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O LENDÁRIO PINHEIRO

17 / julho / 2023

por Elso Venâncio

O tricolor Pinheiro cumprimenta o rubro-negro Zagallo diante do árbitro Alberto da Gama Malcher, num Fla-Flu disputado em 1957, no estádio de São Januário

Capitão por mais de dez anos consecutivos, Pinheiro foi o grande líder da história do Fluminense. Zagueiro, atuou como titular de 1948 a 1963. Como jogador e técnico, disputou 722 partidas no total. Apenas seu melhor amigo no futebol, o goleiro Castilho, vestiu mais vezes do que ele a camisa tricolor: foram 697 exibições, contra 606 de Pinheiro. Aliás, o defensor foi titular da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1954, realizada na Suíça.

Gigante, por seus 1m87, aos 17 anos Pinheiro estreou pelo Fluminense, na vitória de 2 a 1 sobre o Nacional, de Montevidéu, nas Laranjeiras. Logo, ganhou destaque ao anular o irascível ídolo alvinegro Heleno de Freitas, que, irritado e amplamente vaiado, teve dificuldades até para tocar na bola.

Pinheiro gostava de recordar o título e a vitória no Pan-Americano de 1952. Brasil 4 x 2 Uruguai, que ainda tinha como base a forte seleção campeã mundial de 1950 aqui mesmo no Brasil:

“Fomos à forra!”

O time base do treinador Zezé Moreyra contava com Castilho, Djalma Santos, Pinheiro, Ely e Nilton Santos; Brandãozinho e Didi; Julinho Botelho, Baltazar, Pinga e Rodrigues.

Zagueiro artilheiro, marcou meia centena de gols. Inclusive, pela seleção. Chamava a atenção por jogar de meias arriadas, aliando a refinada técnica ao excelente vigor físico. Era o ‘Xerife Pinheiro’. E nunca se eximiu de cobrar pênaltis:

“É meia altura, e para cima. Dependendo do goleiro, bato de bico ou com o peito do pé.”

No dia da decisão do Carioca de 1960, foi de carro a Campos dos Goytacazes, sua cidade natal, enterrar seu pai. Mesmo abatido, mostrando extremo profissionalismo, voltou para jogar. Durante a final, partiu para cima do conterrâneo Ari, goleiro do América, antes de cobrar seu pênalti:

“Meto-lhe a porrada!”

Ari se defendeu:

“Apenas disse a ele que sentia pela morte do seu pai…”

Pinheiro bateu com raiva, de bico. O goleiro espalmou, mas, na sequência, aproveitou o rebote para soltar o pé, abrindo o placar. O América empatou com Nilo. No final, de forma surpreendente, virou o jogo com um gol do lateral Jorge, evitando o bicampeonato tricolor.

Ídolo imortal das Laranjeiras, Pinheiro passou a ter carteira assinada no momento em que pendurou as chuteiras. Ainda assim, com autorização do clube, saía para trabalhar. Treinou times na Arábia Saudita e, no título da Copa do Brasil conquistado pelo Cruzeiro em 1993, lançou para o mundo Ronaldo Nazário, então com 16 anos. Ronaldo se transformaria no ‘Fenômeno’, ídolo internacional e bi campeão mundial nas Copas de 1994 e 2002.

No Flamengo, Carlinhos ‘Violino’ viveu situação idêntica. O mesmo ocorria, no Vasco, com Alcir Portela. Também no Botafogo, com Sebastião Leônidas.

Quando surgiu Xerém, Pinheiro mostrou-se um visionário:

“É o futuro”, costumava repetir.

Supervisionava pessoalmente as obras e, como treinador dos juvenis, lançou nomes com Abel, Edinho, Deley, Pintinho, Edevaldo e Zezé, dentre outros excelentes jogadores. Inclusive, dirigiu a ‘Máquina Tricolor’, formada a partir de 1975 pelo presidente Francisco Horta, aquele do lema ‘Vencer ou Vencer’.

Dentre os seus principais títulos constam os Estaduais de 1951 e 1959. Em 1952, conquistou a Copa Rio – o equivalente ao Mundial de Clubes, na época. Ganhou também o Torneio Rio-São Paulo, em 1957 e 1960. E, no ano de 1986, levou o América ao terceiro lugar do Brasileirão com uma campanha histórica.

A dois meses do seu falecimento, eu estava na Praia da Reserva, na Barra, quando o vi passar de bicicleta, boné e óculos escuros. Notei que ele tinha emagrecido, mas continuava com indiscutível físico de atleta. Gritei duas vezes o seu nome, mas minha voz foi abafada pelos carros e motos que circulavam pelo local.

João Carlos Batista Pinheiro, um dos maiores nomes do futebol brasileiro, teve uma vida toda ela dedicada ao Fluminense. Em 30 de agosto de 2011, aos 79 anos, faleceu devido a complicações ligadas a um câncer de próstata. Seu corpo foi velado no salão nobre do Fluminense, que decretou luto oficial de sete dias, na ocasião.

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1 Comentário

  1. Zilson Moura da Nobrega

    Foi um dos meus ídolos quando criança.
    Castilho,Pinheiro ,Altair, Didi , Tele e Valdo .Para mim foram os melhores jogadores do Fluminense nas suas respectivas posições.

    Responder

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