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RESENHADA

vídeo: Rodrigo Cabral

A equipe do Museu foi até o Barra Deck conferir uma pelada do Resenhada, um grupo pra lá de divertido! Liderados pelo ortopedista José Eduardo Amarante, os boleiros são quase todos “bichados” e se sacrificam para participar da brincadeira. 

Artrose, ligamento rompido e prótese no quadril são apenas alguns dos problemas dos craques. Mas engana-se quem pensa que, por isso, a pelada é de baixo nível técnico. Teve gol olímpico, de bicicleta e muitos dribles em um dos raros campos de grama natural do Rio de Janeiro.


O mais curioso é que se os boleiros se machucarem durante o jogo, eles têm 24 horas para ir ao consultório do Amarante para uma consulta grátis. Se demorarem mais do que um dia, a consulta passa a ser paga! 

No fim da pelada, após muito gelo e spray para alivar a dor, os boleiros se deliciaram com uma bela paella, acompanhada de muita cerveja!

VALEU, VELUDO!!


Ex-goleiro da seleção, Caetano da Silva Nascimento, o Veludo, completaria 86 anos hoje! Com passagens por Fluminense, Santos, Atlético-MG e Madureira, o craque defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 1954!

AO MESTRE, COM CARINHO

por Zé Roberto Padilha

Para seus alunos, como eu, não teve uma imagem mais bonita e marcante da que revê-lo carreando a tocha olímpica em sua chegada ao Rio de Janeiro. Sou um daqueles privilegiados jogadores de futebol que, de chuteiras no lugar do tênis Bamba, do Kichute, recebeu de você preciosas aulas em uma sala de aula a céu aberto. E com piso de grama verde. A didática era conduzida por um apito que orientava nossos passes, domínios e lançamentos. E a prova realizada não mais com papel e caneta nas mãos, mas com imaginação, improviso e uma bola de futebol nos pés.

Em meio a tantos pontas-esquerdas ofensivos que o Brasil revelava, como Pepe, do Santos, Escurinho, do Fluminense, Canhoteiro, do São Paulo, posso imaginar, afinal tinha apenas seis anos, o tamanho da sua sabedoria para alcançar a titularidade daquela cobiçada camisa 11 canarinho que nos levou ao primeiro título mundial, em 1958, na Suécia. Você, mestre Zagallo, não acabou com os pontas, mas inaugurou a inteligência, o pensar no lado esquerdo que Telê Santana, no Fluminense, iniciara no lado direito pelas Laranjeiras. 

Antes do Zinho ser o ponta do tetra, do Dirceuzinho disputar duas Copas do Mundo, você já provara ao seu treinador, Vicente Feola, que em meio a Nilton Santos, que se lançava ao ataque, Garrincha, Vavá e Pelé que não marcavam, e com craques requintados no meio-campo como Didi e Zito, alguém tinha que voltar para fechar aquele meio-campo. Armar as jogadas, cadenciar o jogo e ajudar na marcação. Não errar um só passe. Pensar coletivamente, enquanto todos se empenhavam em fazer o melhor da sua individualidade. Não foi à toa que você e o Telê se tornaram nossos maiores treinadores ao lado de Evaristo Macedo. Já treinavam há muito os times em que jogavam.


Quando cheguei ao Fluminense para um período de testes, era um bom meia-esquerda. Talvez o melhor de Três Rios. Mas por lá encontrei o melhor de Campos, Muriaé, Niterói e Itaperuna. Meu treinador, Pinheiro, percebeu que nosso lateral-esquerdo apoiava como Nilton Santos. Que Carlos Alberto Pintinho, Cléber eram solistas. Não carregadores de piano, como Denilson e Lulinha.

Me ensinou a jogar como você, circulando com a onze, dando opções na saída de bola e cobrindo todo mundo quando ela estava nos pés adversários. E fui ficando, renovando seguidos contratos até alcançar a Faixa de Gaza que, aos 19 anos, decide o nosso destino: último ano de juniores, ou você é aceito no profissional, ou pega a mala e volta para casa como a maioria dos garotos, que como eu, sonhou um dia ser jogador de futebol.


E quando Lula estava na seleção e você me viu treinar, escalou-me para enfrentar o América. Foi minha estréia no Maracanã. Só quem passou por isto sabe o que significa entrar em campo e perceber aquele gigante de cimento fechar seu anel sobre nossas cabeças. Com parte da família na arquibancada, a outra em casa colada no radinho em meio à preces e santinhos, Badeco, Alex, Alvaro, Bráulio e Cabrita nos cercando, Geremias à frente do Félix, se acertasse a bola já estava no lucro. Acertar os passes, então, pura loteria. E você foi carinhoso no meu dia D, me deu moral no vestiário apesar do Fluminense não jogar bem, e pude seguir minha carreira com o Parreira que você, ao abrir as portas do mundo árabe, promoveu no seu lugar.

Em meu nome, em nome do futebol brasileiro, de tantos alunos que você ajudou a formar, muito obrigado. A tocha em suas mãos, perante tamanha serenidade, acendeu a luz do respeito, do carinho e da saudade que todos nós, os seus alunos, guardamos de você.

 

 

SAI QUE É SUA, TAFFAREL!!

No duelo das muralhas, Taffarel superou Marcos e foi eleito o craque da semana! Veja belas defesas do goleiro com a camisa da seleção brasileira!

GOL OLÍMPICO


O gringo Petkovic fez alguns gols olímpicos na carreira

Você sabe por que o gol de escanteio foi batizado como “Gol Olímpico”? No livro “Futebol ao Sol e à Sombra”, o escritor uruguaio Eduardo Galeano explica a origem do nome.

“Quando a seleção uruguaia voltou da Olimpíada de 1924, os argentinos lhe ofereceram uma partida de comemoração. A partida foi jogada em Buenos Aires. O Uruguai perdeu por um gol. O ponta esquerda Cesáreo Onzari foi o autor do gol da vitória. Lançou um tiro de córner e a bola entrou no arco sem que ninguém a tocasse. Era a primeira vez na história do futebol que se fazia um gol assim. Os uruguaios ficaram mudos. Quando conseguiram falar, protestaram. Segundo eles, o goleiro Mazali tinha sido empurrado enquanto a bola vinha no ar. O árbitro não deu confiança. E então resmungaram que Onzari não tinha tido a intenção de acertar a meta e que o gol tinha sido coisa do vento. Por homenagem ou ironia, aquela raridade foi chamada de gol olímpico. E até hoje é chamado assim, nas poucas vezes em que acontece. Onzari passou o resto de sua vida jurando que não tinha sido casualidade. E embora tenham transcorrido muitos anos, a desconfiança continua: cada vez que um chute de escanteio sacode a rede sem intermediários, o público celebra o gol com uma ovação, mas não acredita nele”.

Nascido em Montevidéu, Galeano era apaixonado por futebol e tinha o sonho de se tornar um jogador profissional, o que o motivou a escrever o livro “O Futebol ao Sol e à Sombra”. De acordo com o autor, “as páginas deste livro são dedicadas àqueles meninos que uma vez, há anos, cruzaram comigo em Calella da Costa. Acabavam de jogar uma pelada, e cantavam: Ganamos, perdimos, igual nos divertimos”.