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O MARACA É DO POVO

:::: por Paulo Cezar Caju ::::


Brasil x Paraguai em 1985, com mais de 140 mil torcedores – Arquivo O Globo / Anibal Philot/ 

Na minha estreia no Maracanã fiz três gols no América. No Maracanã, joguei por Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo. No Maracanã já fui idolatrado e vaiado pela galera da Geral. No Maracanã, já dei balãozinho e acenei para a namorada da vez, na Tribuna. No Maracanã, assisti uma exibição do time de vôlei, de Bernard & Cia. No Maracanã, delirei com Frank Sinatra e Paul Mc Cartney. No Maracanã, chorei e sorri. No Maracanã, pela Máquina Tricolor, venci o poderoso Bayern de Munique. No Maracanã, Neymar comandou nosso primeiro título olímpico.


Todos craques sonham em pisar no Maracanã, sejam jogadores ou cantores. O Maracanã não é de Flamengo, Fluminense, Vasco ou Botafogo. O Maracanã é do povo! E o povo quer diversão e arte, futebol, música e o que mais vier. O Maracanã está em bocas de Matilde, empresas e clubes brigando por sua administração.

A Odebrecht mexe seus pauzinhos e faz suas indicações. A Odebrecht ainda tem moral para alguma coisa? A francesa Lagardere conheço dos tempos em que joguei no Olympique. O dono, falecido, era casado com uma brasileira, Beth Lagardere, e chegou a montar um time, o Racing de Paris, para fazer frente ao Paris Saint Germain. Não durou muito. A ideia era ótima, ter uma segunda força. A Lagardere administra estádios no mundo todo. Borússia Dortmund e Olympic Lyonnais são dois bons exemplos. No Brasil, cuida da Arena Castelão. Nem sei quais são seus concorrentes nessa disputa longa, interminável, e nem me interessa, mas duvido que a Lagardere não deixe Flamengo e Fluminense jogarem no Maracanã, pois seria uma grande sandice.

O povão quer um Maracanã que ele possa frequentar, com preços acessíveis, restaurantes, museus, atrações e futebol, muito futebol. Se não dá para melhorar a qualidade do futebol que pelo menos o Maracanã volte a ser um ponto turístico. O Maracanã não é dos clubes, é do povão, é do mundo, é do Rio de Janeiro.


A extinta Geral do velho Maracanã

RESENHA TRICOLOR

entrevista: Sergio Pugliese e Itiro Tanabe | texto: André Mendonça | vídeo e edição: Daniel Perpetuo

Fim do ano é a época mais tradicional para os encontros entre os amigos e nas Laranjeiras não é diferente! Recentemente, a equipe do Museu da Pelada foi convidada para o 4º encontro dos ex-atletas do Fluminense, na sede do clube. Organizada por Helso Teia, a festa contou com a presença de craques de várias gerações do Tricolor e foi regada à muita cerveja e churrasco. Búfalo Gil, Carlos Roberto, Pintinho, Taílton Menezes, Alexandre Torres e os goleiros Paulo Goulart, Nielsen, Jorge Vitório e Ricardo Cruz foram alguns dos grandes jogadores que participaram do encontro.

Entrevistados pelo parceiro Itiro Tanabe, tricolor fanático, os craques não escondiam a alegria por participarem da festa ao lado de grandes amigos. Morando atualmente em Sevilha, Carlos Alberto Pintinho, um dos grandes jogadores da Máquina Tricolor, exaltou o evento:

– Esse encontro é maravilhoso! Devemos muito ao Helso, que conseguiu reunir toda a rapaziada! É muito importante para a família tricolor!


Pintinho, Sergio Pugliese e Alexandre Torres

Quem também marcou presença foi o ex-zagueiro Alexandre Torres, que atuou pelo Flu no fim da década de 80 e início de 90. Apesar de ser mais novo que muitos dos convidados, o ex-jogador revelou que convive com esse grupo desde a infância, pois seu pai, o saudoso Carlos Alberto Torres, o levava para a concentração e para alguns jogos da Máquina Tricolor.

