A PELADA DOS IMIGRANTES
texto: André Mendonça | vídeo: Guillermo Planel |
fotos: Marcelo Tabach | edição de vídeo: Daniel Planel
Se o Barcelona conta com o melhor trio sul-americano do mundo, o MSN (Messi, Suárez e Neymar), a pelada dos imigrantes, no Aterro do Flamengo, reúne os sul-americanos mais receptivos e alegres do planeta. A poucos dias do início da Copa América, a equipe do Museu da Pelada foi conferir o futebol dos gringos e o resultado não poderia ser melhor. Com um clima bastante festivo, a rapaziada deu uma aula de cordialidade, com direito a churrasco de primeiríssima qualidade, acompanhado do picante molho chileno Pebre (tomate, coentro, alho, pimenta, salsinha, cebola e sal).
Após a chuva impedir, por duas vezes, o encontro do Museu com a famosa pelada dos imigrantes, finalmente o dia chegou. Ansiosa, nossa equipe apareceu no campo 8 do Aterro bem antes das 21h (hora marcada para a bola rolar). O primeiro peladeiro a chegar foi o peruano Ruben, o Rubinho, às 20h50. Vestindo a tradicional camisa do Peru, com o número 9 de Guerrero, o professor de matemática da UERJ abriu um grande sorriso ao reconhecer nossa equipe, dando indícios de como seríamos tratados naquela noite.
Aos poucos, os outros peladeiros começaram a chegar. O curioso é que há espaço para todos na pelada e a conhecida rivalidade dos clássicos sul-americanos é deixada de lado. A cada lance mais ríspido, um pedido de desculpa e um aperto de mão. Assim foi do início ao fim da pelada que conta com peruanos, chilenos, colombianos, argentinos, brasileiros, uruguaios, bolivianos, equatorianos e até espanhol e francês.
A pelada foi fundada há seis anos, só com chilenos. Eles sempre se reuniam e perceberam que tinham uma paixão em comum: o futebol. Com o passar do tempo, o chileno Moisés, um dos fundadores do futebol dos imigrantes, foi incluindo outros peladeiros na brincadeira, até tornar a pelada internacional. Moisés, aliás, se mostrou polivalente e foi o grande destaque da brincadeira, mesmo sem entrar em campo. Com dores na perna, por conta de uma pancada na última pelada, o chileno foi o responsável pela narração carregada de emoção, pelas entrevistas na beira do gramado e também pela preparação do churrasco de alto nível, ao lado do compatriota Alejandro.
Os churrascos são organizados todo fim de mês, com parte da mensalidade. O que mais chama a atenção é que cada peladeiro desembolsa apenas cinco reais por semana e, além do churrasco mensal, também sobra dinheiro para uma viagem no final do ano, com direito a churrasco, piscina e, obviamente, muito futebol.
Organizador disso tudo, Moisés se mudou do Chile, em 1986, por conta da ditadura militar seu país, na época governado pelo general do Exército Augusto Pinochet. No Brasil, além de ter fundado a pelada internacional, o vascaíno de coração é dono de dois salões de beleza.
Com muita animação, o chileno, que atua como atacante, chegou à pelada com todos os apetrechos para a realização do churrasco e um rádio portátil que entusiasmava o ambiente sintonizado na banda mexicana Control Machete.
E falando em música, Jose Avila, o “Gato”, é o jogador mais velho da pelada. Com 60 anos, o chileno ganhou esse apelido por causa da semelhança com o vocalista Gato Alquinta, da banda chilena Los Jaivas. O experiente peladeiro joga no ataque e, mesmo com as dores no joelho, aliviadas por uma joelheira, costuma marcar presença na brincadeira e dar trabalho aos marcadores.
“Sebástian fala muito! Tem muita categoria, é gente boa, mas vive reclamando dos companheiros.”
Outro atacante que não dá sossego aos defensores, porém bem mais novo, é o uruguaio Sebástian. Estilo fanfarrão, o peladeiro de cabelos longos e loiros, parecido com o craque Forlán, chegou elétrico ao campo 8 do Aterro, prometendo muitos gols e falando que era um dos melhores da pelada. O peruano Ruben, no entanto, já havia nos alertado sobre o comportamento irreverente do uruguaio.
