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Filhos de Mario Filho?

por Lucio Branco

Ao redigir o perfil dos protagonistas/narradores do documentário em longa-metragem “Barba, Cabelo & Bigode”, não pensei duas vezes em cravar, logo no parágrafo de abertura, o seguinte sobre o “Cabelo” (Afonsinho é o “Barba” e Nei Conceição é o “Bigode”):

“Quando Paulo Cezar Caju iniciou a carreira, os negros que atuavam no futebol brasileiro não eram exatamente conhecidos por manifestar consciência racial. É evidente a contribuição da cultura negra à reinvenção local dessa modalidade esportiva originalmente europeia. Não à toa foi um fenômeno dissecado por Mario Filho no clássico cujo título já estampa a relevância do tema: “O Negro no Futebol Brasileiro”. Mas nem mesmo no universo popular do futebol se consegue desmentir o decantado mito da ‘democracia racial’ que teima em querer definir a identidade do país. Desde os primórdios, as tensões raciais ali dentro refletiam as mesmas que vigoram do lado de fora. E não importava o quão craque pudesse – ou ainda possa – ser o jogador negro. Caju se deu conta disso muito cedo e reagiu à altura, não reconhecendo e recusando o lugar que lhe era reservado nesse universo. Não é exagero dizer que ele poderia ser um personagem de Mario Filho. E quem sabe o fosse, num capítulo exclusivo de uma provável versão estendida do livro, caso o autor não morresse em 1966, às vésperas da consagração do camisa 11 nos gramados”.


O discípulo e o mestre, segundo o próprio discípulo, o irmão Nelson Rodrigues.

O discípulo e o mestre, segundo o próprio discípulo, o irmão Nelson Rodrigues.

Este trecho do perfil do Caju, além de procurar dar uma justa medida dele, pretende o mesmo com o jornalista Mario Filho. Não poderia faltar a menção ao irmão mais velho de Nelson Rodrigues, ali. Inclusive, no mesmo tópico, o criador literário mais renomado da família poderia também ser citado. Nas suas crônicas, ele nunca se furtou a fazer a apologia do habilidoso atacante revelado pelo Botafogo de Futebol e Regatas.

Sem pudor algum do nepotismo, Nelson consagrou que, na era pré-Mario Filho, “a crônica esportiva estava na sua pré-história, roía pedras nas cavernas”. Não é segredo que a reformulação da linguagem jornalística promovida por seu irmão-mentor deixou um legado insuspeito. Não foi pequena a sua contribuição para popularizar ainda mais a modalidade através de uma abordagem que não abria mão da estilização literária. Através dela, os lances e jogadas ganharam nova cor. O chute, o drible, a matada de bola e a arrancada rumo ao gol passaram a ter uma dimensão mítica. Uma abordagem que veio a influir diretamente na ótica rodriguiana sobre o futebol e, quem sabe, até sobre outros domínios. Mas não é errado atribuir ao interesse especificamente por este, habitado pelos craques e a sua habilidade transcendental, uma das fontes da adesão radical de Nelson ao subjetivismo. Sua aversão não só à “burrice” do vídeo-tape, mas aos “idiotas da objetividade” em geral, poderia muito bem derivar daí.

A adoção da narrativa dramática para tratar dos jogadores, o seu talento, e, pela primeira vez, a sua vida pessoal, é obra de Mario assumidamente continuada por Nelson. Foi na condição de discípulo que abraçou a campanha para a renomeação de Estádio Municipal do Maracanã para Estádio Jornalista Mario Filho logo após a sua morte. Tamanha devoção familiar permitia que descuidasse do brilho verbal para, na recapitulação dos feitos do irmão, cometer algo como: “Mas eu não vou contar tudo o que ele fez, porque esse homem não parou nunca”.

Quase três décadas após, esse surto de popularização ganharia a adesão dos comentários radiofônicos de João Saldanha. Precisar quanto do seu carisma transitou pela trilha aberta pelo irmão do seu colega preferido da Grande Resenha Facit não é tarefa fácil. Outro mestre do coloquial, Plínio Marcos, radicalizaria ainda mais a tendência nas suas crônicas esportivas. A mesma imprecisão serve para ele. A questão é: seriam todos filhos de Mario Filho, como pretendia Nelson?