– Tive o prazer de ver essas feras de perto! Tenho certeza que meu pai está observando a gente lá de cima e batendo palma para esse encontro!

O craque Taílton Menezes, que recentemente lançou o livro “Minha História de Amor Com o Flu”, era um dos mais alegres. Bicampeão carioca nas divisões de base do clube, o ex-jogador teve a carreira interrompida por problemas de diabete e, hoje em dia, faz sucesso na Rádio Cultura, de Itaboraí, onde se transforma na “Valquira Fashion” e diverte os ouvintes com a personagem.

Um dos momentos mais bacanas do evento foi a resenha entre os goleiros de várias gerações que vestiram a camisa tricolor. Jorge Vitório, muralha dos anos 60, Nielsen, camisa 1 da Máquina Tricolor, Paulo Goulart, campeão brasileiro pelo Flu em 84 e Ricardo Cruz, goleiro do fim dos anos 80, se deliciavam com o encontro e a admiração era unanimidade na resenha.

– O Fluminense sempre fez grandes goleiros! Eu sou prata da casa, vim do futebol de salão e tenho muito orgulho de ter jogado nesse clube! – afirmou Nielsen.

Paulo Goulart acrescentou em seguida:

– Aprendi muito com o Nielsen e tenho certeza que o Ricardo Cruz aprendeu alguma coisa comigo, pois ele veio logo depois! Essa é a alegria do nosso encontro!

– Cheguei a treinar junto com o Paulo Goulart, que sempre foi um ídolo pra mim, e fui muito ao Maracanã com meu pai assistir ao Nielsen! – lembrou Ricardo.

Veterano na resenha, Jorge Vitório, sem dúvidas, foi a grande inspiração dos goleiros que sucederam o ídolo tricolor. Tendo vestido a camisa do Fluminense de 1965 à 1973, Vitório participou das conquistas de três Campeonatos Cariocas, três Taças Guanabaras e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 70.

– Participei de um grupo muito bom! Além de serem grandes jogadores, eram grandes companheiros! Fico muito feliz de ter participado daquele time!

A equipe do Museu da Pelada partiu para outro compromisso, mas a festa dos ídolos do Fluminense varou a noite!

 

FAMÍLIA XAVIER

texto: Sergio Pugliese | foto: Reyes de Sá Viana do Castelo


O campinho da Igreja Maronitas agora é estacionamento e os cinemas Olinda, Metro, Carioca, América e Tijuquinha fecharam as portas. Tonico, Norberto e Jacaré também não moram mais ali. O tempo passa e transforma. Os bairros se desenvolvem, os meninos viram homens e grandes amizades se perdem no caminho. Mas mesas de bar não entram em extinção e uma sempre estará reservada para nossas lembranças. A pedido da equipe do Museu da Pelada, os três amigões retornaram a Praça Xavier de Brito, na Tijuca, onde foram criados, aprontaram miséria e aprenderam valores semeados até hoje. Esse laço forte, praticamente um nó de marinheiro, foi a base para montar o Xavier, um dos gigantes na extensa lista de times de pelada da cidade, duas vezes campeão na categoria adulto (71 e 83) e uma no infantil (74), no duríssimo Campeonato do Aterro. O Xavier fez história e essas belas histórias foram passadas adiante pelo saudoso jornalista e técnico Sergio Leitão no livro “Família Xavier”, lançado há alguns anos, no Country Club Tijuca. Torcedor fanático e arquivo ambulante, ele passou anos anotando tudo sobre seu time de coração, reuniu causos, fotos e o que poderia ser apenas um relato sobre peladeiros fanáticos na verdade é uma belíssima história de amor.

– Olha nossa pracinha! Jogamos muita pelada aí! – comentou Jacaré, ao lado dos antigos parceiros de time.

