ainda ouvimos a comemoração da torcida por mais dois gols. Todos dele, soubemos em seguida. A essa altura, os torcedores do Flamengo que tinham ficado pra secar o Vasco já estavam a caminho de casa.
Quando finalmente pudemos ver o gramado, pênalti pro Corinthians. Dr. Sócrates bateu, bola na rede: 4 a 2 pra nós. Fim de primeiro tempo.
Passei o intervalo tentando entender a falta de sorte. Estávamos ali tão perto e perdemos praticamente todo o primeiro tempo. E Roberto fez quatro gols.
Quatro!
No Corinthians!
No Corinthians do Sócrates!
E não vi nenhum!
A essa altura, eu temia que tivesse acabado a munição do artilheiro.
E bola rolando, começa o segundo tempo.
Não me lembro de praticamente nada. Só de uma cena: Roberto conduzindo a bola pela intermediária do Corinthians, partindo em direção ao gol. Mauro se aproxima, ele corta pra dentro, chega à meia-lua da área e dispara. No ângulo do Jairo. Um golaço.
Foi há quarenta anos. E eu continuo comemorando como uma criança.
ONDE VAI PASSAR O JOGO?
por Idel Halfen
Os desdobramentos da publicação da Medida Provisória 984, aquela que concede ao mandante dos jogos de futebol o direito de comercializar a transmissão, não param de acontecer.
Na semana que passou vimos o clube carioca, o qual articulou a MP junto ao presidente da república, fazendo por conta própria a transmissão do seu jogo que ocorreu no meio de semana. Uma ação bastante interessante e arrojada que teve a gratuidade como um dos pontos de destaque, e também onde foi propiciada aos torcedores a possibilidade de fazerem doações. O valor arrecadado, somados aqui patrocínios e os pagamento feitos por quem usa a plataforma para assistir aos jogos estando fora do Brasil, foi baixo se comparado com o número de visualizações e o tamanho da torcida, contudo, seria de uma miopia ímpar avaliar a ação apenas sob esse prisma, já que o clube conseguiu, além do engajamento da torcida e de desenvolver relacionamento com os espectadores, fortalecer atributos como modernidade e inovação.
Como reação, a Rede Globo, detentora dos direitos para transmitir os jogos dos demais clubes do campeonato carioca, anunciou a rescisão do contrato e que deixaria de televisionar os jogos restantes, já que, no seu entender, houve violação de contrato. Tal pronunciamento chocou a todos, pois coloca em risco a continuidade dos campeonatos estaduais.
Embora o fim destes campeonatos seja um discurso recorrente entre torcedores e até por parte da imprensa, trata-se de uma decisão extremamente perigosa para a indústria do futebol. Os riscos de aumentar a já enorme inadimplência da quase totalidade dos clubes é enorme, acrescente-se a isso o aumento no índice de desemprego, pois um menor número de clubes significa menos jogadores, técnicos e demais membros que compõem as estruturas destas organizações. Não se nega aqui a necessidade de reformatar essa competição, porém, a dependência dos clubes e da cadeia produtiva do futebol às verbas de transmissão é um fator que não pode ser desprezado.
O fato de um clube, supostamente, ter condições de prescindir dessas verbas, não pode prejudicar o coletivo, tampouco ser balizador para as interferências do poder executivo.
Dando continuidade ao enredo, o mesmo clube que fez a transmissão de forma gratuita na 4ª feira, anunciou que para o próximo jogo adotaria o modelo de pay per view cobrando R$ 9,96 para os que não fossem sócios. A resposta de sua torcida foi péssima e pesadas críticas foram feitas.
Transmitir eventos via streaming é, sem dúvida, uma alternativa interessante, mas não é certo que possa, principalmente no Brasil, ser vista como substituta imediata das transmissões tradicionais, posto que assistir esportes pela televisão é um hábito bastante arraigado por aqui. Além do que, a disponibilidade de equipamentos e estrutura que deixem o espetáculo agradável/confortável de se assistir ainda não atingiu um nível de penetração razoável em nossa população.
Em relação à possibilidade de monetização não há o que se questionar, pois, qualquer fonte de receitas é fundamental para as finanças dos clubes. Todavia, a implantação desse modelo precisa ser maturada, o que se consegue através de planejamento, comunicação prévia, estruturação tecnológica, além de um trabalho de aculturamento acerca do “produto” -, enfim, ações que demandam tempo para serem bem executadas.
