ADIDAS SEM ADIDAS
por Idel Halfen

O ano de 2022 será considerado um marco para a história da adidas. Dessa vez o acontecimento não estará relacionado aos produtos por ela desenvolvidos, nem aos resultados dos atletas/equipes que a vestem, mas sim à alteração em sua logo, pois, mesmo a marca tendo sido atualizada ao longo do tempo desde 1949, essa será a primeira vez em que o nome não aparecerá em sua representação.
Embora as logos que trazem apenas símbolos transmitam uma conexão mais pessoal e uma identidade mais moderna, as marcas para chegarem nesse ponto precisam estar muito seguras quanto ao seu reconhecimento sem a escrita.
Ao compararmos a adidas com sua principal concorrente, a Nike, vemos que a empresa alemã levou 73 anos para abdicar do texto, enquanto a norte-americana abandonou o nome em 1995, lembrando que a empresa foi fundada em 1964, mas só em 1971 adotou o soosh – símbolo que a caracteriza.
Fora do segmento de produtos esportivos, há outros casos que ilustram o movimento destacado.

A Mastercard, fundada em 1966, só abdicou do nome na logo meio século depois, enquanto a Starbucks, cuja primeira loja foi inaugurada em 1971, tirou o nome apenas em 2011, nesse caso houve também a influência da incorporação de novos produtos diferentes do café ao cardápio.
O Mc Donald’s, que passou a adotar o M como representação dos arcos dourados em 1960, aboliu o nome 35 anos depois.
Por ser uma decisão bastante complexa, o número de empresas que optam por essa, digamos, ousadia, ainda não é muito significativo.
Contudo, é preciso estar atento a dois fatos que vêm acelerando esse processo: (i) o mundo digital, onde até aplicativos requerem símbolos como meio de identificação; (ii) a globalização, visto nem sempre a pronúncia de um nome ser igual em todos os países.
A propósito, empresas do setor de tecnologia, principalmente as mais novas, costumam ser mais ágeis nesse processo, vide o caso da Apple, por exemplo.
Além de uma suposta maior coragem, a maioria dessas marcas tem um grande orçamento, códigos gráficos e simbólicos bem solidificados e forte orientação ao marketing.
A observação acima serve, sobretudo, como alerta para as empresas que, ao invés de entenderem o processo de evolução de uma marca, usam alguns dos casos citados como benchmarking esquecendo, porém, que existem etapas a serem cumpridas.

Quando se lida com marcas, a pressa tem importância pequena, sendo mais recomendável dedicar tempo a estudos e pesquisas junto a todos os elementos que fazem parte da jornada de consumo.
Outro ponto de atenção diz respeito ao segmento em que a empresa atua, pois, em alguns deles, como o de bens de consumo, a escolha do produto se dá na maioria das vezes no ponto de vendas e, nesse caso, o nome bem identificado da marca/produto é essencial, ainda que as cores da embalagem e a logo sejam sedutoras. Acrescente-se que o nome em destaque contribui para a sinergia entre os demais produtos da marca. Sob o prisma em questão, é recomendável observar o que costumam fazer as empresas líderes para dimensionar, posicionar e escrever – sim, a fonte utilizada é fundamental – o nome de suas marcas, jamais esquecendo que uma embalagem simplesmente bonita não é sinônimo de boas vendas.
A HORA DE PEDRO
por Elso Venâncio

