Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

ZAGALLO X ROMÁRIO

26 / agosto / 2025

por Elso Venâncio

Zagallo e Parreira estão no quarto do Romário, em dezembro de 1992, antes de um amistoso da Seleção Brasileira com a Alemanha, em Porto Alegre. Goleador do PSV, o Baixinho jogou por cinco temporadas no futebol holandês antes de se transferir para o Barcelona, da Espanha. Preterido por Bebeto, do La Coruña, e Careca, do Napoli, deu declarações de que não faria sentido sair da Europa para ser reserva na Seleção, que na época se preparava para a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. A insatisfação foi confirmada por Romário aos treinadores, lembrando que nunca havia esquentado banco na carreira. Os novos comandantes da Seleção nunca esqueceriam a sinceridade do marrento atacante.

Alguns fatos ajudaram a mudar a história do Baixinho com a camisa brasileira. Em julho de 1993, o Brasil estreou nas Eliminatórias da Copa perdendo por 2 a 0 para a Bolívia, em La Paz. Um resultado surpreendente, pois aquela foi a primeira derrota do país na história da competição. Em seguida, veio o empate por 0 a 0 com o Equador. Acuado com as críticas e sem contar com Romário, que já era ídolo no Barcelona, Parreira resolveu entregar o cargo de treinador. Só permaneceu após ser convencido pelo coordenador, Zagallo, e pelos jogadores mais experientes do grupo, como Dunga e Ricardo Rocha.

Mais longevo técnico do Barcelona, Johan Cruijff considerava Romário o maior talento que comandou. “Gênio na grande área”, dizia o treinador, que comandou o clube catalão por oito temporadas. No período pré-Copa, havia um clamor nacional para o Baixinho ser convocado ao último jogo das Eliminatórias, contra o Uruguai, em que só a vitória classificaria o Brasil. Após uma contusão de Müller, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, interferiu e foi o responsável pela convocação de Romário.

No domingo, dia 19 de setembro de 1993, Romário fez o melhor jogo de toda a sua carreira e uma das melhores apresentações individuais de um atleta no Maracanã. Foi o autor dos dois gols na vitória brasileira por 2 a 0 — o primeiro, de cabeça, e o segundo, driblando o goleiro Siboldi antes de concluir. A atuação lhe garantiu o status de astro da Seleção Brasileira.

Nos Estados Unidos, Romário e Bebeto fizeram oito dos 11 gols marcados pelo Brasil na Copa, comprovando que eram os grandes atacantes do futebol mundial. O Baixinho balançou a rede cinco vezes naquele Mundial, conduzindo a Seleção ao tetracampeonato.

Após a conquista, Zagallo assumiu a função de técnico e convocou Romário, o melhor jogador do mundo, para um amistoso com a Eslováquia, em Fortaleza. Repatriado pelo Flamengo, o craque se esquivou. “Só voltarei à Seleção na Olimpíada de 1996”, disse. Foi motivo suficiente para o retorno das desavenças com Zagallo, que ficou insatisfeito. Nesse período, Romário deixou de jogar uma Copa América, amistosos e um torneio dos Estados Unidos. Quando decidiu mudar de ideia e pediu para ser convocado, foi ignorado por Zagallo, que o manteve de fora por um ano, dois, dois e meio…

Num belo dia, o “Jornal do Brasil” estampou a seguinte manchete: “Romário está de volta à Seleção”, matéria do saudoso Oldemário Touguinhó. Os concorrentes, por sua vez, garantiam o contrário: “Romário continua fora”. Quem acabou com o mistério foi Zagallo, anunciando Romário como o primeiro nome para o amistoso com a Polônia, em Goiânia. Ao chegar à redação do “JB”, Oldemário foi aplaudido de pé. “O que é isso? Por que isso?”, perguntou, antes de chorar copiosamente. Uma emoção marcante para o jornalista, já reconhecido com dois prêmios Esso.

Zagallo não levou Romário aos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, e apoiou seu corte por contusão na Copa do Mundo da França, em 1998. O jogador, que apostava na recuperação, colocou no banheiro da sua boate Café do Gol, na Barra, caricaturas de Zagallo sentado no vaso sanitário, e de Zico, coordenador do Brasil na Copa, com um rolo de papel higiênico nas mãos.

Vanderlei Luxemburgo, o técnico na Olimpíada de Sidney, em 2000, foi outro a deixar Romário de fora da convocação, assim como Felipão também não o levou à Copa de 2002, no Japão e na Coreia do Sul. O que ficou para a história foi mesmo o protagonismo no Mundial de 1994, em que o Baixinho foi verdadeiramente o cara.

TAGS:

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *