por Elso Venâncio

Tudo bem que a Seleção Brasileira estava classificada para a próxima Copa do Mundo desde o dia 10 de junho, quando venceu o Paraguai por 1 a 0 e conquistou o seu objetivo com duas rodadas de antecedência. Mas a impressão que se tem, a nove meses do Mundial, não chega a ser animadora. Apesar da vitória por 3 a 0 sobre o Chile, o jogo seguinte foi preocupante, fechando as Eliminatórias com derrota para a Bolívia — algo que não ocorria desde 1993.
Com o aumento de participantes de 32 para 48, estar na Copa do Mundo não é mais do que obrigação para países como Brasil, Argentina e Uruguai. Considerando o nível técnico de seleções inferiores da América do Sul, seria mais difícil ficar de fora do que se classificar. Dito isso, não se pode normalizar que o Brasil se classifique apenas como quinto colocado. Os 28 pontos somados em 18 partidas representaram o pior desempenho brasileiro na história das Eliminatórias, com 51% de aproveitamento. Tudo bem que Ancelotti poupou titulares no último compromisso. Mas também é verdade que o quinto lugar nos obrigaria a disputar uma repescagem no antigo formato de classificação.
Desde a chegada do técnico italiano, a Seleção Brasileira soma duas vitórias, um empate e uma derrota. Como têm sido promovidos testes de vários jogadores, ainda é cedo para uma projeção do que veremos em 2026. É mais justo lembrar que os problemas se acumularam durante todo o ciclo para a Copa. Desde 2022, Ancelotti é o quinto técnico a comandar o Brasil. Depois que Tite deixou o cargo, Ramon Menezes teve uma passagem rápida, com dois jogos interinamente. Fernando Diniz foi outro técnico interino, mas por um ano e meio, se dividindo entre a Seleção e o Fluminense. Dorival Júnior, por sua vez, teve status de treinador efetivo, mas não resistiu à acachapante derrota por 4 a 1 para a Argentina. Enfim, chegou Ancelotti, encerrando uma novela respaldada pelo presidente anterior da CBF, que acabou afastado.
Se os erros foram muitos, é hora de deixá-los no passado. Por mais que incomode, a campanha ruim não tirou do Brasil o direito de ser cabeça de chave na Copa do Mundo. Isso já indica um grupo tranquilo na primeira fase, abrindo caminho para se classificar às oitavas de final sem sustos. Das oitavas em diante, não tem mais jogo fácil, e se quiser ser hexa, em algum momento o Brasil terá que superar uma grande seleção europeia — o que não acontece em um mata-mata de Copa desde 2002.
Por falar em 2002, as Eliminatórias para aquele Mundial eram justamente as de pior desempenho do Brasil até agora. Só que o terceiro lugar da época, com 30 pontos, não impediu que a Seleção se reestruturasse e fosse em busca do pentacampeonato, no Japão e na Coreia do Sul. Para você, Ancelotti é capaz de repetir Felipão e nos trazer o hexa?
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