Mas vamos à parassociologia do futebol feita por Mario Filho à sombra de Gilberto Freyre…

O filho varão dos Rodrigues fez do seu célebre “O Negro no Futebol Brasileiro”, de 1947, uma obra que se convencionou batizar, como está estampado na capa de uma das suas inúmeras edições, de “O maior clássico do futebol brasileiro”. Trata-se de um recurso promocional que ajuda a gerar mais consenso que debate, é verdade. Mas há um mérito inegável nesse título: o pioneirismo na abordagem a fundo do papel de ponta desempenhado pelos negros na forma como o jogo passou a ser jogado por aqui. (Pelo que se levantou, Gilberto Freyre foi o primeiro a tratar do fenômeno, embora sem muita densidade, em “Foot-ball mulato”, um artigo publicado em 1938.)

Mario Filho já havia sido precursor em matéria de importância conferida ao próprio esporte como pauta jornalística. Para ele, o association era um universo que os colegas de redação deveriam levar mais a sério. Isso se refletia não só na cobertura das rodadas, mas na atenção em geral dada ao universo da bola. A gestação de “O Negro no Futebol Brasileiro” incluiu uma pesquisa mais meticulosa do que aquela realizada apenas como profissional da imprensa. Ele se lançou a uma pesquisa de campo que implicou o registro do depoimento dos mais diversos atletas, dirigentes, jornalistas etc. Esforço que Gilberto Freyre reconheceu como a aplicação do mais legítimo método sociológico.

Em “Casa-Grande & Senzala”, o mito da “democracia racial” comparece como um ideal a ser mais facilmente atingido pelo Brasil que por outras nações da comunidade mundial. Como se vê, uma tese para lá de questionável. Não seria propriamente um fenômeno estabelecido, a ser defendido a toda prova pelo seu teórico que, não por coincidência, é também o autor do prefácio à primeira edição de “O Negro no Futebol Brasileiro”. Seria algo como uma potencialidade que, de algum modo, não deixa de dialogar com o otimismo que gerou, por exemplo, um”Brasil, país do futuro”, de Stefan Zweig. Curiosamente, o escritor austríaco preferiu não esperar pelo estágio histórico anunciado no título da obra. Após calcular que o avanço nazista na Europa de 1942 o alcançaria no exílio em Petrópolis, decidiu se envenenar com a esposa, renunciando, assim, a qualquer otimismo.

Gilberto Freyre nunca renunciou à sua fé no povo brasileiro. Só não ajudou muito, apesar de tudo, a sua falta de empenho em aprofundar ainda mais o seu ponto de vista sobre o problema racial no país. Certa autocrítica seria elucidativa, no caso. Ao tropicalizar a tradição eurocêntrica do pensamento nacional a respeito dos trópicos de nomes como Oliveira Viana, Nina Rodrigues, Silvio Romero e outros racistas com pretensões à Ciência, Freyre optou por se opor ao distanciamento colonizado da nossa intelligentsia. No seu lugar, propôs a aclimatação intelectual à paisagem humana local com tudo o que julgava de espontaneamente seu. Mas deve ter se deixado entorpecer demais pelo sol que doura a nossa evidente – embora socialmente mal resolvida – miscigenação. Permitiu, assim, que se institucionalizasse o uso oportunista da expressão “democracia racial”, produto do seu desvario nacionalista. De tão disseminada, ela acabou a serviço de um projeto de utopia fake que é, em essência, a negação mesma de qualquer utopia – racial ou não. A reboque, a cinicamente celebrada ideia de “miscigenação” acabou se convertendo na melhor fórmula para diluir os conflitos étnicos numa sociedade ainda em dívida com o seu passado colonial.

