“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 16
por Eduardo Lamas Neiva

O papo sobre a Copa de 50 com toda comoção é revivida por aqueles que puderam presenciar e participar dos dias de festa até o silêncio final. Jorge Goulart, então, volta ao palco e toma a palavra.
Jorge Goulart: – Aquela Copa de 50 foi realmente uma grande festa antes da final. O Lamartine, que ali está (todos aplaudem), fez outra marcha que poderia ter sido o hino do primeiro título mundial do Brasil, se não perdêssemos pro Uruguai. Vou cantar aqui a “Marcha do Scratch Brasileiro” que homenageia também o estádio Municipal, como era chamado a princípio o Maracanã.
Jorge Goulart é aplaudido, assim como Lamartine Babo, que numa das mesas próximas ao palco se levanta para cumprimentar o público.
Jorge Goulart: – Viva Lalá!
Todos: – Viva!
Jorge Goulart continua no palco, enquanto o público o aplaudia e também Lamartine Babo.
Jorge Goulart – Agora vou chamar ao palco a Linda Batista pra cantar outra música feita pra Copa de 50.
Linda se encaminha pro palco aplaudidíssima.
Linda Batista (no palco) – Obrigada, gente. Uma pena não termos ganhado daquela vez, né? Mas tive a felicidade de gravar este samba do Ary Barroso, que ali está e também merece muito os nossos aplausos.
Todos aplaudem Ary Barroso.
Linda Batista: – Vamos lá!
Mais aplausos.
Sobrenatural de Almeida: – É, a festa foi boa, mas a euforia foi demais também. O clima de já-ganhou não me agradou.
Ceguinho Torcedor: – Então, foi você?
Sobrenatural de Almeida: – Não, foi o Obdulio Varela, o Gighia, o time uruguaio. Eu só dei um empurrãozinho, sem querer. Aquele discurso do general Angelo Mendes de Morais, pouco antes da bola rolar, me deixou revoltado.
Idiota da Objetividade: – O general Angelo Mendes de Morais era o prefeito do Distrito Federal, ou seja, o Rio de Janeiro, então capital do Brasil.
Ceguinho Torcedor: – Com uma euforia desmedida, o general disse pouco antes do jogo que os brasileiros eram os futuros campeões mundiais…
Zé Ary imediatamente põe nas caixas de som o trecho citado por Ceguinho Torcedor do discurso de Ângelo Mendes de Morais, da tribuna de honra do Maracanã.
Vaias e protestos da plateia são ouvidos.
Sobrenatural de Almeida: – Futuros mesmo, só oito anos depois…
João Sem Medo: – E também disse que tinha dado o estádio para a realização da Copa do Mundo, então que era a vez de os jogadores darem o título mundial para o Brasil. Com aquele discurso, o general pressionou ainda mais os jogadores brasileiros, ao mesmo tempo em que já cantava a vitória.
Ceguinho Torcedor: – Amigos, em 50, na véspera de Brasil x Uruguai, encontrei-me com o famoso “speaker” Gagliano Netto e perguntei: “Quem ganha?” Eis uma resposta triunfal: “Brasil 8 a 0” Vocês entendem? Ele não fazia por menos – tinha de ser 8 a 0. Pode parecer que era um caso de delirante otimismo individual. Absolutamente, milhões de pessoas achavam assim. E o Brasil perdeu! Dirá o Idiota da Objetividade que foi o Uruguai que nos venceu…
Idiota da Objetividade: – … E não foi?
Ceguinho Torcedor: – Não. O que nos venceu foi o favoritismo total. Contra a Espanha, temíamos. E porque havia medo, um mínimo de medo, goleamos. Seis a um, foi o resultado final. Veio de Brasil x Uruguai o meu horror ao favoritismo.
Sobrenatural de Almeida: – Foi muita falta de respeito com os uruguaios. Aí, quando o Gighia penetrou pela direita e chutou, acabei fazendo a bola ir um pouco mais rápido e quicar na frente do Barbosa.
João Sem Medo: – Quando os políticos se metem no futebol acontece isso…
Garçom: – E o Sobrenatural…
Sobrenatural de Almeida: – … de Almeida. Hahaha
Ceguinho Torcedor: – Você bem sabe o quanto a política prejudica o futebol, né, João? Não escalou o Dario, como queria o Médici…
João Sem Medo: – Dario era um bom jogador, mas eu tinha Tostão, Jairzinho, Roberto Miranda, Coutinho, Toninho Guerreiro. Se eu quisesse trombador, aí eu poderia buscar o Dario, ou o Flávio, do Corinthians, o Alcindo, do Grêmio. O presidente escalava o Ministério dele e eu escalava o meu time.
