SEM FRONTEIRAS
texto: Matheus Rocha | fotos: Alain Gavage
A primeira vez que saí do país foi aos 25 anos para estudar inglês na África do Sul – isso foi antes da Copa por lá. Me perguntaram o porquê: simplesmente por curiosidade.
Mal sabia eu as voltas que o mundo dá. Somente três anos depois recebi uma proposta para ir trabalhar em Conakry, capital da Guiné, pela Vale. Minha única experiência fora do país havia sido na África do Sul, e agora retornando ao continente africano. Liguei para casa, com minha esposa grávida de 36 semanas (9 meses), dizendo que havia uma proposta muito boa para ir para a África Ocidental. Não era aquela África do Sul, com desenvolvimento – era a República da Guiné, ou Guiné Conakry – um dos 10 países com pior IDH do planeta. Agora, meu biótipo não deixava enganar: loiro e olhos claros, um legítimo africano.
Assim, antes que o Samuel Rosa, grande cruzeirense, colocasse a Guiné em versos: “Que seja no Japão / Jamaica ou Jalapão / No Jaraguá ou na Guiné / De charrete ou caminhão / De carro ou caminhando a pé / Eu vou”, eu já tinha ido para lá. Mas me parece que esse trecho da música seria onde e como vou jogar uma bela pelada.
Íamos com alguma frequência para a “Île de Los”, próximo à capital Conakry. Um certo dia, os nativos estavam jogando bola por lá. Não perdi a oportunidade de entrar lá. Todos bem mais novos que eu – já estava quase com 30 anos-, deviam ter cerca de 20 anos de idade. Ainda deu para dar um sangue extra, apesar de estar totalmente fora de forma. Ou melhor, na forma arredondada do Ronalducho.
Observando a forma de jogar, a gente entende o porquê a África, apesar de ter jogadores fortes e habilidosos, não consegue evoluir em termos de futebol sendo grandes potencias. Naquela pelada era visível como os nativos eram “afoitos” e, podemos dizer, inocentes: entravam sempre “de primeira” nas bolas: um corte para o lado era o suficiente para tirar a marcação da jogada, assim como também era a melhor oportunidade de salvar o próprio joelho!
Cruzeirense apaixonado, Matheus Rocha não perde um jogo do time no Mineirão e, sempre que viaja, leva uma camisa do clube e sai em busca de peladas pela região, mesmo sem conhecer a rapaziada! Atualmente faz parte da AGC – Associação de Grandes Cruzeirenses que promove ações em prol do Cruzeiro.
UM POR TODOS
:::: por Paulo Cezar Caju ::::
O Cruzeiro está em festa porque comemora os 50 anos da conquista da Taça Brasil, antigo Campeonato Brasileiro, em cima do todo poderoso Santos, de Pelé. Uma geração nova do Cruzeiro surpreendeu a Turma da Vila, principalmente os quatro baixinhos Tostão, Dirceu Lopes, Evaldo e Natal. O Santos não viu a cor da bola e levou de 5 a 2. No jogo de volta abriu 2 a 0, mas o Cruzeiro virou e Tostão ainda perdeu pênalti.
Liguei para Dirceu Lopes, que se emocionou. A partir daí, o Cruzeiro ganhou uma dimensão internacional e transformou-se nesse grande clube. Que geração linda! Os zagueiros tinham muitos craques para se preocupar. Depender apenas de uma peça é ruim demais. Ainda mais se essa peça tem o comportamento infantil de um Neymar.
Craque de bola, mas atitudes ginasiais. Seu terceiro cartão amarelo é a maior prova de sua irresponsabilidade. O Tite não pode tratá-lo como um menino porque ele já é um homem. Mimado, mas um homem. É um piti atrás do outro e a seleção que se vire. Depois o super-herói volta para resolver os problemas. Isso não existe!!!
Seria bom demais se a seleção encontrasse uma forma de jogar coletivamente sem depender de ninguém. Talvez fosse importante o Tite dar uma olhadinha naquele Cruzeiro e Santos para entender que nem o Santos dependia só de Pelé e nem o Cruzeiro só de Tostão.
– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 6 de outubro de 2016.
Write here…
SALÃO NOBRE
por Marcelo Rodrigues
Amigos, tudo bem?
Saudades de escrever nesse espaço maravilhoso e de tantas matérias e gênios do nosso esporte.
Mas pensei em falar sobre nosso Futsal, arranhado por desmandos na Confederação, com muitas federações falidas, com alguns times da Liga Nacional passando muitas dificuldades e com uma vergonhosa desclassificação nas oitavas de final do Mundial 2016 na Colômbia.
Começo com a cronologia do erro:
Trinta anos do mesmo presidente na Confederação, várias contas não aprovadas em assembléias e processos trabalhistas, cíveis e criminais levaram a Confederação ao caos.
