PEDRO PENSA, LOGO O PIVÔ EXISTE
por Zé Roberto Padilha

Respeitado no Basquete, importante no Handebol, decisivo no Futsal, faltava ao futebol um pivô. Um jogador que ocupasse a posição mais avançada do ataque e, com suas habilidades desenvolvidas nas quadras, fosse a referência de todos os ataques.
Depois de Pedro, não falta mais.
Arrascaeta só encontra espaços vazios para realizar assistências porque Pedro se posiciona, e se impõe, e se antecipa aos dois zagueiros, possibilitando ao Gabigol, Everton Ribeiro, Marinho e cia. entrarem às suas costas.
Para que o futebol, finalmente, substituísse o cone pelo pivô, era necessário surgir um atleta que além de alto, habilidoso, bom cabeceador e chutador, fosse inteligente. Como um computador central que recebe todas as informações da empresa e precisa emitir o relatório final.
Perceber o Rodinei indo à linha de fundo e que o Gabigol entrou pelo primeiro pau. Aí ele, do alto da torre dos seus 1,85, já de posse dos dados do seu satélite, ocupa o segundo. Vai ter sobra. E o Pedro vai estar lá.
Tite não tem um similar na sua seleção. Aliás, nenhum treinador, além do Dorival Júnior, tem. Entre tantos bons atacantes, é preciso que um deles se posicione próximo ao objeto de desejo, o gol, e raciocine coletivamente.
Esse raro jogador, que leva aos gramados as artimanhas e as soluções dos esportes de quadra, onde tudo é mais rápido, construído em segundos, chama-se Pedro.
Em breve o futebol brasileiro é que lhe retribuirá suas reverências.
Obs. Comentários sobre o texto de quem o lançou:
“Concordo e também acho, por tê-lo lançado, que quando sai da área tem uma leitura incrível do último passe. Quando tiver uma sequência de uns dez jogos, vai perceber (pela confiança) as finalizações melhorarem ainda mais”.
Abel Braga
JORGE MENDONÇA, CRAQUE COM “C” MAIÚSCULO
por Luis Filipe Chateaubriand

Quem via Jorge Mendonça exibir a sua elegância a jogar futebol, sabia que ali havia um senhor jogador de bola.
Cabeça em pé, não precisava olhar para a bola para conduzi-la – sabia, exatamente, onde a “pelota” estava.
Grande fazedor de gols, também era preciso nos passes para os centroavantes – gente como Toninho Catarinense e o exponencial Careca que o diga.
Jogador genial do Palmeiras e de carreira curta no Vasco da Gama, em Campinas fez história, seja jogando pela Ponte Preta, seja jogando pelo Guarani.
E, máximo da glória, foi titular em boa parte da Copa do Mundo de 1978 da Argentina, “barrando” nada mais nada menos do que… Zico.
Por essas e outras, Jorge Mendonça é um nome eternizado na história do futebol brasileiro!
DA SÉRIE “TESTEMUNHA OCULAR DA HISTÓRIA”
por Zé Roberto Padilha

Taça Guanabara, 75. Paulo Emilio, nosso treinador, estava preocupado às vésperas de um clássico, contra o Vasco, porque Assis, nosso quarto zagueiro, estava lesionado. A zaga, formada por ele e Silveira, jogava junto há anos.
Roberto Alvarenga, nosso supervisor, sugeriu que pedisse ajuda ao treinador dos juniores, João Batista Pinheiro, sobre um eventual substituto. E Pinheiro lhe indicou o Edinho. Que tinha apenas 19 anos.
Não lembro, nos meus dezessete anos de profissão, ter presenciado algo parecido. Edinho foi o melhor em campo, foi mantido como titular a ponto do Assis, ao retornar, ser negociado ao Sport Clube Recife.
Desse jeito surgiu um dos mais completos zagueiros do futebol brasileiro. Não foi por acaso.
Chegava no Fluminense às 7h00 para jogar tênis com os associados. As 8h30, vinha para o campo e puxava a fila dos treinamentos físicos. E depois, fechava jogando Futevôlei em Copacabana, onde morava, pois foi um dos precursores desse esporte.
Enfim, nada é por acaso. É quando o talento ganha força e velocidade para defender e sobram pernas para atacar. E tem como mestre um zagueiro do nível do Pinheiro.
Ninguém chega à seleção brasileira, e marca um gol durante uma Copa do Mundo, sendo zagueiro, e não foi de cabeça, foi entrando driblando a defesa adversária, sem a luta e a entrega desse “menino”.
Não me lembro do Fluminense lhe prestar uma homenagem à altura. Um jogo de despedida para um craque lapidado deste o infantil. Um carinho da torcida.
Quem sabe?
ADIDAS SEM ADIDAS
por Idel Halfen

O ano de 2022 será considerado um marco para a história da adidas. Dessa vez o acontecimento não estará relacionado aos produtos por ela desenvolvidos, nem aos resultados dos atletas/equipes que a vestem, mas sim à alteração em sua logo, pois, mesmo a marca tendo sido atualizada ao longo do tempo desde 1949, essa será a primeira vez em que o nome não aparecerá em sua representação.
Embora as logos que trazem apenas símbolos transmitam uma conexão mais pessoal e uma identidade mais moderna, as marcas para chegarem nesse ponto precisam estar muito seguras quanto ao seu reconhecimento sem a escrita.
Ao compararmos a adidas com sua principal concorrente, a Nike, vemos que a empresa alemã levou 73 anos para abdicar do texto, enquanto a norte-americana abandonou o nome em 1995, lembrando que a empresa foi fundada em 1964, mas só em 1971 adotou o soosh – símbolo que a caracteriza.
Fora do segmento de produtos esportivos, há outros casos que ilustram o movimento destacado.

