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106 ANOS DO TIMÃO

No dia do aniversário de 106 anos do Corinthians, o Museu da Pelada resgata uma linda canção de Paulinho Nogueira e Toquinho, exaltando o amor por um dos maiores clubes do Brasil!

Confira a letra:

MEUS 20 ANOS (AI, CORINTHIANS)
(Paulinho Nogueira)

São 20 anos de espera,
Devoção e muito amor.
Cada vitória é uma festa
E a derrota um dissabor.
Até um simples empate,
Que podia consolar,
Quase sempre é conquistado
Quando é preciso ganhar.
Mas nessas poucas vitórias,
Algumas sensacionais,
A gente esquece de tudo
Não desanima jamais.

Ai, CORINTHIANS,
Cachaça do torcedor,
Colorido em preto e branco,
Sem preconceito de cor.
Ai, CORINTHIANS,
Quando és o vencedor,
Pobre fica milionário
Rindo da própria dor.

E lá se vão 20 anos,
Alimentando ilusão
Renovando a esperança,
Agüentando gozação.
Quantos domingos sombrios,
Eu, eterno sonhador,
Chegava em casa arrasado,
Maltratava o meu grande amor.
Meu São Jorge, me dê forças,
Pra poder um dia, enfim,
Descontar meu sofrimento
Em cima de quem riu de mim.

 

ENSAIO DA BOLA

E as colaborações dos nossos amigos para o Museu da Pelada não param de chegar!! É muito orgulho! Dessa vez, o jornalista e fotógrafo André Teixeira nos enviou um ensaio muito bacana sobre peladas! 


Apesar de ter nascido em Minas Gerais, o craque é botafoguense apaixonado e integra o movimento “Ogrografia – por uma fotografia sem frescura”, que defende conceitos como enquadramento, foco e fotometragem.

Como os outros ensaios que já recebemos, o de André Teixeira reforça a tese de que o campo de futebol é o lugar mais democrático do mundo, com crianças, homens, mulheres e adultos praticando. Além disso, o fato de ser praticado em diversos lugares também chama a atenção: quadras, terra batida, gramado, areia, paralelepípedo, nos becos das favelas, entre outros lugares.

Cá entre nós, existe lugar melhor do que um campo de futebol?

CALÇADÃO

texto: Claudio Lovato | foto: Bruno Veiga


Os pés de tornozelos inchados, mal acomodados nas sandálias de couro, procuram um ponto estável nas pedras portuguesas. E os olhos na areia.

– O garoto com a 8 é bom de bola – ele diz para si mesmo, pensamento em voz baixa, diluída no vento que vem do mar.

Um homem mais novo se aproxima e o cumprimenta de um jeito muito econômico, meio receoso, sem dúvida reverente.

– Fala, seu Maneco!

O velho retribui com um cumprimento ainda mais escasso, sem tirar os olhos da areia. A mão trêmula segura um copo de cerveja trazido do quiosque. Os pés doloridos buscam a compreensão das pedras pretas e brancas, e principalmente dos buracos de praxe entre elas.

– Mas ainda é nervoso! Com o tempo vai ganhar sangue frio – o velho diz.

O garoto com a camisa 8 passa perto deles. Cospe na areia, faz um movimento rápido com o pé esquerdo para cobrir o cuspe e põe as mãos na cintura. Agora está abandonado, esquecido, distante de onde as coisas se desenrolam. Levanta o braço, pede a bola, mas ela não vem.

E o velho diz:

– Ansioso que só ele.

O copo de cerveja na pontinha do banco de cimento, a mão no bolso da camisa social de mangas curtas, o maço na mão, depois o isqueiro de plástico, outro cigarro aceso.

O garoto da 8 recebe a bola, perto da calçada. Dá pinta de que vai cruzar, mas resolve que não. Vai com ela em direção ao gol, como se houvesse ouvido uma ordem superior, muito acima de sua capacidade de dizer não, e então chuta cruzado, com toda a força e toda a fúria que consegue reunir naquele momento crucial, mas o que sai é um arremedo de chute, um engodo, uma piada, e ele custa a acreditar no fiasco que fez, e os companheiros reclamam, e o velho traga o cigarro e solta a fumaça e diz para si mesmo (e talvez para o companheiro ao lado):

– Era isso mesmo.

O velho, a quem todos chamam respeitosamente de seu Maneco, agora dá as costas para o jogo e põe-se em movimento, em seu passo de romaria.

O amigo o observa ir embora e depois vai se juntar a outros quatro que estão sentados ali perto, em cadeiras de plástico.

– Quando será que eles vão voltar a se falar? – um deles pergunta.

E o que estava com o velho responde:

– Tem mágoa demais nisso aí.

