GATO DE GELO
por Luan Toja
Poucas vezes vi tamanha manifestação de confiança e frieza como foi a do goleiro Gatito Fernández na partida de ontem entre Olímpia e Botafogo válida pela Pré-Libertadores.
Após o time paraguaio abrir o placar com Montenegro aos 35 do segundo tempo, o técnico alvinegro, Jair Ventura, ainda arriscava-se de modo a tentar definir o confronto antes do término dos 90 minutos. Tendo para tal, até mesmo, colocado o atacante Guilherme no lugar do volante Airton, visando tornar o time mais ofensivo em busca do empate e, consequentemente, da classificação no tempo normal.
Entretanto, Gatito, que havia entrado no decorrer da etapa final no lugar do contundido Helton Leite, ignorou a vontade de seu comandante e logo depois de sofrer o gol paraguaio começou a fazer cera em todas as oportunidades que teve pra isso, no intuito de levar a decisão da vaga para a disputa de pênaltis. Desta forma, a cada defesa, demonstrava uma impressionante firmeza em seu próprio taco, superando as expectativas dos torcedores que receavam a entrada de um goleiro ‘frio no jogo’.
Gatito não entrara frio. Entrara gelado! Ora, se Jefferson é o homem de gelo, Fernández é o gato de gelo. A autoconfiança do goleiro logo foi justificada ao defender três das quatro cobranças penais paraguaias. A segunda defesa, na qual estatelado e impávido espalmou a bomba à queima roupa de Jorge Mendoza é, inclusive, uma das mais fantásticas da história do futebol, ultrapassando a de Gordon Banks em cabeçada do Divino Crioulo na Copa de 70. E assim, Gatito garantiu, devida e majestosamente, o lugar de um dos maiores clubes da América do Sul na fase de grupos da Taça Libertadores.
VASCONHA
Nada passa batido diante dos olhos de lince do nosso câmera Guillermo Planel. No dia da apresentação do atacante Luis Fabiano, quando gravava imagens para um projeto pessoal, flagrou a reunião de um grupo de vascaínos na Urca. Até aí, tudo normal, visto que o goleador foi recebido com muita festa pelos torcedores.
O que despertou a curiosidade de Guillermo, no entanto, foi uma das bandeiras do grupo, que estampava o nome da torcida “VASCONHA” e o rosto do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, padrinho do grupo vascaíno. Vale lembrar que, em 2014, Mujica legalizou a maconha em seu país, alegando ser uma maneira de lutar contra a economia do mercado negro.
Fomos pesquisar mais sobre a rapaziada do Vasconha e reparamos que a turma se diferencia das demais torcidas organizadas, a começar pelo número de integrantes que não chega nem perto do habitual. Contudo, é importante ressaltar que o grupo não tem a intenção de ser uma organizada e busca apenas torcer em paz, como podemos notar na descrição da página do Vasconha no Facebook: “Na varanda sagrada da Colina Histórica, surge uma amizade em prol do C.R. Vasco da Gama. A luta é pelo respeito à instituição. Nosso Padrinho é o Mujica!”.
Em um momento de grande discussão sobre a descriminalização da maconha, o grupo vascaíno parece ter saído na frente e levantou, literalmente, a bandeira. Você apoiaria tal iniciativa?
FESTA DO AREIA
Através do parceiro Dime Cordeiro, um dos maiores zagueiros do futebol de praia do Rio de Janeiro, recebemos o convite para participar da festa de 50 anos do tradicional Areia, do Leme, e não pensamos duas vezes antes de aceitar e ser um dos patrocinadores da confraternização.
Se hoje em dia o futebol de praia está longe de ser o esporte mais praticado entre a garotada, o mesmo não se pode falar do passado. Grandes craques do Brasil deram os primeiros passos nas praias do Rio de Janeiro, em uma época em que centenas de pessoas se aglomeravam para assistir aos clássicos em Copacabana.
Neimar, Neyvaldo e Dime
O Areia Leme, sem dúvida era um dos times mais temidos pelos rivais. Enquanto Dime Cordeiro fazia a segurança lá atrás, Neimar e Neyvaldo faziam chover no ataque e balançavam a rede com extrema facilidade.
– Jogamos juntos por uns 20 anos e vivemos grandes momentos na praia.
O artilheiro Neyvaldo reforçou a felicidade por participar dos 50 anos da equipe.