Finalmente o atacante Pedro consegue ter a merecida sequência de jogos. Seguramente, vai ser convocado para a Copa do Mundo. Não dá para entender como um jogador com a qualidade dele fica dois anos na reserva. Ou dois anos e meio, sei lá…
Pedro sabe fazer gols e também sabe jogar recuado, buscando a bola e deixando os companheiros de frente para o crime. Ele me lembra um pouco o jeitão do Roberto Dinamite. Romário surgiu no Vasco, lançado por Antônio Lopes, em 1985. Roberto, maior ídolo do clube, percebendo a genialidade do seu jovem companheiro de ataque, passou a atuar mais recuado. Ágil e habilidoso, Romário pode fazer muitos gols e jogadas de raro efeito graças aos lançamentos do velho goleador.
Quando o técnico do Flamengo era Rogério Ceni, eu não entendia e nem aceitava ver o ‘Queixada’ – apelido de Pedro – na reserva. Perguntei a um conselheiro do clube, que respira como poucos os ares da Gávea, se alguém conversava com o treinador sobre o assunto. Ouvi dele:
“Gabigol não gosta de ser substituído e quer jogar todas.”
“Por que não os dois juntos no ataque?”, insisti. “O que acha o Rogério?”
“Ninguém conversa com ele.”
“Nem o vice de futebol?”
“Não.”
“E o Conselho?”
“Também não.”
“Mas o presidente tem liberdade para falar com ele?”
“Acho que não.”
Treinador não é dono da verdade. Se erra, ou se insiste no erro, tem que dar explicações. Vocação para errar quem tinha, a meu ver, era o português Paulo Souza. Éverton Ribeiro de lateral? Marinho também? Filipe Luís na zaga? Gabigol na ponta? Bruno Henrique no meio? Absurdos!!!
Acompanhei de perto muitos presidentes. Na CBF mesmo, Ricardo Teixeira exigia ser o primeiro a ver a relação dos convocados e deixava claro que tinha poder de veto. Romário ficou na bronca com ele depois de ter recebido do dirigente a garantia que iria à Copa e, depois, ver o presidente lavar as mãos quando Felipão o deixou de fora, em 2002.
Vi outros exemplos disso no Flamengo. Kleber Leite sempre foi um apaixonado. Chamava os técnicos após as derrotas e exigia explicações. A atitude dele, movida pela emoção, soava errada, mas a cobrança, que deveria ser feita em outro momento, era mais do que correta.
Já o vitorioso Márcio Braga delegava os poderes no futebol – normalmente, para Paulo Dantas. Lembro que estávamos no avião a caminho de Porto Alegre quando Márcio perguntou quem era um certo garoto, apontando para o jovem zagueiro Juan, que aos 18 anos tinha assumido a vaga de titular.
Márcio Braga chegou a cobrar duramente de Kleber Leite, numa tensa reunião no Conselho de Administração, que ele atropelava os dirigentes e profissionais ao querer opinar sobre escalação. Outro grande presidente, um dos maiores da história rubro-negra, foi Antônio Augusto Dunshee de Abranches, campeão do mundo em 1981. Ele exercia sua liderança sempre se reunindo com os técnicos para pedir explicações.
O fato é que Pedro, pretendido por vários clubes, aturou uma angustiante reserva e, nisso, quem foi prejudicado foi o Flamengo. Suas últimas e próximas apresentações vão carimbar, com toda justiça, seu passaporte para a Copa do Catar.
SITUAÇÃO AVASCALADORA
por Marcos Eduardo Neves

O Sampaio Corrêa tem uma história muito bonita. No Maranhão. O Vasco da Gama tem uma linda. No país inteiro, na América… o mundo sabe quem é o Vasco. E não digo o navegador português, mas o imenso, gigantesco Clube de Regatas Vasco da Gama.
Agora, o que ele vem fazendo por meio do seu time de futebol, torcida nenhuma merece. Está certo, o Botafogo acabou de sofrer cinco – três no primeiro e dois no segundo, contra o não mais que mediano América-MG. Contudo, os 3 a 1 que o Vasco levou hoje, quando chegou a ver 3×0 no placar e, pouco antes, se aliviar de outro ter sido anulado, dói o coração. Ainda mais depois do que a dupla Fla-Flu anda fazendo, na elite do futebol brasileiro.
Não foi somente a terrível derrota de hoje. Teve o empate insosso frente ao Sport diante de uma multidão que fez bonito no Maior do Mundo, como nos velhos tempos. O time atual é que nada tem a ver com aqueles. Não há vitória sobre Criciúma que engane.
Os dois últimos finais de semana foram de enxaqueca mental para os vascaínos que conhecem o clube por que torcem. Que esqueçam rápido o que acabaram de assistir, torço daqui.
Fechando, se o Botafogo tomou cinco em duas partidas, ao menos foram em jogos de competição de primeira classe. Já esses tropeços do Vasco, na divisão de acesso, o abre-alas do futebol carro-chefe. Tipo pipoca do Chiclete. Matinê de criança.
Que a badalada SAF signifique uma SAFE, sendo verdadeiramente segura e salvando o Vasco. Sua torcida jamais deveria estar passando pelo que está, morando na fronteira onde se emperrou. Vive num eterno sobe e desce, intragável. E quanto ao Botafogo, este tem condições de se refazer, em três anos talvez. Desde que permaneça na Série A. E o bilionário não se canse da paixão cega pela amante pobre.
Já o Vasco… Vasco, se disputa, enche final de Libertadores. Leva multidão ao Mundial – e não é o supermercado, vocês entenderam bem o que eu quis dizer. Não sejam sarcásticos, que a coisa é séria.
Vasco é Vasco, e respeito. Mas seu time é um bando. Se subir, aliás, VAI subir, então, desculpe ser sincero, mas, assim que subir o medo aumenta. De forma aVascaladora.
LUZ NO FIM DO TÚNEL
::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

