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PÊNALTIS, NÃO!!!

por Fabio Lacerda


 

Os deuses do futebol não escrevem certos por linhas tortas. Os deuses do esporte mais apreciado do planeta é diferente do Deus Supremo. Eles escrevem das cenas mais brilhantes às cicatrizes ou feridas não saradas para os craques. Na Cultura da Destruição, toda a sua construção pode ficar devidamente demarcada na hora H com a bola na marca da cal. Sim, os deuses do futebol marcam os craques com ferro quente como a forma de haver um porém diante do brilhantismo das carreiras. Os craques nasceram para perder pênaltis nos momentos decisivos. Os craques do time estão para carregar essa farda. Só vi um que passou ileso no nesse espaço de apenas 11 metros da consagração plena: Romário de Souza Faria. 

No auge futebolístico dos meus 39 anos e seis meses de vida, pelo menos 34 já sabendo que futebol era transmitido na televisão, cheguei à conclusão que craques ou até mesmo o jogador que fez chover durante os 90 minutos não deve cobrar as penalidades decisivas caso os 30 da prorrogação sejam consumados. E também durante os 90 minutos. Jogadores de futebol por mais experiente, sente as pernas tremerem, a cabeça remoer na hora do ‘mano a mano’. Não venha com essa de que é experiente, que é isso, é aquilo! É conversa fiada! Estou para ver um verdadeiro craque revelar qual foi o momento que as pernas bambearam em razão da insegurança e que o êxito não tenha sido consumado! Sugiro inclusive como uma proposta para essa obra-prima chamada Museu da Pelada. Uma obra-prima que o Pugliese, Paulo César Caju e demais colaboradores assinam, parodiando o grande Édson Mauro! E também para o funcionário que leva o café para a diretoria e seus convidados. A arte de servir que falta ao futebol, à sociedade.  

O maior artilheiro do Maracanã com 333 gols teve seus dias de ferro quente. Numa final de Taça Guanabara, na disputa dos pênaltis, o Flamengo com a faca e o queijo na mão. Foi quando o arqueiro de Além Paraíba, Mazzaropi, voou raso como um galo para espalmar a cobrança daquele que um ano depois iniciaria uma saga de títulos pelo Flamengo.  Em seguida pegou de Geraldo, outra jogador projetado a craque que veio a desperdiçar sua cobrança. Há exatos 37 anos e 14 dias. Mas foi na Copa do Mundo de 1986 que o Zico perdeu a grande oportunidade de fazer o gol de pênalti diante de uma França forte que já vinha de uma bela Copa do Mundo em 1982 e conquistado a medalha olímpica diante do Brasil, em Pasadena, nos EUA. 

Contemporâneo do Zico na seleção e nos duelos marcantes entre Flamengo e Atlético-MG, Toninho Cerezo é outro exemplo de craque que titubeou na marca da cal. Em 1977, ano de nascimento de quem vos escreve, chutou para longe a cobrança de pênalti na decisão contra o São Paulo de Valdir Peres. Abriu a contagem pelo Galo de Minas e não permitiu que o alvinegro das Alterosas largasse à frente no placar. A curiosidade desse fatídico momento para a massa do Galo foi que as duas outras cobranças perdidas foram praticamente iguais a do Cerezo – bola no canto superior esquerdo, porém, por cima do travessão. 

Em 1994, quando o Brasil terminou o jejum de 24 anos sem colocar as mãos na taça Jules Rimet, durante a Libertadores quando o São Paulo tentava o tricampeonato do continental de clubes, Palhinha, o cérebro do time, sucumbiu diante do goleiro artilheiro e paraguaio Chilavert, do Veléz Sarsfield, que foi ao Japão para conquistar o Mundial Interclubes. 

Edmundo, outro exponencial jogador dos últimos anos do futebol brasileiro teve seus dias de vilão. Pelo Vasco chutou para longe uma cobrança contra o Corinthians na final do Mundial Interclubes no Maracanã depois que Hélton realizou o improvável: pegar o último pênalti cobrado por um dos jogadores mais perfeitos do disparo da bola: Marcelinho Carioca. Este, coincidentemente, também fraquejou na ‘hora do vamos ver”, na “hora da onça beber água”. Fez surgir um santo no Palestra Itália – São Marcos. Alguns anos depois, a vez foi do Edmundo dar uma de ‘animal irracional’ e cobrar a pior penalidade da sua vida diante do Sport em São Januário. Fez uma grande partida, fez o segundo gol no final do jogo dando a vitória por 2 a 0 e a chance de ir à final da Copa do Brasil, ano este que culminaria com o primeiro rebaixamento do Vasco da Gama. Diferentemente de 2000, Edmundo foi o único a perder a cobrança que comprometeu a ida do Vasco para a segunda final da Copa do Brasil em dois anos. 

