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AH! CAZARES…

por Zé Roberto Padilha


Se você, Cazares, soubesse quantos jogadores de futebol gostariam de ter a oportunidade que você está jogando pela janela.

Se você, Cazares, assistisse seus minutos jogados contra o Cuiabá, na Arena Pantanal, e constatasse a extensão alcançada pela sua barriga, ficaria envergonhado.

Talvez na década em que cheguei ao Fluminense, anos 60, ainda fosse possível um jogador extremamente técnico, como você, e inacreditavelmente lento, atuar ao lado do Denilson, Didi e Lulinha…

Mas hoje?!

O Marcão acreditou, nos minutos finais, em quem não tinha fôlego sequer para puxar um contra-ataque.

Como um veterano de apenas 31 anos, limitou-se a tocar a bola pros lados. E pensar que deixamos o Nenê, tão profissional, fininho e focado, nos escapar entre os dedos.

Segue um conselho de quem vestiu esse manto imaculado e suou muito nos treinos para merecer ser escalado em jogos oficiais: esquece a noite, as bebidas, as baladas nas quais tem sido flagrado.

Dos 72 anos, que estão na sua cota segundo a atual expectativa de vida, apenas 15 anos, ou seja, nem 1/3 dela, você irá abrir mão para exercer com dignidade o dom que Deus lhe concedeu.

Se cuida. Treine mais. Faça por merecer usar uma camisa tão gloriosa que seus quilos a mais não estão alcançando o seu real valor de usar.

Nem defender. Mal atacar. Muito menos, a dignificar.

ASSIS, O CARRASCO DO FLAMENGO – PARTE I

por Luis Filipe Chateaubriand


O ano era o de 1983.

Aquele Fla x Flu era o segundo jogo do triangular final do Campeonato Carioca – o primeiro jogo apontava Bangu 1 x 1 Fluminense.

Jogo truncado, aguerrido, sem muita técnica – o gramado encharcado do Maracanã não o permitia, pois chovia bastante.

Tudo levava a crer que teríamos um 0 x 0, que eliminaria o Fluminense e encaminharia o título para o jogo entre Flamengo x Bangu.

Mas eis que de repente, não mais que de repente, um impedimento de Adílio, inexistente, é marcado, aos 45 minutos do segundo tempo.

O Neguinho ia parar com a bola no fundo do gol, mas “tiraram o doce da boca da criança”.

Na reposição de bola, Deley, no meio de campo, vê Assis correndo pela direita, e pensa rápido: “tenho que meter essa bola para o Assis, ali entre o Júnior e o Mozer”.

Deley lança, preciosamente… entre o Júnior e o Mozer!

Assis sai com a bola dominada na cara do gol, frente a frente com Raul, toca por baixo do goleiro, e faz o gol redentor.

Era o gol do jogo, que acabou logo depois com a vitória do Fluminense por 1 x 0, e o gol do título, de Campeão Carioca de 1983!

A partir dali, Assis ficou conhecido como o carrasco do rubro negro.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

MESTRE ZIZA, O ÍDOLO DE PELÉ

por Elso Venâncio


Nascido em São Gonçalo, Thomaz Soares da Silva, o Zizinho, craque do Flamengo, do São Paulo, do Bangu e da seleção brasileira, caso estivesse vivo teria completado 100 anos de idade no último dia 14 de setembro.

Segundo João Máximo, nosso grande nome do Jornalismo Esportivo, Zizinho, vice-campeão do mundo em 1950, influenciou não apenas Pelé, mas toda uma geração.

No fim da década de 50, já campeão do mundo e principal jogador do país, Pelé veio com o Santos jogar no Maracanã e bateu de frente com Zizinho. Ato contínuo, aproximou-se de seu ídolo e disse, emocionado:

– Mestre, aprendi tudo com você…

Resposta do Zizinho:

– Aprendeu de mais, hein, garoto!

O técnico do Flamengo Flávio Costa lançou Zizinho, então com 19 anos de idade, com a missão de substituir ninguém menos do que Leônidas da Silva, outro ícone nacional. Zizinho lideraria o Rubro-Negro na conquista de seu primeiro tricampeonato carioca: 1942, 1943 e 1944!

Nessa época, o Brasil tinha três ídolos nacionais: o Presidente Getúlio Vargas; Orlando Silva, o “Cantor das Multidões”; e Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”, nome até hoje de chocolate.

Eis que surgia, então, um novo mito: Zizinho.

Na Copa de 50, se houvesse eleição da FIFA, ele certamente seria apontado como o melhor jogador do planeta. Foi o grande nome do Mundial.

“O futebol de Zizinho me faz lembrar Da Vinci pintando uma obra rara” escreveu o jornalista italiano Giordano Fatori, da Gazzetta dello Sport.

No começo dos anos 2000, reuni no “Enquanto A Bola Não Rola”, programa de debates que eu apresentava aos domingos na Rádio Globo, os maiores armadores do nosso futebol: Didi, Gerson, Rivellino e Paulo Cézar Caju. Liguei para Niterói para avisar que um carro estava à disposição para buscar Zizinho, presença que todos ansiávamos, mas ele não pôde comparecer por já estar sem forças. Percebi que ele queria realmente participar, rever os antigos companheiros e conhecer os novos ídolos, mas não deu.

Seria a última grande lição do Mestre Ziza! Mestre não só de Pelé, mas de todo o futebol.

FUTEBOL SONOLENTO

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Não sei vocês, mas prefiro mil vezes quando o Botafogo descobre um talento na base e coloca para jogar do que quando traz um veterano, prestes a se aposentar! Mas é bom o torcedor brasileiro ir se acostumando a ver o seu time recheado de másters porque como as jovens revelações saem cedo para o exterior a solução será essa. Realmente não consigo me encantar, por exemplo, com o Corinthians trazendo Renato Augusto, Giuliano, Willian e, agora, Paulinho….parece até a seleção do Luciano do Valle!!! E é bom o engomadinho técnico Silvinho colocar as barbas de molho, afinal do jeito que o Coringão gosta de reviver antigos amores já já vai reconvocar o professor Mano Menezes, recém-demitido, na Arábia Saudita.

Mas sobre essa história de times mesclados, claro que já atuei em alguns repletos de forasteiros, mas, no fundo, prefiro os com maioria de jogadores formados na base, como o Botafogo, da década de 60, e o Flamengo arrasador dos anos 80. O Fluminense também teve uma época maravilhosa quando tinha Edinho, Pintinho, Rubens Galaxie, Gilson Gênio, Edvaldo, Kleber, Erivelton e uma série de outros jogadores que subiram juntos e permaneceram durante um período no time de cima.

O Vasco teve Dinamite, Romário e Edmundo. A torcida teve o privilégio de curti-los durante um bom tempo até serem vendidos. Hoje, quando os jovens não são vendidos para a Europa são emprestados para pegar experiência. Ué, mas não podem pegar rodagem jogando pelo próprio clube. O São Paulo vendeu Brenner sei lá para onde e emprestou Helinho para o Bragantino. O Bragantino também pegou Praxedes, do Inter. E você assiste o Inter jogando e não vê ninguém melhor que o Praxedes, vai entender.

Mas, PC, e o gol do Vasco batizado de “isso a Globo não mostra”? Não falta mais nada!!! O desinteresse pelos jogos é tanto que até a turma que transmite tem dado suas cochiladas. Ontem, após o fim de Grêmio 1 x 0 Fla, por engano colocaram na tela a classificação da Segunda Divisão e vi meu Botafogo super bem colocado, mas era só mais uma pegadinha e assim como os vascaínos fui dormir frustrado com a nossa triste realidade.

Já ia me esquecendo das pérolas da rodada! Neste fim de semana, ouvi que a bola estava viva, o jogo estava sendo desenhado e que o jogador encaixotado tabelava com o ponta agudo. Se já não fosse o bastante, teve analista de computador falando que a briga era pela segunda bola! Se com uma bola já está ruim, imagina com duas?! Não quero nem ver!

O FIM DA PICADA

por Victor Kingma 


O juiz apita! Falta na entrada da área.O avante solta a bomba. A bola sobe e estoura no galho da árvore atrás do gol!

Os moradores da casa ao lado se agitam e invadem o gramado. Começa a confusão: 

O gandula, pernas avermelhadas, grita de dor. O goleiro abandona a meta e corre. 

Os demais jogadores, assim como o trio de arbitragem, com as orelhas em fogo, também saem em disparada. 

A turba de torcedores se esvoaça. À beira do gramado, o cão vira-latas rola na grama.

No estábulo ao lado do campo o touro, anca em brasa, arrebenta a cerca e foge. 

O tropeiro que assistia ao jogo, pica a mula e desaparece. O narrador solta o grito, não de gol, mas de dor.

Pânico geral!

Minutos de terror!


Após a invasão, pouco a pouco os invasores vão voltando pra casa. 

Mas ainda há perigo. Ninguém quer sair do abrigo.

– O que fazer?

Damião, o corajoso massagista, acende a tocha…

Pouco depois a casa de marimbondos fumega no chão.

Alivio geral.  

É O FIM DA PICADA!

Mas será que ainda vai ter jogo?