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O FUTEBOL ERA CHATO, ATÉ SURGIR GARRINCHA

9 / junho / 2025

por Zé Roberto Padilha

O cinema mudou com Charles Chaplin. Até Carlitos, muitas guerras, dramas e paixões dominavam as telonas. Até ele começar a fazer graça. E sorrir, ser feliz, deixou de ser apenas privilégios alcançados nas peças teatrais

Se em Hollywood surgiram os Três Patetas, no Brasil, Mazzaropi seguia o modelo, levando aos cinemas engraçadas situações do nosso cotidiano, carregados de humor bem singelo. Que alcançou as telinhas com os Trapalhões e resistiu até o Zorra Total.

Aí o que era graça se tornou bullying.

No futebol era assim também, onze contra onze. Castilho, Pindaro e Pinheiro viraram lendas por segurar Ademir, o Queixada, do Vasco. Existiam disputas, craques como Leônidas da Silva e Heleno, mas não tinha muita graça.

Até que um morador de Pau Grande, distrito de Magé, chamado Mané Garrincha, foi realizar um teste no Botafogo. Para seu azar, como ponta-direita, quem iria marcá-lo era o ídolo do time, Nilton Santos. E, logo na primeira jogada, ele enfiou a bola por entre as pernas de Nilton Santos.

Tal ousadia levantou murmúrios nas arquibancadas, cujos sócios assistiam apreensivos. Qual seria a reação do capitão do time? Acabado o treino, Nilton Santos se dirigiu à diretoria e ordenou:

– Contrata. Não quero esse cara jogando contra mim. Melhor que fique do nosso lado!

Campeão pelo Botafogo, titular na Copa de 58 e protagonista do bicampeonato mundial, conquistado pelo país, em 1962, no Chile, Garrincha se tornou o mais completo dos bailarinos/jogadores que não levavam apenas seus marcadores à loucura, como também concederam ao futebol brasileiro o status de criadores do futebol-arte..

Garrincha driblava, bailava e encantava. Em meio a mesmice de hoje, a retranca dos treinadores temerosos em perder o cargo, fora Vinicius Jr, Soltedo, o Ferreirinha, quem ousa arriscar o próprio drible?

Sua candura era tamanha, que pouco se ligava nos anseios e temores da sua gente. Soltava papagaio de dia e à noite fazia filhas. E quando entrou em campo, na Suécia, contra a Inglaterra, enquanto uns tremiam, alguns de frio outros pela importância da partida, ele confidenciava ao pé do ouvido do Didi:

– Oba, hoje é contra o São Cristóvão. Nosso freguês!

*na foto, Recebido na sede do Entrerriense FC, Garrincha conversa com meu pai, que também jogou muita bola, ao lado do Dr. Nena, Moacir Sanseverino Jr.e Betinho Barbosa.

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