– Sebástian fala muito! Tem muita categoria, é gente boa, mas vive reclamando dos companheiros.
O polivalente Moisés também comentou sobre a postura de Sebástian.
“Ele ganhou o Troféu Limão, prêmio ao jogador mais chato da pelada. Não para de falar um segundo!”
– Ele ganhou o Troféu Limão, prêmio ao jogador mais chato da pelada. Não para de falar um segundo! – entregou, sob gargalhadas.
Mas cá entre nós, toda pelada precisa de um fanfarrão desses. A profissão de Sebástian não poderia ser outra: palhaço. Brincalhão, o uruguaio, que veio ao Brasil fazer mestrado em artes cênicas há 11 anos, divertiu a equipe do Museu e os amigos peladeiros rirem do início ao fim do encontro.
Provando a sua categoria, Sebástian foi o autor do primeiro gol da pelada. Aproveitando uma cobrança de escanteio, o marrento atacante colocou a bola no fundo da rede e gritou para os que esperavam do lado de fora:
– Vou fazer no mínimo seis hoje!
“Vou fazer no mínimo seis hoje!”
Apesar de terem faltado dois gols para cumprir a promessa, o uruguaio exibiu um futebol que justificava a sua marra, lembrando o baixinho Romário.
Além dos gringos, a pelada também conta com os brasileiros Luciano, Pedro e Guilherme, publicitário nascido em Goiás, que não troca a pelada dos imigrantes por nada. Convidado pelo amigo espanhol Ivar, o brasileiro disse que se sente muito bem na brincadeira.
– Não conheço a noite carioca da sexta-feira. Estou sempre jogando aqui. Uma vez a pelada rendeu tanto que eu cheguei em casa de madrugada – lembrou.
“Não conheço a noite carioca da sexta-feira. Estou sempre jogando aqui. Uma vez a pelada rendeu tanto que eu cheguei em casa de madrugada”
Na arquibancada, acompanhando o futebol e saboreando o churrasco, estavam presentes as mulheres do boliviano, estudante de moda, Redín, e do cirurgião plástico colombiano Ariel. O primeiro contou ainda com a presença do carismático filho, que posou para as lentes do fotógrafo Marcelo Tabach ao lado do pai.
Após muita resenha, a equipe do Museu deixou o local por volta das 23h30. O animado churrasco dos imigrantes, no entanto, estava longe de acabar e o volume do rádio de pilha só aumentava! Que festa!
DA PELADA AO PENTA – DA ESCOLINHA AO 7 X 1
por José Dias
Literalmente eu era o dono da bola
Muitas topadas faziam com que a cabeça do dedão fosse para o espaço, permitindo ao Seu DIAS Pai, economia na compra de sapatos. Sim, de tempos em tempos, do par de sapatos, só usava um, permitindo que a duração fosse em dobro.
Fica explicada a razão pela qual a turma dessa época aprimorou o uso da sua perna contrária, isto é, enquanto o dedão do pé direito ficava enfaixado, o uso do pé esquerdo tornava-se obrigatório, fazendo com que a próxima topada fosse com o pé esquerdo.
No pátio da escola, cimentado ou terra batida, durante o recreio ou qualquer intervalo, lembra o seu tempo de peladeiro mor, que não podia ter uma chapinha à vista que, logo provocava os amigos desafiando-os para um “racha”.
O bagaço de uma laranja era usado para “tira teima” entre alunos, que disputavam quem fazia um numero maior de embaixadinhas e, também, para breves disputas, pois a durabilidade do artefato era muito curta. Literalmente o bagaço, acabava de “esbagaçar”.
Como cantava o humorista LILICO – TV Globo – “Tempo bom, não volta mais”, enquanto tocava o seu tambor.
As meninas, por sua vez, aproveitavam seus horários de folga, jogando “queimada”, o que lhes servia como uma atividade física intensa.
Fora da escola, em qualquer terreno baldio, “careca”, em aclive ou declive, com balizas, ou não, era realizada a tradicional pelada da tarde.
Enquanto o número era insuficiente para formar dois times, praticava-se uma “linha de passe”, com regras definidas, que consistia na troca de passes entre os participantes, usando uma das traves – normalmente bambus amarrados de qualquer jeito -, com um goleiro. A bola não podia tocar o chão.
