SAI QUE É SUA, TAFFAREL!!
No duelo das muralhas, Taffarel superou Marcos e foi eleito o craque da semana! Veja belas defesas do goleiro com a camisa da seleção brasileira!
GOL OLÍMPICO
O gringo Petkovic fez alguns gols olímpicos na carreira
Você sabe por que o gol de escanteio foi batizado como “Gol Olímpico”? No livro “Futebol ao Sol e à Sombra”, o escritor uruguaio Eduardo Galeano explica a origem do nome.
“Quando a seleção uruguaia voltou da Olimpíada de 1924, os argentinos lhe ofereceram uma partida de comemoração. A partida foi jogada em Buenos Aires. O Uruguai perdeu por um gol. O ponta esquerda Cesáreo Onzari foi o autor do gol da vitória. Lançou um tiro de córner e a bola entrou no arco sem que ninguém a tocasse. Era a primeira vez na história do futebol que se fazia um gol assim. Os uruguaios ficaram mudos. Quando conseguiram falar, protestaram. Segundo eles, o goleiro Mazali tinha sido empurrado enquanto a bola vinha no ar. O árbitro não deu confiança. E então resmungaram que Onzari não tinha tido a intenção de acertar a meta e que o gol tinha sido coisa do vento. Por homenagem ou ironia, aquela raridade foi chamada de gol olímpico. E até hoje é chamado assim, nas poucas vezes em que acontece. Onzari passou o resto de sua vida jurando que não tinha sido casualidade. E embora tenham transcorrido muitos anos, a desconfiança continua: cada vez que um chute de escanteio sacode a rede sem intermediários, o público celebra o gol com uma ovação, mas não acredita nele”.
Nascido em Montevidéu, Galeano era apaixonado por futebol e tinha o sonho de se tornar um jogador profissional, o que o motivou a escrever o livro “O Futebol ao Sol e à Sombra”. De acordo com o autor, “as páginas deste livro são dedicadas àqueles meninos que uma vez, há anos, cruzaram comigo em Calella da Costa. Acabavam de jogar uma pelada, e cantavam: Ganamos, perdimos, igual nos divertimos”.
Marcelinho Machado
A BOLA DA VEZ
entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | vídeo: Rodrigo Cabral | fotos: Marcelo Tabach
Na abertura das Olimpíadas, o Museu da Pelada prestigia o basquete, uma das modalidades mais praticadas no mundo.
A dica veio de Ney Pereira, técnico da escolinha de futsal de Gustavo, filho mais velho de Marcelinho, ídolo do basquete do Flamengo.
– Em determinado momento do treino ele vai para um canto da quadra, pega a bola de salão e fica arremessando numa cesta de lixo. Acerta todas!!!
O que teria levado Marcelinho a optar pelo futsal? A equipe do Museu da Pelada, aproveitando o clima olímpico, investiu em outra modalidade e foi até a quadra do condomínio do atleta, na Barra, conferir. A resposta não poderia ser outra.
– O futebol faz parte da infância de toda a criança, não dá para forçarmos uma barra, tem que ser natural.
Com Marcelinho Machado foi assim. Na infância, praticava judô, natação, futebol e basquete. Quando era aluno do Colégio Santo Inácio, integrava as seleções da série e, pela altura, era um dos principais zagueiros do time de futebol. No basquete, começou aos 10 anos, quando assistia a um treino do seu irmão mais velho, no Flamengo. Naquele dia, o técnico Peixoto avisou que o clube teria uma categoria mais nova e perguntou se o menino tinha interesse.
– Não pensei duas vezes! Como ia recusar um convite daquele? Ali começou minha história no basquete. Me federei e de lá para cá nunca mais larguei o esporte. E está difícil largar! – admitiu o ala, que acabou de renovar o contrato com o Flamengo por mais um ano.
E com Gustavo, camisa do Barcelona, não deve ser diferente. O menino sonha em repetir os passos do paizão. Aos sete anos, demonstra talento no esporte, o que ficou visível nos arremessos certeiros durante a disputa entre ele e o pai sugerida por nossa equipe: cinco arremessos e cinco cobranças de pênaltis para cada um. Nos arremessos acertaram todas, mas nos pênaltis o filho venceu confirmando o bom trabalho do professor Ney Pereira. Thiago, o caçula de três anos, também demonstrou habilidade e arrancou gargalhadas ao tentar passar a bola de basquete entre as pequenas pernas. Renata, a mãe, babava!!!!
Como também baba com a trajetória do maridão nas quadras.
– Se Zico é o herói do Flamengo, no gramado, Marcelinho assume esse posto de ídolo nas quadras! – resumiu o segurança do condomínio.
