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JUSTIÇA SE FAZ COM PÉS ALEMÃES

por Marcos Vinicius Cabral


Uma simples derrota fez Moacir Barbosa Nascimento entrar para a história do futebol brasileiro. Aquela derrota por 2 a 1 para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950 foi o maior peso carregado pelo goleiro que encarou olhares de reprovação e perguntas sobre aquela tragédia conhecida como ‘Maracanazo’.

Barbosa, goleiro do Vasco, morreu duas vezes. A primeira, aos 29 anos, naquela tarde de 16 de julho, quando se preparou para defender o chute de Ghiggia, atacante uruguaio, que havia arrancado pelo campo até chegar à grande área. Não deu. A bola passou entre as mãos do goleiro e a trave, calando o estádio. E a última, onze dias depois de completar 79, quando uma parada cardiorrespiratória fechou-lhe os olhos para a eternidade.

Sessenta e quatro anos depois da derrota para a Celeste Olímpica na final da Copa do Mundo de 1950, o 7 a 1 sofrido pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2014 conseguiu fazer justiça com Barbosa. A esquadra de Flavio Costa será para sempre lembrada como o time que, ao menos, foi vice-campeã em casa sem ter sido envergonhada.

Mas se o indulto foi concedido a um dos maiores goleiros do Vasco da Gama, a bola, amada e maltratada em jogos da Copa do Mundo de 1950 até a Copa do Mundo de 2014, passou a ser o centro das atenções em dezesseis mundiais que separaram as duas derrotas (e coincidentemente em solo brasileiro) mais sentidas de todas as 21 edições do torneio mais popular do mundo: o Brasil 1 x 2 Uruguai e o Brasil 1 x 7 Alemanha.

No entanto, tardou, mas a justiça foi feita nos gols de Muller, aos dez, Klose, aos 22, Kroos, aos 23 e aos 25, e Khedira, aos 28 minutos do primeiro tempo; Schurrle, aos 23 e aos 33 minutos do segundo tempo, no Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, que sepultou de vez a culpa que Barbosa carregou nos ombros no Estádio Mário Filho, o Maracanã, por muitos anos.

Mas os sete gols foram demais para a geração de Neymar e Cia que continua marcada para sempre na memória do torcedor do Brasil. Nesta quinta-feira, 8 de julho de 2021, mês sete, em que se completa 7 anos que o Brasil perdeu por 7 a 1 para o time treinado por Joachim Löw, que com a eliminação na Eurocopa para a seleção da Inglaterra na terça-feira, 30 de junho, se despediu do comando da Seleção Alemã após 15 anos.

Atualmente vestindo a camisa 7 do Atlético Mineiro, Hulk falou para uma rádio gaúcha sobre o jogo que mudou a vida dele e de muitos outros jogadores: “A seleção tinha o objetivo de ser campeão e um passo antes de chegar na final a gente perde daquela forma. Perder de 7 a 1, ninguém imaginava aquilo. Por alguns instantes, achava que estava até sonhando, que não estava acontecendo aquele jogo”, definiu o camisa 7 do Brasil naquele 7 a 1.

Mas afinal: de quem foi a culpa pela arrasadora, incontestável e irretorquível goleada história?

Vejamos.

O Brasil se preparou como poucos para realizar a ‘Copa’ das Copas do Mundo e segundo balanço do governo federal, produzir o megaevento aqui gerou gastos, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), de R$ 25,6 bilhões, nove vezes mais que o previsto quando o país foi anunciado como sede do Mundial, em Zurique, na Suiça, naquele longínquo 2007.


Dono de cinco títulos mundiais, dois vice-campeonatos e único país a participar de todas as edições, o Brasil já vivia sua crise territorial e doméstica quando dezoito cidades se candidataram para receberem as partidas e construir (ou reformar) estádios para a Copa, e no entanto, apenas doze foram escolhidas: Belo Horizonte (Estádio do Mineirão), Brasília (Estádio Mané Garrincha), Cuiabá (Arena Pantanal), Curitiba (Arena da Baixada), Fortaleza (Estádio Castelão), Manaus (Arena Amazônia), Natal (Estádio das Dunas), Porto Alegre (Estádio Beira-Rio), Recife (Arena Pernambuco), Rio de Janeiro (Estádio do Maracanã), Salvador (Arena Fonte Nova) e São Paulo (Arena Corinthians).

Todavia, se os bastidores causam espanto e chamam a atenção como um quadro surreal pintado pelas mãos de quem desperdiçou tanto dinheiro público, o time iniciava a Copa com um 3 a 1 contra a Croácia, um empate sem gols com o México e uma goleada pouco convincente sobre os Camarões por 4 a 1.

Nas oitavas de final, a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari sofreu muito, mas conseguiu avançar às quartas do Mundial nos pênaltis, depois de um empate por 1 a 1 no tempo normal.

A fragilidade daquele time ficou à mostra quando a cena do zagueiro e capitão Thiago Silva chorando emocionado e desabado no gramado correu o mundo.

O Brasil ganhava musculatura na competição enquanto o que realmente se escondia era um time com data vencida.

Contra a Colômbia, um outro choro, dessa vez não à toa. Neymar, nosso camisa 10 e esperança de conquistar o hexacampeonato, sofreu uma fratura na terceira vértebra lombar após levar uma joelhada do colombiano Zúñiga, nas costas, pouco antes do final do segundo tempo, e ainda no Hospital São Carlos, na Zona Norte de Fortaleza, dava adeus à Copa do Mundo.

A vitória do Brasil, por 2 a 1, e a classificação para a semifinal, foram mais importantes que o relatório da psicóloga Regina Brandão, com pós-doutorado em psicologia do esporte, sobre o baile tático dado por treinadores menos experientes que Felipão, mas mais estudiosos, como o argentino Jorge Sampaoli, do Chile, e Miguel Herrera, do México.

Sem os dois chorões – Neymar lesionado e Thiago Silva suspenso – o Brasil enfrentaria a Alemanha, numa terça-feira, às 17h, no Mineirão, em Belo Horizonte, sem imaginar que os 7 a 1 que o time comandado por Joachim Löw imporia aos comandados de Felipão, superaria o Uruguai 6 x 0 Brasil, em Viña del Mar, Chile, pelo Campeonato Sul-Americano de 1920; o Brasi 1 × 5 Argentina, em São Januário, pela Copa Roca, em 1939; o Argentina 6 × 1 Brasil, no Gasómetro de Boedo, em Buenos Aires, pela Copa Roca, em 1940; o Brasil 2 × 6 São Paulo, no Pacaembu, amistoso em 1962; e o Bélgica 5 × 1 Brasil, em Heysel, Bruxelas, amistoso em 1963.

Goleadas à parte, a santíssima trindade formada por Luiz Felipe Scolari, Flávio Murtosa e Carlos Alberto Parreira – que teve o despautério em dizer que o Brasil estava com a mão na taça na apresentação em Teresópolis – frustrou 202,8 milhões de torcedores espalhados pelos 5.570 municípios do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), naquele ano de 2014.

Mas de tanta coisa errada naquele torneio, selecionamos sete pecados capitais para o histórico fracasso na Copa do Mundo de 2014:

AVAREZA

A comissão técnica não quis abrir mão de Daniel Alves e Marcelo, laterais valiosos no cenário internacional. Pecou também pela falta de sensibilidade para perceber e corrigir os buracos deixados pelos avanços deles, expostos antes da Copa pelo fraco Panamá e a Sérvia. Os problemas se repetiram na estreia contra a Croácia, no entanto, o problema foi empurrado para debaixo do tapete até o vexame diante da Alemanha.