De certo modo, Mario Filho se impregnou do mesmo ufanismo que inspirou Gilberto Freyre em suas prospecções para traçar a genealogia sociocultural brasileira. Fez com que ele migrasse para a esfera futebolística. Mas sem fazer coro com o discurso leviano que se apropriou do ingênuo ideal freyreano. Mario cavou mais fundo: acusou o racismo estrutural do país refletido em campo ao narrar a trajetória atribulada de ídolos consagrados como, por exemplo, Fausto dos Santos e Leônidas da Silva. Mesmo sob os holofotes, nunca deixaram de ser lembrados da condição de descendentes de escravos africanos, fosse nos clubes ou na seleção.

E o que se pode dizer a respeito do rigor das avaliações acadêmicas do conteúdo de “O Negro no Futebol Brasileiro”? Em primeira análise, que é excessivo. Talvez haja alguma procedência na acusação de certos estereótipos, paternalismos, caricaturas e folclorizações do pesquisador na tipificação do seu objeto de estudo. E alguma mistificação romântica, também. Certas passagens denotam mais pontualmente esta segunda tendência que a primeira, a meu ver. Do ponto de vista do problema racial, não é nada exatamente comprometedor. De resto, a obra é, no geral, bem menos condenável que o sectarismo de alguns dos nossos “autorizados” doutores e seus juízos críticos tão pouco familiarizados com a bola e o seu entorno.

Mas nada é simples. Principalmente quando se lê do próprio autor, na “Nota à 2ª edição” do livro, em 1964, isto: “Daí a importância de Pelé, o Rei do Futebol, que faz questão de ser preto. Não para afrontar ninguém, mas para exaltar a mãe, o pai, a avó, o tio, a família pobre de pretos que o preparou para a glória”. Complexo. Fica a promessa de uma crônica futura a respeito. Nesta não há espaço.

É louvável como Mario Filho, apesar de ecoar parte do impacto quase unânime de “Casa-Grande & Senzala”  na inteligência nacional do seu tempo, não repercute o atribuído mito fundador da “democracia racial”. Pode até ser que não contribua com a sua necessária crítica, mas certamente não o endossa. Daí minha licença em supor, na abertura do perfil do Caju, que ele poderia protagonizar um capítulo à parte de uma provável edição mais extensa do “maior clássico sobre o futebol brasileiro”. Dentre os profissionais da pelota, ninguém mais disposto a ultrajar essa pretensa instituição da nossa tão perseguida “identidade nacional”, sem a qual parecemos não conseguir nos encarar no espelho.

Provo o que digo…

Como cartão de visita, na ocasião da sua apresentação oficial no Fluminense para compor a geração da Máquina Tricolor, o craque fez sociologia mais densa que Gilberto Freyre. Por longos minutos, dissertou, com farto conhecimento de causa, sobre a hipocrisia do não assumido racismo brasileiro. Em pleno salão nobre das Laranjeiras, resumiu assim a tal “democracia racial” diante de uma incrédula plateia de conselheiros e beneméritos. Ela pôde comprovar, ao vivo, que não fora à toa a sua relutância diante da nova contratação, obra da insistência militante do presidente Francisco Horta. Certamente, Caju não negligenciou que estava prestes a envergar oficialmente a camisa do clube que ostenta com orgulho o título de “pó de arroz”. Tinha que mostrar a que vinha.

Nunca os aristocráticos vitrais da sede tremeram tanto. Nem mesmo a fúria da torcida pelas derrotas humilhantes poderia ser mais ameaçadora contra a sua secular integridade.