A própria precificação requer estudos mais elaborados, evitando assim de se utilizar como parâmetros simplesmente os preços dos ingressos, ignorando que para a grande parte dos torcedores a TV aberta é o referencial de seu dispêndio para assistir jogos. Há que se contemplar que, além dos R$ 9,96 cobrados pelo pay per view, o indivíduo precisa pagar por um bom pacote de internet.
No caso em questão, a falta de planejamento fez com que a ação relativa à cobrança fosse abortada pouco antes do jogo, visto que a plataforma de pagamentos não suportou a demanda, o que causou problemas para os torcedores que adquiriram o “acesso”, assim como para a imagem do produto e a do clube.
Como podemos constatar, estamos diante de um momento interessante para o futebol, onde somos testemunhas de ações que questionam um modelo que pouca mudança sofreu ao longo do tempo, mas que, de fato, precisa evoluir.
É inadmissível, entretanto, que os movimentos ocorram sob a cegueira da paixão, e faça esquecer que a defesa da indústria do futebol deve se sobrepor a eventuais antipatias por questões políticas contra uma emissora.
SELEÇÃO BRASILEIRA DOS SONHOS
Luis Filipe Chateaubriand
Acompanho futebol desde 1978. Se, nesses mais de 40 anos, pudesse escalar a Seleção Brasileira de meus sonhos, esta formaria com: Leão; Jorginho, Leandro, Aldair e Junior; Falcão, Sócrates, Zico e Ronaldinho Gaúcho; Reinaldo e Romário.
Leão era o goleiro imponente e preciso. Agilidade incrível, reflexos apuradíssimos, visão acurada, liderança ímpar, era difícil de ser vazado.
Jorginho tinha grande vigor no apoio, mas também defendia com intensidade. Fazia ótimos cruzamentos e sabia se apresentar para tabelas.
Leandro poderia jogar em qualquer posição, mas especialmente como zagueiro central era fabuloso. Excelente antecipação, antevidência dos movimentos adversários, técnica para sair jogando.
Aldair conciliava uma técnica apuradíssima com grande vigor físico. Excelente na bola alta, também tinha um chute potente. Sabia aparecer na hora certa como “elemento surpresa” no apoio.
Junior sabia dominar a lateral esquerda, mesmo sendo de origem lateral direito, como poucos. Apoiava o ataque com vigor, fazendo de sua excelente forma física um trunfo. Sua técnica também se sobressaía em passes e lançamentos.
Falcão era a classe em forma de jogador de futebol. Domínio de bola fabuloso aliado a inteligência privilegiada, armava, atacava e defendia, sempre fazendo tudo com extrema perfeição e com a simplicidade que só os privilegiados possuem.
Sócrates era o pensador da bola. Concebia os lances antes que a esfera chegasse. De frente ou de costas, fornecia passes açucarados aos companheiros e decidia com proceder o desenlace das jogadas com uma frieza impressionante.
Zico se destacava tanto fazendo gols – dos mais variados tipos que se possa imaginar – como criando chances de gols para os companheiros – dos mais diversos tipos que se possa imaginar, também. Conhecimento perfeito do campo de jogo, coordenação motora privilegiada, repertório de jogadas diversificado, foi o maior jogador brasileiro que vi em ação.
Ronaldinho Gaúcho era a habilidade em forma de jogador de futebol. Domínio de bola perfeito, fazia coisas inacreditáveis com a redonda. Enquanto teve vontade de exercer a carreira na plenitude, foi de deixar os apreciadores do futebol boquiabertos.
Reinaldo era um êxtase de se ver para quem apreciava futebol. Toque de bola refinadíssimo, era uma vocação para o gol como quase nunca se viu. Seus gols eram de uma beleza fora do comum, particularmente os por cobertura. Era um atacante que se movimentava de tal forma que deixava os marcadores atônitos, e estes tiveram sorte de que seus joelhos lhe tenham abreviado a carreira.
Romário era o gol em forma de homem. Aliando uma habilidade incrível com um posicionamento na área impressionante, nunca houve alguém mais vocacionado para o gol do que ele. O apelido que ganhou de “gênio da grande área” não tinha nada de exagerado.
É claro que outros poderiam entrar no time, como os geniais Rivaldo, Careca, Ronaldo Fenômeno, Bebeto, etc. Mas vamos convir que este é um timaço. Ou não?
Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!