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TOSTÃO DERROTA O REI

19 / maio / 2025

por Elso Venâncio

O fantástico Cruzeiro de Tostão mudou a cultura do futebol brasileiro. Antes do Esquadrão que brilhou na decisão da Taça Brasil de 1966, só eram convocados para a Seleção Brasileira jogadores do eixo Rio-São Paulo

O Cruzeiro de Tostão, Piazza e Dirceu Lopes foi um dos maiores esquadrões do mundo da bola. Brilhou na década de 1960, mudando a cultura do nosso futebol, que antes se resumia às forças dos times cariocas e paulistas. Tostão tornou-se o primeiro atleta de Minas Gerais a ser convocado para um Mundial jogando por um clube mineiro. Ele não só disputou, como era um dos principais jogadores do Brasil na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra.

A Seleção Brasileira que conquistou o tricampeonato mundial no México, em 1970, tinha dois titulares do Cruzeiro. Tostão e Piazza foram escalados em novas funções. Eleito pelos ingleses “o

maior jogador da Copa”, Tostão era meia e, por ser da mesma posição de Pelé, jogou adiantado, como precursor do falso centroavante. Já Piazza, titular no meio-campo com João Saldanha nas Eliminatórias, passou a formar a zaga de área com Brito quando Zagallo assumiu, a menos de três meses do

Mundial. O técnico surpreendeu ao cortar Dirceu Lopes, posteriormente conhecido como “o craque que não jogou Copa”.

Raul; Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira. Foi com essa formação que o Cruzeiro começou a decidir a Taça Brasil de 1966, equivalente ao Campeonato Brasileiro de hoje, e chocou o país do futebol ao golear o Santos, o maior time

do mundo na época, por 6 a 2. Um jogo histórico, disputado no dia 30 de novembro, no Mineirão. Dirceu Lopes foi o destaque, marcando três gols.

Na partida de volta, no Pacaembu, o Santos venceu o primeiro tempo por 2 a 0, gols de Pelé e Toninho Guerreiro. No intervalo, o folclórico Mendonça Falcão, presidente da Federação Paulista, e o presidente do Santos, Athiê Jorge Coury, procuraram Felício Brandi sugerindo o terceiro jogo (tira-teima) no Maracanã. Irritado, o presidente do Cruzeiro foi para o vestiário e, aos gritos, contou o ocorrido e motivou seus jogadores. A medida funcionou, pois no segundo tempo os mineiros reagiram, dominaram os adversários e viraram de forma espetacular, com gols de Tostão, Dirceu Lopes e Natal. Desta forma, a Raposa desbancou a hegemonia do Santos e conquistou o seu primeiro título nacional.

No vestiário, após a conquista, o craque Tostão lembrava emocionado que, antes da Copa na Inglaterra, seu pai queria realizar o sonho de conhecer Pelé e foi a Caxambu, no sul de Minas, onde a Seleção treinava. Ao ser apresentado pelo filho ao Rei do Futebol, Seu Oswaldo chorou como criança. Agora, Tostão tinha derrotado o ídolo do pai. A repercussão foi tão grande que a imprensa passou a discutir sobre qual era o grande time do planeta: o Santos, de Pelé; o Real Madrid, de Di Stefano; ou o fantástico Cruzeiro, de Tostão.

Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, deixou os gramados aos 26 anos, em 1973, menos de um ano após ser comprado pelo Vasco. O motivo foi uma  inflamação na retina, que o incomodava desde a conquista do tricampeonato pelo Brasil. Revelado pelo América Mineiro, o maior jogador da história do Cruzeiro formou-se em medicina. Atualmente, Tostão está com 78 anos e mora em Belo Horizonte.

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