O garoto de camisa 8 se volta para o calçadão, faz cara de quem olhou para lá só por acaso, põe a mão na parte de trás da coxa esquerda (um cacoete), levanta o braço pedindo a bola e sai trotando rumo àquela região da areia onde nada se decide. 

21 ANOS DO BI


Há exatos 21 anos, o Grêmio conquistava o bicampeonato da Libertadores! Com 12 gols, Jardel foi o artilheiro da competição!

OURO AMENIZA DOR DA COPA

por Marcos Vinícius Cabral


Neymar homenagem Zagallo após a conquista, com a famosa frase “vão ter que me engolir”

Responsável pelo maior vexame da história das Copas do Mundo, a Alemanha sentiu o gosto amargo da derrota para o Brasil, no Maracanã. 

A vitória dramática colocou fim ao trauma brasileiro de sempre bater na trave em Olimpíadas. Se o título não apaga o vexame dos 7 a 1, certamente ameniza a dor da derrota do Mineirão em 2014, e deixa com a Alemanha a decepção de não ter um título olímpico. 

Foi vingaça? Talvez não, mas o gostinho sim. 

Em uma partida muito disputada, após empate de 1 a 1, o Brasil venceu nos pênaltis por 5 a 4, tendo a última cobrança convertida pela capitão e camisa 10 Neymar levando os 70 mil brasileiros ao delírio com o título inédito no XXXl Jogos Olímpicos.

O Brasil começou melhor mas foi a equipe alemã que levou perigo ao gol de Weverton, quando Brandt recebeu na entrada da área e bateu colocado, mas a bola explodiu no travessão brasileiro, testando os cardíacos e gelando o Maracanã. O Brasil, porém, melhor na partida e com uma precisão admirável nos desarmes e mais lucidez no ataque, fazia pressão. Até que aos 25 minutos da primeira etapa, veio a apoteose no Maracanã: Neymar sofreu falta na entrada da área e, empurrado pelas 70 mil vozes da torcida que gritava seu nome, viveu seu momento de Zico – maior artilheiro do estádio com 333 gols – marcando um golaço numa cobrança magistral que ainda bateu no travessão antes de encontrar as redes. Neymar celebrou com o tradicional gesto da lenda cada vez mais brasileira Usain Bolt, que estava na arquibancada e vibrou com o espetáculo, e com uma frase eternizada pelo atacante Cristiano Ronaldo, seu adversário na Espanha: ‘Eu estou aqui”.

Com isso, a Alemanha, em desvantagem, subiu de produção e, logo no início da segunda etapa, o lateral Toljan cruzou da direita, a bola atravessou a área brasileira e o capitão Max Meyer bateu de primeira para empatar. Foi o primeiro gol sofrido pelo Brasil em seis partidas.

As duas equipes assustaram em contra-ataques no fim, mas as defesas se mantiveram intransponíveis e seguras.

Na prorrogação, a principal arma das equipes era a cautela e foi assim até o apito final do árbitro iraniano Alireza Faghani, que levou os jogadores a passarem pelo temido teste depois de intermináveis e desgastantes 120 minutos: cobranças de pênaltis.

Nas penalidades, Ginter, Renato Augusto, Gnabry, Marquinhos, Brandt, Rafinha, Süle e Luan foram precisos em suas cobranças. Petersen, então, bateu para defesa de Weverton. Coube a Neymar, expoente dessa geração, a responsabilidade de balançar a rede e sepultar de vez nossos traumas. O craque caiu estatelado no gramado, chorando compulsivamente, num dos momentos mais marcantes dessas Olimpíadas, após marcar o gol que resgatou um pouco do prestígio e respeito perdidos recentemente.

Momento Difícil

Depois de um início muito criticado a seleção do técnico Rogério Micale, passou a primeira fase das Olimpíadas sendo alvo de torcedores que cobravam vitórias e principalmente que seu camisa 10 fosse protagonista e não coadjuvante como em outras ocasiões.

O jogador que havia sido alvo da ira da torcida brasileira – em Brasília, no Estádio Mané Garricha por exemplo, chegou a ser vaiado, ouvindo o coro: – ah, arrá, a Marta é melhor do que o Neymar, gritavam em uníssono os torcedores brasilienses.

Mas o jovem e talentoso atleta de 24 anos, calou seus críticos e deu a volta por cima, marcando um golaço de falta e convertendo em gol a ultima cobrança que decretou a vitória do Brasil, se tornando herói desta conquista.

O camisa 10 ainda fez o que craques do quilate de Ronaldinho, Romário, Ronaldo não conseguiram: colocar no pescoço a tão sonhada medalha de ouro. Depois, em entrevista à Rede Globo, parafraseou Zagallo ao responder os críticos. “Vocês vão ter que me engolir.”

Em sua quarta final nas Olimpíadas, chegou enfim a hora do Brasil subir no lugar mais alto do pódio e tirar esse nó da garganta e gritar: é campeão!