Ceguinho Torcedor: – Esta frase te derrubou, João.
João Sem Medo: – É, estavam transmitindo pro Brasil todo a entrevista… Mas voltando a 50, o que fizeram com o Barbosa foi uma grande injustiça. Teve racismo ali.
Ceguinho Torcedor: – Foi um dia muito triste pro futebol brasileiro. Muito triste.
Idiota da Objetividade: – Foi uma tragédia aquela derrota de 2 a 1 para o Uruguai. Os uruguaios chamam aquela vitória em 1950 de Maracanazzo até hoje.
João Sem Medo: – E a imprensa daqui exagera. Chamaram a derrota de 3 a 2 para a Itália em 82 de tragédia do Sarriá.
Garçom: – Mal sabíamos o que estava por vir…
Sobrenatural de Almeida: – O Mineiraço, em 2014.
João Sem Medo: – Isso sim foi uma tragédia. Levar de 7 a 1 em casa, numa semifinal de Copa do Mundo, é o fim do mundo. Mas parece que tudo foi só um apagão.
Quase em coro, muitos presentes pensaram alto: “Pois é…”
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Blog Eduardo Lamas Neiva – 15 anos: A SÉRIE “UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” NO MUSEU DA PELADA
ABC E SUAS INJUSTIÇAS
por Rubens Lemos

O ABC é um ente federativo dentro do Rio Grande do Norte. Com seus hinos, suas heráldicas, sua constituição própria nos velhos papéis do estatuto e um povo em eterno frenesi de paixão. O ABC, só vim a aprender na própria pele, também é um clube injusto.
Ainda tinha minhas duvidas até o dia em que seu mais franciscano e alucinado dirigente, José Prudêncio Sobrinho, foi sepultado e o clube apresentou – como se estivesse operando o milagre da gratidão, a nota fiscal do caixão e dos demais itens do funeral de Prudêncio. Nos retiramos na hora, envergonhados, eu e o ex-presidente Leonardo Arruda.
José Prudêncio Sobrinho(foto) dedicava ao ABC o bem de um pai pelo filho e o seu sangue jorrava em preto e branco. Foi um homem rico, com uma rede de lojas de bateria de carro que foi se exaurindo. O ABC precisava, ele vendia uma filial. O dinheiro, a fundo perdido, era usado nas renovações de contrato do ídolo Alberi, na chegada de craques, na loucura que ele exerceu sem remédios de tarja preta a contê-lo. Até empobrecer.
Comigo foi no futebol de salão, que comandei de 2005 a 2010, levando o clube a 19 títulos, 13 deles regionais ou nacionais. Me chutaram com três sapatadas. Duas estavam nos pés dos mandões de então, a terceira ficou no meu próprio traseiro.
O péssimo instante por que passa o clube, desmoralizado nacionalmente graças única e exclusivamente à famigerada união de um ex-técnico pedante com um ex-diretor de futebol arrogante, reacende a lamparina da estupidez, do desagrado gratuito, sobretudo com os mais humildes, sangue e costela do ABC. A confiança depositada na dupla que arruinou o futebol do clube foi tão cruel quanto toda atitude mesquinha de cada um dos dois.
Há outros exemplos. Danilo Menezes, o melhor meia-armador do século passado, saiu do ABC de tanto ser perseguido, com os braços cruzados da diretoria em 1980, pelo técnico Servílio de Jesus, ex-jogador do Palmeiras. Servílio veio duas vezes ao ABC e, nas duas, não conseguiu nem título protestado para o alvinegro. Danilo Menezes voltaria em 1994 para ser campeão como técnico.
Pouco depois do que fizeram com Danilo Menezes, fizeram pior com o treinador Erandy Montenegro, campeão invicto do primeiro turno em 1981 e despedido sem nenhuma razão, apenas o serpentear de conhecida traíra da (má) memória do ABC. Erandy deu o troco no mesmo ano. Terminou tricampeão pelo América enquanto os seus algozes não colocaram o time sequer na Taça de Prata, lugar dos vice-campeões.
Em 1983, Erandy Montenegro montaria o melhor time que meus olhos fascinados viram ser campeão no ainda Estádio Castelo Branco: Lulinha; Alexandre Cearense, Joel, Alexandre Mineiro e Dudé; Nicácio, Dedé de Dora e Marinho Apolônio; Curió, Silva e Djalma.