Seria o precursor do “altinho”, jogado nas praias?
Uma outra atividade praticada era a denominada “roda de bobo’, que consistia na troca de passes dos participantes formados em um círculo. O que fazem até hoje.
Quando o número era considerado suficiente, os times eram organizados depois de um par ou ímpar, fazendo com que ficassem equilibrados. Numa pelada que se preze, não existe o 0 x 0, sendo sempre elástico o resultado ao final.
Uma outra característica da verdadeira pelada consiste no fato do drible ser praticado à exaustão. Quando de posse da bola, o jogador partia em direção ao “gol”, incentivando, dessa forma a prática do drible, mesmo que em detrimento do passe.
Ressalte-se que a bola, que tanto poderia ser de borracha ou de couro, com câmara de ar com birro que depois de cheia era amarrada e escondida por baixo e fechada com “atacador” – tira de couro -, como se fosse uma sutura num corte de pele. Quando batia na cabeça de algum jogador, doía. Era uma festa quando uma bola “argentina” era usada – bola moderna com válvula -, igual as usadas nos dias de hoje.
Era o máximo!
Tanto uma quanto a outra, quando chovia pesava “uma tonelada”.
Resumindo: Tanto jogava-se descalço, de tênis ou chuteiras; com bolas de todo o tipo – ou arremedo de bolas -; em terrenos baldios em aclive ou declive; sem a presença de um árbitro – as decisões eram acatadas como que por aclamação -, se a bola saiu, aplicava-se a teoria de quem chutou uma bola numa dividida tinha a sua posse. Faltas, só do “pescoço para cima”.
E, para finalizar, tirava-se par ou ímpar, também, para definir quem jogaria sem camisa.
Sem elas não existiriam as peladas
E, para terminar, com a modernidade, os terrenos baldios foram “exterminados” e, em seu lugar, modernos condomínios foram erguidos e, com eles, com a ajuda dos computadores, celulares, tablets, Iphones, e outras pragas, fizeram surgir a geração: DA ESCOLINHA AO 7 x 1
Entre várias alegações e justificativas, os novos entendidos em futebol, buscam razões para entender o que aconteceu por ocasião do desastrado resultado obtido pela seleção brasileira, na malfadada participação na Copa do Mundo, em 2014, realizada no outrora país que dominava o futebol mundial.
LEMBRAM?
Eu lembro!
Mas, com certeza, para os dirigentes, para a maior parte da mídia, para muitos dos profissionais que se “acham” os donos da verdade, parece que não!
Enquanto isso, nas Escolas, em vez dos “rachas”, das embaixadinhas, da “roda de Bobo”, da “Queimada”, nossos jovens perdem seu tempo dedilhando suas maquininhas infernais ou na prática das “rodinhas”, formadas por meninos e meninas, ao som de músicas (?), também infernais, mexendo com a bunda, de um lado para outro, numa coreografia indecente, formando o tal do “quadradinho”.
A imagem mostra o grau de insanidade daqueles que obrigam crianças ainda em processo de formação – corporal e mental -, a agirem como mais desenvolvidas. Não falo como adultos, mas sim como crianças com possibilidades reais de executarem ações adequadas às suas idades.
Não vou me estender em demasia, apenas esperando que cada um possa concluir da veracidade ou não do que apregoamos.
Chuteiras, bolas oficiais, balizas com medidas desproporcionais, ensinamentos impróprios, quando o certo seria: exercícios naturais, do fácil para o difícil, do simples para o complexo, incentivando-os à busca de soluções à medida que as dificuldades surjam.
Acreditamos que estão tirando da criança a oportunidade de criar, ela própria, sua individualidade.
Uma demonstração da influência da modernidade na prática no futebol brasileiro, resume-se: se o Brasil não fosse o país promotor da última Copa do Mundo, não seria cabeça de chave, pois na ocasião da distribuição nos grupos, ocupava a 13ª colocação no ranking da FIFA. Hoje, sem consultar, acredito que esteja em 6º ou 7º lugar. Depois da Copa América, temos dúvidas qual será sua posição.
INACREDITÁVEL, né!
MAS, COMO TEMOS QUE COPIAR O FUTEBOL EUROPEU!
