O SAMBA DA NAÇÃO
texto: André Mendonça | vídeo: Rodrigo Cabral
Na última terça-feira, a equipe do Museu tirou onda!!!! Fomos convidados pelo craque Adílio, o camisa 8 da Nação, para acompanhar, com exclusividade, a gravação do samba de estreia do bloco Fla Máster, num estúdio da Rua Teodoro da Silva, em Vila Isabel. Isso mesmo, o time formado por grandes estrelas do passado virou bloco!!!! E Adílio, agora, além do time, também preside o grupo de foliões!!! E uma equipe, com Zico, Adílio, Andrade, Julio César Uri Geller e Nunes, que já fez tanto adversário “dançar”, sonhava em presentear o carinho da torcida durante todos esses anos de glória. O Fla Máster selou esse pacto com a felicidade, agora fora dos estádios. Sendo assim, Adílio convocou os bambas Fred Camacho, Francisco Aquino e Dudu Nobre, que compuseram a belíssima canção “Delírio da Nação”, que vai tirar do chão a massa rubro-negra. E se nossa equipe já estava vibrando de felicidade no estúdio, eu, André Mendonça, sambista nato, precisei conter minha conhecida marra quando me vi, numa resenha, para escolher o título da música. Vale destacar que Camacho e Aquino, em parceria com Marcelo Motta, que também participou da gravação, em Vila Isabel, ganharam o samba do Salgueiro deste ano, com outros três compositores, e ainda concorrem ao prêmio “Serpentina de Ouro”, do Jornal O Globo, na categoria melhor samba. Além de Camacho, Aquino e Marcelo, a animada gravação ainda contou com Vinícius Vian e as vozes femininas de Ângela Sol e Deborah Vasconcellos. O desfile do Fla Máster acontece amanhã, dia 30, às 14h, em frente à Barraca do Lelê, no Posto 5, Barra da Tijuca, e reunirá grandes craques do passado! Se você for rubro-negro…
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Delírio da Nação
O grito da arquibancada é campeão;
Explode a alegria da massa, que emoção;
Vestindo vermelho e preto;
O manto sagrado em meu peito;
Flamengo eterno no meu coração;
Se você for rubro-negro;
Vem pra cá;
Tengo, tengo sou Flamengo;
O Fla Máster vai passar;
Um punhado de estrelas;
Na história do Mengão;
Rola bola, rola samba;
Pra delírio da Nação.
A PELADA NO SERTÃO
texto: José Evandro de Sousa | fotos: Adriana Soares
de Barra de São Miguel, Paraíba
Caco Velho F.C.
O Esporte Clube São Miguel, time de pelada da pequena cidade de Barra de São Miguel, sertão da Paraíba, a 200 km da capital João Pessoa, resiste ao tempo reinventando-se. Fundado em dezembro de 1966, foi rebatizado em 1972, para Bangu Atlético Clube e agora, ah o tempo… virou Caco Velho F.C.
Passou a ser Bangu quando um dos seus jogadores, o Luís de Biino, foi tentar a vida no Rio de Janeiro, mas voltou após um ano, sufocado pela saudade. Antes, porém, teve a ideia de levar um uniforme novo para o seu time. Passando pela Rua da Alfândega, no centro do Rio de Janeiro, entrou numa loja de material esportivo e o único uniforme que encontrou foi o do Bangu. Gostou e a partir daquele momento o time foi rebatizado.