PS 1: O jornalista inventor da expressão “Fla X Flu” é documentado em “Mario Filho: o Criador de Multidões”, filme de Oscar Maron Filho, subitamente morto quando o divulgava na Índia. Em meados dos 1980, ele dirigiu “Fla x Flu à Sombra das Chuteiras Imortais”, curta-metragem com Paulo Villaça encarnando o Sobrenatural de Almeida no São João Batista, diante do busto sobre o túmulo do seu criador. Nele, a entidade da mitologia rodriguiana que influi no resultado das partidas recita várias das suas máximas a respeito do clássico que “surgiu 40 minutos antes do Nada” em alternância com imagens que pertencem ao acervo do Canal 100. Coincidentemente, estive com Maron em algumas circunstâncias. A provar que a vida também é desencontro, nunca tive a oportunidade de expressar pessoalmente a ele o quanto o filme me marcou. A primeira vez em que o assisti foi na abertura de uma sessão de um enlatado qualquer na década em que foi lançado. Em tempo, para quem não a viveu: a exibição de curtas antes dos longas era obrigatória por lei nos cinemas do país. O nome de Maron estará, entre outros igualmente grandes, na dedicatória in memoriam que abrirá “Barba, Cabelo & Bigode”.

PS 2: Finalizo estas linhas tendo sabido na véspera do estado de saúde delicado de Nelson Rodrigues Filho. Que as próximas notícias sobre ele, a quem filmei no bloco Barbas, no último carnaval, falem da sua recuperação.

VASCO LEVANTA O CANECO

por Daniel Perpétuo

Em jogo tumultuado, o Vasco da Gama vence o Duque de Caxias por 4 a 2 na final da Taça Rio e garante vaga na final do Campeonato Carioca de Futebol 7. Sempre a frente no placar, equipe cruzmaltina impôs seu ritmo de jogo e manteve sua organização tática, fazendo valer a força de sua camisa.

Logo aos seis minutos da primeira etapa, enquanto os times vinham se estudando, o Vasco abriu o placar com Daniel Miranda, que dominou no peito e finalizou. Após o gol, o jogo acelerou, as duas equipes buscando o gol, com a equipe de São Cristóvão mais organizada em campo.

Na volta para o segundo tempo, o Duque de Caxias bobeou e sofreu o segundo gol logo no primeiro minuto. A partida ficou ainda mais pegada, e o time da Baixada Fluminense buscou o gol para diminuir o prejuízo no placar. E foi aos oito minutos que descontou, após um chute de fora da área de Beto Dias. 

A partir daí, sentindo o perigo do adversário, o Vasco se arrumou em campo e retomou o volume de jogo. O veterano Vander Carioca marcou o terceiro e foi para a grade comemorar com a torcida, o que lhe rendeu um cartão vermelho.

“Sou vascaíno de coração, não consegui conter a vibração e me exaltei um pouco na comemoração. Mas foi uma vitória importante e vamos nos preparar para os dois jogos do fim de semana, que serão muito difíceis”, emendou ao final da partida.

Destaque da equipe da colina, Ruan Pereira, que já havia marcado o segundo gol do Vasco, pegou a bola no meio do campo e avançou pela esquerda e, após driblar três adversários, tocou na saída do goleiro.

“A gente batalha muito durante a semana, e fui abençoado com dois gols. Mas não acabou ainda, sábado temos outra luta”, lembrou o craque do jogo.

O Duque de Caxias ainda descontou de pênalti, aos 23 minutos da segunda etapa, mas não dava mais tempo para reverter o placar. Para o presidente da Federação de Futebol 7 do Estado do Rio de Janeiro, Marcio Carrete, o jogo demonstrou a realidade da modalidade no Estado do Rio. 

“A competição mostrou seu equilíbrio, o que não surpreende, sempre havendo um rodízio de equipes chegando às finais. A cada dia, aumenta o público presente, mostrando o crescimento da modalidade, com cada vez mais adeptos dentro e fora de campo. O esporte vem alcançando mais visibilidade. Neste mesmo cenário, esperamos uma final de estadual sem time favorito”, afirmou o presidente.

A final do Campeonato Carioca de Futebol 7 acontece em duas partidas, uma no sábado e outra no domingo, sempre às 11 horas, na arena montado no Colégio Salesianos, em Niterói. O globoesporte.com transmite as partidas.

