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Marcelo Mendez

A BOLA E O RÁDIO, DOALCEY BUENO DE CAMARGO

por Marcelo Mendez


Depois de falar de Osmar Santos, Jorge Curi e Oduvaldo Cozzi, hoje a coluna “A Bola e o Rádio” tem a honra de apresentar mais um grande nome do rádio em um momento glorioso: Doalcey Bueno de Camargo é nosso homem.

Em 1972 o Fogão arrebentou com o Flamengo e no segundo gol de Fisher as coisas foram assim:

“Desce o Botafogo, Fisher de primeira disparoooooouuu é Goooooolllll, Gol do Botafogo… Vai, Amilcar…”

“A violeta é procurada pelo perfume que tem/quem tem amor tem ciúme/quem tem ciúme quer bem… Gol cristalino!”

Entre 1965 e 2009 a Rádio Tupi contou com um narrador espetacular, um Paulista do interior que fez história no rádio, que abrigou os grandes nomes da crônica esportiva, como seu parceiro de comentários Amilcar Ferreira, o “Comentarista Cristalino” que a cada gol mandava um verso tirando uma onda com o time que levava o tento.

Esse de hoje é histórico…

Em 1972 o Fogão meteu seis no Flamengo, em dia lendário. Doalcey mandou as narrações com classe, com elegância, com um estilo único que marcou para sempre os geraldinos que colavam os ouvidos para vibrar com o radialista.

Na narração escolhida, além da voz linda de Doalcey, tem o impagável Amilcar que a cada gol fazia um verso como falamos acima. O problema é que o jogo foi 6×0 e nosso comentarista, contrariado, já não tinha lá mais tantos de improviso.

No comentário, o registro de sua contrariedade. Na agulha, a coluna “A BOLA E O RÁDIO” homenageia Doalcey, o Grande!

 

A BOLA E O RÁDIO, ODUVALDO COZZI

por Marcelo Mendez


Após apresentarmos as lendas Jorge Curi e Osmar Santos, hoje, na série “A BOLA E O RÁDIO”, vamos abrir aqui para registrar o primeiro dos pop stars das narrações.

Um cara que durante as décadas de 40, 50, 60 e 70 foi o dono da parada toda. Fez propagandas, era todo galã e seus bordões viraram gírias cariocas nas mesas de bar, nas quebradas do mundo da Lapa, nos sambas do subúrbio e nas rodas do Largo da Carioca. Hoje, caro leitor do Museu da Pelada, é a vez dele…

Oduvaldo Cozzi

Esse cara foi gigante. Dono de um poder de comunicação absurdo, o paulista se radicou no Rio e fez história com os microfones das lendárias Rádios Nacional e Marynki Veiga. Dono de um repertório de palavras imenso, muito culto, usava centenas de verbetes em suas locuções e sabia falar com todos os públicos que o escutassem, fosse lá o trabalho que executasse.

É de Oduvaldo, por exemplo, o apelido dado ao grande cantor Orlando Silva,  “O Cantor Das Multidões”.

Falar de Oduvaldo no rádio esportivo é covardia. De cara, dá para dizer que sua popularidade foi tamanha, que ele empresta seu nome para batizar um viaduto próximo do Maracanã. Foi épico em suas narrações e aqui escolhemos uma delas.

O jogo era Brasil x México pela estréia do escrete canarinho naquela Copa do Mundo. Jogo no Chile, no lendário Estádio Salsalito, e o grande narrador, muito bravo com a torcida que segundo o próprio, não estava la fazendo o seu papel que era torcer:

– Agora grito eu!!

Na hora do gol de Zagallo, o primeiro do Brasil na Copa, Oduvaldo dá uma cutucada no povo… Segue então a sua narração para o gol do Velho Lobo na Copa de 1962 e nossa homenagem para esse cara que nada mais é do que uma lenda na história do rádio.

Da Bola e do Rádio…

A BOLA E O RÁDIO, JORGE CURI

por Marcelo Mendez


“La vai o Vampiro!!”

Houve um tempo em que a rádio que você escolhia era mais importante que o próprio jogo. E nesse tempo cada emissora tinha lá a sua fera. Hoje, como vamos falar de Flamengo, a fera tinha que ser ele, tinha que ser o cara que parou com essa onda aí de zagueiro de nome Mozer para imortalizar o Vampiro…

Jorge Curi, o canhão da Globo AM Rio, é o personagem do ” A Bola e o Rádio” de hoje.

Curi era mineiro de Caxambu, onde começou sua carreira. De lá saiu para o Rio de Janeiro para fazer um teste na lendária Rádio Nacional, ficando por lá até 1972 quando se transferiu para fazer história na Rádio Globo. Com ele não tinha muito isso de parcialidade nada… nunca escondeu que seu maior amor era gritar gol para seu Flamengo.

Para o dia de hoje, vou aqui relembrar de uma noite de dezembro de 1981 quando a gente lá em casa lutava para virar a antena (em 1981 tinha isso viu, gente? Virar a antena de cima da casa pra acertar a imagem e televisão ainda tinha seletor de canais) pra acertar a imagem do jogo e o super rádio de meu avô, fincado pra caçar a Rádio Globo Rio.