A nossa preparação começou equivocada. Indo um pouquinho mais pra trás,
em 2005, a Confederação com muito dinheiro, trouxe PC de Oliveira ao comando técnico. Ele se cercou e estruturou a Seleção. Voltamos a vencer. Aí foi mandado embora. Assumiu seu auxiliar, Pipoca. Foi campeão mundial em 2012. Foi mandado embora.
Aí chamaram o Ney Pereira e disseram a ele que ele deveria renovar. Ele, claro, pensou em renovar mas não abriu mão dos veteranos pra fazer a transição. Aí o novo diretor de Seleções deu o ultimato: só jogadores novos. Ele teria que não convocar Falcão e cia.
Os 30 principais jogadores brasileiros no mundo negaram-se a participar da Seleção. Ficamos quase um ano sem jogar.
Mandaram o Ney embora e trouxeram o Serginho, que na crise, também saiu.
O presidente caiu porque as contas não foram aprovadas, fizeram novas eleições e entrou o presidente Madeira, da Federação Mineira.
Ele anunciou a volta do PC mas não acertou contrato. Voltou o Serginho.
Isso há um ano e meio e até hoje ninguém da Comissão Técnica recebeu salário.
Treinamos 15 dias para o mundial e deu no que deu. Fomos eliminados pelo Irã nas oitavas.
Apesar de todo esse panorama negativo, é bom frisar que a evolução do jogo no mundo vem acontecendo.
O Irã faz intercâmbio com a Rússia e eles jogam quatro vezes por ano.
Treinaram oito meses com os 11 principais jogadores atuando no Irã. Outros dois, Tayebi e Hassanzadeh, jogavam na Rússia e voltaram ao Irã pra se juntar ao grupo.
A Argentina vem fazendo triagens com jovens em todos os municípios do país. Um trabalho fenomenal e vai crescer ainda mais no cenário mundial. Já conseguiu o título por um trabalho excepcional desenvolvido há dois anos. Eles aprenderam a jogar Futsal.
A Rússia é espetacular e deixou escapar o título mais fácil da história.
Então nós temos que planejar, estruturar, organizar e desenvolver projetos de dois, quatro e oito anos para as próximas gerações terem a possibilidade de seguir e retomar a honra do Futsal Brasileiro.
Até o dia 14/10 nós teremos a definição do novo treinador. E que com ele venha um projeto sério, macro, de União entre os vários grupos que querem o poder na modalidade, com trabalho sério e busca da excelência para um futuro de vitórias.
Se acharmos novamente que basta juntar os “caras” duas semanas antes como era antigamente, vamos levar nosso 7×1. Aliás já levamos. O 4×4 contra o Irã foi o 7×1 do Futsal.
Agora é seriedade e planejamento.
Boa Sorte e Futsal na Veia.
UMA PAIXÃO DE 36 ANOS
por Marcos Vinicius Cabral
Acho uma leviandade quando alguém se intitula torcedor de um time desde nascença, querendo justificar sua forte ligação para o clube que torce.
A maioria dos torcedores apaixonados é assim e Maurício Fernandes Vasquez, de 56 anos, morador de Niterói, é um ponto fora da curva, corroborando com o ditado de que ‘toda regra tem sua exceção’.
Não seria difícil imaginar que qualquer clube seria a paixão deste professor universitário de Jornalismo, menos o Flamengo: “Vasquez, em espanhol, quer dizer ‘filho de Vasco’. Sinceramente, acredito que isso vem daquela mania estranha de se trocar o V pelo B e que o correto seria ‘filho de basco’. Mas meu pai foi remador do Vasco da Gama e o capitão da equipe que Lamartine Babo eternizou no hino deles. Ele era capixaba e remava no Saldanha da Gama antes de vir para o Rio de Janeiro”, explica fazendo questão de frisar que não tem qualquer ligação com a equipe cruzmaltina.
Em seguida, o América teria uma interferência na vida daquele garoto que, aos seis anos de idade, ganhara das mãos calejadas do pai o uniforme completo do ‘Diabo Vermelho’, com a flâmula e a bandeira, numa alusão as cores do Saldanha da Gama (clube tradicional, fundado em 1902, em Vitória, no Espírito Santo, nas cores vermelha e branca e que hoje tem futsal e basquete em seus quadros tendo inclusive revelado Anderson Varejão, que brilhou por 12 temporadas entre 2004 a 2016 jogando pelo Cleveland, na NBA).
Sua conversão ao ‘Mais Querido’ deu-se em um Fla-Flu, aos sete anos de idade. Ele e o primo Felisberto foram levados pelo tio Túlio e ficaram nas cadeiras azuis do estádio, exatamente no meio da mulambada, apelido da torcida rubro-negra:
– Lembro que cada vez que tinha um ataque, fosse do Flamengo ou fosse do Fluminense, eu cobria os olhos. Não vi muito do jogo, mas ali virei rubro-negro – diz tentando lembrar-se, em vão, do placar da partida.