Conhecida como praça dos cavalinhos, a Xavier de Brito foi berço de grandes craques, um deles o artilheiro Jacaré, que até hoje, aos 65 anos, mantém uma forma impecável. Único a atuar nos dois títulos, em 71 e 83, ele foi ídolo nesses campeonatos do Aterro e, assim como Vovô, do Roxo, da Ilha do Governador, tinha até fã-clube. Os torneios, promovidos pelo Jornal dos Sports, de 1966 a 1985, eram a Copa do Mundo dos peladeiros. Milhares de times se inscreviam nas categorias infantil, infanto-juvenil, juvenil e veterano. A mais concorrida era a de adultos, com até 1.200 inscritos. Para ser campeão só vencendo todos os jogos. Se empatasse, pênaltis! Nove meses de confrontos de altíssimo nível. Um exemplo disso? A preliminar da final de adultos, em 71, entre Xavier e Milionários, de Copacabana, foi Surpresa e Sampaio. Estavam escalados para essa decisão de veteranos craques como Dida, Evaristo, Jouber e Barbosa. Sergio, Tonico, Norberto e Jacaré viram todos brilharem no Maracanã.

– Como imaginá-los um dia em nossa preliminar! Quanta honra! Deu Surpresa na cabeça, 4×0, com shows de Dida e Evaristo! – lembrou, Tonico.

Mas, nessa época, quem enchia os olhos da torcida eram os astros do Xavier: Zé Augusto, Tatá, Carlinhos Stern, Rob, Eduardinho, Tonico, Jacaré, Paulo Noce, Luiz Gordo, Pires, Érico, Raul, Norberto, Casanova, Frichilim e George Wilson, comandados pelo técnico Pastor na primeira conquista. Doze anos depois veio o time de Sergio Leitão: Ned, Dois, Durval, Dingue, Mauricinho Pacheco, Felipe, Bola, Marcelo Pinto, Neco, Ainho, Dida, Tatá, Marquinho Couto e Julio Cezar Presunto. Os torcedores entupiam os oitos campos do parque. Se acotovelavam para ver de perto a arte de Álvaro, do Milionários, Armando, do Chelsea, Hugo e Roni, do Capri, Alfredinho, do Doca, Marcelo, Joaquim e Cícero, do Clube Naval, Barriga, do Roxo, Filé e Cacá, do Ordem e Progresso, e Macieira e Néo, do Ark. Tempos geniais! Nas decisões por pênaltis, a galera invadia o campo e formava um anel. O genial Tonico, camisa 10 do Xavier, participou de 27 séries de três pênaltis e desperdiçou apenas uma das 81 penalidades. Naquela época, não havia revezamento entre os batedores.

– A pressão era grande. Sentia um calafrio do fio do cabelo ao bico do tênis – recordou.


Tonico, Norberto e Jacaré, os três amigos inseparáveis, comemorar a vitória do Xavier

O Jornal dos Sports dava cobertura completa e comentaristas famosos prestigiavam os rachas. A semifinal contra o Roxo foi antológica. Eduardo empatou, de falta, no último minuto, 4×4. Mais uma vitória nos pênaltis e no dia seguinte a manchete: “Norberto parou Vovô”. No Bar Pavão, os três amigos degustaram lembranças, massagearam o passado. Nos olhares, a admiração mútua. Naquela decisão, Xavier 2, Milionários 1, Jacaré, Norberto e Tonico só não fizeram chover. Paulo Noce fez um golaço e o goleiro Zé Augusto definiu o destino da partida defendendo um pênalti do fora de série Zé Brito. Paulo Renato, torcedor que passou pelo bar por acaso, emocionou-se e diante de seus ídolos chutou o balde: “Esses caras jogavam pra caralho!!!”. Jacaré conferiu o relógio e levantou-se. Tonico também precisava ir. Os três se abraçaram. Jacaré ia para o Engenho da Rainha, Tonico e Norberto, Barra. Destinos opostos, marcaram novo encontro para o mês seguinte. Caminhando em direção ao carro, Tonico deu uma última conferida na praça. Viu alguns meninos correndo atrás de uma bola, os observou por alguns segundos, riu em silêncio e partiu.