Foi o dia que Flamengão do Curi ganhou o mundo e botou a inglesada pra correr atrás da bola. Segue a narração do Mestre para o dia do 3×0 em cima dos gringos e o Flamengo campeão do mundo.

 

 

 

A BOLA E O RÁDIO, OSMAR SANTOS

por Marcelo Mendez


Os rádios de pilha eram amigos inseparáveis dos torcedores

Houve um tempo em que não havia jogos transmitidos ao vivo.

Aliás, houve um tempo que a vida era vivida, que ninguém ficava com a fuça enterrada numa tela de celular ou de TV, as pessoas se freqüentavam, se abraçavam, não havia essa interatividade toda e vejam, ainda assim todo mundo se ajeitava muito bem.

Por esses tempos, para nós que gostávamos de futebol, tinha o rádio, a boa e velha Rádio AM para cuidar de nossas emoções e nos guiar rumo ao gol do outro time, para jogar de zagueiro quando éramos atacados e afins. 

Para homenagear esses tempos e esses caras, estamos aqui a começar a coluna “A Bola e o Rádio” e relembrar desses momentos onde o gol não seria tão gol se não fossem esses caras.

Então vamos começar os trabalhos…

OSMAR SANTOS, O PAI DA MATÉRIA

De moleque eu me recordo do Osmar…


Osmar Santos

Em São Paulo, nos anos 80, não poderia ter futebol se não tivesse o Osmar Santos a narrar os jogos pelo canhão que era a Rádio Globo 1100 AM. Sempre acompanhei as suas milhares de gags, suas tiradas sensacionais, sua velocidade para narrar e toda a emoção a milhão que ele passava. 

Não demorou para a gente protagonizar nossa história…

O ano era 1986.

O meu Palmeiras amargava o décimo ano de uma fila que começava a incomodar e ali, com aquele nosso time que tinha entre outros Eder, Jorginho, Wagner Bacharel, Edu e Edmar, havia a possibilidade de acabar com isso. No meio do caminho, na semifinal, nosso maior rival; Corinthians. Um time bem ruim, com jogadores como os zagueiros Edivaldo, Paulo, os meias Cristovão, Biro Biro e afins.

No primeiro jogo, eles venceram o Palmeiras por 1×0 em uma arbitragem desastrosa de um maldito de nome Ulisses Tavares da Silva, que entre outras coisas deu escanteio em uma jogada que o zagueiro do Corinthians espalmou um chute de Mirandinha pela linha de fundo!!

Mas tudo bem…

Quando o jogo acabou meu pai veio a meu quarto e falou; “Quarta feira, vamos ao jogo”.

Opaaa!!! Era questão de honra e fomos!

No Morumbi lotado até as tampas, o jogo começou. Palmeiras em cima e Carlos, goleiro da seleção pegando tudo. Ficamos na numerada inferior com todo mundo junto e um corinthiano me enchendo o saco até a hora que Mirandinha entrou. Daí pra frente, ele deitou em cima da zaga corinthiana, meteu gols e bom, agora é com o Osmar. 

Segue a narração do Pai do matéria, para imortalizar o que seria só um jogo de bola, mas virou, então, “O Clássico da Justiça”

PARABÉNS, TOSTÃO

texto: Marcelo Mendez | fotos: Revista do Cruzeiro


Eu não vi Tostão jogar.

Li muito mais sobre o camisa 9/10 do que o assisti em campo. Talvez por isso não o imagino quando revejo seus golaços, mas o reencontro em mim, no meu coração e nas minhas memórias afetivas quando leio Marcel Proust.

Não sei qual o motivo.

Talvez pela obsessão em comum, pela sanha em alcançar a substância do tempo para poder se subtrair de sua lei, seja pela sanha de tentar apreender, pela escrita, a essência de uma realidade escondida no inconsciente recriada pelo nosso pensamento, seja pela magnitude de um gol seu, de uma caneta ou uma cotovelada dada em um inglês na hora do passe, seja por tudo:

Tostão é a essência da busca de um tempo perdido.

De um futebol que não se joga mais, de um poema que não pode mais ser escrito, de um verso que não é mais declamado, de um tempo em sonhos que não se pode mais ser sonhado; Tostão em campo ou, na caneta a bordo de sua coluna, de suas crônicas é incessante busca do encanto que se perdeu.

Hoje, ao completar seus 70 anos de idade, muito, mas muito mais do que saudar o grande craque que ele foi, eu venho ao Museu da Pelada saudar o gênio que ele segue sendo. Agradecer a vida por tê-lo em nosso dia a dia, em nosso cotidiano meramente mortal, nos dando a honra de dividir suas letras.

Por tudo isso, saúdo Tostão em seu aniversário, um homem que para mim é muito maior que Marcel Proust, por que oras…

O francês não foi tri campeão do mundo…

Parabéns, craque!


“A tabelinha de Pelé e Tostão confirma a existência de Deus”. – Armando Nogueira (Foto: Reprodução Internet)