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PARABÉNS, PERIVALDO!!


Hoje é aniversário de Perivaldo, o Peri da Pituba! Com passagens por Bahia, Botafogo, Palmeiras e até seleção brasileira, o ex-lateral, hoje trabalha no Sindicato dos Jogadores e completa 63 anos de idade!

A ERA RUGBY

:::: por Paulo Cezar Caju ::::


A Eurocopa terminou, tudo lindo, a festa das torcidas foi maravilhosa e é sempre bom ver Paris em festa depois de tanto sofrimento com os atentados. E Portugal, aos trancos e barrancos foi campeão. Se a França fosse campeã, também teria sido aos trancos e barrancos. 

Falando de futebol, foi uma das piores Eurocopas de todos os tempos. Sério, fico imaginando como será o futebol daqui a 10, 20 anos. Vendo Islândia e País de Gales jogarem, me assustei com a força física dos atletas. São bem mais atletas do que jogadores, cada vez mais altos e fortes.

O futebol está virando rugby e temo pelo futuro dos Gabriel Jesus da vida, dos Lucas Lima, Neymar e Phillipe Coutinhos. Estamos caminhando para que os craques de verdade percam espaço, fiquem desinteressantes, fora de moda.

Há tempos não torcia como torci para a Alemanha contra a Itália. Não dá mais para aturar essa história de ferrolho, retranca, chutão. A Alemanha joga futebol e tem conseguido aliar força física e técnica. Mas até quando? É muito mais fácil criarem robôs do que craques. Essa Eurocopa foi um bom exemplo disso. 


Pelo amor de Deus, não me venham falar que Islândia e País de Gales fizeram história, que a comemoração da torcida foi linda. A torcida sempre faz sua parte e se o futebol ainda existe é única e exclusivamente por causa dela, mas estão trabalhando pesado para que ela desapareça e caminhe definitivamente para os estádios de rugby e futebol americano. Os jogadores franzinos vão desaparecer. Sobreviverão apenas os que tiverem a velocidade de um Bolt e os músculos de um Hulk. Bem, o Hulk já temos.

Acabei de voltar da França. Todos os anos passo um mês lá. Qual o problema, o negão não pode tirar onda, saborear um coquille Saint Jacques, um escargot, um fromage blanc? Champa? Ô, parceiro, esqueceu que parei de beber??? Fiz muitos amigos naquele país maravilhoso, mas dessa vez, por conta do medo de atentados, quase não fui. Vi três jogos, França e Romênia, França e Suíça e Croácia e sei lá quem. Dei algumas cochiladas e conclui que atentado mesmo estão cometendo é com o futebol. O mundo está perdido faz tempo, mas o futebol era uma espécie de alívio de tensões, de viagem ao paraíso.

Futebol virou esporte de contato. Só de contato. De quem corre mais em campo, essas coisas. Exagero? Após 10, 20 anos comprovarão. Será preciso correr muiiiiitoooo para fugir dos vikings, dos soldados, dos gladiadores, dos gigantes. Nem todos terão essa perna, essa disposição e tocarão de primeira, não buscando uma tabelinha a la Pelé e Coutinho, mas simplesmente por medo de virarem mais uma presa.

– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 12 de julho de 2016

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À LUZ DOS OPERÁRIOS

por Fábio Lacerda


A nação mais ocidente do continente europeu está em festa. O árduo trabalho vem desde o século XII quando Portugal tornou-se o mais antigo Estado-nação da Europa através do Tratado de Alcanizes que tinha por objetivo planejamentos estratégicos defesa pelo rei D. Dinis. Nos séculos XV e XVI, o pequeno país do sudoeste europeu apresenta suas armas e mostra que globalização não é um termo recente. Suas lutas, navegações, mortes, fome, sempre tiveram conotações dramáticas. O primeiro império global da história e mais longo dos impérios coloniais do Velho Continente – conquista de Ceuta em 1945 até a soberania de Macau para a China em 1999 – agora conquista a Europa com o futebol


O momento em que Cristiano Ronaldo se lesiona, ainda no primeiro tempo

A dramaticidade da vitória circula, bombeia, motiva o povo português. Das navegações para as possessões África, Ásia, Oceania e América do Sul, ao louro da vitória no relvado do estádio Saint Dennis. O enredo do título luso coloca o astro do futebol mundial à prova diante de uma entrada maldosa do argelino naturalizado francês, Payet. O objetivo foi conquistado pelos franceses. Tirar o jogador que poderia amedrontar o sistema defensivo e a torcida bleu. O astro combalido saiu de cena para contemplar os operários da seleção ‘quinas’. Sim, os verdadeiros reis celebram seus súditos, apoiam seu povo, e fazem por merecer o fator sorte. 

