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AULA EM BARCELONA

por Marcelo Rodrigues, de Barcelona


Amigos, que saudade… tô de volta!!!

Falar sobre Futsal é a minha vida. Vivo, respiro e revigoro as energias nas férias para voltar explodindo. Estou em Barcelona ainda de férias mas já estudando. Já vi jogos de Futsal sub 20 e ontem assisti Barcelona 6 x 0 Atlético de Bilbao. Tenho ainda hoje treinos da base e do adulto no Futsal, amanhã mais treinos da base e jogos de sub-20 e adulto, encontros com pessoas da administração, jogadores e técnicos, enfim, um aprendizado espetacular até a próxima quinta-feira (sexta eu volto ao Brasil). Estava programada uma visita à Lisboa para hoje mas um problema na agenda da pessoa que me convidou, não permitiu. Talvez na quarta. 

A verdade é que a estrutura profissional desse clube é algo inimaginável porque fica muito claro que não tem limites para se manter em sucesso. Conseguem se reinventar a cada ano. E a cidade idem.

Essa viagem ainda me dá a chance de conversar com jogadores que defenderão seleções nos campeonatos da Europa e no Mundial. Espanhóis, italianos e brasileiros (talvez os portugueses). O Sportv transmitirá várias competições de Futsal na temporada. Começará no dia 31/1 com amistoso da seleção que se prepara para as eliminatórias sul americanas, de 5 a 13 de fevereiro, em Assunção, Paraguai. Durante fevereiro ainda transmitiremos o Europeu de seleções.
Portanto muito Futsal na veia para nós!!! 
2016 promete!
 


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A nota triste é que o meu grande amigo e irmão Júnior Bocão, figura queridíssima no mundo da bola pesada e do futebol, hoje comentarista de Futsal do Esporte Interativo, além de treinador do Botafogo/Casa de Spaña/Helênico, sofreu um infarto ontem e está em observação. Será submetido a um cateterismo hoje. Estou longe mas ligado em tudo e rezando bastante para que ele volte ainda mais sorridente ao nosso convívio. Saúde meu irmão, você vai sair dessa e vai tirar onda. Precisamos muito de você. 

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Volto na semana que vem com entrevistas e um resumão dessa viagem espetacular. 

LONDRES PRA VOCÊ

por Sergio Pugliese

Há algumas semanas postamos um saboroso texto do jornalista Pedro Redig sobre aventuras futebolísticas em Londres, onde trabalha como correspondente. Sua amiga, a videomaker Tina Wells viu, gostou e também enviou a sua colaboração, um vídeo registrando sua visita ao lendário estádio Wembley. Tina oferece passeios personalizados no site londrespravoce.com. Vale conferir:

Leandro

O PAPA DA LATERAL

texto: Sergio Pugliese e André Mendonça | foto: Marcelo Tabach
vídeo: Rodrigo Cabral | charge: Marcus Vinicius Cabral

Quando nossa equipe pensou em entrevistar Leandro, o lendário lateral-direito do Flamengo, ninguém chegou a nos desaconselhar, mas foram logo avisando que ele era recluso, fechadão, caipira, bicho do mato, tímido, de poucas palavras, na dele e por aí vai. Meu Deus, num mundo repleto de pernas de pau fanfarrões, teria perfil melhor do que esse? Então, fomos ao encontro do astro rubro-negro!!! O chargista Marcos Vinícius Cabral fez a ponte e nos acompanhou ao “esconderijo do ermitão”, em Cabo Frio, onde o craque nasceu, cresceu e construiu a Pousada do Leandro, seu porto-seguro para curtir a aposentadoria. No caminho, eu, Marcos, o videomaker Daniel Perpetuo, o jornalista André Mendonça e o fotógrafo Marcelo Tabach relembramos passagens marcantes do jogador, como o golaço-aço-aço no último minuto de um Fla x Flu e a fuga da concentração da seleção brasileira, em 86.

– Sei lá, acho que ele não gosta de tocar nesse assunto – alertou Marcos Vinícius, que está ilustrando a biografia de Leandro, escrita por Gustavo Roman.

Na verdade, não sabíamos nada até estacionarmos na porta da pousada e sermos recepcionado por um tremendo sorrisão.

– Que demora, já estava desistindo de esperar – brincou.


Graças a Deus nunca precisei marcar o Uri Geller.