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TRAUMAS DE UMA PAIXÃO

por Zé Roberto Padilha


Trabalhei nas divisões de base do Fluminense, em Xerém, na fase braba entre 1987 e 1990. Não tinha aqueles campos bonitos, nem hotel ou estrutura alguma, como refeitórios, departamento médico e alojamentos. Durante três anos,  saía de Três Rios no ônibus das 6h30, chegava na entrada da cidade Pagodinho por volta das 8h e ficava aguardando no posto da Polícia Rodoviária o Tubarão, velho ônibus tricolor, chegar com os jogadores. Isto quando ele aparecia, vivia quebrado e, quando passava das 9h30 e sem notícias, pegava o Caxias-Centro para as Laranjeiras porque não havia comunicação pelo celular. Mesmo assim, o time era tão bom que ganhamos o estadual infantil em 87 e o juvenil 89.

Nossos atletas, nascidos em 1972, iriam fazer história no clube se um amigo não cruzasse comigo na rodoviária e perguntasse: “Está indo para Três Rios?”. Para responder, fui verificar o bilhete. Não mais sabia se estava indo ou voltando, estava mesmo na hora de parar. Ou infartar. Ninguém poderia dizer que não tentei vencer no meu time também como treinador de futebol. Detalhe: mesmo após os treinos, não poderia saltar na Rodoviária com o Tubarão, tinha que ir até o clube, fazer relatório, tentar um ticket de almoço que não tinha direito para, aí sim, pegar o longo caminho de volta para casa. Pouco via meus filhos e encontrava minha esposa poucas vezes acordada.

De volta à terrinha, organizei profissionalmente os clubes locais e ainda fui treinador de cada um deles. Com o América FC-TR, alcançamos a primeira divisão em 1991 e com o Entrerriense FC, vencemos a segunda divisão de 1994 e participamos do octogonal decisivo de 95. Mas foi um ano antes, 1993, que o Edinho nos ligou das Laranjeiras. Assumira o profissional e me queria no comando dos Juniores. Trabalhava, na ocasião, na distribuidora Brahma de Três Rios como supervisor de Marketing e estava muito bem, carteira assinada, sem depender de resultados para continuar empregado. Mas quando a bola quica à nossa frente, todos na família sabiam que iria arriscar. Entreguei o cargo pensando mais em mim do que nos meus, e tomei o rumo novamente da rodoviária, Catumbi-Laranjeiras, Pinheiro Machado, Fluminense FC.


Passei três meses trabalhando com o Edinho. E o Fluminense foi às finais com o Vasco e ele me puxara como seu auxiliar técnico. Recebera uma proposta de Portugal, iria trabalhar no Marítimo, e declarou para todos que eu seria seu substituto. Só não combinou com o Presidente Arnaldo Santiago, que permanecia em silêncio. Como quem cala consente, pedi a minha irmã, a Jane, que mora no Rio, seu Santana do ano emprestado, carro imponente da época, para chegar ao estacionamento do clube com ele. Depois do meu curso na ESPM, não daria a brecha desembarcando de ônibus com o Ézio e o Bobô chegando com seus carrões. O Jornal do Brasil fez uma matéria de capa comigo antes da final, onde perdemos para o Vasco, e Edinho se despediu dos jogadores no vestiário. Depois me abraçou e disse:

– Agora é contigo, parceiro!

Sem saber o que fazer, ninguém do clube confirmou ou desmentiu minha posse, voltei para o hotel nas Laranjeiras, que o supervisor Roberto Alvarenga arranjara para mim e ele disse:

– Se apresenta normalmente às 9h e vamos aguardar!


Voltei para o hotel e não dormi, claro. Tinha um Torneio Rio-São Paulo que começava no domingo, contra o Palmeiras, e tratei de armar meu time no papel. Lançaria minha maior descoberta, o meia Nilberto, irmão do Nélio e o Gilberto, entre as feras. Afinal, todos os treinadores anteriores dos juniores foram interinos, nem que fosse por uma derrota: Vanderlei Luxemburgo, Sérgio Cosme, Sebastião Rocha e Rubens Galaxe. Poderia até perder o cargo, mas estrear até contratarem um medalhão seria o normal. E cá entre nós, poucos fizeram tanto por merecer: oito anos como atleta e cinco títulos profissionais conquistados, quatro como treinador da base e dois títulos estaduais e torcedor do clube. Era uma questão de justiça, pensava.