GULA


Faminto por vitórias, conquistas e marcas, Felipão havia perdido a fome em fazer história, se superar e poder se tornar bicampeão do mundo à frente da seleção. Com a conquista da Copa das Confederações em cima da Espanha, Felipão “morreu” abraçado ao esquema 4-2-3-1 das cinco vitórias no evento teste às vésperas da Copa do Mundo de 2014. A maior falha foi jamais ter testado o time sem Neymar. O camisa 10 começou todas as partidas da segunda ‘Era Scolari’. Quando precisou se reinventar, não tinha tempo e muito menos recursos humanos para isso.

INVEJA

Completamente inseguro, Felipão criou um clima de inveja nos profissionais de imprensa que cobriam o dia a dia da seleção quando pediu ao assessor de imprensa pessoal para pegar pelo braço na Granja Comary Juca Kfouri e Paulo Vinicius Coelho, ambos da ESPN Brasil, Fernando Fernandes, da TV Bandeirantes, Osvaldo Pascoal, da Fox Sports, Luiz Antonio Prósperi, do O Estado de São Paulo, e Carlos Eduardo Mansur, do jornal O Globo, e levá-los para uma conversa reservada, a fim de pedir conselhos. Ali, ficou escancarado que Felipão havia deixado o elenco escapar das suas mãos. O desembarque às pressas de Regina Brandão em Teresópolis, para recolocar o grupo no divã, constituiu algo que estava errado.

IRA

Os opostos se atraem é um ditado tão certo, mas tão certo, que deu errado com o relacionamento de Felipão com Carlos Alberto Parreira. Calmo, sereno e tranquilo, o técnico do tetra foi, durante todo o tempo, uma espécie de calmante para Felipão. O atual treinador assumiu em algumas entrevistas que, às vezes, queria voltar a ser o Felipão de antes, dar um tratamento de choque no elenco e se irar contra a imprensa, mas recuava ao ouvir os conselhos do coordenador. O Felipão que todos conhecem não esteve na Copa do Mundo no Brasil.

LUXÚRIA

A Seleção Brasileira teve muitas horas vagas na concentração que poderiam ter sido usadas em treinamentos. Prova disso foi a invenção de moda de Daniel Alves e Neymar, que aproveitaram a falta do que fazer para tingir os cabelos, demonstrando vaidade excessiva com a aparência. O cuidado estético representou a maior novidade “tática” da seleção no empate por 0 a 0 com o México, no Castelão, em Fortaleza, pela segunda rodada da fase de grupos.

PREGUIÇA

Felipão dormiu em cima do relatório entregue por Regina Brandão com o perfil dos 23 convocados, ou houve erro de avaliação da profissional de confiança dele. Ambos devem ter percebido que o capitão deveria ser outro, mas insistiram em manter a braçadeira com o zagueiro Thiago Silva. O diagnóstico foi exposto em público nos pênaltis contra o Chile e no choro compulsivo do camisa 3.


SOBERBA

A dupla Scolari e Parreira chegou à Granja Comary de salto alto e com o otimismo lá nas nuvens do céu de Teresópolis, onde cantou vitória antes do tempo. O experiente Carlos Alberto Parreira, preparador físico em 1970 e técnico em 1994, chegou a afirmar

durante a preparação e antes da estreia contra a Croácia: “O Brasil está com a mão na taça”. Depois da partida contra o Chile pelas oitavas de final, os dois reviram os conceitos e Felipão afirmou que, se o seu time fosse derrotado, não seria o fim do mundo. Depois de sete anos, está sendo.

Nesta quinta-feira (08), completa sete anos daquela partida em que sempre que é lembrada, os alemães sorriem e os brasileiros choram, e cabe a Luiz Felipe Scolari, que acabou de ser anunciado como novo treinador do Grêmio, cumprir o que disse um dia em uma palestra para alunos da Universidade de Brasília, na L2 Sul: “Se eu não ganhar a Copa do Mundo, vou pedir asilo aqui ao lado, na Embaixada do Kuwait”.

Dito e NÃO feito.