CADÊ O SAL????
:::: por Paulo Cezar Caju ::::
Sem mentiras, por favor, você ficou acordado para assistir Brasil x Panamá? Viu Faustão, viu Fantástico e estava ligadão no início do jogo com seu potão de pipoca no colo? Parabéns, você é um herói!!!! Ficar acordado para ver Luiz Gustavo e Gil, não dá!!!! Não vou nem falar sobre futebol, mas de carisma. Esse grupo é sem sal, muito sem sal. E pipoca sem sal, não dá!!!
Fico me perguntando cadê o sal???? Será que essa rejeição é porque praticamente todos jogam fora do país e a torcida brasileira não se acostumou a vê-los em seus times? Antes do jogo assisti uma entrevista do Dunga. Sisudo, desconfiado e de poucas palavras. Talvez por não ter Gilmar Rinaldi por perto para defendê-lo, como aconteceu, pateticamente, no “Bem, Amigos”.
Na seleção, o melhor disparado é o Phillipe Coutinho, sobra na turma, mas também talvez seja o mais tímido e isso pesa contra num grupo liderado por Dunga. Faltam jogadores de personalidade, como um Gérson, em 70, um Sócrates, um Romário. O Neymar está longe disso, muito individualista, crianção.
Brasil x Panamá, realmente um teste e tanto. Deve ter servido para experiências revolucionárias!!! Os adversários mais pareciam jogadores de basebol. E o pior de tudo é que você vê o Brasileiro e dá de cara com o Grafite, artilheiro do campeonato. O da Série B é o Nenê. Dois trintões, renovação zero. Aí, na, rua alguém grita: “Mas PC, o Nenê não é melhor do que o Kaká?”. Dei uma risadinha semi simpática, acelerei o passo e respondi que na fase atual talvez o Nenê faça menos Kaká. Ele riu e disse que iria compartilhar. É, o povo está se contentando com pouco, melhor deixar tudo como está.
– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 1 de junho de 2016
ENEM DO FUTEBOL
Tico, Ney Pereira e Guido Ferreira se divertiram respondendo as perguntas
Especialista em basquete, Marvin Sandom, nosso parceirão, nos enviou, recentemente, uma lista de perguntas variadas sobre futebol, apresentando uma série de dúvidas que muitos entendedores teriam dificuldade para responder. Para esclarecer as questões, a equipe do Museu da Pelada foi até o Caldeirão do Albertão, no Grajaú, onde rola uma pelada repleta de craques. Após muita resenha, escalamos um trio de dar inveja até no poderoso MSN, formado por Messi, Suarez e Neymar!! Os “professores” escolhidos pela nossa equipe foram Ney Pereira, Guido Ferreira e Tico! O primeiro foi considerado o melhor técnico de futsal do mundo e profissional que mais ganhou títulos em diferentes estados do Brasil. Guido Ferreira atuou no futebol profissional em alguns clubes do Rio e foi considerado o melhor jogador de Fut7 do mundo. Tico, o Herculano Quintanilha, é…. bem, Tico só é amigo dos dois, mas é especialista em resenhas!!
Confira as respostas dos craques:
1 – O que faz um volante? Por que esse nome?
O volante tem a função de fazer a transição da defesa para o ataque. Quando o time está sem a bola, são os principais responsáveis por tentar recuperá-la. São os chamados cães de guarda ou dobermanns. O Luiz Gustavo é o volante da seleção brasileira. Acredita-se que a origem do nome se deu por conta do jogador argentino Carlos Martín Volante, que atuava na posição e fez sucesso no futebol brasileiro. No Caldeirão, Vagner do Transplante tem essa função, mas o problema é que “rouba” a bola do adversário e depois não sabe o que fazer com ela. Muitos confundem cabeça de área com volante, mas os volantes ficam mais adiantados. O PC Caju odeia tanto os volantes como os cabeças de área. Os chama de gladiadores. Isso porque nunca viu Maurição do Cangaço, do Caldeirão, em ação!!!
2 – O que é um falso nove?