A Mastercard, fundada em 1966, só abdicou do nome na logo meio século depois, enquanto a Starbucks, cuja primeira loja foi inaugurada em 1971, tirou o nome apenas em 2011, nesse caso houve também a influência da incorporação de novos produtos diferentes do café ao cardápio.
O Mc Donald’s, que passou a adotar o M como representação dos arcos dourados em 1960, aboliu o nome 35 anos depois.
Por ser uma decisão bastante complexa, o número de empresas que optam por essa, digamos, ousadia, ainda não é muito significativo.
Contudo, é preciso estar atento a dois fatos que vêm acelerando esse processo: (i) o mundo digital, onde até aplicativos requerem símbolos como meio de identificação; (ii) a globalização, visto nem sempre a pronúncia de um nome ser igual em todos os países.
A propósito, empresas do setor de tecnologia, principalmente as mais novas, costumam ser mais ágeis nesse processo, vide o caso da Apple, por exemplo.
Além de uma suposta maior coragem, a maioria dessas marcas tem um grande orçamento, códigos gráficos e simbólicos bem solidificados e forte orientação ao marketing.
A observação acima serve, sobretudo, como alerta para as empresas que, ao invés de entenderem o processo de evolução de uma marca, usam alguns dos casos citados como benchmarking esquecendo, porém, que existem etapas a serem cumpridas.

Quando se lida com marcas, a pressa tem importância pequena, sendo mais recomendável dedicar tempo a estudos e pesquisas junto a todos os elementos que fazem parte da jornada de consumo.
Outro ponto de atenção diz respeito ao segmento em que a empresa atua, pois, em alguns deles, como o de bens de consumo, a escolha do produto se dá na maioria das vezes no ponto de vendas e, nesse caso, o nome bem identificado da marca/produto é essencial, ainda que as cores da embalagem e a logo sejam sedutoras. Acrescente-se que o nome em destaque contribui para a sinergia entre os demais produtos da marca. Sob o prisma em questão, é recomendável observar o que costumam fazer as empresas líderes para dimensionar, posicionar e escrever – sim, a fonte utilizada é fundamental – o nome de suas marcas, jamais esquecendo que uma embalagem simplesmente bonita não é sinônimo de boas vendas.
A HORA DE PEDRO
por Elso Venâncio

Finalmente o atacante Pedro consegue ter a merecida sequência de jogos. Seguramente, vai ser convocado para a Copa do Mundo. Não dá para entender como um jogador com a qualidade dele fica dois anos na reserva. Ou dois anos e meio, sei lá…
Pedro sabe fazer gols e também sabe jogar recuado, buscando a bola e deixando os companheiros de frente para o crime. Ele me lembra um pouco o jeitão do Roberto Dinamite. Romário surgiu no Vasco, lançado por Antônio Lopes, em 1985. Roberto, maior ídolo do clube, percebendo a genialidade do seu jovem companheiro de ataque, passou a atuar mais recuado. Ágil e habilidoso, Romário pode fazer muitos gols e jogadas de raro efeito graças aos lançamentos do velho goleador.
Quando o técnico do Flamengo era Rogério Ceni, eu não entendia e nem aceitava ver o ‘Queixada’ – apelido de Pedro – na reserva. Perguntei a um conselheiro do clube, que respira como poucos os ares da Gávea, se alguém conversava com o treinador sobre o assunto. Ouvi dele:
“Gabigol não gosta de ser substituído e quer jogar todas.”
“Por que não os dois juntos no ataque?”, insisti. “O que acha o Rogério?”
“Ninguém conversa com ele.”
“Nem o vice de futebol?”
“Não.”
“E o Conselho?”
“Também não.”
“Mas o presidente tem liberdade para falar com ele?”
“Acho que não.”
Treinador não é dono da verdade. Se erra, ou se insiste no erro, tem que dar explicações. Vocação para errar quem tinha, a meu ver, era o português Paulo Souza. Éverton Ribeiro de lateral? Marinho também? Filipe Luís na zaga? Gabigol na ponta? Bruno Henrique no meio? Absurdos!!!
Acompanhei de perto muitos presidentes. Na CBF mesmo, Ricardo Teixeira exigia ser o primeiro a ver a relação dos convocados e deixava claro que tinha poder de veto. Romário ficou na bronca com ele depois de ter recebido do dirigente a garantia que iria à Copa e, depois, ver o presidente lavar as mãos quando Felipão o deixou de fora, em 2002.
Vi outros exemplos disso no Flamengo. Kleber Leite sempre foi um apaixonado. Chamava os técnicos após as derrotas e exigia explicações. A atitude dele, movida pela emoção, soava errada, mas a cobrança, que deveria ser feita em outro momento, era mais do que correta.
Já o vitorioso Márcio Braga delegava os poderes no futebol – normalmente, para Paulo Dantas. Lembro que estávamos no avião a caminho de Porto Alegre quando Márcio perguntou quem era um certo garoto, apontando para o jovem zagueiro Juan, que aos 18 anos tinha assumido a vaga de titular.
Márcio Braga chegou a cobrar duramente de Kleber Leite, numa tensa reunião no Conselho de Administração, que ele atropelava os dirigentes e profissionais ao querer opinar sobre escalação. Outro grande presidente, um dos maiores da história rubro-negra, foi Antônio Augusto Dunshee de Abranches, campeão do mundo em 1981. Ele exercia sua liderança sempre se reunindo com os técnicos para pedir explicações.
O fato é que Pedro, pretendido por vários clubes, aturou uma angustiante reserva e, nisso, quem foi prejudicado foi o Flamengo. Suas últimas e próximas apresentações vão carimbar, com toda justiça, seu passaporte para a Copa do Catar.