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REINALDO VENCE DISPUTA!

Como era de se esperar, a batalha foi dura, decidida nos últimos votos, mas o artilheiro Reinaldo superou Careca e foi eleito o craque da semana! Veja belos lances do ídolo do Atlético-MG!

BOM SENSO

:::: por Paulo Cezar Caju ::::


Kkkkkkkkkkkkkk. O Bom Senso acabou??? A solução para moralizar o futebol acabou??? O projeto revolucionário, liderado pelo zagueiro Paulo André? Pelo amor de Deus, chupou laranja com quem??? Esse projeto nem nasceu, né? E bom senso, cá para nós, está em extinção há tempos.

O curioso é que o projeto morre assim que Tite assume a seleção. O Tite era do Corinthians, o Paulo André era do Corinthians, que bom senso é esse? Por falar em Tite, ele saiu da “nova arena” do Botafogo, kkkkkk, quando o Flamengo ganhava de 3 a 1. Foi ele sair e o Botafogo meter dois. Não teve o bom senso de esperar o jogo terminar, mas tá valendo.


Bom senso também não tiveram os políticos que, nessas Olimpíadas, correm mais do que o Bolt para entregar as obras…..pela metade, cheias de gambiarras.

Bom senso não está tendo o Cuca, técnico reconhecidamente ofensivo, um dos poucos que ainda montam times interessantes, jogando de forma covarde, ganhando com medo perder. Deixa o Palmeiras jogar com alegria, Cuca!!!

Falcão voltou para o Inter e Argel, que garantiu não ficar uma semana desempregado, voltou para o Figueirense. Sobre o que falávamos mesmo? Ah, bom senso!!! Bom senso deveria ser não ficar repetindo figurinhas.

Os jornais noticiam os desdobramentos do atentado em Nice, aquele em que um doido, sem qualquer bom senso, atropelou e matou várias pessoas. Passei muitas férias em Nice, assisti muito aquela espécie de réveillon francês.

Chega, PC!!!! Sei que misturei as estações, um bom senso com o outro, mas minha cabeça é assim mesmo, uma mistura de nostalgia e inconformismo. Mas adoro uma boa gargalhada: o Bom Senso acabou, Kkkkkkk!!!!!   

– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 22 de julho de 2016

OS RENITENTES

por Claudio Lovato


O senhor de bigode grisalho e boné amarelo sentado na cadeira de plástico entrelaça os dedos das mãos, levanta a cabeça, olha para o grupo diante dele e diz:

– Hoje vamos marcar lá em cima!

Lá no fundo, sem que ninguém lhe dê atenção, Nilo do Espírito Santo acende a vela recém tirada da embalagem diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

– Vamos chegar junto na saída de bola deles! – enfatiza o homem que todos chamam respeitosamente (já foi mais respeitosamente) de seu Deco.

Zé Alípio, o Netinho, escondido na terceira fila atrás de Toninho Dedão e Marcelo Voadeira, olha para o lado, encara a parede vazia e suspira.

Bruno da Bênção, às costas de Netinho, deixa escapar (não fez nenhuma força para conter) um “tsc”, que todos fingem não ouvir.

Rafa Careca bate palmas duas vezes, confiante, em uma tentativa de incentivo.

Lá fora, os quero-queros cantam; são muitos, ao que parece.

Oito derrotas consecutivas.

E então o homem de bigode, seu Deco, diz:

– Vamos para o jogo!

II

Os dedos indicador e médio da mão direita, amarelados de nicotina, amarelo vivo de solidão reiterada e de alertas desde sempre ignorados, seguram agora não o cigarro de praxe, mas uma caneta bic azul já quase sem tinta. Na outra mão, a prancheta.

Ele diz:

– Hoje é esperar, deixar os caras virem. Quando tomarmos a bola, só vamos sair na boa!

Nilo do Espírito Santo olha para a imagem de Nossa Senhora Aparecida, retira uma vela usada da embalagem de plástico e pega no bolso do abrigo a caixa de fósforos meio molhada da chuva de outro dia.

– Deixem eles com a bola, porque, como a gente já sabe, posse de bola e controle do jogo são duas coisas diferentes! – diz o veterano de muitas batalhas, mas que hoje, naquele grupo, já é tratado pela maioria apenas como “O Velho”.

Netinho, sentado na quarta fila ao lado de Rubão Mão de Vaca, olha para o lado, em direção à janela basculante em cima da porta que dá para o banheirinho, e bufa.

Bruno da Bênção, sentado bem em frente, volta-se para o companheiro e solta um xingamento, sussurrado, entre dentes, dirigido a seu Deco. Netinho e todos os que ouviram balançam a cabeça em sinal de concordância.

Rafa Careca bate palmas três vezes; um esforço perseverante.

Lá fora, os quero-queros cantam baixo, sem muita força. Provavelmente são poucos, e esparsos.

Nove derrotas consecutivas.

E então o homem do bigode, seu Deco, diz (apenas diz, não exclama):

– Vamos para o jogo, moçada.

III

As mãos trêmulas agora repousam na prancheta colocada sobre os joelhos, que também parecem tremer. A caneta azul é a mesma do último jogo, mas ela já não é útil, porque a tinta secou há pelo menos dois dias.

