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A MARAVILHA DO ARRUDA

texto e entrevista: Evandro Sousa | fotos: Adriana Soares | vídeo: Rafael Alves edição de vídeo: Daniel Planel

 

Vivemos em um tempo que o sucesso de um jogador é instantâneo. Alguns gols, beijos na camisa, coraçãozinho na mão, alguns gritos “oooooh, fulano é o terror”, assim está pronto mais um “craque”, que logo é negociado, seguindo rumo à Europa, Oriente Médio, enfim, não existe lugar no mundo do futebol onde não exista um craque brasileiro.

Mas alcançar a alcunha de Maravilha do Arruda é necessário despertar grande admiração dos apaixonados torcedores do Santa Cruz. Assim aconteceu com Luciano Jorge Veloso, o Luciano Veloso.

Quando ainda jovem, aos 16 anos, foi levado pelo irmão mais velho, Paulo, de Pesqueira, cidade a 280 km de Recife, para o CRB, time da capital  Macéio (AL).

Passou pouco tempo e despertou interesses de outros clubes, sendo levado ainda nas categorias de base para o Santa Cruz, do Recife, onde de 1965 a 1975 foi um dos protagonistas do pentacampeonato pernambucano, com 174 gols em 409 jogos. 

O Talento

Meio-campo de armação, clássico camisa 10, excelente técnica e chute muito forte, Luciano Veloso é de um tempo em que a camisa 10 não era markerting, mas a marca de quem tinha qualidade e muito futebol. Uma geração que tinha Ademir da Guia (Palmeiras), Forlán ( São Paulo), Palhinha (Cruzeiro),  Pelé (Santos) e tantos outros craques. Mesmo assim, conseguiu destacar-se, sendo pré-relacionado na lista dos 40 da CBF para a Copa do Mundo de 1970.

– Só em estar na mesma lista de Ademir da Guia representa muita coisa.

Corinthians Paulista

Após de dez anos de destaque no Santa Cruz, despertou interesse do Corinthians Paulista, para onde foi em 1977, tornando-se campeão estadual depois do clube passar uma “seca” de 23 anos sem um título.  Um título inédito que não só mudou a história do clube, mas que também a sua vida.

– Quando fui contratado pelo Corinthians e cheguei no aeroporto em São Paulo, o motorista de táxi disse: “será que é mais um jogador?”. Então respondi que não vim para ser gozado, vim pra fazer história.

Luciano Coalhada

No Corinthians ganhou a alcunha de Luciano Coalhada, por dizerem que parecia com um personagem de Chico Anizio, chamado Coalhada, que fazia o papel de jogador de futebol famoso que estava sempre bêbado.

Mas Luciano não gostava e até hoje não gosta, pois para ele que tinha um alcunha de Maravilha do Arruda ser chamado de Coalhada era um desmerecimento, um desprezo com um nordestino.

O Segredo do chute

174 gols em 409 jogos pelo Santa Cruz tinha um segredo que Luciano nos revelou de forma inédita. O calo. Quem nunca teve um calo na vida ou tem? Luciano até hoje tem um calo ósseo que é a marca de muito treinamento de repetição de chutes a gol, que combinado com o birro da bola, era fatal para os goleiros.

Hoje com a tecnologia as bolas de futebol, são mais leves, não absorvem água como as antigas redondas de couro, que tinha no birro o meio da bola.

– Quando pegava no meio da bola (birro), com o calo, era gol!

Divisões de base

O ex-jogador também fez questão de ressaltar a importância do trabalho nas categorias de base e lembrou como era no passado:

  – Antes as preliminares eram com as equipes de juniores, e todos consideravam como uma preparação. Hoje tratam a bola muito mal, me impressiona como erram passes!

Potências do Brasil

 – Não é saudosismo, mas São Paulo, Palmeiras, Santos, Flamengo, Vasco, Fluminense, Atlético, antes podiam representar o Brasil.

Inovação

– Duque que colocou aqui em Pernambuco o treinamento de dois expediente. Diziam que era bomba que ele dava, mas o cara treinava mais que os outros, por isso ganhava.”

Hoje

Aposentado, depois de um tempo como treinador, Luciano Veloso, trabalha com uma comissão de ex-jogadores, a seleção de masters de Pernambuco, e articula sempre junto da Federação a melhoria do futebol da região.