VASCO x CAXIAS

::: GALERA DO FUTEBOL 7 ::::
por Marcio Carrete


Mais uma temporada no fim e mais um ano de trabalho realizado com sucesso. Hoje à noite, acontece na Arena Akxe, na Barra da Tijuca, a final da Taça Rio de Futebol 7, entre Vasco da Gama e Duque de Caxias. O vencedor do confronto enfrentará a Cabofriense, em duas partidas, uma no sábado e outra no domingo, valendo o título estadual de 2015. Única camisa dos quatro grandes do futebol de campo, o Vasco segue favorito, mas não será nenhuma zebra caso passe o Duque.

A equipe de Caxias, inclusive, é uma das mais estruturadas da competição, contando com transporte próprio, centro de treinamento e casa. O Duque de Caxias mandou seus jogos em casa durante a temporada. Outro pioneirismo da equipe da Baixada Fluminense foi a comercialização de produtos licenciados, que geram renda e ajudam a pagar os salários.

Mas o Vasco é o Vasco, mesmo vindo de trocas consecutivas de treinador, faz uma campanha consistente, comandado dentro de campo por Vander Carioca, que ficou conhecido no salão e hoje se dedica ao Fut7.

A partida de hoje promete um confronto limpo e leal, porém intenso. Duas equipes que lutaram para chegar, o Duque de Caxias que havia subido para a primeira divisão na temporada passada; e o Vasco, dono de uma camisa de glórias, e que vê o seu time de futebol de campo amargar 34 rodadas na zona de rebaixamento, e depender de resultados para escapar na última rodada, porém vitorioso no futebol 7.

Como é bacana ver a arrancada da modalidade, que briga para ter o seu lugar ao sol, rumo a profissionalização, chegar ao final da temporada com boas histórias. Aos amantes da bola, lembramos que as finais do Campeonato Carioca serão transmitidas pelo Globoesporte.com. Sábado e domingo, às 11h, direto da arena montada no Colégio Salesiano, em Niterói. A Cabofriense já garantiu o lugar dela, saberemos hoje quem será seu adversário.

O campeão voltou!!!!!!

por Marcelo Rodrigues


A festa pelo título do Carlos Barbosa durou toda a madrugada e coloriu a cidade de laranja. | Foto: Marcelo Rodrigues

A festa pelo título do Carlos Barbosa durou toda a madrugada e coloriu a cidade de laranja. | Foto: Marcelo Rodrigues

Todos os recordes batidos, a cidade parada e o laranja tomando conta da Serra Gaúcha, que respira Futsal: Carlos Barbosa é pentacampeão da Liga!!!

A ACBF de Carlos Barbosa sagrou-se campeã, pela quinta vez da Liga Nacional de Futsal, ao vencer a equipe de Orlândia nos dois confrontos. No primeiro por 5×3 e, ontem, por 5×1.

Muito mais do que a vitória, essa conquista nos faz refletir sobre vários aspectos do jogo.

Vale a pena apostar mais na defesa passiva?

Por que não apostar no ataque?

Por que não somar marcação alta, pressionada, total com jogo de 1×1, movimentações, escapes pelas alas, passe de fundo, chute de média, entre outras coisas?


Pito comemora com a torcida | Foto: Marcelo Rodrigues

Pito comemora com a torcida | Foto: Marcelo Rodrigues

A final nos mostrou duas equipes que procuram o gol, que buscam o passe para a frente, que tentam evoluir, que não “enfeiam” o jogo, que não se baseiam em regulamento e vão em frente!

Venceu quem soube aproveitar o bom momento que aconteceu num determinado período do jogo. E a partir disso manteve a concentração e desestabilizou emocionalmente o adversário.

Carlos Barbosa iniciou pressionando. Orlândia respondia com bola para o pivô, teve oportunidades, mas não chegou.

Aí um equívoco do Deivid, um lampejo do Pito na roubada de bola, um pênalti para o Carlos Barbosa e 2×0 no placar para o time da Serra Gaúcha.

Na volta para o segundo tempo, pressão de Orlândia. Duas chances e um golpe mortal: uma reposição rápida do Wolverine no peito do Pito e gol espetacular de bicicleta do jogador que aposto ser, num futuro próximo, um dos maiores do mundo. A partir daí houve uma queda emocional de Orlândia.

