A IMPORTÂNCIA DA PONTUALIDADE
por Idel Halfen

Faltando pouco mais de 100 dias para o início da Copa do Mundo no Qatar, a data da abertura foi antecipada em um dia.
Para alguns, tal alteração não tem muita importância, dentre esses estão aqueles que acham que 5 minutos de atraso não pode ser considerado atraso e que a cobrança pela pontualidade nada mais é do que um capricho dos que preconizam o respeito ao combinado.
Para ilustrar as consequências do “não cumprimento” do que se é combinado, analisaremos a seguir as implicações do citado adiantamento da abertura da Copa.
No que tange à comunicação, as campanhas referentes à contagem regressiva foram impactadas tanto no âmbito da produção dos materiais publicitários, pois poderia haver o risco de as peças não estarem prontas a tempo, como também no espaço onde elas seriam divulgadas – em outras palavras, o processo de compra de mídia foi fortemente impactado.
Exemplificando, as veiculações alusivas aos 100 dias que faltavam para o início do evento precisaram estar nas grades dos meios de comunicação no dia X-100, não havendo a menor possibilidade de ser X-101, todavia, pelo pouco tempo para se adequar à alteração, é bem provável que não houvesse espaço disponível.

Esse problema não se restringe às ações do comitê organizador, atingindo também aos patrocinadores que, ao decidirem pelo investimento, idealizam um cronograma de ações, muitas das quais atreladas às estratégias comerciais as quais, por sua vez, envolvem negociações com fornecedores e revendedores.
Além das implicações referentes a ativações e publicidade, não podemos esquecer-nos dos problemas relacionados às reservas de hotéis, até porque a oferta de quartos tem sido motivo de preocupação no Qatar.
Será que haverá disponibilidade de acomodações para quem quiser/precisar antecipar suas hospedagens? Essa dúvida pode ser derivada para os voos. Não menos importante é a agenda dos que compraram os ingressos, pois pode ser que não consigam alterá-la.

São pontos que causam transtornos e que poderiam ser evitados, visto que a motivação da mudança não se deveu a problemas estruturais, tampouco de fenômenos naturais. A antecipação se deveu à decisão de preservar a tradição de ter a equipe do país-sede jogando a primeira partida da competição, ou seja, houve tempo de sobra para que o fato fosse considerado no planejamento.
Fazendo um paralelo com as pessoas que insistentemente não cumprem os prazos combinados, o processo costuma ser o mesmo. Não planejam seus afazeres e caminhos, desprezam a possibilidade de adicionar um intervalo para eventuais imprevistos e estendem-se em tarefas desnecessárias e/ou adiáveis.
Pior que isso, ignoram as demais partes do acordo, esquecendo que as mesmas abdicaram de algo para que o prometido fosse cumprido. Tais quais o comitê organizador, parecem pensar: “os outros que se virem”.
Para esses nunca é demais repetir um provérbio inglês que diz: “a pontualidade é a cortesia dos Reis e a obrigação dos educados.”
QUAIS OS TITULARES DE TITE?
por Elso Venâncio

Há três meses da Copa do Mundo do Catar, você, por acaso, você sabe quem são os titulares de Tite? Será que o próprio técnico tem essa resposta? Me perguntaram se o Daniel Alves, que caminha para os 40 anos de idade, vai jogar. Não sei. E o Thiago Silva, aos 38? A verdade é que o torcedor há bastante tempo já perdeu o interesse pela seleção. Pintar as ruas, os muros? Nem pensar. Esquece…
Até para vestir a “amarelinha” hoje o brasileiro comum pensa duas vezes ou mais se vale a pena. Ela passou a ser símbolo político, e não nacional.
Nos últimos anos, com os interesses comerciais e pessoais prevalecendo, os cartolas retiraram os jogos do país. Amistosos da seleção são definidos por uma empresa que paga e faz negócios. Levar as partidas para o exterior é a melhor maneira de colocar na vitrine aqueles que podem ser observados pelos poderosos empresários europeus.
O que presenciamos por aqui nas últimas duas décadas foram amistosos sem sentido, sem qualquer objetivo ou critério técnico. Após o pentacampeonato de 2002, o Brasil deixou de enfrentar as principais seleções do Velho Mundo e, coincidência ou não, o jejum de títulos já chega há 20 anos.
Sei que o futebol mudou, passou a ser um grande business. A FIFA, com a ganância de sempre, colocará no Mundial seguinte, em 2026, nada menos do que 48 seleções na Copa. Inclusive, já fez as contas: somente de bilheteria, projeta 21 bilhões de dólares. Serão 80 jogos em um mês, e mais, em três sedes! Isso mesmo: Estados Unidos, México e Canadá. Sinceramente, é muito jogo…
Visitando o site da Conmebol me assustei com o número de competições. Fui no da CBF e… a mesma coisa! Por isso é que temos jogos todos os dias, de segunda a domingo. De manhã, à tarde e à noite. Será que ninguém observa que qualidade é mais importante do que quantidade? Paulo Cézar Caju, monstro sagrado do nosso futebol, já levantou o tema em sua coluna na revista Placar. Com menos jogos pode-se faturar muito mais. Nossa sorte é que a Liga está para chegar e, com ela, um novo calendário deve ser desenhado.
Sobre a retomada da identidade e da paixão do povo pela nossa seleção, vejo uma única saída. A volta dos amistosos ao Brasil nas datas FIFA. Só assim para reaproximar nossos craques com o torcedor, que é o verdadeiro responsável por sermos o país do futebol.
PAPÉIS INVERTIDOS
:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

