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AINDA BEM QUE NÓS TEMOS O MARCÃO

por Zé Roberto Padilha


Em meio a insanidade dos nossos dirigentes, que vivem a trocar treinadores para desviar o foco de suas incoerências administrativas, e levam um grupo construído na pré-temporada a se desmanchar pelas sucessivas competições devido ao desconhecimento dos que assumem o leme de um barco sem um manual de instruções, para sorte do Fluminense existe o Marcão.

Foi ele, como treinador interino, em meio a saída de Odair Hellman, que montou o barco e a chegada de quem passou a dirigi-lo (Roger Machado), sendo capaz de manter o equilíbrio entre a velha e a jovem guarda.

E não perder o entrosamento, este fundamental quesito de um grupo que não está à venda mesmo com a abertura de todas as janelas.

Foi ele que bancou a permanência do Nenê, Fred, Egídio, ao mesmo tempo que renovava os votos de confiança nos meninos de Xerém.

Sem ele, com sua humildade, sensatez e amor ao clube, dificilmente o Fluminense alcançaria a solidez tática que, hoje, o credencia para disputar o título tão almejado da Libertadores da América.

Já ao Botafogo, que se arrasta desentrosado e amargando maus resultados, faltou um Marcão na sua transição. Do elenco que disputou o estadual, apenas três jogadores foram mantidos para a disputa da Série B.

Isto é, jogou-se no lixo uma boa equipe e foi buscar cacos de outras quando os que chegaram pela porta da frente, como solução, não conversaram com os que saíram pela outra dos fundos.

Uma comissão técnica que não tem um governo de transição, muito menos um Marcão, transforma jogos decisivos em testes, e a bola, vocês sabem, não perdoa, pune.

Que todos os clubes se mirem no exemplo tricolor. Porque treinadores passam, a história do clube deve ser perpetuada por aqueles que vestiram sua história.

Escolham seus Leônidas, Zé Marios, Titas, Eduzinhos, que honraram seus clubes dentro e fora de campo, deram exemplos de postura e seriedade, e os nomeiem para ocupar essa faixa de gaza.

Um olhar palestino dos refugiados da insensatez dos cartolas, em meio aos conflitos entre os egípcios demitidos e a comissão técnica israelense recém contratada.

A paz, sem protestos, bombas ou muros pichados, será mais duradoura nos clubes de futebol que tiverem seu Marcão de prontidão.

DOIDO, SIM. DESEMPREGADO, NÃO

por Zé Roberto Padilha


Lisca sabe que a equipe do Vasco está montada. E definida. Pouca coisa tem a fazer a não ser beliscar os jogadores nas preleções. E tentar motivá-los gritando como um doido à beira do campo.

Serão gestos teatrais de um artista da bola que vão se constituir na nova atração da segunda divisão.

São engraçados, fazem parte do seu arsenal midiático que agrada os torcedores quando seu time está ganhando. Quando perde, não sabemos porque é demitido. E nada mais.

Bem ou mal, como um carro de Fórmula 1 testado em Jerez de Lá Frontera, onde as grandes equipes apresentam suas novidades todo começo de ano, foi na pré-temporada que os jogadores do plantel vascaíno foram escolhidos.

Um sistema tático definido. Não há como fazer milagres em um time que você não indicou os motores, os freios, a suspensão.

Marcelo Cabo era o Vettel que foi trocado. O cockpit tinha suas medidas, sabia que os pneus se deteriorariam no segundo tempo e que abrir a asa para ultrapassar qualquer time na tabela precisaria do Benitez. E do Marrone.

Um foi para a Lotus. O outro para o São Paulo.

Lisca não terá um time para chamar de seu. Ele sabe disso e colocou em risco seu currículo. Mas e os colégios das crianças? A primeira parcela do IR, a cota do IPTU, o IPVA?

Ele será apenas mais um piloto que arrumou um emprego na reta oposta do Campeonato Brasileiro. E que irá, pelos autódromos do país, se equilibrar ao volante de um carro que mal conhece suas peças pelo nome.

O problema maior do Vasco, a esta altura da Serie B, é que a Mercedes dos Aflitos não trocou seu piloto. Hamilton dos Anjos tem o carro nas mãos. Desde os testes, até a concepção. Seu time está voando nas pistas.

Restará ao Lisca pagar as suas contas em dia.

E evitar que seu time caia para a F3 ao não derrapar nas curvas dos autódromos em que irá dirigir seu desconhecido team daqui pra frente.

DANÇA DAS CADEIRAS DE TREINADORES AGITA FUTEBOL BRASILEIRO

por André Luiz Pereira Nunes


Novamente o mercado da bola se agita com as mudanças no comando técnico dos clubes cariocas que disputam o Campeonato Nacional. O Flamengo, após a polêmica e rumorosa demissão de Rogério Ceni, encontrou em Renato Gaúcho o nome certo para a sua redenção. Já o Botafogo, em péssima fase e com elenco sofrível, dispensou Marcelo Chamusca. Joel Santana deverá ser a bola da vez, enquanto o depauperado Vasco se livrou de Marcelo Cabo e busca em Lisca a solução para o seu fraquíssimo plantel. Não será a primeira vez nessa temporada que o clube de São Januário anseia pelos seus serviços. Na lista que continha Marcelo Cabo, Lisca “Doido” era um dos nomes mais cotados pela direção vascaína.