Não sou vidente, mas, naquele momento, tive a certeza de que daria liga. E como deu!!!! De cara, perguntou como poderia colaborar, mas alertou sobre sua timidez. Sinceramente, nunca vi um tímido tão descontraído, divertido e contador de histórias. Sobre sua vitoriosa carreira, assumiu-se sortudo por não ter enfrentado Júlio César Uri Geller, companheiro de equipe, ponta-esquerda entortador. E mesmo tendo marcado pontas espetaculares como João Paulo, do Santos, e Zé Sérgio, do São Paulo, divertiu-se ao lembrar de Lupercínio, pontinha do Paysandu, que o deixou de língua de fora, num jogo em Belém. No fim da partida agradeceu aos céus, afinal de contas não o enfrentaria tão cedo.

– Poucos dias depois li no jornal que o Botafogo o havia contratado, que inferno!!!! – divertiu-se, garantindo que não foi praga sua a sequência de contusões sofrida pelo algoz, o que evitou novo confronto.

Ao perceber que a entrevista rolava suave como a nave, o ousado Marcelo Tabach conseguiu quatro peroás na vizinhança e pediu ao pessoal da cozinha para fritá-los. Desconfiado, Leandro quis entender o motivo. Seria fome?

– Queria fazer uma brincadeira com o seu apelido, Peixe Frito – confessou, apreensivo.

A mãe, Dona Cleuza, sempre odiou esses apelidos. Também tem o “Mulinha” ou “Mula Manca”, criados por Paulo César Carpegiani, maestro do meio-campo, companheiro de incontáveis títulos, entre eles a Libertadores e o Mundial, em 81. O “Peixe Frito” é por um motivo simples. Leandro é viciado num peixinho frito e sempre comemorou seus títulos saboreando os petiscos. Em Cabo Frio, só o tratam assim.

– Minha mãe fica doida porque diz que eu tenho um nome muito bonito, mas me divirto – desdenhou.

O “Mula Manca” é por conta das artroses nos joelhos, as mesmas que o fizeram desistir de pular o muro da concentração, em 86, e entrar pela porta da frente do hotel, de madrugada.

– Mas, Leandro, como um cara tão disciplinado como você foi cair numa dessas – perguntei, tentando dar uma aliviada.


Nunca fui santo.

Primeiro veio a gargalhada, emendada com a resposta, para mim, surpreendente.

– Nunca fui santinho, adorava a noite e vivia na Boate Hippopotamus. Naquela noite fatídica, todos queriam vir embora e eu falei ’nem pensar, agora que tá ficando bom’. A rapaziada se mandou, mas ele e Renato Gaúcho esticaram até às duas da madrugada.

Leandro só não contava com a altura do muro e, assim como Renato Gaúcho, olhou para o alto e suspirou um “nem pensar”. Chutou o balde e entrou pela porta principal. Foram dedurados e na manhã seguinte, Telê o sacudiu na cama exigindo explicações.

– E eu lá lembrava de alguma coisa – gargalhou.

A decisão de cortá-los foi abortada após pedido dos jogadores, mas na convocação seguinte Renato Gaúcho não foi incluído e, em solidariedade, Leandro não se apresentou.

– Zico suplicou para que reavaliasse minha decisão, mas não voltei atrás.


Não me arrependo de ter sido solidário a Renato Gaúcho no corte da seleção, em 86.

Leandro não mostra-se arrependido e revela que apesar do gesto de fidelidade nem era tão amigo de Renato. Mas de festas sempre gostou e se esbaldava a cada título do Flamengo.

– Como foram muitos, imagina a quantidade… – brincou.

A verdade é que em campo a rapaziada resolvia. A relação de amizade era uma das receitas do sucesso daquele grupo, garante. Se hoje, os jogadores passam pouquíssimas horas dentro do clube, Leandro era um rato da Gávea. Só não atuou como goleiro, apesar de, na adolescência, fechar o gol atuando pelos Itajuru e Tamoyo. Nas folgas, aparecia no Flamengo para jogar cartas, porrinha, sinuca, ping-pong e totó. Conhecia todos os funcionários, afinal começou ali nas categorias de base e nunca vestiu outra camisa. Em 78, quarto reserva, foi emprestado ao Inter, mas reprovado nos exames médicos. Agradece até hoje por não ter interrompido sua história com o “mais querido”, iniciada por uma obra do destino e do 464 (Grajaú-Leblon). Veio ao Rio fazer pré-vestibular para Educação Física, estudava no Instituto Guanabara e morava na Praça da Bandeira. Um dia ele e o primo Nonato pegaram o ônibus, rumo à praia. O ponto final era em frente ao Flamengo. Na descida, Nonato, conhecendo a categoria do moleque, o incentivou a fazer um teste no seu time de coração. O pegou pelo braço e falou “vamos lá!”.


Minha camisa foi enterrada com o locutor Jorge Curi.