Contratado pela equipe de basquete do Flamengo, em 2007, o ala foi fundamental na mudança de postura do time e é o principal nome na história recente de títulos do clube. Aos 41 anos, Marcelinho foi fundamental na conquista do último título nacional do Flamengo, o quinto com a camisa do clube, sendo eleito um dos melhores jogadores da Liga Nacional de Basquete. O bom desempenho na competição animou os torcedores em relação à participação do jogador nas Olimpíadas. Ídolo mundial na modalidade, Oscar Schimdt chegou a dizer que convocaria Marcelinho se fosse o treinador da seleção.
Mas a convocação não aconteceu, o que não mancha em nada a brilhante carreira do jogador. Pela seleção, foram três medalhas de ouro pan-americanas, cinco mundiais disputados e a participação nas Olimpíadas de Londres. Antes de se tornar ídolo do clube, no entanto, Marcelinho percorreu um longo caminho fora dele. Como seu pai era diretor do Fluminense, se transferiu para o clube das Laranjeiras, aos 14 anos, para poder ser mais bem supervisionado. Ficou no Flu até se tornar profissional e, a partir daí, começou sua saga. Sempre buscando aprimorar as técnicas, o craque jogou em Minas e no Sul, antes de chegar ao Botafogo, no final dos anos 90, onde começou a se destacar.
Depois disso, aventurou-se na Europa. Jogou no Rimini Crabs, da Itália, e no Cantabria Lobos, da Espanha. Retornou ao Rio para jogar no Telemar, sendo o principal responsável pelo título nacional da equipe, em 2004. Em 2005, pela seleção, foi eleito o melhor jogador da Copa América e logo se transferiu para o Zalgiris Kaunas, da Lituânia, onde o basquete é o esporte mais popular.
– As pessoas que não acompanham o esporte não entenderam essa minha transferência. Mas a Lituânia é uma das potências mundiais do basquete. A estrutura era de primeiro mundo. Nunca tinha visto nada parecido com aquilo, foi muito bom para a minha carreira.
Em 2007, aos 33 anos, apostou no projeto de reestruturação do basquete do Flamengo e chegou com status de ídolo. Até então, a equipe era respeitada no Rio de Janeiro, mas deixava a desejar nas competições nacionais. Coincidência ou não, depois que o astro foi contratado, o time conquistou a Liga das Américas, o Mundial e a Liga Nacional, sem contar os títulos estaduais.
– Jogar no meu time de coração é um sonho! Comecei a ir ao Maracanã com cinco anos de idade para assistir àquele timaço liderado por Zico. Era uma época mágica, todo jogo era certeza de goleada e bom futebol.
Com incríveis 18 títulos em nove anos de Flamengo, o atleta caiu nas graças da torcida e foi ovacionado na última conquista da Liga Nacional.
Mas no meio da entrevista, Marcelinho volta ao futebol e revela que sempre tenta jogar peladas com os companheiros do clube, mas esbarra no preparador físico. Segundo o ala, os aquecimentos antes dos treinos são monótonos e a pelada só é liberada se os jogadores ganharem a aposta.
– Todo mundo gosta de jogar futebol! Como ele não costuma deixar, a gente faz apostas! Se ganharmos três partidas seguidas, por exemplo, o futebol é liberado!
Uma pelada inesquecível para o craque ocorreu em 2003, quando o jogador ainda atuava na Europa. De férias no Brasil, Marcelinho organizou um jogo no Maracanã com os amigos. Logo no início da partida, o craque do basquete recebeu uma bola na zaga e viu um companheiro desmarcado no ataque:
– Mirei nele e dei um bico para frente! A bola foi perfeita! Ele saiu de cara para o gol, mas se embolou todo com a bola e não conseguiu chutar. Até hoje brinco com ele por causa disso. Não sabia que era capaz de dar um passe desses – vibrava enquanto a mulher comprovava o feito mostrando imagens do Youtube.
Se o momento mais especial no futebol não terminou com a bola na rede, o mesmo não se pode falar do basquete. Segundo Marcelinho, a “cesta da vida” ocorreu no Mundial em 2002, contra a Turquia, no último segundo de jogo, garantindo a vitória. Outro momento mágico eleito pelo atleta foi a classificação para as Olimpíadas de Londres, diante da República Dominicana.
– A gente tinha ficado fora de três Olimpíadas e chegamos um pouco desacreditados na competição, sem alguns jogadores importantes. Participar das Olimpíadas é o auge na carreira de qualquer atleta e comigo não foi diferente. A convivência na Vila Olímpica, o clima e tudo que envolve os jogos são muitos divertidos! – finalizou.
Se os filhos vão seguir os passos do pai, só o tempo dirá, mas se eles fizerem metade do que Marcelinho fez, já serão grandes craques do basquete nacional!