Dois anos após essa metamorfose vermelha e preta, com 11 anos, ganhou um uniforme completo: calção preto, camisa rubro-negra, meiões e uma chuteira de travas, embora fosse uma negação com a bola sempre sendo preterido na escolha dos times nas peladas.
Não se embrutecia, apenas aceitava a triste sina de ser ‘perna de pau’ e sempre lhe restava o gol que, modéstia à parte, saía-se razoavelmente bem. Mas sempre que abria uma brecha pedia para jogar um pouquinho na linha.
Morando em Icaraí, bairro classe média de Niterói, o garoto queria ostentar o manto rubro-negro e as chuteiras novas. Em 1971, sem saber a razão, foi passear em São Gonçalo com um amigo. Deslizou nas calçadas úmidas e sujas na cidade temendo um escorregão ou algo pior.
Foi a única vez que usou as chuteiras.
Enfim, o tempo passou e certa noite foi a uma rodada dupla no Maracanã, com um amigo. O primeiro jogo era do Fluminense e o segundo do Flamengo. Na época, 1976 ou 1977, os jogos começavam às sete da noite e tendo rodada dupla terminavam perto da meia-noite.
E pelo Flamengo conseguiu a proeza de na mesma noite, após ter errado o caminho para pegar o ônibus, ser assaltado e ter o dinheiro da passagem devolvido pelo mesmo assaltante:
– Saímos pela entrada do Bellini e, ao invés de virar para a direita, viramos para a esquerda, dando quase que uma volta completa pelo estádio, já vazio àquela hora. Fomos interpelados por cinco pivetes. Entrevi, no bolso de um deles, todos menores que nós, a coronha de um revólver. Não quis nem saber se era de verdade ou não. Calmamente, paramos e nos deixamos ser rapinados. Na verdade, não tinha muita coisa para se levar. Eu tinha um cordão que era brinde da revista Pop, que foi muito popular na época. No meu bolso estava o rádio de meu colega, que levaram, também assim como o dinheiro dele de passagem. Eu estava sem dinheiro, tinha só o das nossas passagens, que segurava na mão, com um saco de churros por cima. Quando pegaram a carteira do meu colega nem nos lembramos de que o da passagem já estava salvo. Ponderamos com eles que não podíamos ficar a pé, já que morávamos em Niterói. Eles perguntaram quanto era a passagem e nos devolveram cinco cruzeiros novos! – conta e emenda: “os assaltantes daquela época eram mais amigos”.
Mas nem isso fez com que seu entusiasmo com o Mengão ou de ir ao ‘Maraca’ arrefecesse.
Assim como o primeiro assalto ninguém esquece, imagina a primeira e única vez na Geral do estádio?
Estádio apinhado de torcedores brasileiros, na sua maioria rubro-negros. Estar lá dentro era uma façanha digna dos verdadeiros torcedores, os que amam o futebol, afinal o jogo foi num domingo de calor insuportável: “Foi num jogo contra o Peru, comemorativo do Dia do Trabalho. Deve ter sido em 1978. Cheguei ao Maracanã e não havia mais ingressos para a arquibancada. Comprei para a Geral. Achei estranhíssimo o ponto de vista. Tudo o que dava para ver bem era um pedaço mínimo do campo. O resto ficava tão longe que não se via nada! E, de repente, uma bola é lançada para o ponta peruano, que corre atrás dela pela lateral esquerda. E lá de longe, surge Toninho, lateral do Flamengo, para disputar a bola. E Toninho vem correndo e quanto mais perto vai chegando da bola, maior vai se tornando para os geraldinos. E quanto mais perto, maior. Até que ele alcança a bola e a isola e nós, geraldinos, procuramos nos proteger daquele tanque humano, que, para nós, parecia que ia nos atropelar, como se estivéssemos num filme 3D”, conta o catedrático, lembrando que sempre foi fã do polivalente lateral da camisa 2 e que naquele escrete canarinho havia também um certo Zico e Nunes, chamado de João Danado (apelido dado pelo radialista Washington Rodrigues, o Apolinho).
Na época que ainda era solteiro passou por algumas ‘saias justas’ e fazia questão de mesmo assim demonstrar todo amor ao ‘Mais Querido’, mesmo nas situações mais inusitadas que viveu no Estádio Mário Filho, vulgo Maracanã. Entre uma aqui e outra acolá, prefere lembrar de uma em especial: “Eu e meu querido primo Felisberto assistimos a um Flamengo X Vasco na torcida cruzmaltina! Quando chegamos não encontramos lugar na do Flamengo e resolvemos ir para a torcida adversária. Ficamos quietos e combinamos que, se interpelados, diríamos que éramos mineiros visitando o Rio pela primeira vez. E não é que um vascaíno chega perto e comenta:
– Esse jogo está emocionante, né?
