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HELINHO E OS AMORES DE UM GOLEIRO…

16 / setembro / 2019

por Marcelo Mendez


(Foto: Custodio Coimbra)

E agora tem um sabiá…

Das coisas boas e novas da minha vida, consta agora a paz para observar as pequenas boas sutilezas que me arrefecem o dia a dia. Dessa forma já sei que um sabiá, sabe-se la o porquê, decidiu que todos os dias às seis horas da manhã, em meio a toda balburdia urbana, decidiu que virá próximo a janela do meu quarto cantar até que eu a abra com cara de sono pra daí começar o dia. Eu pouco o vejo!

Como que por capricho, ele voa rapidinho quando abro a janela. Sai a voar todo cantante como que feliz pela missão que acabara de cumprir. No caso, me deixar alerta para sair para mais uma cobertura de futebol de várzea. E como que sabedor dessa minha tarefa, o Sabiá parece até caprichar mais no assovio. Afinal de contas, não se trata de um dia qualquer, aliás, trata-se de muito mais que isso.

Domingo não é dia. É estado de espírito.

Dessa forma, me levantei fiz o meu café peguei minha mochila, meus fones e segui para o ponto rumo à pauta. Guaraciaba e Vila São João se enfrentariam pela Copa Uniligas de clubes de várzea do abcd.

Da janela do trólebus, fones no ouvido, vendo o mundo passar no Abcd enquanto Tony Bizarro cantava “Vá com Deus” em meus ouvidos, meio que como um mantra, uma oração. A ida à várzea…

Desde que isso começou em minha vida, nunca mais me faltou o verso, jamais secou a fonte dos encantos, a poesia nunca mais partiu para outro lugar que não seja a minha vida. Tudo isso devo a várzea. Devo tudo a esses sorrisos assim que chego em cada campo, devo isso a cada boleiro que nela habita, devo isso a cada história ótima que explode em minhas vistas assim, do nada, jorrando porções épicas de sonhos. Como a desse ultimo domingo. Vejamos o caso do goleiro Helinho do Guaraciaba:

Helinho o Goleiro…

O goleiro por si só é amigo/irmão da penumbra. Durante muito tempo, onde ele pisava nem grama nascia. Era visto então como um sujeito que estava ali apenas para constar, para pular e ousar impedir a alegria dos torcedores, para manchar de borrão o berro impresso das palavras dos apaixonados cronistas ludopédicos. Mas Helinho veio para mudar isso.

O dono da camisa 1 do time do Guaraciaba não é um gigantão como tantos que hoje habitam a posição. Não tem lá os esmeros e as frescuradas dos profissionais da posição e nem precisa de nada disso. Troca a pompa da função por um sorriso farto e belo, pelo rosto de Louis Armstrong e por um acordo tácito de paixão que nutre pelo time que defende.

Helinho tem pelo Guaraciaba um daqueles amores inexoráveis, aqueles amores que antes da várzea só se via no cinema em filmes do Frank Capra; Amores infindáveis, eternos, a prova de qualquer contratempo da vida, eterno mesmo. E quem acha que isso não existe que vá a várzea ver Helinho!

Defendendo o Gol do Guaraciaba, toma como uma ofensa quem ousa macular suas redes. Defende bolas como quem defende uma paixão. Nada pode compurscar isso. Dessa forma sentiu-se, quando não defendeu o pênalti que vazou sua meta. Gritou apaixonado pelo seu time para que isso muda-se e foi feliz quando o Guaraciaba virou a peleja para 3×1. Loucamente feliz, comemorou. Louco…

Benditos são os loucos que ousam sonhar que suas paixões são eternas e que poderão mudar o mundo. A eles não estará garantido o reino dos céus, mas, a perdição de toda uma alegria mundana e pagã. A mesma que Helinho sentiu com a classificação de seu Guaraciaba para a final da Uniligas. Siga assim Helinho.

Seja sempre esse belo e louco. A poesia precisa de você…

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