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OS AMIGOS DA JUVENTUDE

por Victor Kingma

Nunca perca de vista os seus amigos de juventude. Vai chegar uma época da vida em que você vai viver muito de contar histórias. E ninguem como eles vai dar mais atenção a cada uma delas que você contar. Até porque fizeram parte desse enredo, muitas vezes fantasioso.


Os amigos da juventude de Victor Kingma, em Juiz de Fora, nos anos 70

Nunca perca de vista os seus amigos de juventude. Alguns vão até ser cúmplices de suas bravatas e, com os olhos marejados de saudades, testemunhar a seu favor, quando alguém duvidar de suas “façanhas”, contadas com tanto orgulho para os filhos, sobrinhos ou netos. Tem até aquele que vai se vangloriar por ter participado do jogo no qual você fez aquele fantástico gol. Gol que você narra com tantos detalhes, e que talvez jamais tenha marcado.

Nunca perca de vista os seus amigos de juventude. Eles, com certeza, não terão mais os cabelos compridos, como nas desbotadas fotografias, nem a mesma  disposição pra correratrás da bola, ou até fugir dos vizinhos que os pegaram roubando frutos no quintal. Algum deles, que certamente não é mais o galã da turma, pode mesmo ter se casado com a disputada morena do bairro. E outros, talvez, nem curtam mais tanto assim os Beatles. Nem devem ter mais os LP´s do mágico quateto de Liverpool, formado por Ringo, George, Paul e John. Só devem torcer ainda pelo mesmo clube,  porque boleiro que se presa jamais muda de time. Bem, mas nada disso tem tanta importância.

Independente do lugar para onde a vida levou ou direcionou cada um deles, levou junto um pouco de sua história. E somente eles saberão contá-la, ou relembrá-la, junto com você, como testemunhas oculares e personagens inesquecíveis, nos importantes capítulos em que participaram, no livro de sua vida…

Por isso, nunca perca de vista os seus amigos de juventude.

 

FESTA DE GALA

Ontem o Maracanã foi palco de um verdadeiro espetáculo, o Jogo das Estrelas, e Kadu Braga, parceiro de inovação e negócios do Museu da Pelada, esteve presente e registrou tudo! Em uma linda festa, que homenageou as vítimas do acidente aéreo da Chapecoense, Carlos Alberto Torres e o jornalista Raul Quadros, mais de 58 mil torcedores deliraram com as jogadas dos craques e puderam matar a saudade dos ídolos!


Kadu Braga posa com a camisa do Museu

– Zico traz na sua festa a essência da verdadeira pelada. A ginga, a arte e alegria. É a alma viva do futebol brasileiro e é esse o nosso mesmo propósito! – disse Kadu.

E foi exatamente isso que os donos da festa proporcionaram. Com um poderoso ataque entrosado, formado por Zico, Renato Gaúcho, Neymar e Marinho, atacante do Vitória, o time do dono da festa deu um verdadeiro show e venceu com facilidade por 8 a 4. Mesmo jogando em um dos maiores times do mundo, ao lado de Messi, Neymar não escondia a felicidade:

– Quem dera ter um craque como o Zico ao meu lado. Estaria muito feliz!

Além de ter marcado um gol de cabeça, aproveitando o rebote, o Galinho ainda deu uma assistência para o craque do Barcelona e acertou o travessão em um belo chute de fora da área.


Zico e Neymar fizeram boas tabelas (Foto: Alexandre Brum/Estadão Conteúdo)

Antes da partida dos jogadores, no entanto, os torcedores assistiram ao duelo entre os artistas e o cantor Wesley Safadão saiu ovacionado de campo mesmo após ter desperdiçado duas cobranças de pênalti.

Embora os craques tenham deitado e rolado  em campo, o ponto mais alto da festa, sem dúvida, foram os tributos aos que já não estão mais entre a gente.

– As homenagens para o Capitão do Tri, Raul Quadros e a Chape, agora um time imortal, deixaram o evento ainda mais emocionante. Foi inesquecível! – finalizou Kadu.

Para nós, amantes do bom futebol, só nos resta esperar mais 365 dias para presenciar esse espetáculo novamente!