Os escorpiões das emboscadas fatais tiraram o técnico Ferdinando Teixeira, também campeão do primeiro turno em 1996. O ABC perdeu o título para o América que contratou Ferdinando Teixeira e, com ele no comando, subiu para a Série A do campeonato brasileiro. Caso houvesse vencido em 1996, o ABC encerraria a década octacampeão potiguar.
Então veio Fernando Marchiori. Para iludir com resultados de aparente competência que nunca esconderam sua predileção pela mediocridade retranqueira. Ninguém engana todo mundo, o tempo todo. Aclamado(o ABC é pródigo em bajular forasteiros), Marchiori usurpou suas funções, mandou, desmandou, casou, batizou, até ser sufocado por derrotas pífias e procedimentos bizarros.
Como pneu sendo trocado com o carro andando, o ABC vê isolado o presidente Bira Marques. Aqueles em que tanto confiou, foram embora. Bira Marques precisa de ajuda, também deve pedir esse apoio, reconhecer o momento tétrico e convocar homens experientes.
A massa não pode continuar sofrendo. O ABC olha para a frente e enxerga uma improvável reviravolta. Bira Marques, meu amigo, você não estranhe: injustiça faz pouso contínuo pelos alpendres da Rota do Sol.
UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE FUTEBOL
por Paulo-Roberto Andel

Há quem diga que o futebol é bobagem. Santa insensibilidade: se não fosse o futebol, o mundo seria muito pior porque, para centenas de milhões de pessoas, ele é a única chance de alegria em meio a um monte de ódio, opressão e covardia.
Hoje à tarde, conversando com Raul, lembramos que o velho Maracanã era o único espaço de real convivência democrática da cidade entre ricos e pobres, abraçados nos gols e chorosos nas derrotas. Em muito menor escala, eu só consegui viver o mesmo no grupo de escoteiros: todos acampávamos com ou sem dinheiro, fazíamos vaquinha, apertávamos a comida, o ônibus mais barato. No grupo éramos uns setenta; no Maracanã, cem mil.
Quantas vezes o futebol me salvou? Não sei dizer. Quando meu pai chegava derrotado e violento por causa da bebida, eu corria para o 434, ia para a geral e chorava vendo um jogo. Noutras vezes, eu ficava no corredor da arquibancada olhando a UERJ e sonhando em estudar lá. Noutras vezes eu ia porque era o único lugar em que, tão solitário, eu não me sentia sozinho. Foi assim muitas vezes. Sem o futebol, a depressão teria me vencido, eu teria executado o suicídio que iniciei e teria sido um desperdício, porque escrevi muitas coisas legais a seguir, o que eu não faria morto por motivos óbvios.
O futebol me deu a ilusão de um monte de amigos juntos, caso da arquibancada; me deu sonhos em jogos e lances inesquecíveis; preparou meu espírito para saber encarar as derrotas. O futebol me deu muitos colegas, com quem interagi e trabalhei muitas vezes. Por exemplo, nesse domingo há 28 anos o meu time ganhou um dos maiores jogos de todos os tempos, com um gol de barriga. Naquele ano quase tudo deu errado pra mim, mas o campeonato valeu muito a pena.
Muitos anos depois, foi o futebol que permitiu minha estreia em livro e, por gratidão, escrevi um monte de livros sobre o tema, vários ainda inéditos. Por causa do futebol vivi admirações, paixões e conheci minha esposa. Também conheci pessoas do Brasil inteiro, com quem converso sempre que posso – algumas colaboram com o meu site.
O futebol só não me ofereceu mais abraços do que minha mãe. Você conhece ou segue um artista, acaba gostando mais dele quando é um entusiasta do futebol. Ele me faz esquecer as dores no corpo, a minha tragédia pessoal, a melancolia cotidiana. Por uma hora e meia, mesmo que o jogo não seja bom eu tenho meu pequenino momento de felicidade. Tanto faz se é uma partida importante ou esdrúxula – o jogo começa, eu volto a ter dez anos de idade e meu olhar persegue a bolinha na tela da televisão.
Ah, se não fosse o futebol, como eu teria conversado com a Bibi Ferreira, o Gilberto Gil e a Letícia Spiller? E a Maria Bethânia? E o Italo Rossi? E como eu ia suportar o mundo agora, que me humilha todo dia enquanto sinto dores pelo corpo e choro por tanta gente humilhada feito eu?