Antes que falem que eu sou reclamão, vou começar a coluna batendo palma para São Paulo x Fluminense! Quem me acompanha sabe que sempre gostei do trabalho de Fernando Diniz e Rogério Ceni, e ontem foi a prova viva de que eles podem ser a salvação do nosso futebol.
Em meio a tantos chutões e carrinhos, esses dois treinadores são uma luz no fim do túnel porque fazem seus respectivos times jogarem futebol de verdade, com toque de bola, movimentações, sempre buscando o gol. Ontem, por exemplo, quando perdia por 2 a 1, Fernando Diniz voltou do intervalo falando que fez uma troca na zaga porque queria ganhar o jogo. E por pouco não ganhou!
Bragantino e Fortaleza andaram tropeçando, mas fizeram muito bem em manter os treinadores e conseguiram bons resultados fora de casa nesta rodada. Acho que o caminho é esse mesmo, dar tempo para os técnicos trabalharem e para os jogadores assimilarem as táticas e estratégias.
Nosso futebol tem salvação e não tem mistério! Além dos inúmeros problemas de gestão, o que falta hoje são os treinos coletivos, de fundamento e, sobretudo, o jogo-treino entre profissionais e as divisões de base. Essa é a oportunidade dos garotos mostrarem serviço e serem aproveitados no time de cima!
Paulo Henrique Ganso é um exemplo clássico de que futebol não é só essa correria maluca que vemos por aí! É claro que a parte física é importante, mas o meia tricolor vem fazendo excelentes partidas, deixando os atacantes na cara do gol com apenas um toque na bola. Fico imaginando aonde estaria se não tivesse sofrido aquela grave lesão no joelho no início da carreira…
Depois de perder mais uma pro América-MG, o meu Botafogo foi derrotado dessa vez pelo Atlético-MG e não sei até quando vai durar a paciência dos torcedores. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos!
Por fim, lembro a vocês que faltam apenas quatro meses para a Copa do Mundo e nunca estive com uma expectativa tão baixa. Se nada for feito, a panela continuará, os homenageados serão sempre os mesmos e os craques do passado ficarão cada vez mais esquecidos!
Pérolas da semana:
“O treinador tem leitura de jogo, dando ao jogador condição tática com intensidade pelos lados e por dentro do campo, para que os volantes fujam do roteiro, potencializem o jogador agudo e mordam no mano a mano”.
“Associação que culpa o gramado pelos erros de quebrar a pedra e a capacidade de rodar a bola inaugural do time, equilibrando a balança entre o emocional e racional do terceiro homem na saída de bola”.
Sigo me divertindo todos os finais de semana com o linguajar dos analistas de computadores!
TODOS OS SENTIDOS
por Eliezer Cunha

O futebol carrega consigo um dos inúmeros mistérios dos esportes. Nem sempre vence o melhor em uma disputa. E qual seria a razão. Seria por ser um esporte coletivo? Seria que por ser um esporte onde as regras da física, como a gravidade, a dinâmica dos corpos, o equilíbrio, entre outras leis interferem? Seria porque existe um juiz comandando as ações esportivas e antidesportivas. Me recuso a acreditar em alguma das opções listadas. Então qual seria a razão desde fenômeno.
Comparativamente com outros esportes esse panorama é quase exclusivo do Futebol. Não observo isso em outras competições como basquete, vôlei, natação, entre outras. Bom, cabe aos especialistas a explicação. E cabe as confederações tomar as decisões certas. O jogo precisa ser jogado.
Recentemente surgiu do E.U.A uma esperança, não para inibir totalmente essa injustiça de resultados, mas para que o espetáculo e seus placares sejam mais justos e parciais para o propósito e bem da competição e para o público espectador e pagador de ingresso. Inacreditável é verificar que ações de justiças como esta possa vir de um país sem tradição no futebol e não de países com o legado de conquistas de maiores proporções. Seria algo ligado a cultura e coerente com o aspecto democrático social de direito deste país.
Punir o artifício da cera é responsabilizar o infrator de maneira absolutamente justa. Gostaria de juntar a esse ato de justiça outras ações antidesportivas lastreadas e disseminadas durante uma partida de futebol.
Através dessa recente oportunidade de justiça quem sabe não chegaremos um dia ao óbvio de uma competição.
E que vença o melhor em todos os sentidos.