AMARELO-NÁUSEA

:::: por Paulo Cezar Caju ::::


Quando Tadeuzinho Aguiar me pediu para fazer um balanço do ano, logo pensei não ser a pessoa mais indicada porque sou muito cricri. Se nem a conquista da Olimpíada me comoveu, imagine o resto. Ganhar de um time de amadores, qual a graça? Mas ganhamos, tudo bem, e Neymar e Gabriel Jesus, ainda uma incógnita, mereciam. E o povo também, afinal a galera quer é título!

Mas vejo o futebol com outros olhos e não vi qualquer evolução desde a perda da Copa. E aí vem alguém dizer, “mas e a chegada do Tite não melhorou?”. Quando jogar contra algum time de verdade avaliaremos melhor.

A chegada do Tite só foi positiva por conta da efetivação de Philippe Coutinho como titular. No futebol sul americano fico triste com a queda da Argentina, mas feliz com a evolução da Colômbia. Do Chile, sempre gostei. Na Europa, Inglaterra e França evoluíram, mas precisam de técnicos mais ousados.

Pontos negativos são muitos e nem vou falar da tragédia da Chapecoense porque ela ofuscaria e nem poderia ser comparada a nada. Perdi um amigo, Mário Sérgio, e esse vazio dos familiares não cessará nunca. O Bom Senso acabou porque o líder foi convidado para a banda podre. E foi.

E essa Conmebol e seu calendário maluco? As guerras entre torcidas continuam e o desrespeito dos jogadores com os árbitros, nem se fala. O descaso com o Maracanã é podre e o Palmeiras foi campeão com um time fraco. Confiram a escalação! Mas o Cuca merece e ainda é um dos poucos que monta time ofensivos.

O Zé Ricardo, do Flamengo, era da base. Quantos jogadores da base ele subiu? E para terminar, o futebol carioca: o destaque é administração do Flamengo, mas falta um título para coroá-la. Ah, adoro o lateral Jorge!

No Botafogo, sou fã do zagueiro Emerson e o técnico Jair Ventura vem acertando. No Flu, gosto do garoto Scarpa e, no Vasco, Douglas surgiu bem no fim da temporada.

Resumindo foi um ano amarelo. Mas não um amarelo do ouro que já fomos um dia, mas um amarelo-náusea que me dá ânsia de vômito só de pensar nesses crápulas da CBF que continuam soltos e, nos bastidores, comandando nosso futebol.

– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 29 de dezembro de 2016.

CRAQUE EM EXTINÇÃO

por Mateus Ribeiro


O futebol precisa de mais um Suárez. Ou não.


Suárez, ainda no Groningen.

Luis Suárez está prestes a completar 30 anos. Quase metade dessas três décadas dedicadas ao futebol profissional. Hoje, pode se considerar um vitorioso, afinal, está no topo. Joga em um dos clubes mais vitoriosos dos últimos anos, ganha um salário astronômico, se ficar desempregado amanhã, terá os maiores times do mundo o disputando na base da foice e do facão.

O atacante uruguaio não chegou onde chegou por sorte, ou por qualquer outra coisa que não seus esforços. Desde o começo de sua carreira, fez gols por onde passou, seja pelo Campeonato Uruguaio, seja pelo Campeonato Holandês, ou pela Liga de Campeões da Europa.

Feitas as devidas apresentações, vamos nos aprofundar um pouco mais, e dissertar um pouco sobre as peculiaridades que tornam o atacante uruguaio um jogador único. E uma personalidade única, também.


O rosto continua praticamente o mesmo.

Qualquer pessoa que não tenha passado os últimos anos fora do Planeta Terra sabe que Suárez é um dos maiores jogadores da sua geração. E aqui vai uma opinião um pouco polêmica: pode não ser o maior, mas é de longe, o jogador que mais agrada um torcedor que preza valores tão esquecidos, como a raça, a entrega e a determinação.