– O mais legal disso tudo é que a amizade permanece. O Areia é um grupo de amigos. Além de companheiros de time, somos amigos desde os seis anos de idade.
Quem também fez questão de participar da festa foi o craque Adílio. Embora tenha sido ídolo do Royal, do Leblon, rival do Areia, o ídolo do Flamengo vê o encontro como uma boa lembrança do futebol de praia do Rio de Janeiro.
Ao ser perguntado sobre qual time costuma vencer o duelo, Adílio puxou a sardinha para o seu lado:
– O Royal vencia mais!
Ao saber da resposta de Adílio, Dime preferiu não polemizar:
– Nessa época eu ainda não era nascido.
Por fim, o camisa 8 da Gávea exaltou a amizade com Neimar, com quem dividiu as quadras com a camisa da seleção brasileira e foi campeão mundial na Holanda.
– Esse cara é meu ídolo. Tive o prazer de conviver com ele durante um mês e meio e aprendi muito com ele! – retribuiu Neimar.
DIA DA ALEGRIA
Recentemente, com muita alegria e satisfação, comemoramos um ano de Museu da Pelada, um projeto novo, que superou todas as expectativas possíveis com resenhas emocionantes e inigualáveis! Além de celebrar, a confraternização também serviu para agradecer a todos que nos acompanham e nos ajudam a ir em busca da poesia perdida e do ineditismo num esporte que se torna cada vez menos romântico.
O local da festa não poderia ser outro: o Bar da Pelada, do parceiro Guilherme Careca, na Rua Souza Lima, em Copacabana. Palco de futuros encontros com os jogadores, o bar recebeu grandes amigos e a festa contagiava até os transeuntes. A cerveja estupidamente gelada somada ao som de Silvio Villas, o rei do cavaquinho, animava a galera, que soltou a voz relembrando sambas históricos.
– É HOJE O DIAA DA ALEGRIAA… – cantavam em coro.
Além de Moacyr Luz, Afonsinho, Sérgio Sapo, quem também não quis ficar de fora da festa do Museu foi Rodrigo Santoro. Mesmo sem saber que era a nossa confraternização, o ator, que já contou de suas experiências no futebol para o Museu, gostou da algazarra e se deliciou com a saborosa feijoada do Bar da Pelada. No dia seguinte, a ansiedade pelo aniversário de dois anos do Museu já tomava conta da nossa equipe!
Cada texto, curtida, foto, compartilhamento, elogio, crítica, sugestão e comentário são muito gratificantes! Recebemos com muito orgulho e é um dos nossos maiores combustíveis!! Vocês fazem parte do Museu!!
Vem muito mais por aí!! É só o começo de uma longa trajetória!!
A BOLA E O RÁDIO, DOALCEY BUENO DE CAMARGO
por Marcelo Mendez
Depois de falar de Osmar Santos, Jorge Curi e Oduvaldo Cozzi, hoje a coluna “A Bola e o Rádio” tem a honra de apresentar mais um grande nome do rádio em um momento glorioso: Doalcey Bueno de Camargo é nosso homem.
Em 1972 o Fogão arrebentou com o Flamengo e no segundo gol de Fisher as coisas foram assim:
“Desce o Botafogo, Fisher de primeira disparoooooouuu é Goooooolllll, Gol do Botafogo… Vai, Amilcar…”
“A violeta é procurada pelo perfume que tem/quem tem amor tem ciúme/quem tem ciúme quer bem… Gol cristalino!”
Entre 1965 e 2009 a Rádio Tupi contou com um narrador espetacular, um Paulista do interior que fez história no rádio, que abrigou os grandes nomes da crônica esportiva, como seu parceiro de comentários Amilcar Ferreira, o “Comentarista Cristalino” que a cada gol mandava um verso tirando uma onda com o time que levava o tento.
Esse de hoje é histórico…
Em 1972 o Fogão meteu seis no Flamengo, em dia lendário. Doalcey mandou as narrações com classe, com elegância, com um estilo único que marcou para sempre os geraldinos que colavam os ouvidos para vibrar com o radialista.
Na narração escolhida, além da voz linda de Doalcey, tem o impagável Amilcar que a cada gol fazia um verso como falamos acima. O problema é que o jogo foi 6×0 e nosso comentarista, contrariado, já não tinha lá mais tantos de improviso.
No comentário, o registro de sua contrariedade. Na agulha, a coluna “A BOLA E O RÁDIO” homenageia Doalcey, o Grande!