Outro caso que os deuses do futebol preparam para os craques pode ser mensurado pela final da Libertadores da América entre Fluminense e LDU do Equador, clube este que teve uma sequência interessante de títulos sul-americanos e contribuindo com a ascensão da seleção do país que não é nosso vizinho geograficamente falando. Thiago Neves, provavelmente é o único jogador do planeta a fazer três gols numa decisão de Libertadores. Porém, o pior estava por vir na cobrança das penalidades máximas, na hora de ficar “de frente para o crime”. Ele errou a cobrança logo em seguida do insucesso do Conca, outro craque da ‘Máquina Tricolor Versão Anos 2000’ guardada às devidas proporções. Por favor!

Platini na disputa de pênaltis contra o Brasil também em 1986 – num mesmo jogo dois craques sucumbindo à Psicologia Esportiva -, Franco Baresi e Roberto Baggio, que fez uma Copa do Mundo brilhante não somente em 1994, como também em 1990, chutou aos ares a chance da Itália vingar 1970 numa final. Em época de Eurocopa, David Beckham também teve seu dia de pesadelo durante às quartas-de-finais da competição européia em 2004 quando Portugal sediou a competição. O craque-galã, camisa 7 do English Team, isolou a bola diante do goleiro Ricardo, da seleção portuguesa, nas quartas-de-finais, que custou a classificação inglesa para encarar a Holanda. Os craques são punidos pelos deuses do futebol, mas são absolvidos pelos torcedores. 

Para brindar minha tese, na final da Copa América Centenária, o maior jogador do planeta abriu a disputa de pênaltis pelos argentinos cobrando um tiro de meta e deixando de colocar a segunda maior campeã da Copa América na frente depois do craque Arturo Vidal também perder a primeira cobrança pelos bicampeões da Copa América. Olha que “el pibe’ celebrou aniversário na última quinta-feira, mas a festa é andina mais uma vez. 

Quem lembrar de grandes craques que fraquejaram na hora do penalti deixando a taça de campeão para o adversário, fale com o Museu da Pelada. A lista deve ser extensa. Grande abraço e saiba que na hora do pênalti o posicionamento é na meia lua e quando o árbitro autorizar obrigatoriamente para a cobrança sair com mais perfeição é necessário correr para a bola. Esse lance de paradinha, repicada, posicionamento torto perante à gorduchinha – olha eu parodiando o grande Osmar Santos – é fruto de falta de seriedade nos treinamentos. 

Craques não foram feitos para decisões nas disputas de pênaltis. É preciso saber que uma cobrança, para ser perfeita, depende do posicionamento do cobrador na meia lua para que o mesmo possa correr em direção à bola e dificultar a escolha do goleiro. É por isso que Romário nunca deu chances para os arqueiros. Quem vai correndo para a bola vai decidido. Essa técnica é observada por um jornalista frustrado que não conseguiu ser jogador de futebol. 

A PÁTRIA DE CHUTEIRAS

por Flávio Carneiro


Seleção brasileira de escritores enfrentou os alemães

Em 2013, fiz parte do mais inusitado time de futebol de que se tem notícia, o Pindorama.

A estranheza começava pelo fato de ser um time de escritores. E escritor joga bola? Na maioria dos casos, não. E neste caso, também não. Alguns nunca tinham entrado num campo oficial na vida, outros desconheciam solenemente um par de chuteiras. E sendo um time de escritores brasileiros, não foi fundado por brasileiros, mas por uma alemã!

Por iniciativa de Stefanie Kastner, do Instituto Goethe de São Paulo, e com apoio da Federação Alemã de Futebol, criou-se o escrete brasileiro, para defender as cores da pátria num jogo contra a seleção alemã de escritores. A peleja fez parte da programação oficial da Feira do Livro de Frankfurt, uma das mais importantes do mundo e que, naquele ano, teve o Brasil como país homenageado.

(Além do jogo, participamos de debates e lemos em público nossos textos sobre futebol, que foram traduzidos e projetados num telão, além de terem sido publicados em edição bilíngue e distribuídos durante o evento. Foi legal, mas quero falar é do jogo.)

Num fria e tenebrosa noite de outubro, zero grau, chuva fina, ouvimos perfilados o hino nacional. Quando me dei conta o Gustavo Bernardo, ao meu lado, chorava copiosamente. De emoção ou de medo?