É domingo à noite, tudo parece perdido, tenho vontade de desistir mas penso na terça-feira, tudo pode ser diferente e surgir pelo menos uma luzinha no fim do túnel. Pode ser que eu não tenha um único amigo, pode ser que eu não consiga vender e está tudo perdido, mas a terça-feira me serve de esperança. Vou pensar no jogo, vou conversar com colegas para chegar logo o horário da partida. Agora é uma noite melancólica como todas de domingo, onde esperamos ótimas semanas que nunca, mas nunca chegam – ao menos para mim -, só que eu carrego comigo o futebol, a minha esmolinha, os meus botões que minha mãe comprou com tanto sacrifício, as histórias que vi e escrevi, as histórias que ainda preciso contar quando era garoto e, na Copacabana de orla escura, chutava a bola na areia com os colegas mesmo sem vê-la direito, nem o goleiro e o gol – assim como só nos resta viver, nos campos da praia só nos restava jogar, pouco importando se a bola iria para a direção correta, ou se um gomo da bola estivesse soltando.
Aqui falo de quarenta ou quarenta e cinco anos atrás, que foram há um susto porque tudo é brevidade, mas a bola na praia, na vila, no playground do Gordinho e mesmo no Maracanã – meu pai me levou para ver não apenas o Fluminense, mas o America, o Bangu e até o Campo Grande, todos contra o Flamengo – eram tudo uma coisa só: um pequeno suspiro de felicidade.
MESTRE DIDI
por Elso Venâncio, o repórter Elso

Didi, Di Stéfano e Puskás. Um trio dos sonhos. Tudo para dar certo no Real Madrid dos anos 50 e 60. Porém, com ciúmes, o argentino Di Stéfano boicotou o astro brasileiro. Como o húngaro Ferenc Puskas fez questão de deixar claro em seu livro:
“O maior inimigo de Didi no Real Madrid foi a sua fama.”
Apenas em 1959 o Real Madrid passou a ter um negro no time. Simplesmente, o melhor jogador de futebol do mundo. A FIFA inovou ao eleger, ao fim da Copa de 1958, na Suécia, o craque da competição. Apesar de contar com o garoto Pelé e o genial Garrincha, Didi foi o escolhido. Recebeu, do jornalista Gabriel Hanot, o apelido de ‘Mister Football’. Francês considerado o papa da crônica esportiva europeia, Hanot criou a Champions League. Tinha moral entre os seus.
Os espanhóis pagaram uma fortuna por Didi: 100 mil dólares e mais dois amistosos em Madrid, com renda dividida. Hoje o clube admite investir 250 milhões de euros pelo francês Mbappé, superando os 222 milhões que o Paris Saint-Germain desembolsou para ter o brasileiro Neymar em gramados franceses. Outros tempos…
Por que Didi não deu certo na Europa? Por que retornou ao Brasil meses depois? Segundo o jornalista Peris Ribeiro, biógrafo do ‘Gênio das Folhas Secas’, é preciso um certo cuidado, afinal, não se comentava sobre racismo na época. Houve, ao certo, ciúmes do argentino, que era o dono da equipe e sequer foi escutado em relação à nova contratação da equipe.
Se Puskás declarou em seu livro que o maior inimigo de Didi foi sua fama, vale dizer que o presidente do clube madrilhenho, Santiago Bernabeu, almoçava semanalmente com o brasileiro. Mas não com Di Stéfano, nem com Puskás.
Na estreia do meia campeão mundial em 1958, jogo válido pelo Torneio Ramón de Carranza, vitória de 6 a 3 sobre o Milan, com direito a um golaço de ‘Folha Seca’… Depois, 4 a 3 no arquirrival Barcelona, na grande final. Didi foi eleito o craque da competição. Aos 34 anos e em fim de carreira, Di Stéfano ficou mal-humorado e passou a boicotar o brasileiro. Didi tinha 30 anos. Puskas, dois a mais que ele.
Freitas Solich afagou Didi e Di Stéfano não gostou nem um pouco. Grupo dividido, derrotas, e mesmo evitando atritos Didi percebeu-se sem clima no clube madrilhenho. O técnico paraguaio acabou sendo demitido. E Peris Ribeiro explica o que aconteceu a partir de então:
“Didi escreveu para João Havelange e João Saldanha dizendo que queria voltar para o Brasil. Os dois foram juntos à Espanha e Saldanha conseguiu a liberação do craque, abrindo mão dos amistosos que o famoso Botafogo faria em Madrid.”
Em 1958, os jornalistas acompanharam, curiosos e à distância, Didi e Paulo Machado de Carvalho caminharem ao lado, nos jardins da bela concentração localizada em Hindas:
“Doutor… Pelé e Garrincha têm que jogar”, arguiu Didi.
“Mas o Garrincha não é louco?” – retrucou o dirigente.