Na maior cara de pau, respondo: – É! Lá em Minas não é assim!”.
Como ele permanecia junto de nós, resolvi me mostrar ainda mais sonso e perguntei:
– O que são essas estrelas todas na bandeira?
Ele me disse que eram títulos invictos do Vasco, ou coisa que o valha. No que eu emendei:
– Puxa, então o Botafogo só tem um título?
Aí, ele desistiu de nós e pudemos assistir ao resto de jogo mais ou menos sossegados.
Frequentador assíduo das arquibancadas por onde o Flamengo jogasse, começou a guardar por hobby os ingressos sempre que a equipe ganhava ou empatava e os colava na porta interna do armário.
Alguns teriam lugares de destaque nas colagens como no tricampeonato em dois anos (1978/1979/1979) e os da final do Brasileiro de 80 e os da Libertadores de 81, estes dois últimos, que segundo o próprio torcedor, foram especiais.
Mas a vida de Maurício Fernandes Vasquez seguiria seu rumo normal e com o casório à vista, o já degradado armário ficaria no passado do mesmo jeito que o celibato. Até que, sabe se lá porquê, resolveu comprar uma camisa rubro-negra com o número 10 às costas, no mesmo ano da conquista do primeiro título, em 1980.
Havia esperança naquela camisa e quiçá naquele time. Sempre retirada das gavetas com cheirinho de naftalina – com exceção do Brasileiro de 80 o Flamengo só havia ganhado títulos cariocas e inexpressivos – a ansiedade daquele torcedor era do tamanho da nação rubro-negra: gigantesca!
Mas com o título da Libertadores de 1981, que lhe concedeu o direito de jogar o Mundial daquele ano contra os ingleses do Liverpool, a relação mista entre Maurício – que trabalhava no Banco do Estado de Santa Catarina na época – com sua camisa se tornaria mais afetiva a ponto de batizá-la de ‘Invicta’, sendo utilizada em ocasiões especialíssimas.
Enquanto os 40 milhões de flamenguistas espalhados pelo país consideram o Mundial como divisor de águas na história do clube, Maurício faz coro com a massa rubro-negra:”Aliás, o Mundial foi algo surreal! Assisti ao jogo em casa, e quando acabou o jogo fui, com minha namorada, para a Praia de Icaraí. Foi incrível ver a praia cheia, a aglomeração da torcida em frente ao Bier Strand, às duas horas da manhã de uma segunda-feira que ainda iria surgir”, diz salientando que a ‘Invicta’ só sai da gaveta em jogos finais o que comprova sua eficiência tamanha invencibilidade.
Já nos idos de 90, teve a oportunidade de acompanhar seu irmão Pedro Vasquez – repórter e fotógrafo de mão cheia – numa entrevista para a extinta revista Três, no Recreio dos Bandeirantes, na sede do CFZ (Centro de Futebol Zico) com o Galinho.
Na ocasião – a única vez que esteve com o maior ídolo do Flamengo -, teve motivos de sobras para não deixar o momento passar incólume sem pedir autógrafos e um em especial:”Comprei por lá duas camisas do CFZ para ele autografar, uma para minha mulher, outra para meu filho. Levei também a Invicta e ela ostenta hoje, além das marcas do tempo, o autógrafo do Galinho junto ao escudo do Mengão. Aliás, o duplo autógrafo, pois levei uma caneta especial, de tinta permanente ou coisa parecida e, na primeira lavada, o autógrafo passou também para as costas!
– Há anos não caibo mais dentro dela, mas nunca cogitei me separar dela – diz um apaixonado há 36 anos pela camisa.
Vampeta
REI DA RESENHA
texto e entrevista: Marcelo Mendez | foto: Zanone Fraissat vídeo: Marcelo Ferreira | edição de vídeo: Daniel Planel
Falar com Vampeta é tratar de um tempo que não existe mais. E resenhar um futebol que também não existe mais. Um tempo e um futebol… Tempo que os jogadores se freqüentavam mais, se falavam, gostavam do tempo que tinham pra conviver e falar de amenidades necessárias para tornar a vida agradável.
E além de tanta bola que jogou, do tanto que venceu, foi isso que mais Vampeta fez: tornar a vida agradável. Entre títulos conquistados, países conhecidos, amigos feitos, versos transformados em cambalhotas e tanta história para contar, Vampeta viveu sua vida no futebol e o sorriso que estampa no rosto quando ele fala disso explica muito do que ele pensa sobre o futebol.
Para essa entrevista no Museu da Pelada, chamei ele pra prosa e foi ótima como sempre. Fiquem agora, portanto, com o último romântico do futebol.
Senhoras e senhores, com vocês, Vampeta!