Postados em campo, eu só via altos e magros alemães. O time deles foi criado em 2005, tem técnico, preparador físico, médico, acho que até psicólogo (nós é que precisávamos). Além disso, treinam uma vez por semana e jogam com frequência.

Começa o jogo. Eles apenas trocando passes, respeitando a amarelinha. Com cinco minutos, porém, caiu a ficha e eles pensaram: onde foram arrumar esses caras? Então partiram para cima. Uma avalanche. Final do primeiro tempo: 6 x 0.

Saindo de campo no intervalo, nosso lateral-esquerdo, o Antonio Prata, coloca a mão nomeu ombro e pergunta: o que vamos fazer agora? Tomar cerveja e comer salsicha com chucrute, respondi. Era o que deveríamos ter feito.

Atletas a postos para o início do segundo tempo, o juiz repara que está faltando um no nosso time. Nosso goleiro, o Júlio Ludemir. Júlio sumiu, eis o nome do filme. De repente ele entra esbaforido e assume seu posto, sem maiores explicações.

Segue a partida, com a torcida toda a nosso favor, por simpatia ou pena. Dentre os torcedores, a Lucia Riff, única agente literária do mundo que acompanha escritor num jogo de futebol (gratidão eterna e vergonha para sempre). E muitas crianças, que entraram em campo com a gente e, tolinhas, continuavam acreditando que éramos o time do Neymar.

Lá pelos quarenta e tantos do segundo tempo, nosso zagueiro Rogério Pereira pergunta ao árbitro quanto tempo faltava. Estava 9 x 0.

– Já acabou. Só estou esperando vocês fazerem um gol.

– Então marca um pênalti pra gente.

– Cai na área que eu marco.

Dito e feito. Escanteio para o Pindorama, bola alçada na área e o Rogério desaba, em atuação digna de um Oscar. O juizão cumpre o combinado, gol do Pindorama. Final: 9 x 1.

Um ano depois, na Copa, o Brasil perde para a Alemanha por 7 x 1. Então o Luiz Ruffato, que nem viu nosso duelo na arena de Frankfurt e acha que entende de futebol, diz numa entrevista que a derrota do Pindorama um ano antes vinha comprovar a tese: escritores estão sempre à frente do seu tempo! (Tudo bem, já reatamos nossa amizade.) 

E teve o jogo da volta, em São Paulo, mas aí a história foi outra. Na próxima eu conto.

Texto originalmente publicado em O Popular. Goiânia, 21/05/2016.

HERÓIS DOADORES

por Gerson Tzaravopoulos Gomes


Nosso parceiro, Gerson Gomes fez um gol de placa! Depois de perceber um grande déficit nos Bancos de sangue do país, começou a dirigir uma campanha chamada Heróis Doadores, que correrá todo o Brasil e consiste em incentivar a população a doar sangue.

Iniciada em Natal, no dia 14 de junho, a campanha conta com o apoio dos craques Zico e Júnior, que gravaram vídeos em prol da iniciativa. 

– Quem tem muito tem que dar a que tem pouco! Já dizia minha mãe! – reforçou Júnior.

Neste domingo, as ações serão no Estádio das Dunas, onde Flamengo e Fluminense se enfrentam às 16h. Vale destacar que o rubro-negro apóia a campanha e, antes da partida de hoje, a equipe entrará em campo com a mascote da campanha: a menina Duda, curada de Leucemia há um ano. 

Além disso, o Flamengo doará uma camisa autografada pelos jogadores para sortear entre os doadores, estenderá a faixa da campanha no centro do campo e os vídeos de Zico e Júnior apoiando a campanha será exibido nos telões. 

O próximo passo é trazer a iniciativa para o Rio de Janeiro. Atualmente, o número de doadores no Brasil está abaixo de 2%. O ideal é que 4% da população doe sangue regularmente! Vamos chegar lá!!

 

Adalberto

ADALBERTO GLORIOSO

texto e fotos: André Teixeira | assistente: Ivo Teixeira

 

Num Brasil não muito distante no tempo, quando um negro entrava em campo com a camisa 1, muita gente torcia o nariz. “Não funciona”, diziam alguns. “Não têm controle emocional”, teorizavam outros. A derrota na final da Copa de 50, em pleno Maracanã, com o negro Barbosa debaixo das traves, só reforçou o mito. Racismo, ignorância e superstição jogaram a conta do fiasco nas costas do goleiro, ídolo vascaíno, que morreu amargurado pelo papel de bode expiatório.

No Botafogo, curiosamente, vemos justamente o contrário. Na sua extensa galeria de ídolos, há espaço para os goleiros Jefferson, Wagner, Manga e aquele que pode ser considerado o precursor desta linhagem: Adalberto. Todos negros.

