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SAMBA RUBRO-NEGRO

11 / agosto / 2025

por Elso Venâncio

Gigante compositor, Wilson Batista é bastante mencionado por ter integrado a boemia da Lapa e por conta da sua polêmica com Noel Rosa, de quem foi rival na música, na malandragem e em conquistas amorosas. Mas o que vamos evidenciar hoje é a sua paixão pelo Flamengo, clube que homenageou em várias canções. Em uma delas, chamou o parceiro Jorge de Castro para dar ênfase ao bicampeonato carioca de 1953 e 1954, que viraria tri em 1955. Assim nasceu o “Samba Rubro-Negro”:

“Flamengo joga amanhã, eu vou pra lá / 

Vai haver mais um baile no Maracanã! / 

O mais querido tem Rubens, Dequinha e Pavão /

Eu já rezei pra São Jorge, pro Mengo ser campeão”.

O sucesso explodiu no Carnaval de 1955, ano em que o Flamengo sagrou-se o primeiro tricampeão da história do Maracanã. O time, comandado pelo lendário técnico paraguaio Fleitas Solich, chegou ao título vencendo o America por 4 a 1, com quatro gols de Dida na final. Era a consagração do próprio Dida e do também craque Evaristo de Macedo como ídolos eternos do clube de maior torcida do Brasil.

Durante o longo Campeonato Carioca, que começou em agosto de 1955 e só terminou em abril do ano seguinte, o então presidente do Flamengo, Gilberto Cardoso, sofreu um infarto. O fato ocorreu por conta de uma partida decisiva no basquete, em que Guguta fez a cesta da vitória sobre o Sírio e Libanês, no Maracanãzinho, garantindo ao clube da Gávea o pentacampeonato estadual da modalidade. Gilberto ainda chegou a ser atendido em um pronto-socorro, mas não resistiu aos impactos da emoção.

Palco do título rubro-negro com ares de tragédia, o ginásio do Maracanãzinho passou a se chamar Gilberto Cardoso após o ocorrido. Outra homenagem foi feita pela torcida do Flamengo meses mais tarde, quando se confirmou o tricampeonato no futebol. Empolgada, a Nação saiu direto do Maracanã para o Cemitério São João Batista, comemorando o título no túmulo do histórico presidente.

Cantado em bares e cabarés, o “Samba Rubro-Negro” migrou para as arquibancadas. Seu refrão soa forte: “Pode chover, pode o sol me queimar / Que eu vou pra ver a Charanga do Jaime tocar / Flamengo! Flamengo! Tua glória é lutar”, no que o baiano Jayme de Carvalho, pioneiro na criação de torcidas organizadas, completava com um verso do hino oficial: “Flamengo! Flamengo! Campeão de terra e mar”.

Clube brasileiro mais homenageado com músicas, o Flamengo possui dois hinos. O oficial foi composto por Paulo Magalhães, em 1932, enquanto o mais popular, do verso “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”, teve autoria de Lamartine Babo, em 1945. 

Ao longo da história, o “Samba Rubro-Negro” de Wilson Batista teve vários intérpretes, entre eles Gilberto Gil. Também ganhou outras versões, como a de João Nogueira, que caiu no gosto da galera no final dos anos 1970. Para homenagear a equipe liderada por Zico, que em 1981 chegaria ao título mundial, João alterou a letra do samba, trocando os nomes de Rubens, Dequinha e Pavão pelos de Zico, Adílio e Adão. Recentemente, o filho Diogo Nogueira, que herda do pai a paixão pelo Flamengo, fez o mesmo para homenagear o time de 2019. Na sua versão, a letra passou a ter Gabigol, Bruno Henrique e Arão. 

Wilson Batista nasceu em 3 julho de 1913, em Campos dos Goytacazes, mesma cidade de Gilberto Cardoso. É ídolo de Paulinho da Viola, que o considera um dos nomes mais importantes da música brasileira. Faleceu em 1968, aos 55 anos, no Rio de Janeiro, deixando um extenso legado e mais de 550 composições, incluindo o famoso “Samba Rubro-Negro”.

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