Jogadores cabisbaixos contra um caldeirão laranja empurrando seus jogadores para uma concentração impressionante, uma entrega fundamental, uma união, profissionalismo, conduta e concentração.

Gostei da entrevista do Marquinhos Xavier ao final do jogo. 

E não é pela generosidade dele ao agradecer a mim, ao Daniel e ao Sportv pelo que fazemos. Ter esse reconhecimento nos deixa também agradecidos por sempre fazermos o máximo para levar o trabalho de todos ao mundo. Sempre com respeito, honestidade, parceria, e nunca denegrindo. 

Mas eu gostei ainda mais por ter a certeza de que o “jogo de ataque”, o jogo de defesa alta com pressão, ou o “jogo total” (jogar e não deixar jogar incomodando sempre, sem ser violento) é a filosofia que mais me agrada num time.

Gosto de técnica – Pito!

Gosto de treinador valente, que ataca, que treina retorno, que leva gol e ataca novamente – hoje é e sempre foi Marquinhos Xavier. Há outros fantásticos. 

Parabenizo o Cidão e todo o grupo da Intelli/Orlândia pela excelente temporada. Infelizmente não jogou nessas partidas o que é capaz de jogar. Méritos do time da Serra Gaúcha.

Gosto de jogador que se entrega, que dá o sangue até a última gota.

O Marquinhos reuniu um grupo, que não só tem esse perfil, como valoriza a ideia de atacar com qualidade e objetividade.

Gosto de jogo bom para quem assiste – Carlos Barbosa! 

E gosto de férias após um ano marcado pela melhor Liga de todas, com mais de 120 transmissões, com estilos distintos, com Guarapuava, Jaraguá, Assoeva, Corinthians, Sorocaba, Orlândia, Joinville e Carlos Barbosa tendo apresentado duelos sensacionais, estilos e estratégias diferentes e até de ataques pessoais ridículos e amadores feitos por profissionais que sempre respeitei. 

Mas foi premiada a equipe que fez a melhor campanha de todas nos últimos anos.

Título muito merecido.

Parabéns de verdade porque a Serra Gaúcha está em festa!

OBS 1 – Parabéns ao Palhinha pela Gestão da Liga

OBS 2 – Parabéns à Liga por buscar o diálogo

OBS 3 – Sábado tem o último jogo do ano, às 12h, no Sportv. Sorocaba x Real Bucaramanga (Colômbia) pela Taça Libertadores da América. Final.

OBS 4 – Todos aqueles que quiserem saber o porque de determinadas ações, falas e comentários, lembro que o canal de conversa comigo é aberto.
Entrem em contato, ensinem e aprendam. Essa troca nos fará melhores.

OBS 5 – Volto semana que vem falando do jogo da Libertadores e falando sobre o evento Futsal Solidário no Tijuca Tênis Clube, dia 12/12/15 para ajudar a Casa Ronald (que cuida de crianças e adolescentes diagnosticados com câncer).

Só feras em quadra e no apoio.

OBS 6 – Merecidamente O CAMPEÃO VOLTOU.

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PELAS LENTES DO AMOR ALVINEGRO

texto: Sergio Pugliese e Flavia Ribeiro | fotos: Família Moraes

Quando a produtora Sílvia Magalhães e a designer Izabel Barreto entraram no estúdio da fotógrafa Nana Moraes, na Glória, acompanhadas de Paulo Cezar Caju iniciou-se o alvoroço. Ele, ídolo, ela, fã, o resultado não podia ser outro: abraços emocionados de “amigos” que não viam-se há tempos. Barba branca, o estilão continuava o mesmo. Ela estava acostumada a vê-lo correndo com a camisa do Fogão e da seleção brasileira. Os cabelos de Nana também embranqueceram, mas o olhar continuava afiado. Na conversa, observava os traços do craque e imaginava o enquadramento, a luz, as poses. Pena a foto não conseguir registrar a deliciosa gargalhada de PC, imaginava, sempre observada pela vascaína Sílvia e a rubro-negra Izabel. “Onde troco de roupa? Vai ter maquiagem?”, brincou PC. Mas antes da sessão, Nana tinha uma missão especialíssima a cumprir. Ligar para a mãe, Luzia, de 79 anos, alvinegra roxa, apelidada de “Vó dos Loucos”, em referência à torcida organizada Loucos pelo Botafogo.   

