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71 ANOS DE POESIA


No dia em que o vascaíno Aldir Blanc completa 71 anos, recordamos uma historinha bem legal que o rubro-negro Moacyr Luz nos enviou: 

“Quem mora na a Tijuca sabe. Se o sujeito mora na Muda, na Usina, costuma dizer pro condutor:

– Depois da Rua Uruguai. E foi assim que o Aldir aceitou minha carona…

Eu, emocionado com a sua presença na minha Variant, balbuciei:

– Eu também!

Tinha acabado de me mudar pro bairro.

Alta madrugada, cruzo a rua de referência, e o gênio-poeta acena:

–  Moro ali, terceira à direita, Rua Garibaldi.

Tremi:

– Eu também!

Nos olhamos com riso de trama:

– Qual o prédio? O de grades em volta?

Eram seis da manhã. Entramos na garagem, fumamos um maço de cigarros, guimbas pela janela do carro, e assim ficamos, vizinhos por 23 anos.”

 

Nascido e criado no Estácio, bairro do Rio de Janeiro, Aldir se mudou para a Tijuca e começou a compor aos 16 anos. Após abandonar a faculdade de Medicina, em 1973, voltou toda sua atenção para a música, sobretudo MPB, e o sucesso foi quase imediato.

 A parceria com João Bosco rendeu lindas canções como “A Nível De”, “O Bêbado e a Equilibistra”, “Nação”, entre outras. O talento não demorou a ser reconhecido e o craque participou de dois Festivais Internacional da Canção e do Festival Universitário da Música Popular Brasileira, sempre bem colocado.

No seu 50º aniversário, lançou o disco comemorativo “Aldir – 50 anos”, com a participação de Betinho, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Danilo Caymmi e Nana Caymmi.

Se já não fosse o bastante, em 2006, publicou um livro de crônicas chamado “Rua dos Artistas e Transversais”. Sempre retratando o Rio e o Brasil, Aldir é, sem dúvidas, um dos maiores letristas da música popular brasileira.
 

106 ANOS DO TIMÃO

No dia do aniversário de 106 anos do Corinthians, o Museu da Pelada resgata uma linda canção de Paulinho Nogueira e Toquinho, exaltando o amor por um dos maiores clubes do Brasil!

Confira a letra:

MEUS 20 ANOS (AI, CORINTHIANS)
(Paulinho Nogueira)

São 20 anos de espera,
Devoção e muito amor.
Cada vitória é uma festa
E a derrota um dissabor.
Até um simples empate,
Que podia consolar,
Quase sempre é conquistado
Quando é preciso ganhar.
Mas nessas poucas vitórias,
Algumas sensacionais,
A gente esquece de tudo
Não desanima jamais.

Ai, CORINTHIANS,
Cachaça do torcedor,
Colorido em preto e branco,
Sem preconceito de cor.
Ai, CORINTHIANS,
Quando és o vencedor,
Pobre fica milionário
Rindo da própria dor.

E lá se vão 20 anos,
Alimentando ilusão
Renovando a esperança,
Agüentando gozação.
Quantos domingos sombrios,
Eu, eterno sonhador,
Chegava em casa arrasado,
Maltratava o meu grande amor.
Meu São Jorge, me dê forças,
Pra poder um dia, enfim,
Descontar meu sofrimento
Em cima de quem riu de mim.

 

ENSAIO DA BOLA

E as colaborações dos nossos amigos para o Museu da Pelada não param de chegar!! É muito orgulho! Dessa vez, o jornalista e fotógrafo André Teixeira nos enviou um ensaio muito bacana sobre peladas! 


Apesar de ter nascido em Minas Gerais, o craque é botafoguense apaixonado e integra o movimento “Ogrografia – por uma fotografia sem frescura”, que defende conceitos como enquadramento, foco e fotometragem.

Como os outros ensaios que já recebemos, o de André Teixeira reforça a tese de que o campo de futebol é o lugar mais democrático do mundo, com crianças, homens, mulheres e adultos praticando. Além disso, o fato de ser praticado em diversos lugares também chama a atenção: quadras, terra batida, gramado, areia, paralelepípedo, nos becos das favelas, entre outros lugares.

Cá entre nós, existe lugar melhor do que um campo de futebol?

CALÇADÃO

texto: Claudio Lovato | foto: Bruno Veiga


Os pés de tornozelos inchados, mal acomodados nas sandálias de couro, procuram um ponto estável nas pedras portuguesas. E os olhos na areia.

– O garoto com a 8 é bom de bola – ele diz para si mesmo, pensamento em voz baixa, diluída no vento que vem do mar.

Um homem mais novo se aproxima e o cumprimenta de um jeito muito econômico, meio receoso, sem dúvida reverente.

– Fala, seu Maneco!

O velho retribui com um cumprimento ainda mais escasso, sem tirar os olhos da areia. A mão trêmula segura um copo de cerveja trazido do quiosque. Os pés doloridos buscam a compreensão das pedras pretas e brancas, e principalmente dos buracos de praxe entre elas.

– Mas ainda é nervoso! Com o tempo vai ganhar sangue frio – o velho diz.

O garoto com a camisa 8 passa perto deles. Cospe na areia, faz um movimento rápido com o pé esquerdo para cobrir o cuspe e põe as mãos na cintura. Agora está abandonado, esquecido, distante de onde as coisas se desenrolam. Levanta o braço, pede a bola, mas ela não vem.

E o velho diz:

– Ansioso que só ele.

O copo de cerveja na pontinha do banco de cimento, a mão no bolso da camisa social de mangas curtas, o maço na mão, depois o isqueiro de plástico, outro cigarro aceso.

O garoto da 8 recebe a bola, perto da calçada. Dá pinta de que vai cruzar, mas resolve que não. Vai com ela em direção ao gol, como se houvesse ouvido uma ordem superior, muito acima de sua capacidade de dizer não, e então chuta cruzado, com toda a força e toda a fúria que consegue reunir naquele momento crucial, mas o que sai é um arremedo de chute, um engodo, uma piada, e ele custa a acreditar no fiasco que fez, e os companheiros reclamam, e o velho traga o cigarro e solta a fumaça e diz para si mesmo (e talvez para o companheiro ao lado):

– Era isso mesmo.

O velho, a quem todos chamam respeitosamente de seu Maneco, agora dá as costas para o jogo e põe-se em movimento, em seu passo de romaria.

O amigo o observa ir embora e depois vai se juntar a outros quatro que estão sentados ali perto, em cadeiras de plástico.

– Quando será que eles vão voltar a se falar? – um deles pergunta.

E o que estava com o velho responde:

– Tem mágoa demais nisso aí.

O garoto de camisa 8 se volta para o calçadão, faz cara de quem olhou para lá só por acaso, põe a mão na parte de trás da coxa esquerda (um cacoete), levanta o braço pedindo a bola e sai trotando rumo àquela região da areia onde nada se decide. 

21 ANOS DO BI


Há exatos 21 anos, o Grêmio conquistava o bicampeonato da Libertadores! Com 12 gols, Jardel foi o artilheiro da competição!