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O TURBULENTO CENTENÁRIO

18 / agosto / 2025

por Elso Venâncio

Não há na história dos clubes brasileiros um ano tão turbulento quanto o do Flamengo em 1995. Kléber Leite chegou à presidência rubro-negra derrotando Luiz Augusto Veloso, que tentava a reeleição. A promessa de contratar alguns tetracampeões do mundo pela Seleção Brasileira começou a ser cumprida com a repatriação de Romário, então o melhor jogador do mundo. A obsessão por títulos era clara no ano do centenário do clube mais popular do Brasil. O otimismo aumentou com o título da Taça Guanabara, em que o Flamengo venceu o Botafogo por 3 a 2, com show de Romário, que marcou três gols. Esse feito garantiu ao Baixinho a denominação provisória de Rei do Rio, na disputa com Túlio Maravilha e Renato Gaúcho.

Outro grande jogador brasileiro, Edmundo foi contratado junto ao Palmeiras, indicado por Romário, por 5 milhões de dólares. Na chegada ao Rio, desfilou em carro do Corpo de Bombeiros, seguido por animais do Circo Garcia. Com Romário, Edmundo, e já tendo no elenco o talentoso Sávio, o Flamengo ostentava o que muitos chamaram de “melhor ataque do mundo”. Os salários dos atletas e funcionários eram pagos em dia, mas nem sempre o direito de imagem e luvas. Sem dinheiro e com dívidas, a diretoria rubro-negra havia reunido um pool de empresas para ter Romário. Na vinda de Edmundo, o dinheiro foi emprestado pelo Consórcio Plaza, com a promessa de construir um shopping center na Gávea, fato que nunca ocorreu. Após 20 anos, com a dívida beirando R$ 90 milhões, um acordo na Justiça foi feito pelo então presidente Eduardo Bandeira de Mello, e o clube pagou em torno de R$ 60 milhões.

A inesperada derrota no histórico Fla-Flu do gol de barriga de Renato Gaúcho, na decisão do Campeonato Estadual de 1995, trouxe consequências aos bastidores do Flamengo. Atritado com Romário e sem clima, o técnico Vanderlei Luxemburgo pediu para sair. Campeão com o Fluminense, Joel Santana foi convidado para substituí-lo, mas tinha contrato com o tricolor até o fim da temporada. Desta forma, o ex-zagueiro Edinho passou a ser o treinador, mas, com Romário e Edmundo em guerra, não fez um bom trabalho e acabou deixando o cargo precocemente.

Ainda almejado pelo Flamengo, Joel Santana manteve a sua palavra de comandar o Fluminense, mas assinou um contrato para trocar de clube a partir de janeiro de 1996. Enquanto o Flamengo aguardava Joel, quem assumiria o time? Kléber Leite convidou Washington Rodrigues. Antes, ligou para o garotinho José Carlos Araújo, pedindo autorização para contratá-lo, já que o Apolinho era o comentarista titular da Rádio Globo. Na apresentação do novo treinador, Romário caiu desmaiado no gramado e, consequentemente, não foi à Argentina enfrentar o Vélez Sarsfield, pela extinta Supercopa dos Campeões da Libertadores. Mesmo sem Romário, o Flamengo venceu. E continuou bem na competição, alcançando posteriormente a final.

A quatro dias da decisão da Supercopa dos Campeões, Edmundo se envolveu em um grave acidente na Lagoa Rodrigo de Freitas, com três mortes. Em meio ao conturbado cenário, o Flamengo ficou com o vice-campeonato do torneio internacional, mesmo vencendo o Independiente por 1 a 0, no Maracanã, já que havia perdido o jogo de ida por 2 a 0, fora de casa. No banco, Washington Rodrigues vestiu a camisa 7 de Edmundo. A temporada ainda ficou marcada pela luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, que na época tinha 24 clubes. O Flamengo foi o 21º colocado, salvando-se da queda por quatro pontos. De lembrança positiva, só mesmo o título da Taça Guanabara.

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1 Comentário

  1. João Paulo Vieira

    Ô Elso…valeu

    Responder

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