“Não! Ele enlouquece, sim, seus marcadores. Com os dois na equipe, pode anotar, seremos campeões.”
João Havelange nutria enorme carinho por Didi, mas lembrou Di Stéfano ao passar a ter ciúmes de Paulo Machado, ‘O Marechal da Vitória’, ao longo de dois Campeonatos Mundiais vitoriosos. Tanto que o afastou da Copa da Inglaterra, em 1966, competição em que a falta de comando foi determinante para o fracasso da seleção.
Nos estúdios da Rádio Globo-Rio, antes do ‘Enquanto a Bola Não Rola’, programa de debates que apresentei aos domingos, observei o seguinte diálogo. Armando Nogueira, o ‘Machado de Assis da crônica esportiva’, comentou com Didi:
“Lembro da primeira vez que te vi…”
“Quando foi?”, perguntou o autor do primeiro gol da História do Maracanã.
“No Estádio Aniceto Moscoso. Você começou no banco, mas assim que entrou, contra o Madureira, olhei para o Luiz Carlos Barreto e disse:
“Aquele ali vai dar jogador. E dos grandes!”
Dito e feito.
Didi volta e meia era cotado, mas não pôde realizar o sonho de ser técnico do Brasil em uma Copa do Mundo. O ‘Velho Marinheiro’ Gentil Cardoso afirmava:
“A cor impediu que eu e Didi comandássemos a seleção brasileira.”
Ou seja, hoje falamos muito de racismo. Mas esse problema data de muito, mas muito tempo mesmo. Não é algo recente. E nem tão cedo passará.
BAIRRISMO SEM FIM
:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

Se antes era rotina, tenho escutado cada vez menos as piadinhas de cavalo paraguaio quando falam do Botafogo. Continuo achando que ainda é cedo, que jogadores importantes podem se lesionar ou serem negociados, mas dá para garantir que o time erra pouco e está cada vez mais confiante no Brasileirão.
Li que o Palmeiras vinha de 31 jogos sem perder no Allianz Parque e o Botafogo acabou com a invencibilidade com um belo gol de Tiquinho Soares. Agora, são sete pontos de vantagem para o segundo colocado e mesmo assim tive que ver muita bobagem da imprensa na televisão, sobretudo a paulista.
Tenho propriedade no assunto, pois sempre sofri muito com esse bairrismo quando jogava em São Paulo. Acho uma chatice tremenda e sabia que todos iam desvalorizar a vitória do Botafogo. Dito isso, vi alguns reclamando do impedimento no gol anulado, outros dizendo que não foi merecido e por aí vai. Na minha opinião, o Botafogo poderia ter vencido até de mais gols, mas pecou nas finalizações, como de costume. Acho, inclusive, que os jogadores que estão treinando pouco esse fundamento e isso pode prejudicar o Alvinegro no decorrer da competição, visto que é um time que tem a defesa segura e tenta aproveitar as poucas chances que tem na partida.
Quem não tem uma defesa segura é o Flamengo, que depois de tomar quatro do Bragantino, tomou dois do Santos, mas conseguiu uma vitória importante na Vila Belmiro. A nota triste é que o jogo foi de portões fechados depois da selvageria que rolou no clássico contra o Corinthians.
O mesmo pode se falar da torcida do Vasco, que depredou o maior patrimônio do clube, São Januário, após a derrota para o Goiás. Enquanto os clubes não forem punidos com rebaixamentos ou algo do tipo, essas cenas serão cada vez mais comuns, infelizmente! Além disso, lamento muito também o fato dos jogadores não se manifestarem, não protestarem contra esses atos de vandalismo. O mínimo que deveriam fazer era uma grave nacional, parando todos os campeonatos! São os jogadores que fazem o espetáculo!
Por fim, o Fluminense ganhou do Bahia de virada, com um a menos, mas acho que foi mais falha do lateral do Bahia do que méritos do tricolor carioca. O campeonato é longo e ainda não chegamos nem na metade, vamos aguardar!
Já que o escritor Helcio Herbert Neto dedicou sua coluna a mim, alegando que “iniciei a cruzada contra a imbecilidade há mais tempo e que percebi rapidinho que esse linguajar era um jeito de camuflar ignorância”, seguem as pérolas da semana:
“Com um triângulo equilátero, forma-se um sistema propositivo para atacar a linha de quatro no último terço do campo e amassar o adversário encaixotando com alas pelos lados”.
“Através de uma leitura de jogo posicional, o jogador agudo desenvolve o corredor central para zerar a segunda bola e proporcionar uma identidade à equipe que pega o elevador”.