O craque veterano Luís de Biino, primeiro patrocinador do time paraibano
O Bangu carrega em sua história a essência do peladeiro que nunca desiste, mesmo com o tempo castigando as juntas e rótulas da rapaziada. Conhecido por Ferreirão, o campo era de terra e cercado, de um lado por avelós (planta nativa do sertão) e do outro por uma vista panorâmica da cidade. Ao fundo, a parede do Cemitério Municipal São Miguel Arcanjo. O piso era de terra fofa nas laterais e duro e cheio de cascalhos no meio. O vento sempre prejudicava os adversários. O Bangu era praticamente imbatível, afinal os rivais, além de enfrentá-los, também precisavam desviar-se de cabritos, jumentos e, ora e outra, de um galo de briga, que se sentia o dono do terreiro e atravessa calmamente o largo campo de terra. Padeiro e ponta-direita mais rápido da região, o baixinho Tarugo, além de fugir da violência dos zagueiros, também livrava-se com maestria dos animais. O também veloz Silvio, atacante habilidoso, certa vez ao passar por dois adversários, já próximo ao gol, precisou colocar a bola entre as pernas de um cabrito que surgiu à sua frente e pular por cima dele antes de marcar um gol apoteótico. No time também tinha Preáera, o goleiro de 1,70 que compensava a baixa estatura com agilidade e elasticidade, dando jus ao apelido, pois preá é um rato do mato muito rápido. O jovem atacante Bichinha, que não tinha medo de cara feia, chegou a atuar por alguns clubes da Paraíba, mas resolveu casar e abriu uma fábrica de confecção de calcinha. Xanga Confusão era um meia-atacante que adorava um bate bola, quer dizer bate-boca. Quando não arrumava briga com o adversário, criava confusão com os próprios companheiros. Jogar que era bom…. Cacau, atacante que garante ser o primeiro jogador gay assumido do Bangu, foi contratado pelo Treze, de Campina Grande, e hoje é casado com uma mulher e tem um filho. Tataí, lateral-direito, estilo iôiô, sobe e desce, era muito voluntarioso. Assis era um zagueiro alto, estiloso, que quando a situação apertava, resolvia com o famoso “bola pro mato”. Centroavante, Paulo era aquele peladeiro duro, ruim de cintura, guerreiro, sempre titular e irmão do presidente. Está explicado!
Robgol. Ex-Santos, Náutico e Paysandu
O Bangu orgulha-se por ter revelado Robgol (artilheiro do Náutico, Santos e Paysandu), cria mais famosa e ilustre do time e da cidade. Hoje, aposentado da bola, divide seu tempo entre Belém, onde mora, e Barra de São Miguel, onde tem os seus familiares e os amigos do glorioso Bangu.
Ah, tinha o presidente!!! Na verdade, diretor, treinador, jogador, dono do uniforme e da bola: Baieta, que apesar de seus 95 quilos, ai daquele que não tocasse a bola para ele. Com certeza, na próxima reunião de diretoria, na mesa principal do bar central, lugar de concentração na véspera dos jogos, o “cabra” correria o risco de não ser escalado para a próxima partida.
Me lembro quando tinha 16 anos, estava de férias e fui convidado para jogar pelo Bangu contra uma equipe rival, em uma cidade vizinha chamada Gravatá. Jogo fora para peladeiro é sinal de festa. Contrataram um caminhão e os jogadores iam na carroceria, juntos com torcedores e parentes, quase 50 pessoas!!! E lá ia o caminhão cruzando as estradas de terra do sertão árido da Paraíba. Só alegria!!! Quando chegamos lá me colocaram na reserva do time principal e avisaram que eu entraria no segundo tempo. Durante o jogo observei um jogador do time adversário conhecido por Pedro Pipoco, muito violento! Quando a bola passava, o jogador ficava. Ele tinha essa “habilidade” de desfazer uma jogada, mas também tinha um canhão no pé! Entrei no jogo e logo o Pedro Pipoco me deu um tapão na orelha e fiquei com medo. Então, durante a partida em que o Bangu ganhava por 1 x 0 do Gravatá, aconteceu uma falta quase em cima da linha de cal da grande área. Pedro Pipoco pegou a bola, ajeitou com carinho, tomou distância de pelo menos uns 10 metros e a torcida começou a gritar. Parecia um gladiador prestes a abater o adversário. Pedro Pipoco correu, disparou um balaço e a bola passou por cima da barreira, do muro e acertou em cheio um torcedor que assistia a peleja em cima de um cajueiro, atrás do gol. Com o impacto da bolada, ele caiu e levou outros três torcedores junto. A partir daí, entendi porque Pedro Pipoco era temido pelos adversários e respeitado pela torcida. Ganhamos o jogo, festa na volta e o presidente prometeu bicho pela vitória. Chegando à cidade, após aquela tarde esportiva, ainda sujo de terra, pois não havia lugar para trocar de roupa nem para tomar banho, o presidente liberou cerveja, cachaça e galinha cozida.
