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NOSSO TREINADOR “CORDIAL”

por Zé Roberto Padilha


Na busca da nossa formação, nas raízes do caráter do povo brasileiro, dois autores são obrigatórios para seu entendimento: Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda. O primeiro, nosso maior sociólogo, em seu clássico Casa-Grande & Senzala, enxerga na aproximação portuguesa junto aos escravos, no Brasil Colonial, uma das maiores características do brasileiro: o elemento da plasticidade, do homem sem ideais absolutos nem princípios inflexíveis. O segundo, um dos nossos maiores historiadores e crítico literário, em seu clássico “Raízes do Brasil”, destaca a expressão “homem cordial”. A cordialidade, ressaltou, é sua propensão para sobrepor as relações familiares, afetivas e pessoais às relações profissionais ou públicas. O brasileiro, segundo ele, tende a respeitar a impessoalidade de sistemas administrativos em que o todo é mais importante que o indivíduo. Daí a dificuldade de encontrar homens públicos que respeitem a separação entre o público e o privado. E que ponham os interesses do Estado acima das amizades.

Em Brasília, tão impregnada de tal cordialidade, já fez seu ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, em pleno século XXI, realizar publicamente a defesa do nepotismo para empregar seu filho para um cargo elevado no governo. Mesmo diante de toda a indignação da opinião pública. No futebol, deu a Felipão o direito, e a cara-de-pau, de não convocar o Miranda na última Copa do Mundo, um dos melhores zagueiros do futebol do europeu, para chamar seu amigo e zagueiro do Palmeiras, Henrique, que estava há um ano na reserva do Napoli, da Itália. Tal cordialidade foi agradecida pelos alemães, quando Thiago Silva ficou suspenso para aquela fatídica partida, bastava escalar o Miranda, que jogava na sua posição. Como o amigo jogava na quarta-zaga, e o outro zagueiro convocado, o Dante, também, inverteu o David Luiz de posição, escalou o Dante sem ritmo, e o resultado vocês sabem quanto foi.

Agora, após tantas lições políticas e esportivas, o novo treinador da seleção brasileira tinha nas mãos uma oportunidade de ouro. Chamar os melhores jogadores em atividade e aproveitar esta nova geração olímpica. Dar exemplo e enterrar nepotismos, fisiologismo e assistencialismos. E eis que na primeira convocação ele chama o Paulinho. Nosso glorioso volante está há exatos um ano e dois meses atuando no glorioso Guangzhou Evergrande no altíssimo nível competitivo do futebol chinês. Mas entre ele e o Wallace, do Grêmio, que está voando, optou pelo amigo. Aquele que há quatro anos lhe ajudou a ser o técnico renomado que é, ao ser destaque na Copa Libertadores e no título do mundial de clubes, que marcou aquele gol de cabeça contra o Vasco nas semifinais, e não sai da sua cabeça agradecida.

Dia seguinte à esperança de construir um país olímpico, que eleve os investimentos no esporte a partir dos exemplos de superação dos heróis que alcançaram medalhas, que o valorize como formador e construtor da cidadania, recebemos a notícia que emerge, no país da cordialidade, uma nova expressão para revalidar seus piores ismos: o Titismo. O ultimo dos neologismos que precisávamos para sair do Brasil Colônia e entrar de vez na modernidade.

ME ENGANA QUE EU GOSTO

:::: por Paulo Cezar Caju ::::


Não estou aqui para ser estraga prazeres de ninguém, mas para falar de futebol. E modéstia à parte desse assunto eu entendo um pouquinho. Claro que receber uma medalha de ouro é um momento único, ainda mais a primeira de nossa história. A torcida merece e tem todo o direito de comemorar, afinal qualquer modalidade teria o seu apoio. Mas, sinceramente, a torcida realmente entende, conhece as regras de remo, tiro ao alvo, ginástica rítmica, nado sincronizado e do nosso querido futebol?

A rapaziada vai no coração, quer é medalha no peito, quer é festa e estão mais do que certos! Mas sobre a final do futebol eu concluí que vem aí uma geração fortíssima de jogadores alemães. E olha que o Bayern não liberou nenhum de seus atletas e nem trouxeram o goleiro Manuel Neuer!

Festejamos o título “me engana que eu gosto” após empatarmos com África do Sul, Iraque e Alemanha, e vencermos da Dinamarca e Honduras. O nível técnico é baixíssimo, abaixo do pouco, quase um nada. A Alemanha veio fazer laboratório e o Brasil jogava a vida.


O mimado Neymar não convenceu como líder e mostrou-se egoísta em suas pobres declarações. Pensa apenas em preservar a sua imagem, não é de grupo e convocou Deus de forma inapropriada. Se nosso futuro depender dele, de Renato Augusto e dos Gabriéis, tchau, esquece! Vem aí a continuação das Eliminatórias e vamos encarar Equador e Colômbia, bem diferente dos talentosos meninos alemães. 

A CBF deve ter vibrado, afinal é mais uma medalha para apodrecer nas galerias de seu mausoléu. E é uma pena que tenhamos que continuar engolindo o destemperado Neymar, sem sal, sem tempero, sem charme, sem classe. Mas é o que temos para hoje. Antes devorávamos os adversários e dormíamos saciados. A época dos banquetes acabou.

Trajano

TRAJANO, O GRANDE

texto: Marcelo Mendez | vídeo: Marcelo Ferreira | fotos: Victor Limeira | edição de vídeo: Daniel Planel 

 

O caminho que separa o discípulo e a referência é separado por alguns andares e mais umas outras portas.

Em uma tarde que ousou ser quente em julho, em meio ao inverno paulistano, rumamos para algo muito maior que apenas uma entrevista. Fomos falar com um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro, um cara que escolheu para sua vida ser correto, ético e grandioso.

José Trajano também é muito mais que jornalista tão somente.

Homem culto, fã de jazz, cinema, bossa nova, escritor de fina pena, torcedor do América, com todos seus amores voltados para a sua Tijuca, o homem que nos recebe para conversa é uma reserva de lucidez, de bom senso, do que se entende por bom gosto e fé.

Trajano faz do seu (nosso, no meu caso…) oficio sua profissão de fé. Da maior de todas as fés.

Ao longo de anos, passando por redações históricas como as de Jornal do Brasil, Jornal Ex, chegando à tevê para inovar na Cultura no começo dos anos 90, começando o Cartão Verde ao lado de Juca Kfouri e Armando Nogueira (Flavio Prado, o âncora…) e depois entrando de vez para a história com a fundação do Canal ESPN Brasil, Trajano é hoje um jornalista histórico e com muita história.

Algumas delas, ele falou para nós. Eu, Marcelo Mendez, sinto-me honrando por tê-las ouvido e, agora, o Museu da Pelada traz um tanto delas para vocês.

Com vocês, José Trajano. O Grande…

 

É OURO!!!

É OURO!! Após atuação decisiva de Neymar, Eduardo Semblano, da coluna “FUI CLEAR?”, fez um vídeo muito engraçado em homenagem ao craque!

BEBETO É O CRAQUE DA SEMANA

De lavada, o craque Bebeto superou o argentino Tévez e foi eleito o craque da semana! Veja todos os gols de Bebeto em Copas do Mundo!