Porém, o que consola é saber que de tudo que ocorreu naquela nefasta tarde no Mineirão, uma em especial serviu para fazer justiça a Barbosa, vilão por 50 anos: o vexame dos 7 a 1.

PC E A ARTE DA PALAVRA

por Rubens Lemos


O melhor texto do jornalismo esportivo nacional é de Paulo Cézar Lima, o PC Caju, tricampeão do mundo. Sua pena segue o estilo polêmico, debochado e verdadeiro dos tempos em que perfilava zagueiros para driblá-los. PC, quando menino ainda, veio a Natal em 1970, ano em que nasci, depois da Copa do Mundo do México. Amistoso contra o ABC no velho Estádio Juvenal Lamartine.

PC Caju aplicou tanta finta no pobre lateral-direito Preta que a torcida queria agredi-lo no estacionamento da Avenida Hermes da Fonseca, que ficava interditada aos domingos para o povão chegar no teatrinho de arena da bola potiguar.

PC abusou que perdeu um pênalti, defendido pelo falecido baixinho Erivan, um dos principais goleiros da história do ABC. PC fez Preta cair de testa no chão ao tentar acertar-lhe um pontapé. PC riu e as arquibancadas ficaram furiosas.

Mas, hoje, maduro, depois de conseguir dar canetas e toques de curva no destino que apagou suas luzes para ele, durante longo período, contado em belo livro: Dei a Volta na Vida, PC brinda os viciados no bem escrever com palavras bem colocadas, certeiras iguais aos seus lançamentos de três-dedos para Jairzinho, no auge do Botafogo glorioso e não o lixo atual, da mesma lata onde está jogado o Vasco.

PC Caju tecla verdades em seu computador e a última delas é clara: a atual seleção brasileira não tem sintonia com a torcida. É o que eu procurava expressar e não conseguia.

O time de Tite é desconectado do povão. Do povão não, esse, coitado, está banido do esporte luxuoso de arenas reluzentes e pernas de pau decadentes. PC é da turma que fazia o país parar por conta de jogo do Brasil.

Viveu a Era Pelé, com Gerson, Rivelino, o citado Jairzinho, Tostão, Clodoaldo, Marinho Chagas, Dirceu Lopes, Nei Conceição, Ademir da Guia, Silva Batuta e Zanata e brilhou também na fase em que Zico assumia o cetro da bola das mãos (ou da canhota?) de Rivelino.

A ausência de PC foi fundamental para que a seleção brasileira ostentasse o título de “Campeã Moral” de 1978, invicta e em terceiro lugar, com um quarto-zagueiro de lateral-esquerdo (Edinho), um brutamontes (Chicão) em lugar de um nobre (Falcão) e ninguém da estirpe malandra de PC para temperar a partida nos momentos quentes, ele que havia sido fundamental nas Eliminatórias.

Todo redator, repórter, colunista, cronista, colaborador, metido a entender de futebol deveria usar PC como leitura obrigatória. O parágrafo dele é curto e esclarecedor, instigante, provocador.

O texto de PC é o próprio. Sincero e até antipático, problema do interlocutor ou do leitor. Como era transtorno para laterais, fossem da qualidade de Carlos Alberto Torres e Nelinho, fossem limitados como o humilde Preta do baile mais para o tripudiar do que para o empolgar aqui em Natal.

Experimente ler seus artigos e depois ligue a TV no SBT para assistir ao time de Tite. A Lucas Paquetá sendo guindado à referência de uma seleção que assombrava como um tigre e agora não mete medo em combinado de Trinidad e Tobago. Um time em que Neymar vai se esgotando, perdendo o gás, o tesão que nunca teve, a condição física de carregar outros dez marmanjos nas costas.