Jogo em casa era pressão total e dificilmente o Bangu perdia, pois quando o presidente estava, costumava pressionar os bandeirinhas. Em jogos mais tranquilos, entrava para emplacar seus golzinhos, afinal de contas a camisa 9 era dele!!!
Hoje, uma nova geração brota. Com a saúde debilitada, Baieta, o presidente, passou o bastão para seu filho, Pão. Sua neta, Alice, de 12 anos, também tem futuro e vive dizendo: “prefiro uma bola do que uma boneca”.
Alice, Pão e Baieta
Assim, o tempo passou. Hoje, o velho Ferreirão é cercado com alambrado, uma barreira contra os cabritos. Alguns atletas como Dedé, marrento e habilidoso, estão nas cadeiras cativas do velho cemitério municipal, ao lado do antigo campo. Agora, nasce o Caco Velho F.C., com jogadores do antigo Bangu, aposentados, atrofiados, mancos, com tendinites crônicas, artroses, etílicos, mas vivos. Uma vez peladeiro, sempre peladeiro!
Obama no Museu











AULA EM BARCELONA
por Marcelo Rodrigues, de Barcelona
Amigos, que saudade… tô de volta!!!
Falar sobre Futsal é a minha vida. Vivo, respiro e revigoro as energias nas férias para voltar explodindo. Estou em Barcelona ainda de férias mas já estudando. Já vi jogos de Futsal sub 20 e ontem assisti Barcelona 6 x 0 Atlético de Bilbao. Tenho ainda hoje treinos da base e do adulto no Futsal, amanhã mais treinos da base e jogos de sub-20 e adulto, encontros com pessoas da administração, jogadores e técnicos, enfim, um aprendizado espetacular até a próxima quinta-feira (sexta eu volto ao Brasil). Estava programada uma visita à Lisboa para hoje mas um problema na agenda da pessoa que me convidou, não permitiu. Talvez na quarta.
A verdade é que a estrutura profissional desse clube é algo inimaginável porque fica muito claro que não tem limites para se manter em sucesso. Conseguem se reinventar a cada ano. E a cidade idem.
Essa viagem ainda me dá a chance de conversar com jogadores que defenderão seleções nos campeonatos da Europa e no Mundial. Espanhóis, italianos e brasileiros (talvez os portugueses). O Sportv transmitirá várias competições de Futsal na temporada. Começará no dia 31/1 com amistoso da seleção que se prepara para as eliminatórias sul americanas, de 5 a 13 de fevereiro, em Assunção, Paraguai. Durante fevereiro ainda transmitiremos o Europeu de seleções.
Portanto muito Futsal na veia para nós!!!
2016 promete!
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A nota triste é que o meu grande amigo e irmão Júnior Bocão, figura queridíssima no mundo da bola pesada e do futebol, hoje comentarista de Futsal do Esporte Interativo, além de treinador do Botafogo/Casa de Spaña/Helênico, sofreu um infarto ontem e está em observação. Será submetido a um cateterismo hoje. Estou longe mas ligado em tudo e rezando bastante para que ele volte ainda mais sorridente ao nosso convívio. Saúde meu irmão, você vai sair dessa e vai tirar onda. Precisamos muito de você.
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Volto na semana que vem com entrevistas e um resumão dessa viagem espetacular.
LONDRES PRA VOCÊ
por Sergio Pugliese
Há algumas semanas postamos um saboroso texto do jornalista Pedro Redig sobre aventuras futebolísticas em Londres, onde trabalha como correspondente. Sua amiga, a videomaker Tina Wells viu, gostou e também enviou a sua colaboração, um vídeo registrando sua visita ao lendário estádio Wembley. Tina oferece passeios personalizados no site londrespravoce.com. Vale conferir: