por Elso Venâncio

A grosseria do ex-goleiro Leão, que se intitula aposentado como treinador, e de Oswaldo de Oliveira, que está fora do futebol desde 2019, demonstra a angústia e o rancor de alguns técnicos brasileiros, que perderam prestígio e vêm sendo ofuscados por concorrentes europeus que chegam ao país. Jorge Jesus, no Flamengo; Abel Ferreira, no Palmeiras; e Arthur Jorge, no Botafogo, conquistaram títulos de expressão. Com isso, a busca de profissionais no exterior se tornou ainda mais iminente. A milionária CBF, por exemplo, jogou pesado para apostar no vitorioso Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira.
Em sua passagem pelo Flamengo, Jorge Jesus solicitou a sequência dos voos fretados, minimizando o desgaste diante da maratona de jogos. Outros grandes clube seguiram a medida. Hoje, Palmeiras e São Paulo têm aviões próprios, para os destinos nacionais e internacionais.
Na nossa penúltima conquista de Copa do Mundo, em 1994, Carlos Alberto Parreira declarou que os brasileiros tinham aprendido a marcar com os europeus. Uma posição na contramão do admirado futebol-arte, ofensivo, que dava espetáculo e conquistava títulos. Treinadores se tornaram “reis” e campeões armando times não com dois, mas com três cabeças de área. Os pontas ofensivos e os camisas 10 praticamente desapareceram.
A concorrência estrangeira fez bem ao nosso futebol. Em 2019, Jorge Jesus colocou o Flamengo no ataque, com pontas e marcação intensa no campo do adversário. Emerson Leão só acertou ao dizer que o mercado foi invadido pelos estrangeiros por culpa dos colegas brasileiros.
Na Seleção, Ancelotti já tem o grupo que vai levar para a próxima Copa. Ele declara que 18 estão garantidos. Não vai fugir muito das últimas convocações e até das incoerências, como Danilo e Alex Sandro, que vão fazer 35 anos. Richarlison de novo? Outra coisa difícil de entender é a convocação de jogadores de Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro durante a reta decisiva do Campeonato Brasileiro. Por desconhecer o nosso futebol, o treinador italiano deveria ter um coordenador brasileiro ao seu lado. Também evitaria, com isso, a repetição de nomes contestados que atuam no exterior. Um erro na preparação dos últimos mundiais é o receio de renovar. Por isso, Roque Júnior foi bem lembrado. A presença de Ancelotti cala críticas que seriam feitas a um técnico brasileiro.
Na Copa do ano que vem, haverá 48 seleções, divididas em 12 grupos. As duas melhores de cada chave passarão à fase seguinte, bem como as oito melhores terceiras colocadas. Desde o pentacampeonato, em 2002, o Brasil tem encontrado dificuldade em confrontos eliminatórios com equipes da Europa. Vai ser preciso superar esse histórico para sonhar com o hexa.
Nas últimas Datas FIFA deste ano, a Seleção fará amistosos com Senegal, no próximo sábado, em Londres,
e a Tunísia, dia 18, na França. Mês que vem, vamos conhecer os grupos e os adversários da Copa de 2026. A disputa será em 16 cidades, de três países: Canadá, México e Estados Unidos. Você está confiante?
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