GOL DO ROBERTO
por Wesley Machado

Corriam 11 minutos e 30 segundos do primeiro tempo no Maracanã. O Corinthians já vencia o Vasco por 1 a 0, gol do volante Caçapava. O comentarista Orlando Fantoni havia dito que não se devia esperar muito de Roberto Dinamite, que voltava do Barcelona após três meses na Espanha e três gols pelo Barça, que trocou o treinador que levou Roberto; e Dinamite, após conversar com Márcio Braga do Flamengo, acabou convencido por Eurico Miranda e, ouvindo o coração, retornou ao Cruzmaltino.
Era a reestreia do “Garoto-Dinamite”, apelido cunhado pelo jornalista do Jornal dos Sports, Eliomário Valente e utilizado pelo editor do Cor de Rosa, Aparício Pires, com uma nota em 20 de novembro de 1971: “Vasco escala o garoto-dinamite”. O jogo seria contra o Galo. Na semana seguinte, Roberto faz um golaço diante do Inter em sua estreia pelo Vasco e no Maracanã e o JS estampa na manchete: “GAROTO-DINAMITE EXPLODIU”! O mesmo jornal já havia utilizado o termo “dinamite” para identificar o forte chutador Quarentinha do Botafogo em 1960.
Mas voltemos ao início do texto e avancemos no tempo. O Vasco perdia de 1 a 0 para o Corinthians no Brasileiro de 1980. Foi quando Roberto decidiu começar o seu show de bola e gols! Primeiro ao receber uma bola recuperada, fazer o pivô, driblar e chutar forte para o fundo das redes. Depois, arriscando de fora da área e contando com a ajuda do montinho artilheiro. Em seguida, ao correr e receber na entrada da área e chutar mais uma vez forte. “Gol do artilheiro nato, do goleador nato, gol de Roberto”, narrou Luciano do Valle.
Sócrates diminuiria de pênalti. Mas no segundo tempo, o time da virada, com a camisa número 1 preta, ampliou o placar. De novo, ele, Roberto. Cinco vezes. Dinamite 5 x 2 Corinthians. Luciano do Valle narrou assim: “Lá vai Roberto. Bateu pro gol! Golaço sensacional de Roberto! Mas que gol! Uma finta de corpo desconcertante sobre o zagueiro central Mauro, que também ficou olhando não sei o quê. Veja bem. E uma bomba no ângulo esquerdo do goleiro Jairo”. O repórter Raul Quadros pergunta: “Fantoni, explica estes cinco gols do Roberto”. E ele, que havia sido treinador do Vasco, se rende: “Uma coisa inédita. Cada um mais bonito do que o outro. Nossa Senhora”!
Em 2020, passadas quatro décadas, o ídolo concedeu uma entrevista para o site oficial do clube e lembrou com carinho a partida histórica. “Foi o jogo da minha vida (…) Isso pra mim realmente teve um significado muito especial (…) Ficou marcado e guardado pro resto da minha vida (…) Foi um dia que deu tudo certo (…) Eram mais de 100 mil pessoas. A preliminar foi Flamengo e Bangu e a torcida do Flamengo ficou junto com a do Corinthians. Fla-Fiel. Mas não teve jeito. Cinco oportunidades, cinco gols e saímos pro abraço”.
PELÉ E ROBERTO DINAMITE, GIGANTES DO FUTEBOL
por Luis Filipe Chateaubriand

Um, era chamado de Pelé!
Usava a perna direita magistralmente.
Usava a perna esquerda magistralmente.
Cabeceava com precisão.
“Matava” a bola no peito com esmero.
Era especialista em chutar de longe, de média distância e de perto.
Também era especialista em “rabo da vaca”.
Marcou mais de mil gols e ganhou cinco mundiais, três pela Seleção Brasileira e dois pelo Santos.
É o maior jogador de futebol de todos os tempos!
O outro, atendia pelo apelido de Roberto Dinamite.
Tinha um “canhão” nos pés.
É o maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro, com 190 gols.
É o maior artilheiro da história nos clássicos Vasco da Gama x Flamengo, Vasco da Gama x Fluminense e Vasco da Gama x Botafogo.
Fez gol antológico, “chapelando” zagueiro de alta estirpe.
Marcou mais de 700 gols na carreira.
Participou de duas Copas do Mundo de seleções.
Roberto Dinamite era muito bom, Pelé é lenda!
Perdemos Pelé e perdemos Roberto Dinamite, ambos foram derrotados na luta contra o câncer. Bom, a pelada no céu vai ser animada!
GRANDES AMIGOS
por Marcos Eduardo Neves

