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Dinamite + Zé Mário

15 / outubro / 2017

TIME (QUASE) IMBATÍVEL

texto: Fábio Lacerda | vídeo e edição: Daniel Planel

Um título emblemático para a história do Vasco. Foi o fim de sete anos sem o título de campeão carioca. A decisão com mais de 150 mil pessoas no Maracanã, numa quarta-feira, 28 de setembro. Neste certame, o Vasco sagrou-se campeão ao ganhar o segundo turno numa disputa de pênaltis contra o Flamengo. Naquela noite enigmática, Mazzaropi tornou-se o goleiro com o maior tempo sem ser vazado da história do futebol carioca, Zandonaide converteu a quarta cobrança jogando toda a responsabilidade às costas de Zico e deixando Roberto jogar a terra sobre o caixão rubro-negro. Foi a primeira decisão da história entre Vasco e Flamengo, ou vice-versa, como queiram!

Surge em 1977 a barreira do inferno, formada por Abel, Geraldo, no miolo de zaga, os laterais Orlando Lelé e Marco Antônio e Zé Mário, volante que aliava técnica e virilidade, eleito o melhor jogador do campeonato. Dos 25 jogos, o Vasco não sofreu gols em 23, sendo que ficou 17 partidas consecutivas a partir do penúltimo jogo do primeiro turno até a final que consagrou as mãos do goleiro de Além Paraíba e fez o maior artilheiro do Vasco a conquistar o Carioca pela primeira vez aos 23 anos.  

O fim do jejum em 1977 e a campanha do único tricampeonato carioca do Vasco têm tons dramáticos para ambos os planteis comandados por Orlando Fantoni e Jair Pereira, respectivamente. As duas equipe, no decorrer das competições, viveram o drama da morte de companheiros de equipe. Jorginho Carvoeiro, diferentemente de Denner, faleceu internado no hospital em decorrência de uma leucemia, e o intrépido e habilidoso atacante paulistano criado nas divisões de base da Portuguesa-SP, acidentado com uma batida de carro enquanto dormia no banco do carona. 

No mesmo dia 28 de setembro do ano em curso, 40 anos depois da glória no maior do mundo à época, o empresário rubro-negro, Enrique Reinoso, proprietário da rede Pizza Park, fez as honras da casa para o Museu da Pelada receber Roberto Dinamite e Zé Mário para uma saudosa volta ao tempo para recordar uma campanha irreparável de um time que todos corriam, suavam e davam o sangue por todos.

Zé Mario pode ser considerado um privilegiado dos gramados. Poucos jogadores no Brasil tiveram a chance de jogar com os maiores ídolos de três dos quatro grandes clubes do Brasil. Diferentemente do Fluminense, quando Rivellino e demais companheiros da Máquina Tricolor já carregavam às costas muita bagagem, no Vasco e Flamengo teve a honraria de vir iniciar os dois maiores artilheiros dos rivais. 

Durante a conversa, Roberto mostrou a simpatia de sempre! Brincalhão e implicando com Zé Mário sobre a idade, o jogador que vestia a camisa com cheiro de gol enalteceu a importância do meio-campista para a desenvoltura do time. Segundo Roberto, Zé Mário foi um jogador que não deixava a peteca cair, o desanimo instalar-se sobre o time dentro de campo. Atento a todos os detalhes nas quatro linhas, Roberto recordou das diversas chamadas que o “Justin Hoffmann” da Zona da Leopoldina (iniciou a carreira no Bonsucesso), apelido dado pelo padrinho do Museu da Pelada, Paulo Cezar Caju, dava nos jogadores de frente para fazer a composição compacta quando a bola estava nos pés dos adversários. Por sua vez, Zé Mário lembrou que no Vasco o presidente Agathyrno Gomes premiava os jogadores com pomposos bichos e que no período de cinco anos – entre 1972 e 1977 – ele ganhou quatro campeonatos estaduais. 

Os craques também divertiram-se com as histórias contadas sobre o eterno e folclórico massagista Pai Santana, que para ambos, foi uma das pessoas mais espetaculares que o futebol pode apresentá-los. Pode-se dizer que Zé Mário e Roberto, fazendo um paralelo com os últimos 30 anos do futebol brasileiro, são exemplos raros de jogadores que saíram de clube pequeno para ser titular em time grande e de jovens recém promovidos ao profissional garantindo com gols a titularidade absoluta. Zé Mário, revelado pelo Bonsucesso, saiu do estádio Teixeira de Castro para ser titular no Flamengo. E Roberto, em 1974, foi o único goleador dentre seis que conseguiram a honraria individual de ser o maior artilheiro de uma edição de Brasileiro aos 20 anos a levantar o troféu de campeão. 

Fico por aqui com mais uma contribuição para este portal cheio de craques colaboradores. Este time do Vasco fez-me campeão no ano que eu nasci. Com oito meses e 20 dias de vida, quem vos escreve nasceu campeão graças a uma das Sele-Vasco marcantes da história de 119 anos do Clube de Regatas Vasco da Gama. Uma homenagem a todos os campeões que envergaram a camisa cruz-maltina com tamanha gana de ser campeão, e em especial, ao Abel, que vive ainda com o drama do falecimento precoce do seu filho mais novo. Força, Abel! A mesma que você mostrava naquele time quase intransponível na defesa. Na ocasião, Abelão completara 26 anos 27 dias antes do único título conquistado com a camisa cruz-maltina. 


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