Coisas que só acontecem ao Botafogo? Talvez. O fato é que este homem, do alto de seus quase 85 anos e ainda com lugar cativo no imaginário alvinegro, diz nunca ter dado muita bola para a questão racial.


Sentia que existia, mas sempre fui bem tratado por onde passei. Eu era sério, dedicado, não chegava atrasado e treinava muito para estar sempre bem. Nunca dei chance para o racismo se manifestar!
— Adalberto, sobre o racismo.

– Sentia que existia, mas sempre fui bem tratado por onde passei. Eu era sério, dedicado, não chegava atrasado e treinava muito para estar sempre bem. Nunca dei chance para o racismo se manifestar! – garante.

Tanto empenho lhe garantiu lugar no mitológico esquadrão montado pelo Glorioso no final da década de 50, ao lado de ícones como Didi, Garrincha e Nilton Santos, para falar só dos mais conhecidos. O time, entre outras conquistas, ficou marcado pela decisão do Carioca de 57, quando atropelou o Fluminense por incontestáveis 6 a 2, com nada menos do que cinco gols de Paulinho Valentim.

– Era um timaço, e para jogar com aquelas feras tive que ralar muito! – lembra.


Curiosamente, Adalberto nunca foi fã de futebol. “Até hoje não ligo muito”, diverte-se. Perna de pau assumido, nas peladas da infância e adolescência, na Ilha do Governador, invariavelmente acabava no gol. Tomava lá seus frangos, e tirava de letra as reclamações dos companheiros.

– Não via aquilo como uma profissão. Queria mesmo era ser médico! revela.

Aos poucos, foi tomando gosto e se dedicando mais, mesmo sem ambições profissionais. Acabou parando no Cocotá, clube amador da Ilha, e numa partida contra os aspirantes do Fluminense, seu desempenho surpreendeu a todos – principalmente a si próprio.

– Nem eu acreditava que podia jogar daquele jeito!

Convidado para um teste no tricolor, mais uma vez se saiu bem. A ponto de sair das Laranjeiras com um contrato, que deveria ser assinado pelo pai – Adalberto era menor de idade.

– Foi um susto para ele. Até brincou, dizendo que o Fluminense devia estar muito mal para querer um frangueiro como eu!. 

O tricolor, na verdade, contava com Castilho e Veludo, dois dos maiores goleiros de sua história, nos profissionais, e com eles Adalberto aprenderia muitos dos segredos da posição.


O Veludo foi o melhor que vi jogar, mas era muito boêmio. Mesmo assim, às vezes chegava nos treinos sem dormir e fechava o gol.
— Adalberto, sobre o melhor goleio que viu jogar.

– O Veludo foi o melhor que vi jogar, mas era muito boêmio. Mesmo assim, às vezes chegava nos treinos sem dormir e fechava o gol.

No contrato com o Flu, Adalberto fez questão de incluir uma cláusula em que o clube se comprometia a pagar seus estudos numa boa escola, pois seu objetivo era entrar para a faculdade. O clube aceitou e cumpriu o prometido, motivo de muita gratidão por parte do ex-goleiro.

Ficou no clube até 55, quando se transferiu para o Santos, que começava a formar o time que encantaria o mundo nos anos seguintes. Na Vila Belmiro, acompanhou a chegada de um menino com o curioso apelido de Pelé.


Quando me perguntam se joguei com o Pelé, respondo que ele é que jogou comigo!
— Adalberto

– Quando me perguntam se joguei com o Pelé, respondo que ele é que jogou comigo! – brinca.

A passagem pelo Santos durou pouco, pois não tinha muita chance como titular e resolveu sair. Chamado por João Saldanha para o Botafogo, aceitou sem hesitar, e começou então seu grande momento no futebol. Na época, Amauri, goleiro titular da equipe, pegou uma gripe, Adalberto aproveitou a oportunidade e não saiu mais da equipe principal. No Glorioso, muitas alegrias e histórias.


Um dia, provoquei o Garrincha, dizendo que ele só driblava para um lado, que era fácil desarmá-lo. Ele apostou que eu não tomava a bola dele (…). Ficamos frente a frente, e quando ele partiu para o drible, se atrapalhou e fiquei com a bola.
— Adalberto.

– Um dia, provoquei o Garrincha, dizendo que ele só driblava para um lado, que era fácil desarmá-lo. Ele apostou que eu não tomava a bola dele. Só de brincadeira, topei. Ficamos frente a frente, e quando ele partiu para o drible, se atrapalhou e fiquei com a bola. Ele ficou doido, quis uma revanche, mas claro que eu não aceitei. Sabia que tinha sido um acaso! – conta.