Neste dramático 8 de janeiro, quando o Brasil chora a perda de Roberto Dinamite, um dos maiores jogadores da História do futebol nacional, revelo em primeira mão um trecho que sairá no meu livro “O EFEITO ZICO”, que lanço ainda este ano.
Afinal, Zico e Roberto sempre foram grandes amigos. E continuarão sendo, porque amizade verdadeira é como o sentimento de um cruz-maltino: não morre jamais.
Eis o trecho:
“Essa coisa de rivalidade, sempre achei que deveria ficar apenas nas torcidas. Por exemplo, sempre me dei bem com o Roberto Dinamite. Não havia intriga, a gente só ‘rivalizava’ para promover nossos jogos. Deve ser por isso que sou respeitado até mesmo pela torcida do Vasco. Nunca zombei dela, sempre corri em direção à minha torcida para comemorar meus gols ou nossos triunfos.
Não à toa, quando o Roberto se despediu do futebol, diante do La Coruña do Bebeto, em 23 de março de 1993, vesti sem problemas a camisa cruz-maltina no Maracanã. Ainda distribuí centenas de autógrafos quando treinamos um dia antes, em São Januário. Foi estranho? Sim, foi. Mas fiz pelo Roberto, de quem sempre fui amigo. Antes e depois de pararmos de jogar.”
É isso. Descanse agora, Roberto. Um dia vocês vão se rever. Qualquer dia nos revemos também.
Força, Vasco!
ADEUS, AMIGO
por Zé Roberto Padilha

Era assim que nossos treinadores pediam para fazer: “Não deixem o Roberto chegar perto da área!”. Às vezes, eu, Gerson, Assis e Marco Antonio (foto) exagerávamos. Nessa jogada, Taça Guanabara 74, devo ter lhe acertado por trás. Foi mal.
Nesta hora que você nos deixa, e alcança o plano superior, gostaria de lhe agradecer pelo prazer de ter jogado, desde os juvenis, contra um dos mais talentosos e leais centroavantes que enfrentei em minha carreira.
Minha cidade, Três Rios, que teve a honra de sediar seu casamento com a Jurema, junta-se a todos os que, neste momento difícil, solidarizam-se com os seus familiares.
Descanse em paz meu amigo.
O FUTEBOL CHORA POR DINAMITE
por Wesley Machado

Roberto Dinamite certa feita, em uma entrevista, afirmou que o momento de maior sintonia do jogador com o torcedor é o gol. O gol que levanta a torcida, que explode em êxtase. E ele fez isto muitas e muitas vezes. Chutava a bola com a potência de uma dinamite, balançava as redes e corria para a torcida, com o braço direito levantado em sinal de força e luta.
Os cruzmaltinos, em especial, têm o orgulho de ter tido um grande artilheiro e obstinado dirigente, que com seu faro de gol e persistência política deixou uma marca indelével, com relevantes serviços em mais de 25 anos de clube, como jogador e presidente, tendo inclusive deixado de ir para o arquirrival Flamengo e voltado para envergar com amor a camisa do Vasco da Gama.
A saudade era tanta que Dinamite fez logo cinco gols e brindou a sua antiga e amiga torcida com doses extras de felicidade em dias inesquecíveis no Maracanã. E como não lembrar do golaço no meu Botafogo, um voleio após um chapeuzinho, considerado o gol mais bonito do camisa 10 de São Januário.
Os torcedores da Lusa e do Campusca também podem se orgulhar do fato de Dinamite ter vestido suas camisas. A passagem pelo Barça foi rápida, mas ficou na história.
Ficam ainda na história as imagens de Dinamite com a camisa da seleção brasileira nas Copas de 1978 e 1982.
Roberto, Calú, Bob, permanecerá vivo na nossa memória.
Nestes dias cinzas, o céu preparava o luto ao anoitecer de domingo para você, eterno garoto Dinamite, que virou estrela, daquelas gigantes.
Descanse em paz, ídolo de todos nós, amantes do futebol, que choramos sua partida derradeira.