Jornalista – assim me ensinaram – é para transmitir tudo em linguagem simples. Os experts (os de TV por assinatura mais ainda), conjugam o Titês das linhas altas e baixas, da transição, do jogador de beirada (simplesmente o velho ponta-direita), da contenção e da assistência famigerada em lugar do velho, bom e natural passe. Esses caras não amarram os dedos de PC Caju. Se era uma maravilha vê-lo jogar, é uma delícia saborear suas palavras.

COPA AMÉRICA E EUROCOPA: O ABISMO ENTRE DUAS REALIDADES

por André Luiz Pereira Nunes


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A partir do momento em que a Conmebol decidiu unir o seu calendário ao da Uefa para que os torneios entre suas seleções fossem disputados ao mesmo tempo, as comparações obviamente passaram a ser inevitáveis. É certo que ninguém imaginaria que isso aconteceria justamente durante uma pandemia de dimensão mundial, mas ainda assim, fica muito claro que existe um abismo entre o futebol praticado na Europa e na América do Sul.

Enquanto a Eurocopa é tratada por torcedores, dirigentes e atletas como uma Mini Copa do Mundo, o torneio sul americano é visto apenas como um evento protocolar e obrigatório, sobretudo para os jogadores que preferiam estar de férias. O fato também da pandemia ainda estar em níveis alarmantes no continente e, em especial no Brasil, enterra qualquer crença de que o evento tenha alguma grande importância. Para os treinadores é apenas uma oportunidade para preparar seus elencos para o restante das Eliminatórias para a Copa do Mundo.

Em se tratando da Copa América, não há muitas surpresas. Mesmo sem empolgar, o Brasil passou sem maiores dificuldades por seus adversários. Já Uruguai e Paraguai decepcionaram ao capitularem, respectivamente, diante de Colômbia e Peru. Os argentinos, por seu turno, parecem vivenciar uma entressafra de atletas. Dependem tanto dos lampejos de Messi, como o Brasil precisa de Neymar.

No Velho Mundo as coisas transcorrem de forma bem diferente. A Itália provavelmente não apresentava um futebol tão envolvente há muito tempo. O seu tradicional e irritante defensivismo deu lugar a um padrão bem mais agressivo. A Inglaterra também voltou a figurar no rol das grandes seleções mundiais, relembrando a ótima fase de 1990. A Dinamarca volta a figurar como grande surpresa após participações pífias nos últimos eventos.

Porém, é importante ressaltar que alguns selecionados decepcionaram inteiramente. A Bélgica, primeira colocada no Ranking da Fifa, ficou pelo caminho mais uma vez. Seu padrão desempenhado por essa talentosa geração, nem de longe recorda o praticado pelo excelente plantel, capitaneado por Enzo Scifo, que disputou com grande êxito a Copa de 1986, no México.

Por sua vez, a Holanda, mais uma vez decepcionou torcedores e analistas ao ser despachada pela apenas regular República Tcheca. Portugal, apesar do talento indiscutível de Cristiano Ronaldo, precisa de muito mais para suplantar seus adversários e atingir o topo.

Todavia, quem ainda merece algum reconhecimento é a Suíça por ter conseguido eliminar de forma surpreendente, ainda que nos pênaltis, os franceses. Afinal, trata-se da seleção, não só vencedora da última Euro, como também da Copa do Mundo. Apesar desse surpreendente revés, permanece a sensação de que poderia ter chegado mais longe e, mesmo assim, ainda é forte postulante ao título mundial. A Espanha, embora distante de seu apogeu, também não deve ser desprezada.

Portanto, não há como comparar a qualidade dessas equipes com a desempenhada por Colômbia, Equador, Peru, Brasil, Uruguai, Paraguai ou Argentina.

Não é necessário ser nenhuma pitonisa, oráculo, ou mesmo muito entendido para prever que o vencedor do Mundial do Qatar, em 2022, pertencerá ao continente que hoje pratica o melhor futebol.