Dez derrotas consecutivas e ele diz:

– Hoje vamos com duas linhas de cinco, e o Edu Zebra um pouco mais adiantado.

Nilo do Espírito Santo posiciona o toco de vela em frente à imagem de Nossa Senhora Aparecida. Vai acendê-la, mas a caixa de fósforos está vazia. Ele pensa no que fazer.

– Mas não é cinco-quatro-um. São duas de cinco. E, quando eles vierem para cima da gente, o Edu tenta se posicionar um pouco mais à frente, nas costas dos zagueiros deles, e aí é bola comprida nele, de preferência com lançamento do Netinho. – explica aquele que, nesse grupo, já foi veterano, já foi velho e agora é tratado como um adareço fora de moda que eles têm que carregar no pescoço, à força, por alguma razão desconhecida.

Netinho, sentado na quinta fileira de cadeiras, quase na porta do vestiário, muito perto de onde está agora seu tio Nilo do Espírito Santo (agachado e pensativo em frente à imagem de Nossa Senhora Aparecida), fecha os olhos, sorri e, para surpresa geral, para grande espanto corroborado por muitas bocas abertas, bate palmas – uma, duas, três, quatro vezes. 

Bruno da Bênção, de um ponto diametralmente oposto ao de Netinho, agarra com força os braços da cadeira em que está sentado, tem os olhos semicerrados e, de repente,solta um assovio daqueles altos e cortantes, do tipo que dói no ouvido de quem está perto, e então começa, ele também, a bater palmas.

Rafa Careca, tomado pela euforia, levanta-se da cadeira e grita, com os dois braços levantados:

– É isso aí, porra!

Lá fora, os quero-queros dão início a uma balbúrdia infernal. Parecem ser mais de cem, ou mais de mil.

O barulho de um trovão como jamais ouvido anteriormente naquela região faz tremer, com sua fúria ancestral de mágoas por muito tempo guardadas, as paredes descascadas do velho vestiário.

E o homem de bigode e boné amarelo, num tom firme e peremptório que ele próprio, tempos depois, admitiria que considerava impossível para aquele momento, diz (exclama) então:

– Vamos lá ganhar esse jogo, caralho!!!

IV

Nilo do Espírito Santo posiciona a vela em frente à imagem. Ele sente muita gratidão. A vela é nova, vermelha e longa, e o isqueiro de plástico preto reluzente funciona que é uma beleza.

Às suas costas há um vozerio animado, feliz, e cada palavra pronunciada remete ao desejo urgente de ir para o campo.

Nilo sorri e pensa (mais uma vez) que, quando chegar seu dia, seu momento derradeiro, sua despedida definitiva, ele quer que seja ali, no meio daquilo, e ele tem uma certeza secreta de que assim será.

Ele nunca quis outra coisa tanto quanto isso.

PARABÉNS, FLUMINENSE!

No dia em que o Fluminense completa 114 anos, o Museu da Pelada presenteia os torcedores com belos gols da dupla que fez história com a camisa tricolor, o Casal 20, formado por Washington e Assis!

O SUPER-ATLETA

por Wesley Machado


Gamelão mostra controle de bola

Ele não é só um atleta de final de semana. Ele é um super-atleta de final de semana. Aos 42 anos, Sandro “Gamelão” joga três vezes num só final de semana. No sábado pela manhã, ele participa da “PeLeiJa”, a pelada dos funcionários da Câmara de Vereadores de Campos dos Goytacazes-RJ. No sábado à tarde, Gamelão agarra no time do Victor Sence no campeonato Cinquentão. E no domingo, ele atua como centroavante do Leopoldinense no Quarentão.

Para aguentar tamanho esforço num só final de semana, Gamelão joga à base de aplicações de injeções. Vale destacae que ele que foi jogador profissional, jogou no Goytacaz com o técnico Waldemar Lemos, irmão de Oswaldo de Oliveira. Jogou também no Cardoso Moreira, onde foi campeão da Terceirona em 1994. Mas fez sucesso mesmo nas disputadas competições da Baixada Campista, onde jogou pelo Cruzeiro de Poço Gordo e foi tri-campeão e artilheiro três vezes.

Recentemente, Gamelão perdeu a mãe Ceinha. Ele já havia perdido o pai há poucos anos. Sem a presença dos pais, Gamelão encontra nos amigos o apoio para suportar a vida dura que leva. Para ele,  vigilante patrimonial do legislativo municipal campista e pai de sete filhos, o futebol é puro lazer, uma coisa que gosta e uma oportunidade de reunir os amigos. Uma vez por mês, ele também atua no master do Goytacaz, clube que já esteve na 1ª divisão do Campeonato Brasileiro e atualmente está ameaçado de cair para a Série C do Carioca.

Numa pelada que tem até pré-candidato a prefeito da cidade, Rafael Diniz, neto do ex-prefeito de Campos, Zezé Barbosa; Gamelão é quem se destaca. É só começar a ganhar uma pelada em cima da outra, que ele começa a brincar. Os adversários ficam loucos. Mas Gamelão demonstra que leva a coisa na brincadeira. Tudo para mostrar que na pelada o que vale é se divertir. Mas vai dizer isto para o Júnior. Este não aceita perder de jeito algum. No final todos saem satisfeitos. Ainda mais com o churrasco, quando cada um recupera as calorias que perdeu.