Explica se: Luis, ou Luisito, como queiram, encara cada partida como se fosse sua primeira (ou a última). Corre feito um animal ensandecido atrás de sua presa durante o jogo todo, disputa todas as bolas, e nunca se dá por vencido. Claro que existem alguns outros jogadores assim, mas no mainstream da bola fica difícil imaginar alguém com tamanha paixão e sangue no olho. Vale lembrar o chilique protagonizado pelo atacante na enfadonha Copa América 2016, quando ao saber que não entraria na partida contra a Venezuela, mostrou um pouco da sua fúria ao mundo. Bom, se vocês não se recordam…

Acontece que esse não foi o primeiro ataque de Suárez. Podemos lembrar facilmente das suas mancadas do passado. Desde as mordidas até o lamentável episódio racista contra o francês Evra. Acontece que até mesmo esse lado obscuro, curioso e de certa forma maluco de Suárez chamam a atenção, ainda mais nessa época de vacas magras, com jogadores plastificados, fabricados para não sentir ou representar emoção alguma. Podemos nos lembrar do jogo conta o Crystal Palace, onde o Livepool deixou escapar a chance do título Inglês, que não vinha (e não veio ainda) desde o início da década de 1990. Caso essa imagem não seja suficiente, voltemos mais ainda no tempo. Mais precisamente, 2010. Quartas de final da Copa do Mundo. Último lance da prorrogação. Tanto o time de Gana quanto do Uruguai estavam praticamente inteiros dentro da área Uruguaia. Um gol ganês naquela altura levaria os africanos pela primeira vez na historia do continente a uma semifinal de Copa. Levaria. Se não fosse a atitude de Suárez, que enfiou a mão na bola para salvar o tento que eliminaria sua Seleção. Expulsão, e penalidade máxima. Choro, desespero, agonia. Todos esses sentimentos foram para o espaço quando Gyan mandou a bola no travessão.

O lance mostrou o garoto Uruguaio para o mundo. Mostrou também como sua gangorra de sentimentos é parte da sua personalidade, quando trocou as lágrimas pelas comemorações insanas após a cobrança de pênalti desperdiçada.

Mesmo com todas essas características, Suárez raramente figura na lista de melhores do Mundo. Talvez por não ter o perfil de integrante de boy band que tanto agrada quem vota e quem apoia a realização desse verdadeiro concurso de marketing, que deveria ser abolido, aliás.

É óbvio que enquanto existirem os outros dois jogadores que se revezam a posição de “melhor do mundo”, nenhum outro jogador vai concorrer seriamente ao prêmio. Muito menos alguém que pouco liga para recordes, que quer apenas e puramente jogar bola.

Suárez possui uma quantidade imensa de sangue no olho e em suas veias, coisa que falta, e muito, para muita gente que é chamada de craque por aí. Pode se dizer que é uma versão melhorada de Carlos Tevez, com pitadas dos momentos do grande Wayne Rooney da década passada. Porém, para a Fifa, a France Football e demais subordinadas de patrocinadores, agrada mais a ideia de jogar holofotes em nomes que soam melhor para a publicidade do futebol do que em quem realmente pensa no coletivo, e não apenas em si mesmo e em números.

Ao contrário de muitos companheiros (de clube e de profissão), Luisito está pouco ligando para sua imagem. Não esquenta a cabeça por ter dentes avantajados, uma aparência que está longe de ser a mais apresentável do mundo, tampouco faz coisas do naipe de pintar cabelo, barba e demais atitudes que são a regra na atualidade.

Não os faz por ser a exceção. Não os faz por não ser midiático. Não os faz por ser um dos últimos dos moicanos. Talvez o último.

O último que trata a bola como seu prato de comida.

O último que encara o futebol como ele deve ser encarado.

O último que mesmo no topo, sempre quer melhorar. Em nome do seu time. Em nome de sua Seleção. Em nome do futebol.

Obrigado por jogar um pouco de sal nessa salada sem gosto chamada futebol.

Que apareça ao menos mais um Suárez por década. Ou não.

JOGO DAS ESTRELAS


Zico posa com a camisa em homenagem a coluna número 200 da Pelada Como Ela É.

Como ocorre anualmente, amanhã é dia do Jogo das Estrelas! Organizada por Zico, a pelada no Maracanã, que é considerada a maior do mundo, contará com a presença de grandes craques do presente, como Neymar, Renato Augusto e Falcão, do futsal, e do passado, como Cláudio Adão, Renato Gaúcho e Júnior! 

As entradas podem ser compradas nas bilheterias do Maracanã e no site Futebolcard. Os bilhetes para os setores Norte e Sul custam R$ 20, e o Leste, R$ 40, todos com meia-entrada. Aproveitando o contexto, o Museu relembra uma resenha divertida com o Galinho, que exaltou a importância das peladas!