Às 9h30, para disfarçar a ansiedade, entrei pelo portão da Rua Álvaro Chaves, 41, mais nervoso e inseguro do que naquela manhã de 1968, aos dezesseis anos, quando cheguei para fazer testes nos juvenis. Naquela ocasião, dependia apenas do meu futebol, nesta não havia bolas ou chuteiras à disposição para defender o lugar que cobiçava. Fui entrando e uma leva de jornalistas passou por mim vindo do Departamento de Futebol. E timidamente me acenaram no lugar de cercar-me com papel e caneta. Não havia ninguém a me esperar para saber a escalação do time para domingo. Totalmente sem graça, desviei-me da sala de futebol e dirigi-me aos vestiários. Lá, perguntei ao roupeiro Ximbica:

– Quem é o novo treinador?

Ele respondeu:


Nelsinho Rosa

– É o Nelsinho Rosa. Ele é muito amigo do Arnaldo!

Talvez tivesse passado algo parecido quando fiz meu primeiro vestibular pela Cesgranrio e não encontrei meu nome entre os aprovados no Jornal dos Sports. Decepção somada à frustração que vira angústia com doses cavalares de desespero felizmente contidos. Talvez a tristeza tenha sido próxima daquela vez que abri a Revista Placar e constatei, após liderar as últimas seis semanas como melhor ponta esquerda do Campeonato Brasileiro de 1975, que acabara de perder a Bola de Prata na ultima semana para o Ziza, do Guarani, “por não ter completado o mínimo de quatorze partidas exigidas pelo regulamento”. Jogara exatamente treze, a última nas semifinais contra o Internacional, onde perdemos por 3 a 1. Mas naquela manhã doía diferente. Não estavam me negando uma vaga na universidade ou um cobiçado troféu esportivo, estavam tirando uma oportunidade de assumir um cargo que, tinha absoluta certeza. Ninguém tinha mais conhecimento do grupo e tesão tricolores para abraçá-lo naquele momento. Poderia até perdê-lo no domingo seguinte, mas pro resultado, que é o que define nossa permanência no cargo, jamais por desconhecimento de causa.


Zé Roberto fez parte da Máquina Tricolor

Retornei ao hotel, fiz minhas malas e alcancei a Rodoviária Novo Rio guiado pelo meu anjo da guarda. Só ele poderia ter feito aquilo, desviado-me do Departamento de Futebol pois tinha algo pior para acontecer e ele concedeu-me duas horas de viagem pela aprazível Serra das Araras para respirar, admirar a paisagem de Itaipava, lembrar que estava vivo, sadio, e que tinha uma família maravilhosa para me proteger e amparar. Como técnico da equipe de juniores, imaginava, ainda poderia um dia ter uma nova chance no clube.

Ao chegar em casa, o telefone tocou. Paulo Alvarenga, irmão do Roberto e supervisor dos juniores, ligou para anunciar o tiro de misericórdia: o novo treinador exigira uma comissão técnica inteirinha sua e indicou seu filho como novo treinador dos juniores. Não havia perdido apenas a chance de chegar à equipe profissional, estava demitido também do clube. Olhei para uma latinha da Brahma sem mais trabalhar na Brahma e devo ter pensado alguns goles de besteira. Apenas isto, graças a Deus. Porém, tal foi a extensão do trauma que mesmo passados décadas da minha demissão, toda vez que o time que mais demite treinadores no mundo dispensa um Levir Culpi, eu fico com medo do telefone tocar das Laranjeiras. Não pela boa notícia que certamente não me darão, mais que outros sonhos minha eterna paixão verde, vermelha e branca poderá ainda sufocar do outro lado da linha.