Nas antigas histórias de investigação, à la Sherlock Holmes, o culpado é sempre o mordomo. Em se tratando de futebol brasileiro é o treinador, pejorativamente chamado de “treineiro” pelos torcedores.

Habitualmente essas mudanças costumam trazer sangue novo. Principalmente quando a relação entre técnico, elenco e torcida já não é das melhores, como ocorreu no Flamengo. Porém, quando a qualidade do time é fraca, caso de Botafogo e Vasco, provavelmente não será um novo nome que fará algum milagre.

O Brasil vivencia uma evidente entressafra de talentos dentro e fora do campo. Há quem considere que trazer treinadores de fora evidenciaria o preconceito ou desprestígio com os profissionais domésticos. Mas, por outro lado, a opção por estrangeiros poderá trazer novos padrões que sejam enriquecedores para combater a mesmice e a previsibilidade que ora assolam o nosso futebol. Afinal de contas, estamos a um ano de uma Copa do Mundo e não temos o que mostrar.

OBRIGADO, NÁUTICO

por Zé Roberto Padilha


Amamos o futebol mesmo antes de escolher o clube do nosso coração. E seja na alta ou na baixa estação, safra ou entressafra de grandes craques, corremos para a tevê em busca da nossa maior paixão.

Mesmo pessimistas diante do atual momento do futebol brasileiro, em que as equipes que nos concedem prazer de ver jogar precisam vender um Gerson para fechar o balanço, outras se desfazem de suas jóias lapidadas em Xerém para colocar a folha em dia, aceitamos o convite da Globo e fomos assistir Vasco x Náutico.

E acabamos surpeendidos com uma exibição de gala da equipe pernambucana. O primeiro tempo do Náutico, impecável em todos os aspectos, deve ser gravado e exibido em cada escolinha de futebol do país.

Não por acaso, está invicto há muitos jogos e lidera com folgas a Série B. Um time formado por bons e experientes jogadores, comandado por um treinador cascudo, que se encaixaram como uma luva num sistema de jogo veloz, intenso e audacioso. Mesmo em São Januário, nem tomaram conhecimento do tamanho do Vasco.

E estão com prazer de jogar.

Acontece a cada passagem do cometa Halley a aparição de um time assim. O São Paulo, de Rai, Silas e Muller, o Flamengo, de 81, a Academia do Palmeiras, de Dudu e Ademir da Guia, a Maquina Tricolor, de Roberto Rivelino, foram equipes que deixaram um rastro de brilho pelos gramados.

Sem exageros, o Náutico tranquilamente poderia estar na primeira divisão e disputando a Libertadores.

Não é fácil alcançar um nível de entrosamento assim. Que seus dirigentes consigam manter o elenco, prestigiar seu treinador, para que outras exibições como a do fim de semana nos façam readquirir a confiança no futebol brasileiro.

Parabéns, Náutico, e obrigado por nos oferecer o melhor programa e a maior surpresa do domingo.

O FIM DE 21 ANOS DE ESCURIDÃO

por Luis Filipe Chateaubriand


Naquela noite de quarta-feira de 1989, Flamengo e Botafogo adentravam o campo do Maracanã para fazer um jogo singular.

Se desse empate ou o Flamengo vencesse, haveria uma nova partida no domingo, para se decidir o título.

Se o Botafogo vencesse, seria campeão naquela noite.

Havia 21 anos que o Botafogo não conquistava o título de Campeão Carioca, o clube de General Severiano buscava interromper a fila.

No papel, o time do Flamengo era melhor, bons jogadores, liderados pelos craques Zico e Bebeto.

O Botafogo tinha um time mais limitado, porém bastante aguerrido e organizado taticamente.

Começa o jogo, e se vê um amplo domínio do Flamengo, mas sem chances de gol significativas.

Assim, o primeiro tempo terminou, mesmo, em 0 x 0.

Começa o segundo tempo, e o Flamengo continua melhor.

Mas Zico, já veterano, sente o esforço, e é obrigado a sair do jogo.

Bate uma falta com perigo, rente ao gol, e em seguida é substituído.

A saída do maior craque parecia um mau presságio para o rubro negro.

Eis que, logo após a saída de Zico, o Botafogo ataca pela esquerda, Mazolinha cruza a bola para a área de pé trocado e Maurício, o ponta direita, emenda para o gol.

Botafogo 1 x 0.

Daí em diante, os jogadores botafoguenses “amarraram” o jogo, o Flamengo não conseguiu criar mais nada, e o Botafogo venceu!

Depois de 21 anos, o Clube da Estrela Solitária conquistava, epicamente, o Campeonato Carioca!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!