É um termo recente no futebol. O nove tradicional é aquele atacante que atua centralizado, fazendo o papel de pivô, segurando a bola no ataque. É o caso do Fred, do Fluminense, por exemplo. Já o falso nove é aquele que atua na mesma posição do tradicional, mas tem uma movimentação muito maior, exercendo diversas funções no ataque, o que acaba confundindo a zaga do time adversário. Mais ou menos o que fazia Riascos, no Vasco. No Caldeirão, o melhor pivô é o Pugliese porque confunde a zaga com sua movimentação intensa.
3 – Qual a diferença de um ponta esquerda, de um meia esquerda e um lateral esquerdo?
Os pontas costumam ser atacantes extremamente rápidos e habilidosos que atuam pela beira do campo. Geralmente, dão muita dor de cabeça aos laterais. O craque Neymar, por exemplo, tem atuado como ponta. Os meias atuam mais recuados que os pontas e costumam ter uma boa visão de jogo. Por isso, são responsáveis por organizar as jogadas. Não costumam ter tanta velocidade como os pontas, mas são mais estratégicos. Os laterais são os jogadores que percorrem as maiores distâncias nos jogos. Eles são obrigados a proteger a defesa e ainda precisam apoiar no ataque, cruzando a bola na área para os centroavantes. No Caldeirão, Tico Tico é o ponta mais veloz. O problema é que ninguém do time consegue acompanhá-lo e seus cruzamentos não servem para nada.
4 – O que é um ponta de lança?
É o mesmo que o centroavante, normalmente o goleador do time. No Caldeirão, Joãozinho Perdigão é imbatível!
5 – Qual a diferença de um centroavante para um atacante?
O centroavante tradicional, normalmente, atua com a camisa nove e é o principal responsável pelos gols da equipe. Se posiciona entre o ponta-direita e o ponta-esquerda, próximo à área e se movimenta o máximo possível para receber um passe ou um cruzamento, tipo Roberto Dinamite. Atacante é a generalização das posições do ataque. Entre elas estão os centroavantes e os pontas. O mais famoso do mundo, atualmente, é Messi, Suarez e Neymar, do Barcelona.
6 – O que é um ala?
Os alas exercem a mesma função que os laterais no ataque. A diferença é que os alas não precisam se preocupar com a defesa, pois, normalmente, os treinadores colocam um volante para proteger o espaço deixado pelo ala. Alguns dizer que o ala é um “lateral avançado”. Daniel Alvez faz isso na seleção e Herculano Quintanilha, o Tico, no Caldeirão.
7 – O que aconteceu com os meios campos?
Nos dias atuais, principalmente no futebol brasileiro, os meias clássicos estão perdendo espaço para jogadores com mais força física. Responsável pela organização das jogadas, o meia precisa ter um talento acima da média e uma visão de jogo diferenciada. Atualmente, um dos únicos jogadores que sabem exercer bem a função é o Paulo Henrique Ganso, do São Paulo. Apesar das muitas críticas que recebe pela sua “lentidão”, o meia é um grande organizador e pensa nas jogadas muito antes dos companheiros. No Caldeirão, Guido deita e rola!!!
8 – E com os laterais-direitos e esquerdos?
As laterais são as posições mais carentes do futebol brasileiro. Poucos são os laterais que conseguem fazer sucesso fora do Brasil. Diferentemente do passado, quando laterais como Leandro, Júnior, Carlos Alberto Torres, Nelinho e Marinho Chagas atormentavam a defesa adversária, os laterais do presente estão cada vez mais burocráticos. Não são bons defensores e pouco vão ataque.
9 – O que é um homem base da barreira?
O homem-base é aquele jogador que fica na ponta da barreira ouvindo as instruções do goleiro para posicioná-la da melhor forma possível. Além disso, ele precisa estar atento a uma possível jogada ensaiada que ocorra pelo seu lado. Costuma ser um jogador alto.
10 – Por que quem sofre a falta é quem pede barreira?
Quem sofre a falta é que pede a barreira, pois o jogador pode escolher entre chutar direto para o gol ou cobrar rapidamente, tocando para um companheiro para pegar a zaga adversária despreparada. Vale destacar, no entanto, que, caso o jogador queira cobrar a falta diretamente para o gol, é o goleiro quem decide se quer ou não a barreira. Apesar de existirem casos em que os goleiros descartaram as barreiras, principalmente no passado, a grande maioria dos arqueiros opta pela presença delas.