Ontem foi celebrado o Dia dos Pais e foi bacana demais ver os estádios ao redor do Brasil lotados de família! Em tempos de ônibus apedrejados e brigas de torcidas organizadas, foi um sopro de esperança e até me lembrou os áureos tempos de Maracanã e Geral.
Como meu filho mora na Suécia, aproveitei a data para sentar no sofá e assistir todos os jogos possíveis. Comecei pela manhã vendo o futebol europeu e só fui parar à noite depois da goleada do Internacional contra o Fluminense. Fico abismado ao ver como os papéis se inverteram de uma forma tão rápida. Há pouco tempo atrás, os europeus tentavam de tudo para imitar os brasileiros e, convenhamos, não chegavam aos nossos pés. A ginga, o toque de bola e a irreverência estavam no nosso sangue, nas peladas, e ninguém conseguia nos parar!
Vendo os jogos de ontem, ficou ainda mais nítida a disparidade. Enquanto lá a bola roda de pé em pé, os fundamentos são bem executados e os jogadores sabem suas funções dentro de campo, por aqui regredimos e vemos um bando desordenado em campo.
Muito se falou que o 10×1 (7 da Alemanha e 3 da Holanda) seria um choque de realidade para virarmos a chave, mas não vi nenhuma evolução até então! Pelo contrário…
Faltam menos de 100 dias para a Copa do Mundo, já vejo amigos comprando a camisa nova que está uma fortuna e não consigo nem escalar os 11 da nossa seleção! A minha única esperança é que a zebra dê as caras e nos ajude nesses 7 joguinhos…
Pérolas da Semana:
Resolvi simplificar para os leitores e traduzir algumas delas:
Ligação direta é o mesmo que dar um chutão para frente. Uma linha de quatro é composta por lateral-direito, beque central, quarto-zagueiro e lateral-esquerdo. Centro-médio na frente da zaga fazendo a cobertura. Outra linha de 5 é o mesmo que ponta-direita, meia-direita ou meia armador, centroavante, meia-esquerda e ponta-esquerda. No linguajar dos ditos-cujos seria 5+1.
“O jogador centralizado ou verticalizado fura ou quebra as linhas por dentro com dinâmica compactuada e semente espetada. Assim, dá tapa na bola viva encaixotada ao invés de toque para assistência pelas beiradas”.
E aí, geraldinos da antiga? Entenderam a baboseira?
HOJE TEM PELADA
por Claudio Lovato Filho

Hoje ele vai dar um tempo para os perrengues (presentes e futuros, reais e imaginários).
Hoje ele vai deixar que eles fiquem a cargo do seu São Sebastião-querido-de-todas-as-horas e (claro) dos deuses do futebol.
Hoje tem pelada.
A pelada amada de todas as segundas-feiras. Amém.
Hoje ele vai tomar umas geladas – apesar de ser segunda-feira.
(Tomar, não – porque, como disse o Jamelão, “eu não tomo nada, eu bebo!”)
Hoje ele vai confraternizar com seus camaradas e rir às pampas com eles.
Seus irmãos, gente que conhece sua história e gente cujas histórias ele também conhece muito bem.
É assim na pelada.
Hoje ele vai lembrar do avô (todo dia ele lembra do avô, mas no dia da pelada lembra ainda mais). O avô que levava o neto ao estádio e que sempre ia ver o neto jogar na praia, o avô de quem o neto sente tanta saudade e que se foi deste mundo há muito tempo, o avô que era fã do Jamelão, o avô que foi como um pai.
Hoje é dia de vestir o jaleco!
Hoje tem pelada e pode ser que chova, mas isso não é problema, nunca será – pelo menos enquanto a bola rolar, enquanto o passe chegar.
E se não rolar e se não chegar, paciência – aí é pé embaixo da bola, para levantar a redonda e conduzi-la com malícia e sabedoria e avançar na água empoçada.
Hoje não tem choro nem vela, hoje não tem chorumela.
Hoje ele vai ignorar a coluna encrencada, não vai dar bola pra ela.
(Amanhã o Torsilax resolve.)
Vai tentar o voleio naquela jogada de escanteio, mas (Qual é? Tô fora!) vai fugir do cabeceio.
E quando cansar vai ficar só lá atrás, espanando ou tocando pro lado; subir só na boa (de Uber ou de canoa).
É, hoje tem pelada.
Hoje ele põe de lado todos os imbróglios, aporrinhações, entreveros, broncas, pepinos e abacaxis.
Hoje ele vai deixar os grilos do passado bem quietinhos onde eles têm de ficar – no passado.
Porque hoje tem pelada.
E ele já está indo.
Foi.
Já está lá.
“Rola logo essa p*, Felipinho!”
Sim, hoje tem pelada.
E depois virá a semana, com tudo o que ela reserva de bom e de nem tão bom (porque a vida é assim).
Mas então a semana terá começado do jeito certo.
Do jeito que precisava ser.
Amém.
o craque do brasil em 2019
por Luis Filipe Chateaubriand

No ano de 2019, o Flamengo “deu as cartas” no futebol brasileiro, vencendo a Copa Libertadores da América e o Campeonato Brasileiro.
Liderando um grupo de grandes jogadores, à frente da turma, o recém-chegado Bruno Henrique.
O mancebo teve excelentes atuações.
Extremamente veloz, ganhava na corrida frequentemente de seus adversários.
Técnico, acertava passes e cruzamentos com perfeição.
Irrequieto, ainda fazia seus gols.
O homem parecia estar possuído…
Por essas e outras, Bruno Henrique foi o craque do Brasil em 2019.