RESENHA DO AREIA LEME
por André Mendonça
“Sempre joguei futebol na praia e em mais nenhum outro lugar, odeio colocar chuteira”. A frase, típica de um peladeiro, é de Dime Cordeiro, um dos maiores defensores do futebol de praia e ex-zagueiro da seleção brasileira de beach soccer. Dias antes da confraternização de fim de ano do Areia Leme, marcada para o dia 22 de dezembro, a equipe do Museu da Pelada bateu um papo com o craque.
Dime, Neimar e Neyvaldo
Para quem não sabe, o Areia é um dos times mais tradicionais da Praia de Copacabana, especificamente do Leme, e uma das maiores paixões de Dime. Fundada em 66, a equipe só foi contar com o reforço do zagueirão em 85. Jogando uma tradicional pelada no mesmo campo onde o Areia fazia seus jogos, o craque chamou a atenção da comissão técnica e ganhou uma chance no time de aspirantes.
– Fui bem pra caramba e no ano seguinte já estava no time de aspirantes! Fiquei 15 anos lá e depois joguei no máster. Joguei minha vida inteira lá. Até hoje eu sou Areia!
Diferente dos demais zagueiros, Dime tinha uma velocidade e uma capacidade de recuperação impressionante, o que complicava a vida dos atacantes. Dessa forma, o defensor foi capaz de parar craques como Júnior, Júnior Negão, Benjamin, Neném, entre outros, sem nunca ter levado um cartão vermelho nos 15 anos de carreira. Além de ser um xerife na zaga, o craque também se aventurava no ataque e fazia seus golzinhos quando surgia a oportunidade.
Uma das fotos mais bonitas enviadas por Dime define bem seu estilo de jogo. Enquanto o craque Júnior carrega a bola com sua classe inconfundível, o zagueiro dá um bote por trás e rouba a redonda sem nem encostar no ídolo do Flamengo.
– Eu esperava o cara botar na frente para roubar a bola. Sempre joguei limpo. Aquela foto foi em uma das primeiras festas de fim de ano do Areia! – lembrou o zagueiro.
Além da paixão pela bola, Dime também sempre morou no Leme, o que foi fundamental para criar essa identificação com o Areia. Sem nunca ter recebido um real para jogar na equipe, o craque lamenta o fato de, hoje em dia, os jogadores cobrarem para disputar os jogos. Dessa forma, segundo Dime, não fazia sentido o Areia continuar jogando.
– A gente tinha um amor pelo clube que você não tem ideia. Sempre joguei por amor! A rivalidade com os outros clubes (Embalo, Colorado e Copaleme) era tão grande que a gente chegava a mudar de calçada quando via um adversário. É uma pena que isso tenha acontecido!
Festa do Areia
Se a garotada não fez por onde para manter a essência do Areia, o mesmo não se pode falar das tradicionais festas de fim de ano! Sempre regada a muita cerveja, churrasco, samba e pelada, a confraternização costuma parar o bairro e reúne diversos craques do futebol de areia e do futebol de campo. Nesta quinta, o máster do Leme enfrentará a equipe de ex-jogadores e Renato Gaúcho, Romário e Júnior já confirmaram presença na festa, assim como os músicos Rogê e Diogo Nogueira. A equipe do Museu da Pelada, obviamente, também não vai ficar de fora dessa.
– A gente tem uma pelada na Constante Ramos ainda, mas tem amigos que a gente não vê mais. É sempre bom reencontrá-los! A festa é legal demais! Começa 14h e não tem hora pra acabar! – finalizou Dime.
PREVISÕES 2017
por Eduardo Semblano
SÃO PAULO
Santos – Gasta menos que quase todos, revela como ninguém, sabe vender e vai chegar sempre!
Corinthians – Se não tiver aquela ajudinha tradicional, vai penar em mais um ano! Clube e diretoria em crise, só não vê quem não quer!. A conta uma hora tinha que chegar!
Palmeiras – Compra quem quer, perde demais sem o Cuca. JÁ ERROU no técnico! Mesmo com grande elenco pode se atrasar, mas acho eu que chega mesmo assim!
São Paulo – Rogério Ceni veio cedo demais, não era hora. A vantagem é que com ele, o investimento aumenta, vide os dois primeiros reforços: Wellington Nem e Cidão!
Ponte Preta – Pega o que sobra, trabalha certo e reza!
RIO DE JANEIRO
Vasco – Previsão de queda! Quando a notícia principal é a renovação do Thalles você já vê a merda que vai ser! Cristovão não dá…
Botafogo – Parece que encontrou o norte de verdade, vai se arrumando e melhorando seu elenco! Vai fazer bonito papel!
Fluminense – Parece que agora sente de verdade a perda do patrocínio! Como está, vai dar merda, só aguardar! Abel pode ajudar a segurar!
