por Fabio Lacerda
Edição: Marcos Vinicius Cabral

Chato. É a melhor definição que encontrei para dar título ao artigo que decidi escrever.
Chato, enfadonho, maçante, tedioso e sacal (termo este que o carioca inventou para caracterizar todos os adjetivos citados acima). Saudades do tempo que não vivi!
Não bastasse a zorra generalizada que é o futebol brasileiro, cujos erros, muitas vezes soam como propositais, seja nas gestões, na Comissão de Arbitragem, elaboração do calendário, nas mazelas que assombram o jogo jogado e as empresas de apostas on-line).
Há anos que os jornalistas estão podados de utilizar a criatividade nos textos para impressos e sites, nas narrativas para as emissoras de rádio, nas imagens para televisão e redes sociais.
Entediados conteúdos são protagonistas de um período que somente técnicos ou diretor de futebol se dirigem às salas de imprensa para a entrevista coletiva que vem ficando caracterizada como “fala muito e não diz nada”.
Desde que os jogadores, os artistas dos espetáculos nos palcos de barbáries Brasil afora foram colocados para escanteio nas entrevistas pós-jogo, o conteúdo jornalístico vem sofrendo contínuos ataques.
Nas salas de imprensa, vimos as mídias tradicionais sendo engolidas pelas mídias propostas pelas redes sociais. Vimos jornalistas fazendo ensejos longos antes das duas perguntas travestidas de uma. E a cereja do bolo é que todo técnico tem as respostas na ponta da língua.
Quero estar vivo para vir o dia que um técnico tiver a humildade de dizer que não sabe responder ou que não havia pensado naquele questionamento, será o primeiro passo para uma relação mais informativa entre jornalismo, clubes e leitores.
Tenho saudades do tempo que não vivi. Tempo esse que remete ao passado que sequer meu pai e minha mãe pensaram em filhos. Saudades, por exemplo, de Didi, já bicampeão mundial, abrir a porta de casa para receber jornalistas e pedir à esposa com o mesmo carinho que tratava a bola para servir um cafezinho. Saudades de quando o jornalista não era cerceado e cercado como um boi no pasto e poderia entrevistar quem ele quisesse sem ordem expressa autoritária dos departamentos de Comunicação e Marketing. Sem falar naquela liberação de 15 minutos para a imprensa televisiva capturar imagens de “petecada” na bola, peteleco nas orelhas e uma seleção de besteiras promovidas pelos pop stars do esporte brasileiro.
É tempo de resgatar este saudosismo e liberar por tempo determinado os jornalistas de abordarem os atletas, dirigentes ou qualquer agente envolvido com o futebol. A imprensa esportiva brasileira está de mãos atadas. Seja para pegar na caneta, seja para apertar o botão de gravação dos dispositivos eletrônicos e tecnológicos, e até mesmo para agendar uma entrevista. A exclusiva virou artigo de luxo. O futebol sobrevive, mas o que o norteia já morreu há tempos!
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