Ligou. Suspense!!!  Do celular da filha veio a voz grossa, marcante, inconfundível, perguntando como ela estava. Um curto silêncio e a surpresa. PC fora surpreendido pela ex-bailarina e ex-produtora de moda, com quem nunca falara antes: “É Paulo Cezar Caju? Que fez três gols contra o América quando tinha 17 anos e quase me matou do coração?”, perguntou. “Aquele dia, minha estreia no Maracanã, foi lindo!”, vibrou, ao recordar um dos momentos mais marcantes de sua carreira. Os dois tagarelaram até PC desligar com os olhos transbordando de emoção. “Esses momentos sacodem a nossa alma”, suspirou enquanto vestia o blazer preto.

Luzia contou para PC que o marido, Zé Antônio, fotógrafo consagrado do JB e da Abril, o clicou muitas vezes e adorava a dupla que fazia com Jairzinho, no Botafogo, seleção brasileira e no francês Olympique de Marseille. O curioso era que Luzia usava cabelo Black Power igual ao de PC e, certa vez, no aeroporto em Paris, foi abordada por um oficial da alfândega querendo saber se ela era irmã do craque. Na época, PC arrastava multidões aos estádios franceses e era idolatrado por políticos, estilistas e atores, como Jean Paul Belmondo.

O estilo Black Power, por sinal, foi estudado por Nana, uma das profissionais mais requisitadas do país. Dias antes de fotografá-lo também reviu imagens de alguns ídolos do craque contestador, como Martin Luther King, Malcom X e os Panteras Negras, homens que lutaram pela causa negra. Nana não queria errar, afinal decepcionaria toda uma família de botafoguenses. Nana, além de ser filha de Luzia, é irmã do também fotógrafo, Sérgio Moraes, da agência de notícias Reuters, e da produtora de moda top de linha Bebel Moraes. Entre os netos, os dois filhos de Nana – a empresária Lígia e o fotógrafo Ricardo, também da Reuters – e o mais velho de Sérgio – o estudante Pedro – também carregam uma estrela solitária no peito. E uma quarta geração alvinegra já dá seus primeiros passos na família: Rosa, de 6 anos, filha de Lígia, e o pequeno José Antônio, de 1 ano e 7 meses, filho de Ricardo, continuam a tradição iniciada por um outro Zé Antônio lá pelos idos anos 40.

Diante dos flashes, PC parecia um profissional. Suas expressões variavam como assistisse uma partida de futebol. Ele mesclou sorrisos exuberantes com olhares distantes, tensos e tristes. Nana viajava e resolveu arriscar. Pediu para que ele ficasse sem camisa e usasse a amarelinha da seleção brasileira como um cachecol, imagem que representaria seu estilo festeiro, ousado, rebelde e ao mesmo tempo elegante, de lançador de tendências, com o amor incondicional pelo futebol. Quem conhece PC sabe que ele poderia devolver s sugestão com uma resposta ríspida. Mas nesse caso, não. Ele nunca negaria algo que fosse uma bicuda nas regras e nas caretices do mundo atual. “Adorei, vamos nessa!”.

Mas, peralá, a rebeldia do craque não rima com inadimplência. De repente, ele pirou, disse que precisava ir embora, precisava achar uma casa lotérica, pois esquecera de pagar duas contas. “Que horas são?”, perguntou, inquieto, enquanto conferia o dinheiro, contava moedas. Mas Sílvia e Izabel sabem a hora de colocar a bola no chão e pedir calma ao time. “Bebe uma água e acalma, PC”, sugeriu Sílvia. Em cinco minutos pagaram as contas pelo celular. O indomável PC, avesso às tecnologias, acalmou-se e voltou ao campo de jogo.