– Eram outros tempos. Na recepção nos pediram para voltar à tarde e procurar o Seu Orlando, responsável pela peneira. Estava sem chuteira, consegui um número maior, enchi os bicos com algodão, treinei, fiz gol e me pediram para voltar – recordou.              

No treino seguinte, marcou mais dois gols e não parou mais. Para os curiosos, como o saudoso roupeiro Bolinha, que perguntavam sobre experiências anteriores dizia ter vindo do Santos. O pessoal se impressionava. Claro que se alguém questionasse se era o Santos, de Pelé, ele abria o jogo e revelava ser o Santos, de Iguaba Grande, onde começou como lateral. E ria, ria e ria!!!! Leandro nos impressionou. Pureza é pouco! E emoção de inundar os olhos bastava lembrar da torcida, da Nação rubro-negra, apresentada a ele pelo pai Eliziário. Todas as noites quando se deita, fecha os olhos e imagina os gritos da maior do mundo enquanto sobe as escadas para o gramado. Como homenagem aos torcedores cantou o hino do Mengão….”uma vez Flamengo, sempre Flamengo…”. Mostrou o braço arrepiado e lembrou-se de Jorge Curi narrando o gol mais bonito de sua vida, de fora da área, contra o Fluminense, no estadual de 85.


– Pouco tempo depois ele morreu e sua família pediu minha camisa para ser enterrada com ele. É emoção demais! – disse, olhos cheios d´água.

Pedimos para que ele narrasse esse gol ao estilo Jorge Curi e ele espantou-se.

– Caraca, vocês não querem mais nada?

E Tabach emendou….

– Sim, que você pose segurando os peixes fritos.

Dinamite + PC Caju

RECEITA DE GOL

texto: Sergio Pugliese | vídeo: Guillermo Planel | foto: Guilherme Careca Meireles

Há tempos o Museu vinha tentando uma entrevista com Roberto Dinamite. Mas o maior ídolo da história andava recluso, acuado. Chegou a ficar um mês sem sair de casa, duelando contra a depressão. Com os rebaixamentos do Vasco para a Segunda Divisão a carreira política também desandou. Dinamite silenciou, sumiu, chorou. Mas a nossa intenção era apenas ouvi-lo, nunca colocá-lo contra a parede, assim como também não colocaríamos Eurico Miranda, seu inimigo declarado e também idolatrado por grande parte da torcida vascaína. Os dois viveram momentos de glórias, os dois mergulharam no caos. O Museu eterniza as glórias. 

– Topo falar hoje. Onde está?

Eu estava em casa, em São Conrado, e ele deixando a mulher no Leblon. Quando disse que viria a meu encontro, gelei. Sou vascaíno e ele, apenas ele, me ensinou a gritar aquele gol das entranhas do peito. No futebol, nunca tive outro ídolo como ele. “O Dinamite vem aí!!!”, berrei. Minha mulher, Sílvia, produtora do Museu, também vascaína, duvidou e ao mesmo tempo perguntou quem o fotografaria e gravaria a entrevista. Começamos a convocação!!!!

– Chego em duas horas – ligou Dinamite, para confirmar.

Meus filhos Rapha, tricolor, e Fred, vascaíno, acordaram e foram avisados sobre a visita. Ficaram eufóricos. Gêmeos de 12 anos não acompanharam a trajetória do craque vascaíno, mas expliquei que seria mais ou menos como se o Messi, aposentado, visitasse a casa de um torcedor do Barcelona. Liguei para o meu amigo PC Caju e perguntei se ele toparia papear com o Dinamite, parceiro de longa data.

– O Bombinha vai para aí? Estou indo!!!! – respondeu.

Ligamos desesperadamente para a equipe do Museu. A designer Izabel estava longe, num programa familiar inadiável. O fotógrafo Marcelo Tabach também, mas tentaria ir. Para conseguir atrair Guillermo Planel, vídeo, Guilherme Careca Meireles, foto, e André Teixeira, texto, apelei e disse que estava preparando um churrasquinho e havia estoque de cerveja gelada a espera deles. Em meia hora os três chegaram, poucos minutos antes de Caju e Dinamite. A partir daí foi só emoção. A maior delas quando os dois astros adaptaram copos, carteiras e isqueiros, sobre a mesa, para mostrar como faziam seus gols de faltas. Histórico!

– Fui feliz além da conta no Vasco! – resumiu.

E o papo rolou, divertido, nostálgico. Tabach chegou quando Dinamite se despedia, mas topou dar mais um tempinho e ser clicado. Peguei uma camisa do Vascão no armário. Uma camisa para o Dinamite, quem diria! Ah, Museu, assim você me mata!!!!