A MEDALHA
texto: Paulo Cezar Caju | vídeo: Guillermo Planel e Daniel Planel | fotos e edição: Daniel Planel
Depois vocês não querem que o negão seja marrento. Hoje, pela manhã, no Sofitel, em Copacabana, recebi uma comenda do governo francês, a mais importante de todas. O próprio presidente do país, François Hollande, entregou. Tomamos café antes. Eu, ele, e meus amigos Jairzinho, Carlos Alberto Torres, Carlos Roberto, Búfalo Gil, Cláudio Adão, Paula Barreto, Lucy Barreto, Luiz Carlos Barreto, o Barretão, Elso Venâncio, Nélio Machado, Comandante da Marinha, Eduardo Monteiro, professor Francisco Campos, o advogado, Gabriel Machado e o chef internacional Rolland Villard.
Passei 12 anos da minha vida na França e me lembro quando, em 74, a seleção brasileira treinava na Alemanha e o Just Fontaine, nada mais do que o Just Fontaine, aproximou-se e perguntou se eu não gostaria de jogar no Paris Saint-Germain, que lutava para sair da segunda divisão. Mas preferi o convite do Olympique de Marseille, que tinha praia, tunisianos, marroquinos e argelinos, essa misturada parecida com o Rio e que para mim faz toda a diferença. Françoise Hollande divertiu-se com isso. Como pude trocar Paris por Marseille??? Lá tem praia, Françoise, lá tem praia, kkkkk!!!
Essa comenda, por sinal, tem a ver com isso, com essa relação cordial que sempre tive com eles e pela a luta contra o racismo, contra o terror, que vem massacrando aquele povo. O futebol é a ferramenta para levarmos esse discurso mais longe. E as Olimpíadas, agora, outra excelente oportunidade.
O mais engraçado de tudo é que após o convite, tudo certinho, o adido cultural pediu pelo amor de Deus para que eu não atrasasse, afinal era o presidente da França!!! Kkkkkkkkkk!!!! Só porque uma vez fui capa do L´Équipe pedindo carona na estrada. Havia namorado além do tempo e perdido a hora, e o ônibus, que levava o time para o jogo contra o Saint-Étienne. Esse caso ficou famoso na França. Mas pelo menos, apesar da correria, deixei o meu golzinho, de cabeça. Tudo bem que o Saint-Étienne meteu quatro, mas aí é outra história.
A verdade é que essa medalha mexeu muito comigo e, por isso, fiz questão de agradecer aos amigos que me ajudaram a vencer a luta contra as drogas. Claro que chorei nesse momento! Os Cajus também choram!!! Se não tivesse parado, teria morrido. Imagina Isso???
Quando podia imaginar, naquela época, no fundo do poço, que um dia fosse ser reconhecido por alguma coisa? Era um vagabundo, um drogado, um esquecido, um inconveniente. Mas lutei e venci. E veio a recompensa! Não do governo brasileiro porque aqui os valores são outros, mas da França.
Hoje senti a memória do futebol ser respeitada, hoje chorei e hoje, de passagem, vi minha imagem num espelho do hotel. Voltei e me encarei. Não era sonho, nem delírio da minha cabeça. Que bom, estou salvo!
ENSAIO MAGNÍFICO
Que o campo de futebol é um dos lugares mais democráticos do mundo todo mundo sabe! Mas o fotógrafo João Luiz Bulcão comprovou isso de uma forma sensacional! Com registros de tirar o fôlego, o craque fez um ensaio fotográfico mostrando a paixão dos brasileiros, que não medem esforços para praticar o futebol. Nos cliques do experiente fotógrafo, todos os personagens têm apenas um foco: a bola. Dentre eles, estão homens, mulheres, índios, negros, brancos, idosos e jovens jogando ou torcendo em lugares variados, comprovando que o campo é mesmo para todos, sem exceção!
Morando na França desde 1997, Bulcão sempre aproveita suas viagens ao Brasil para registrar momentos relacionados ao futebol em diversas regiões do país. Grande parte desse trabalho, no entanto, foi feito nos anos precedentes a 2014, data em que seu livro estava previsto para ser lançado, na França. Mas, por uma questão editorial e pessoal, o lançamento acabou não acontecendo e a nova previsão passou a ser para a véspera da Copa de 2018, na Rússia.
Por ter sete escritores e um fotógrafo, a obra vai se chamar 7×1. De acordo com o autor, o livro de fotografia será acompanhado de estórias baseadas na paixão eterna do brasileiro pelo futebol e que vão muito além do placar humilhante imposto pelos alemães na ultima Copa do Mundo.
Há 29 anos na profissão, Bulcão começou na Revista Manchete e passou pela Revista Veja, antes de se mudar para Nova Iorque, em 94, onde trabalhou na agência de fotojornalismo Gamma-Liaison. Em 97, chegou a Paris e ficou até 2003 na agência Gamma. Depois disso, virou freelancer e correspondente, em Paris, da agência americana Polaris Images, com reportagens geralmente voltadas para a temática social e econômica. Parte de seu trabalho está nos arquivos das agências Pulsar e Tyba, que o representa no Brasil. Além disso, tem projetos documentais relacionados ao futebol e à Amazônia.
Para saber mais sobre o fotógrafo, acesse o site: www.jlbulcao.com