SOY LOCO POR TI, ABREU
por Leandro Costa
A relação de Washington Sebátian Abreu Gallo, ou simplesmente Loco Abreu, com o Botafogo e sua torcida, extrapola todos os limites da razão. Quase dez anos depois de Loco deixar o clube da Estrela Solitária, tivemos o relançamento do livro “LOCO POR TI”, escrito por Marcos Eduardo Neves e Gustavo Rotsein, sobre as juras de amor eterno entre Loco Abreu e o Glorioso.
Não por acaso, o evento ocorreu no dia 13 de dezembro na sede de General Severiano. Foi uma noite emocionante, que marcou o reencontro de Loco com seu povo. O maior ídolo do Botafogo nos últimos vinte anos fez despertar na torcida alvinegra um sentimento de orgulho por tudo que Abreu representa para o clube. Crianças, jovens, adultos e idosos fizeram filas gigantescas para tirar foto e pegar o autógrafo do ídolo.
O que torna alguém ídolo? O que torna Loco Abreu ídolo? Talvez esta resposta seja permeada de subjetividade, porém existem alguns pontos pacíficos em relação ao tema. Loco é ídolo porque jogou com amor à camisa, porque cativou novos torcedores, porque aumentou a autoestima do botafoguense. Loco deu fim, da maneira mais improvável possível, cobrando um pênalti com cavadinha, a uma sequência de três vice-campeonatos para o maior rival. Abreu foi a representação do torcedor em campo. Dignificou a camisa alvinegra com profissionalismo e amor.
Dono de uma personalidade forte, nunca deixou que o Botafogo fosse desrespeitado. Um jogador que conhece a grandeza do clube, valoriza sua história e emana positividade. De Loco não tem nada, a não ser a forma como sempre brincou com os companheiros e a coragem para cavar pênaltis decisivos.
Eternizado no muro dos ídolos, em frente á sede de General Severiano, Abreu proporcionou aos seus fãs uma noite inesquecível, tanto quanto os seus gols pelo alvinegro da Estrela Solitária. Parafraseando Nelson Rodrigues, por tudo isso, sem que ninguém pedisse, sem que ninguém mandasse, as massas, as multidões invadiram General Severiano e agradeceram a Loco Abreu em uma festa como não houve igual nunca, nem no Uruguai, nem no Brasil.
Gracias, Loco!!
TCHAU, SÉRIE A
:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::
Na mesa ao lado, dois amigos não entendem como o Grêmio caiu, argumentam que o time é experiente e tem bons jogadores. Mas talvez eles não saibam como incomoda ao grupo a chegada de alguém com o salário dez vezes maior e o tratamento de estrela internacional. Para o mercado europeu não servem, mas aqui viram astros. A chegada de Douglas Costa foi mais ou menos isso. Não resolveu o problema e ainda causou um enorme estrago. Perdeu, deu tchauzinho para a torcida e já já será abrigado por algum outro clube acostumado a jogar o dinheiro na privada e dar descarga.
No Grêmio, também ocorreu outro caso curioso, o do técnico Vagner Mancini, que também deu um tchauzinho para a torcida, no caso a do América mineiro, e se mandou para o clube gaúcho. O resultado todos vimos, o todo poderoso Grêmio caiu para a Segunda Divisão e o patinho feio do América se classificou para a Libertadores. Qual a moral da história? Mais uma vez os gerentes de futebol deram um show de incompetência fazendo apostas caras e ineficazes. Eu devo viver em outro planeta, não é possível.
Agora, os gerentes estão em busca de técnicos portugueses, como se eles fossem a salvação do mundo. E leio a imprensa espanhola apontando Vinicius Jr. Como um dos melhores do mundo. Estamos perdidos. A crise é mundial. Na tevê, os comentaristas debatem o mapa do calor como algo fascinante e nos despejam um caminhão de estatísticas inúteis. Os locutores e as locutoras berram como gansos, e os bordões forçados poluem nossos ouvidos.
O assunto da mesa ao lado mudou. Agora, os amigos questionam as cotas de tevê para a Segunda Divisão e se perguntam, o que será melhor assistir, Cuiabá x Juventude ou Grêmio x Cruzeiro, América mineiro x Avaí ou Vasco x Bahia? Minha cabeça está um trevo, já não sei de mais nada. Na tevê, a câmera foca no semblante de Alberto Valentim após o quarto gol do Galo. Alberto Valentim? Realmente os gerentes de futebol estão mais perdidos que cego em tiroteio.
MEU SIMPLES MANIFESTO
por Claudio Lovato Filho
O amor que sinto pelo meu clube vem de longe, de há muito tempo.
Ele não me deixa esquecer quem eu sou.
Não me deixa esquecer quem eu fui.
A camiseta que uso, em casa e na rua, nas horas boas e más, não me deixa esquecer quem eu sou.
Não me deixa esquecer quem eu fui.