FALTA DE IDENTIFICAÇÃO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Itália, Espanha, Inglaterra e Dinamarca. Fiquei muito feliz com o quarteto final da Eurocopa. Torci pela Bélgica, mas é bem interessante ver a Itália, de Roberto Mancini, seguir em frente, afinal ele não adota mais aquele insuportável ferrolho. Consegue defender-se bem, mas atacar com qualidade. É uma seleção bem mais leve. Também gosto muito do trabalho de Luis Enrique, apesar de a Espanha não ter feito nenhuma apresentação brilhante.

A Dinamarca é quase sempre uma surpresa agradável e Gareth Southgate vem surpreendendo no comando da Inglaterra. Virou técnico da seleção principal quase que por acaso, mas vem dando conta do recado. Como nos últimos anos me acostumei a ver a liga inglesa, a qual considero a mais agradável de acompanhar, acabo torcendo um pouco para eles. Preferia que o técnico fosse o Guardiola, mas a sua hora vai chegar.

Não acho nenhuma espetacular, mas consigo assisti-las e não consigo ver o Brasil. Acho que algo muito grave acontece e não é só comigo. Estava viajando com amigos e ninguém sequer sabia que a seleção jogaria. Não temos qualquer identificação com esse time. Não falta apenas qualidade, mas carisma. É um grupo sem sal que depende apenas dos lampejos de Neymar. É preciso uma reformulação geral, um trabalho de marketing pesado para atrair novamente a atenção do torcedor. O futebol por si só já está muito chato.

Estava vendo Vasco x Goiás e o pau cantou só porque um atacante do Goiás tentou um drible no fim do jogo. Alguns vascaínos foram reclamar com o árbitro, pedir cartão!!!! Não falta mais nada!!! E outro dia o Cazares, do Flu, fez gol contra o Corinthians, seu ex-clube, e não comemorou em respeito. Meu Deus, qual a história que o Cazares tem com o Corinthians? Quanto tempo jogou lá? Virou piada! Mas piada mesmo foi Gustavo Scarpa respondendo ao jornalista no fim da partida contra o Sport, vitória de 1×0, gol seu. O repórter queria saber a que se devia sua excelente fase. “Estou jogando na minha posição”, respondeu. Morri de rir porque o futebol é óbvio, simples, mas não para esses professores que só destroem nossa arte. Já colocaram o Gustavo Scarpa na lateral, ponta-direita, só faltou de goleiro. Agora, descobriram que ele rende na posição de ofício. Patético.

Pelo menos Bahia, Fortaleza, Ceará e Bragantino seguem fazendo bonito! O reinado precisa mudar de mãos e se depender da minha reza esse dia vai chegar! Os que não me dão mais esperanças são os analistas de computadores, que inventaram agora jogador agudo! Na minha época agudo era o acento! E teve outro que disse que o número 10 central deu uma assistência por dentro para o atacante concluir!

O CRAQUE DO ANO DE 1993

por Luis Filipe Chateaubriand


Em 1992, Edmundo fazia a sua primeira temporada como jogador de futebol profissional, jogando pelo Vasco da Gama.

Jogou excepcionalmente bem, e logo se transferiu, por uma pequena fortuna, para o Palmeiras.

Então, em 1993, vestindo a camisa do alviverde imponente, Edmundo jogou ainda mais, jogou de forma assombrosa.

Os jogos do Campeonato Paulista eram transmitidos pela TV Manchete, e Osmar Santos, o narrador, sempre escolhia o “animal” do jogo.

Quando o jogo transmitido era do Palmeiras, quase sempre o “animal” escolhido era Edmundo.

O narrador incorporou isso ao personagem e passou a chamá-lo de “Edmundo, o animal”.

No que foi apoiado pela torcida palmeirense, que repetia em coro que “au, au, au, Edmundo é animal!”.

Naquele ano, o Palmeiras foi campeão paulista, interrompendo uma fila de 17 anos, e, de quebra, foi campeão brasileiro.

O destaque?

O jovem Edmundo, o animal, que fez a diferença e foi, assim, o craque do ano.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!