11 – O que é estar atrás da linha da bola?
Está relacionado à regra de impedimento. Mesmo que não haja defensores dando condição para o jogador receber o passe, ele pode participar da jogada se estiver atrás da linha da bola. Atrás da linha da bola significa estar mais recuado que o companheiro que está com a posse da bola.
12 – Por que lance de lateral batido, não tem impedimento?
Não existe impedimento no futebol oriundodo tiro de meta, escanteio e lateral. A regra é clara!!!
13 – Para que serve a pequena área?
Além de ser um ponto de referência, a pequena área serve para delimitar a região de cobrança de tiro de meta do goleiro.
14 – O que é um articulador?
Os articuladores são jogadores de extrema técnica e grande visão de jogo, responsáveis pela organização e criação das principais jogadas ofensivas do time. Costumam pensar nas jogadas antes mesmo de receber o passe. Entre os principais articuladores do Brasil, podemos destacar o meia Alex, que se aposentou recentemente, e o craque Paulo Henrique Ganso, do São Paulo.
15 – O que é um quarto zagueiro?
Geralmente, o quarto zagueiro é aquele defensor que dá o primeiro combate. Atua com um pouco mais de liberdade que os demais e, por vezes, se aventura no ataque.
16 – O que é um zagueiro central?
Como o próprio nome diz, zagueiro central é aquele defensor que ocupa a posição central da defesa. É a principal posição da zaga e, por isso, costuma ser ocupada por um jogador experiente e com boa estatura para cortar os cruzamentos.
17 – O que é um ponta?
Os pontas costumam ser atacantes extremamente rápidos e habilidosos que atuam pelas beiradas do campo. Com muita movimentação, são responsáveis por penetrar e confundir a zaga adversária, abrindo espaço para outros jogadores. Muitas vezes esses jogadores também têm a obrigação de marcar a saída de bola adversária. Vale destacar que, geralmente, são bons finalizadores e costumam marcar muitos gols de fora da área. O craque Neymar, por exemplo, é um dos pontas que mais se destacam atualmente.
18 – Por que uma mesma posição tem vários nomes?
Uma mesma posição ter vários nomes nada mais é do que uma variação linguística regional. A linguagem do futebol, no entanto, é universal e as posições em si são as mesmas em todas as regiões.
ZAGUEIRO BRAVO
por Victor Kingma, de Minas Gerais
Naquela decisão da Liga Mantiqueirense, no interior mineiro, o time de Mantiqueira precisava vencer para chegar ao título. Precavido e temendo alguma surpresa, o presidente do clube, “Coronel” Neca Pereira, escolheu a dedo o juiz e os bandeirinhas e reservou para os visitantes o vestiário ao lado do curral de sua fazenda, onde ficava o campo.
Sabendo que o adversário usaria sua tradicional camisa vermelha, mandou prender, em local bem próximo à passagem dos jogadores, um feroz touro chamado Bravo, o terror das touradas da roça.
Logo ao pisar no gramado, os visitantes receberam as boas-vindas do animal, que avançava ferozmente contra a tela de proteção, tentando chifrar aquelas camisas encarnadas.
E assim continuou durante toda a partida. Sempre que alguém de vermelho se aproximava da lateral, lá vinha a besta fera, bufando e chifrando o alambrado que separava o estábulo das quatro linhas.
Intimidado, o adversário parecia presa fácil. Aos 15 minutos, já perdia por 1×0. O jogo, porém, foi se arrastando, sem outros gols. Aos 44 do segundo tempo, um cochilo do time da casa e, em um contra-ataque, o ponta inimigo driblou dois e chutou: gol! Empatada a partida! Resultado que dava o título aos visitantes.
Pressionado pelo poderoso cartola, o árbitro ainda deu dez minutos de acréscimo, mas o gol não saía. Então, chegou à beira do gramado e avisou:
– Coronel, tenho que acabar o jogo! Seu time está perdido e não fará gol nunca…
Charge de Eklisleno Ximenes
Atarantado, o coronel vira-se para o técnico e ordena:
– Esse título eu não perco. Vamos melar o jogo!
– Mas, melar como? – espantou-se o treinador…
E o coronel taxativo:
– SOLTA O BRAVO!!!