Somos o que somos também por causa das nossas escolhas, e elas começam a ser feitas muito antes de se tornarem claras para nós.
De se tornarem evidentes.
Nossas escolhas pertencem a nós e nós pertencemos a elas.
O amor que sinto pelo meu clube é incondicional, como todo verdadeiro amor.
É coisa de infância, de história, de escudo.
Assim, então, portanto, meu irmão, minha irmã, não tem choro nem vela.
É imortal.
Incondicional e Imortal.
E que vão para o diabo que os carregue todos os que, de alguma forma – com sua inépcia –, contribuíram para que chegássemos a um momento como este.
Vida que segue. Estaremos sempre aqui. Para o que der e vier.
Vamos em frente, com esse amor que sempre nos caracterizou, esse amor que é engastado no centro da alma, como todo verdadeiro amor, e que nunca nos deixará esquecer o que somos.
Somos GREMISTAS.
E não há nem haverá, jamais, palavras suficientemente capazes de descrever o quanto isso é maravilhoso e sempre será.
FESTA DE GRANDES ALVINEGROS
por Walter Duarte
Tenho muito orgulho de ter visto grandes craques jogarem nos áureos tempos do futebol Brasileiro, e devo reconhecer que os clubes de Campos RJ me deram essa oportunidade, independente do viés da rivalidade do extinto e saudoso Campeonato Campista. O Americano FC foi o primeiro clube do interior do RJ a participar do Campeonato Brasileiro, e isso ocorreu com a “FUSÃO” do Estado da Guanabara ano de 1975.
A estreia foi no dia 24/08/1975, uma vitória de 2×1 (Gols de Paulo Roberto e Rangel) no Godofredo Cruz sobre o Santos FC, que contava com Oberdam, Clodoaldo, Claudio Adão e Edu. Podemos citar alguns títulos relevantes do CANO tais como: 27 Campeonatos Campistas e o Módulo Azul do Campeonato Brasileiro de 1987. No Campeonato CARIOCA, destacam-se as campanhas do vice Campeonato de Série A de 2002 e os vice da Taça Guanabara de 1980 e 2005. Incontáveis confrontos ocorreram contra os grandes clubes Cariocas, com vitórias muito expressivas do Americano, consolidando o time Campista como pedreira em seus domínios.
Essas e outras lembranças maravilhosas foram a tônica, do encontro do grupo denominado AEXCANO (Associação dos ex Atletas do Americano FC), capitaneado pelo amigo e grande apaixonado pelo clube, Jaílton. Com grande satisfação, fui convidado a participar dessa festivaresenha, na ASSETEC (Associação de Funcionários da Escola técnica Federal), dirigida pelo Prof. Carlos Boynard, representando o Museu da Pelada, revendo essas feras depois de muitos anos.
Grandes nomes das ótimas fases da história alvinegra estiveram presentes, inclusive o preparador físico Raul Arenari e o parceiro das resenhas César Avelar. Vários deles deslocaram-se de cidades distantes, como Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, Itaperuna, Cachoeiro do Itapemirim…, ávidos de relembrar as histórias e conquistas em épocas tão difíceis.
Um expressivo número de ex-jogadores das déc. 70, 80 e 90 marcaram presença, tais como: Sérgio Pedro (ponta esquerda), Totonho (Lateral), Luciano “Buchecha”(Zagueiro), o lendário Gato Félix (Goleiro), Branco (meio-campo), Rogério Colombiano (meio-campo), Marcinho (Ponta-esquerda), Amarildo (ponta-direita), Marcelo Almeida (meia-atacante), Geraldo (Goleiro), Eduardo Orçai (atacante), Oliveira (Zagueiro ex-Bangu), Índio (cabeça de área), Souza (Meia-direita) Paulo Marcos (Zagueiro ex-Goytacaz , Internacional RS), René (atacante), Giovani (Zagueiro), Neneca (zagueiro), Amauri (Goleiro), Kleber (zagueiro), Silvano (zagueiro ex-Cruzeiro), Fabinho (atacante), Jerfinho (lateral) e muitos atletas da base.
Importante ressaltar a participação de torcedores que fizeram a sua parte, homenageando todos pelo desempenho e respeito ao Clube. Um dia de felicidade e reencontro, como deve ser cultivado entre amigos de fé. Nós do Museu da Pelada sempre estaremos na expectativa de rever os melhores tempos do futebol Campista, e do interior Fluminense, na sua grandeza como celeiro de craques, além de rebuscar o legado desses jogadores. Que haja de fato uma recuperação financeira e profissional que dê a sustentação às instituições, inclusive no apoio ao futebol de base.
Parabéns aos ex-atletas do Americano e ao incansável relações públicas Jaílton. Que esses belos encontros de respeito a instituição se reproduzam, e sirvam de impulso e inspiração para as novas gerações. Conceber a ideia da associação de ex-jogadores, foi um “golaço”, e que bons frutos sejam produzidos, cientes que a união entre vocês é a base de tudo isso.
Avante AEXCANO.
TORCIDAS E RECEITAS
por Idel Halfen
O desequilíbrio pelo qual passa o futebol brasileiro tem origem basicamente em dois focos: as gestões dos clubes e a desproporcional distribuição das receitas de transmissão que perdurou por anos.
Os que defendem a desproporcionalidade mencionada alegam que seria injusto um time com mais torcida receber o mesmo montante do que outro com torcida menor, argumento que até tem sua dose de coerência, mas que perde força ao ser confrontado com o modelo das ligas norte-americanas, no qual a competitividade é privilegiada sob a alegação de que ela é fundamental para o incremento do faturamento, fazendo assim com que todos recebam mais.
Embora eu tenda a preferir os modelos que favoreçam o “equilíbrio” deixando para a gestão a busca por melhores desempenhos tanto operacionais como esportivos e consequentemente faturar mais, não dedicarei mais linhas a respeito no presente artigo, voltando à análise para a correlação “tamanho de torcida vs. receitas”, valendo lembrar, a título de provocação, que o tamanho de população de um país não se reflete perfeitamente no seu PIB.
Passemos então para as pesquisas relativas aos tamanhos das torcidas, as quais reputo como questionáveis em função do dimensionamento da amostra e da metodologia utilizada que, entre outras falhas, não consegue com a devida assertividade segmentar o torcedor por níveis de engajamento, ou seja, não identifica o potencial de propensão a consumir produtos do clube. A divergência de resultados entre os diversos institutos corroboram para essa crítica.
Não podemos também desprezar que o fator globalização se torna um problema, pois o universo das pesquisas costuma contemplar o país onde ela está sendo realizada, ignorando assim os potencias “consumidores” residentes em outros países, visto ser cada vez mais factível que estrangeiros venham a ser simpatizantes de equipes de outros países. Peguemos aqui o exemplo do Real Madrid, cuja torcida na Espanha tem algo entre sete e oito milhões de torcedores, cerca de 30% da população “torcedora” do país, entretanto, só no Facebook são mais de 100 milhões de seguidores. Ao confrontarmos esses números com o vice-campeão da Libertadores de 2021, vemos pesquisas apontando para uma torcida na faixa de 40 milhões e o número de seguidores na mesma plataforma não chegando a 15 milhões.
Claro que basear a análise simplesmente nos números de seguidores nas redes sociais oferece falhas, visto depender dos respectivos graus de atratividade do conteúdo, além de não permitir estabelecer se há algum tipo de impulsionamento. Acrescente-se a essas condições, o fato de não conseguir precisar quais “seguidores” são “torcedores” e com que grau de engajamento.
Diante da complexidade da apuração desses números, fizemos um exercício que permitiu confrontar o tamanho das torcidas brasileiras, através de média aritmética entre os números do Datafolha e os da Pluri, com as receitas recorrentes destes clubes (direitos de transmissão, marketing e bilheteria, aqui incluído o sócio-torcedor), conforme pode ser visto no quadro acima, onde se percebe que entre os catorze clubes avaliados há quase uma inversão total no rankeamento dessas duas variáveis, isto é, o clube com menos torcedores é o que consegue a maior receita per capita.
Todavia, como as receitas dos direitos de transmissão carregam componentes ligados ao desempenho do time e ao número de jogos transmitidos – o que pouco está ligado ao tamanho da torcida -, optamos por acrescentar outro comparativo expurgando os direitos de transmissão das receitas recorrentes, ou seja, consideramos apenas bilheteria e marketing que, em tese, deveriam ser influenciados pelo número de torcedores.
Sob essa última ótica, ainda que pareça menos enviesada, o rankeamento pouco se altera.
Tais números nos permitem supor três causas, além, evidentemente, das consequentes interseções entre elas:
1 – quanto maior o tamanho da torcida, maior o desequilíbrio no que diz respeito ao poder aquisitivo dos torcedores;
2 – por não identificarem o grau de engajamento dos torcedores, a quantidade destes tem pouca influência no faturamento, visto muitos que se declaram fãs de algum time, na verdade não consomem e não contribuem para a arrecadação.
3 – as pesquisas, mesmo no que tange à parte quantitativa, não são adequadas à mensuração do tamanho das torcidas.
Tendo a acreditar que seja um mix destas causas, o que não tira a crítica em relação à distribuição errada do passado, a qual traz sequelas que talvez durem para sempre.
Como corrigir? A criação de uma liga que pensasse no coletivo poderia ser uma solução, porém sua viabilidade dependeria, sobremaneira, da gestão dos clubes, não sendo sequer admitida a possibilidade de as organizações terem à frente gestores da mesma estirpe dos que aumentaram exponencialmente seus passivos e/ou que não entendam a importância da sustentabilidade da indústria.