A parceria com o endiabrado Garrincha, aliás, rendeu o primeiro gol da final de 57, como lembra o ex-goleiro do Botafogo, descrevendo o lance completo.


Ele não voltava para marcar de jeito nenhum. O Altair, lateral deles, gostava de apoiar o ataque, e num deles, a bola ficou comigo. Foi só lançar para o Mané, que estava sozinho e partiu para cima deles. Tabelou com o Didi e a bola acabou com o Paulinho, e aí começou a goleada!
— Adalberto, sobre a final de 57.

– Ele não voltava para marcar de jeito nenhum. O Altair, lateral deles, gostava de apoiar o ataque, e num deles, a bola ficou comigo. Foi só lançar para o Mané, que estava sozinho e partiu para cima deles. Tabelou com o Didi e a bola acabou com o Paulinho, e aí começou a goleada! – afirma.

Saiu de campo como um dos destaques e como o goleiro menos vazado da competição. Não foi esta, no entanto, sua maior atuação. De acordo com ele, um empate em 0 a 0 com o Flamengo, liderado pelo atacante Dida, foi o melhor jogo de sua carreira.

– Fechei o gol! O Dida chegou a falar comigo no meio do jogo que naquele dia a bola não entrava de jeito nenhum. 

O sucesso no Bota não subiu à cabeça do sério Adalberto, e talvez esteja aí o segredo de seu êxito tanto nos gramados. Sempre muito frio, garantiu que nunca teve medo do futuro e nunca tremeu em um jogo. Em relação à vida pessoal e financeira, mostrou muita serenidade. Nas excursões, preferia conhecer as cidades por onde passava pela manhã, enquanto a maioria dos jogadores curtia a noite.


Nunca gostei de boates, jogo, bebida e vida noturna. Fiz questão de estudar e economizar. Sabia que a carreira era curta e me preparei para quando ela terminasse.
— Adalberto

– Nunca gostei de boates, jogo, bebida e vida noturna. Fiz questão de estudar e economizar. Sabia que a carreira era curta e me preparei para quando ela terminasse.

A sólida formação lhe permitiu, em 1959, encerrar a carreira de jogador na hora que quis, sem medo do futuro. Trabalhou como treinador de goleiros e supervisor no próprio Botafogo e depois no Oriente Médio e América Central. Enquanto na Arábia Saudita contava com a admiração do príncipe, na Venezuela recebeu a incumbência de cuidar da preparação física dos soldados do quartel. Para ajudá-lo, convidou um dos seus filhos, que até hoje mora lá. O outro filho é treinador de futevôlei na Itália, o que “obriga” Adalberto a viajar frequentemente à Europa.

– Já fui exatamente 54 vezes para lá! O melhor é que só pago as passagens, o resto é por conta dele! – brinca. 

Precavido, tratou de fazer dois concursos para professor – é formado em Educação Física –, e deu aulas até se aposentar. Com a vida tranquila, lamenta a situação de quase penúria de vários ex-jogadores.


O futebol ilude, dinheiro fácil, muitos amigos, mulheres, mas é uma profissão que dura pouco!

– O futebol ilude, dinheiro fácil, muitos amigos, mulheres, mas é uma profissão que dura pouco! Cheguei a trabalhar com alguns deles na Suderj, mas não sabiam fazer nada, só falar de futebol e lembrar do passado.


Ivo Teixeira, Adalberto e André Teixeira.

Como herança dos tempos de futebol, além da estabilidade financeira e das muitas amizades – entre elas, a do Rei Pelé, que o convidou para seu jogo de despedida do futebol, em Nova York –, tem o gosto pela atividade física e boa alimentação. Faz musculação diariamente, numa academia que montou em seu próprio apartamento, no Flamengo, e nada três vezes por semana na piscina da sede do Botafogo em General Severiano, clube que tantas recordações lhe traz e que o premiou, em agradecimento pelos serviços prestados, com o título de Sócio Emérito. No clube, é tratado com o devido carinho por funcionários e sócios, mas, se não se furta a relembrar o passado, evita comentários sobre o futebol atual.

– Vamos mudar de assunto? – encerra.

 

PARABÉNS, PINTINHO!!


Quem viu Pintinho não se contenta com Pato!! Hoje o ex-jogador do Fluminense completa 62 anos! Parabéns, craque!!!

Entrevista de Carlos Alberto Pintinho no Bar da Eva: https://www.youtube.com/watch?v=qrixnzMHV1c