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Televisão

O FUTURO DA NARRAÇÃO NA TELEVISÃO BRASILEIRA

por André Luiz Pereira Nunes


A volta do Show do Esporte, na Rede Bandeirantes, foi extremamente comemorada pelos amantes do desporto. Idealizada por Luciano do Valle, a primeira edição perdurou décadas e contemplou diferentes modalidades como sinuca, vôlei, tênis, boxe e o futebol. Revivida após anos de hiato, completa um ano no ar, trazendo novidades como os campeonatos russo e alemão, a Copa Africana de Nações e o Mundial Interclubes.

Porém, o formato das transmissões de futebol, assemelhadas a um papo informal entre amigos no boteco da esquina, tem incomodado bastante os telespectadores. As reclamações têm sido inúmeras por parte dos internautas. O motivo: muita conversa fiada e pouca narração.

Foi exatamente o saudoso Luciano do Valle quem começou a inserir ex-jogadores nas veiculações esportivas. Como deu muito certo, a prática passou a ser estimulada pelos concorrentes. Lamentavelmente, no tocante à emissora dos Saad, a narração tem ficado ultimamente em segundo plano, enquanto sorteios de camisas, elogios, bajulações, apostas e muito papo furado dominam inteiramente as transmissões.

De acordo com o ex-narrador da Rádio Globo do Rio de Janeiro, Maurício Menezes, a figura do narrador em breve desaparecerá da TV brasileira. Segundo ele, tudo será tocado por ex-jogadores e ex-árbitros em um bar ou na casa de qualquer um deles. O que tiver mais jogo de cintura será o responsável por informar o gol. Aliás, diante de tanta mediocridade, talvez esse pequeno detalhe nem seja tão importante, pois quase todos em casa vêem quem está a assinalar os gols.


Jornalista Rafael Rezende deixa função de comentarista do SporTV (Fogão Net)

É importante frisar que o comentarista de rádio ou TV não deveria se pronunciar tantas vezes durante as transmissões. A importância da sua presença não é devida ao seu número de participações, mas pela capacidade de leitura de jogo. O poder de realizar uma análise tática é a síntese da função. A fala só deveria ser repetida quando enxergasse algo diferente que mudou ou que poderá mudar o panorama da partida.

O número cada vez mais crescente de ex-jogadores nas atrações esportivas pode ter estimulado a demissão do competente comentarista Rafael Rezende, do SporTV. Após 16 anos de casa, o jornalista se tornou responsável pela análise de jogadores no mercado para o Botafogo. Provavelmente ele enxergou um futuro promissor nessa carreira, percebendo que a chance de crescer na televisão não seria muito grande, haja vista que os boleiros dominam cada vez mais as atrações esportivas.


João Saldanha assiste ao jogo (Acervo O Globo)

Atualmente os comentaristas anseiam por falar a todo momento durante as transmissões. Não raro, repetem o que já foi dito anteriormente. Sobre isso, vale recordar o inesquecível João Saldanha, no intervalo de um Uruguai e Brasil, em Montevidéu, em que o escrete canarinho aumentou o placar ao fim do primeiro tempo, abrindo uma diferença de dois gols. O João sem Medo abriu a sua fala dizendo o seguinte:

– MEUS AMIGOS, COMEMOS ELES! Com essa frase, Saldanha definiu tudo.

ZAPEANDO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


O controle remoto tem sido um grande parceiro nos últimos tempos porque tem me livrado de algumas roubadas. Racing x Cruzeiro foi uma dessas. Assistir o azulão levando de quatro não foi bom. O camisa 10 dos argentinos fez três e comemorou com a garra típica dos hermanos. Eles jogam com alma, não há dúvida.

Dei uma zapeada e fiquei impressionado com a quantidade de programas de culinária. Tinha um que chamava-se “Pesadelo na cozinha”. Mas pesadelo viveu o Flamengo, que empatou com o River em casa. Parei um pouco no canal quando o goleiro do Flamengo se explicava. Como os goleiros do Flamengo se explicam!

Os comentaristas falavam mal de Carpegiani, que mexe mal, essas coisas. Ué, mas ele não era a salvação? Alguém disse que o Everton Ribeiro é a contratação mais cara da história do Flamengo, isso é sério? Quanto custou um Sócrates, um Pet?

Lembro que um grupo de investidores se uniu para me contratar, tinham dois bancos envolvidos e o Carlinhos Niemeyer, do Canal 100, e o Walter Clark, da Globo, se mobilizaram. Deve ter dado algo em torno de um milhão de dólares. Os tempos mudaram e os valores, em todos os sentidos, são outros.

O Grêmio empatou com um time fraquinho. Zapeei. “Hotéis Incríveis” me prendeu um pouco, afinal sempre gostei de viajar….”Mude o seu look” me segurou mais tempo ainda porque sempre me vesti com extravagância.

É sério que o Gum ainda é titular da zaga do Flu? O Santos, de Jair Ventura, empatou com o Corinthians e na coletiva ele disse que armou um esquema para vencer em jogadas de bola parada. Acho ruim ouvir isso.

A Globonews fala sobre intervenção. Meu Deus, o que fizeram com a minha cidade? Intervenção deveria haver no futebol, que coloca PhilCollins no Maraca e Fla x Flu, na Arena Pantanal.

Fluminense x Volta Redonda arrastaram 600 e poucos torcedores para um jogo tenebroso.


(Foto: Nana Moraes)

Novela eu passo direto.

O Vasco virou em cima do Boavista. Sete gols e um jogo-granja, cheio de frangos. Zapeio. No SporTv, começa Junior Barranquilla x Palmeiras e no canal Viva passa “Os Trapalhões”. Entre a truculência de Felipe Mello, escolho a poesia de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.

Largo o controle no chão e não saio mais dali.