Todos os fatores apontavam com convicção o terceiro continental da França. A Cidade Luz preparou-se para colocar as cores azul, branco e vermelho na Torre Eiffel. O tabu de 45 anos de superioridade sobre os lusos confeccionava-se com pompas a continuação de uma das maiores invencibilidades do mundo. Não! A sorte que soprou as caravelas pelas aventuras mares e oceanos adentro também esteve ao pé da trave do chute de Ginac, nas mãos de Rui Patrício e sobretudo no pé direito de um caneludo que eternizou-se na Pátria-Mãe. 


Nos minutos finais do segundo tempo, a bola de Gignac bate caprichosamente na trave

O título construído com dificuldades iniciais que foram consolidando-se com a esquadra lusa tendo que provar que é possível resistir e mirar terras à vista. É bem verdade que o chaveamento foi preponderante para o primeiro título da Eurocopa doze anos depois de uma das maiores frustrações do país no campo de jogo: a derrota na final para a Grécia. 


Jogadores da Grécia comemoram gol marcado na final da Eurocopa de 2004

Celebra-se o inédito título justamente no ano de partida de Eusébio para o mundo de Deus. Ídolos não morrem. Celebra-se um trabalho feito desde o início da década de 1990 quando uma geração conquistou o Mundial de Juniores da Fifa. Comemora-se 40 anos de um Estado Democrático, de fato e de direito. Celebra o negro, tão escravizado pelos lusos, e hoje preponderantes na ‘equipa’ de Fernando Santos. O Dia da Liberdade não ficará mais restrita à data de 25 de abril. O dia 10 de julho demarca o renascer de Portugal no futebol. E daì adiante. 

A França foi despachada da sua própria casa. Assim como ocorrera em 1567 quando os portugueses deram o golpe de misericórdia nos franceses instalados ainda nas localidades que estão os bairros do Flamengo e Ilha do Governador. Este ano Portugal comemora sua primeira Eurocopa. Ano que vem celebra os 450 anos da expulsão francesa do Rio de Janeiro. Portanto, na hora do vamos ver, de matar ou morrer, chora a mãe francesa primeira. Parabéns, Portugal, por quebrar tabus, desconfiança e a cara dos franceses, tão soberbos, tão superiores perante ao mundo. O pragmatismo luso, a vanguarda e o lado avesso às modernidades e inovações prevaleceram nesta conquista. Navegar nunca foi tão preciso assim! E na seleção que conta com um astro do futebol e da mídia, prevaleceu os carregadores de piano como William Carvalho e seu bigode à moda antiga, o cangaceiro Pepe, brasileiro naturalizado luso há mais de uma década, o lado guerreiro do jovem lateral-esquerdo Rafael e o surgimento de Nani depois de três temporadas em baixa. 


Quadro de 1845, de Paul Delaroche, mostra um Napoleão bem chateado

Não duvido que Napoleão Bonaparte está se rasgando de raiva. Se por um lado Portugal não quis rivalizar com a possível invasão franco-espanhola no século XIX para fechar os portos que tinham relações comerciais com o Reino Unido, desta vez os lusos foram ao território inimigo em busca do ouro. Àquela época entre os anos de 1805 e 1808 as ameaças francesas podem ser comparadas com a artilharia pesada e domínio territorial do time do comandante Deschamps na final da Eurocopa. A diferença entre a primeira invasão francesa à Portugal e o jogo final da Eurocopa é que no século XIX os lusos tiveram os britânicos como aliados para garantir a soberania do país. E no Saint Dennis um britânico de Londres mediou a partida sem beneficiar um ou outro. Legitíma vitória lusa! A vitória da garra. O triunfo do astro que comporta-se no campo de jogo como seus demais companheiros sem tanto holofotes voltados para si. Cristiano Ronaldo torna-se Rei de Portugal. E todo monarca vangloria sua tropa!


Chamada Domingo

 

o rei zulu

Autêntico cabeça-de-área e um dos maiores marcadores da história do futebol brasileiro, Denílson Custódio Machado foi apelidado pelo cronista Nelson Rodrigues de “Rei Zulu”, por conta da semelhança com os grandes líderes africanos.