por Zé Roberto Padilha

O cinema mudou com Charles Chaplin. Até Carlitos, muitas guerras, dramas e paixões dominavam as telonas. Até ele começar a fazer graça. E sorrir, ser feliz, deixou de ser apenas privilégios alcançados nas peças teatrais
Se em Hollywood surgiram os Três Patetas, no Brasil, Mazzaropi seguia o modelo, levando aos cinemas engraçadas situações do nosso cotidiano, carregados de humor bem singelo. Que alcançou as telinhas com os Trapalhões e resistiu até o Zorra Total.
Aí o que era graça se tornou bullying.
No futebol era assim também, onze contra onze. Castilho, Pindaro e Pinheiro viraram lendas por segurar Ademir, o Queixada, do Vasco. Existiam disputas, craques como Leônidas da Silva e Heleno, mas não tinha muita graça.
Até que um morador de Pau Grande, distrito de Magé, chamado Mané Garrincha, foi realizar um teste no Botafogo. Para seu azar, como ponta-direita, quem iria marcá-lo era o ídolo do time, Nilton Santos. E, logo na primeira jogada, ele enfiou a bola por entre as pernas de Nilton Santos.
Tal ousadia levantou murmúrios nas arquibancadas, cujos sócios assistiam apreensivos. Qual seria a reação do capitão do time? Acabado o treino, Nilton Santos se dirigiu à diretoria e ordenou:
– Contrata. Não quero esse cara jogando contra mim. Melhor que fique do nosso lado!
Campeão pelo Botafogo, titular na Copa de 58 e protagonista do bicampeonato mundial, conquistado pelo país, em 1962, no Chile, Garrincha se tornou o mais completo dos bailarinos/jogadores que não levavam apenas seus marcadores à loucura, como também concederam ao futebol brasileiro o status de criadores do futebol-arte..
Garrincha driblava, bailava e encantava. Em meio a mesmice de hoje, a retranca dos treinadores temerosos em perder o cargo, fora Vinicius Jr, Soltedo, o Ferreirinha, quem ousa arriscar o próprio drible?
Sua candura era tamanha, que pouco se ligava nos anseios e temores da sua gente. Soltava papagaio de dia e à noite fazia filhas. E quando entrou em campo, na Suécia, contra a Inglaterra, enquanto uns tremiam, alguns de frio outros pela importância da partida, ele confidenciava ao pé do ouvido do Didi:
– Oba, hoje é contra o São Cristóvão. Nosso freguês!
*na foto, Recebido na sede do Entrerriense FC, Garrincha conversa com meu pai, que também jogou muita bola, ao lado do Dr. Nena, Moacir Sanseverino Jr.e Betinho Barbosa.
Garrincha foi um gênio mas não foi ele que inventou o futebol .Antes dele muitos jogadores brilharam e faziam a alegria dos seus admiradores, Domingos,Leonidas da Silva ,Tim,,Hércules,ZIzinho,Ademir ,Jair,Heleno ,enfim e melhor parar por aqui