Flamengo – Vai chegar em tudo no ano, ganhou cancha e com alguns reforços vira protagonista!
MINAS GERAIS
Cruzeiro – Arrumou a base pra 2017, tem elenco razoável, camisa enorme tal qual sua tradição e vocação pra transformar jogador ruim em bom, e bom em ótimo!
Atlético Mineiro – Depois de um ano caríssimo, a conta vai chegar! Desconfio do elenco que está lá. Apesar de gostar, acho que na mão de Roger vai chegar, se mantiver todo mundo é favorito!
OUTROS TIMES:
Grêmio – Clube que faz qualquer merda jogar não se pode descartar! Lá jogador nota 3 vira 7, então sempre será chato! Não confio no Renato a longo prazo, mas lá é Grêmio, a casa do cara, pode ser…
Sport – Não vale porra nenhuma, joga com as babas e igual a Ponte reza pra chover…
Bahia – Tem um presidente jovem, tinha o maior investimento da Série B, pode ser que ressurja. Eu não acredito, mas tem minha simpatia!
Atlético Goianiense – Não sei pra que sobe, em breve desce novamente! Time água de salsicha!
Chapecoense – Uma incógnita infinita, né??? Mas não gosto da postura que eles têm tomado em relação às ajuda etc. Acho que se esqueceram que são de um cidade de 200 mil habitantes. Com uma imensurável tragédia dessa, se cair não volta mais!
Atlético Paranaense – Se existe um termo pra ser usado a ele é o MÉDIO, não sobe, não luta, não cai, não ganha, não faz nada, acertou em levar o Grafite.
Avaí – Eterno time do Guga e só! Vai bater e vai descer, joga com a baba dos outros e ponto final!
Coritiba – Seguirá brincando na parte de baixo. Assim como outros, joga com o que sobra, às vezes dá certo, outras vezes não!
Vitória – Mais do mesmo, briga pra não cair, política de sobra como alguns outros clubes!
Fui CLEAR????
MUSEU DA IGUALDADE
por Zé Roberto Padilha
Zé Roberto Padilha
Certa vez deixei de visitar o Louvre porque só havia um dia livre para passeio, compras em Paris, e estava passando Emmanuelle. Corria o ano de 1975, a Máquina Tricolor se apresentava por lá e o ineditismo de sacanagem explícita, com Sylvia Kristel no papel principal, estava há muito proibido pela censura por aqui. E nós, jogadores de futebol, tínhamos absoluta certeza de que o mundo da bola nos aguardava no Galeão não para saber considerações sobre o sorriso da Mona Lisa, mas sobre o montinho artilheiro, que mudaria o rumo do sexo na história do cinema. E toda a delegação se mandou para assistir uma obra tão prima que dispensava legendas em inglês, áudio em francês, para ser compreendida em português.
E quando você para de jogar, dá uma olhada no retrovisor da sua carreira e coloca suas opções na balança, o filme ainda se encontra à disposição nas locadoras por 10 pratas. Mas para caminhar até o Louvre e conferir o quadro imortalizado por Leonardo da Vinci não tem preço. O modismo passa e com ele a oportunidade de ganhar uma passagem aérea Rio-Paris-Rio com tudo pago, diárias no Sheraton e com três peladas de luxo marcadas contra o Porto, Paris-Saint Germain e Ajax num tapete verdinho conhecido como Parc des Princes.
Jogador de futebol, ô raça! Tenho muito orgulho da profissão que exerci. Mas como a Sylvia, que tem a minha idade e fez seu ultimo filme como uma velha dona de bordel, para não perder o mote que lhe tornou famosa, um dia saímos de cena. E a única fita que passa com cenas da gente é exibida no Show do Intervalo dentro do Baú do Esporte. E em todas elas, à exceção do Maurício, cujo gol tirou o Botafogo de duas décadas sem títulos, do Basílio, que também marcou um histórico gol que terminou com o jejum da Fiel, das figurinhas carimbadas de sempre, nós, coadjuvantes das grandes conquistas ou aparecemos antes das tomadas, roubando uma bola ou realizando a assistência, ou depois, correndo para abraçar o herói da conquista. Mesmo assim não alcançamos a tomada para apontar para nossa família: “Olha o papai ali, filho!” Quem mandou não ser o Nunes? Ou não se tornar arroz de festa tricolor como o Romerito?
Mas um dia uma alma caridosa com a nossa carreira, o jornalista Sergio Pugliese, entre a genialidade de um pincel e a câmera libidinosa de um diretor de cinema, mas com a sensibilidade artística de ambos, resolveu construir um museu da igualdade. Não do futebol que este já existe e tem a genialidade no papel principal. Como Pelé, Zico e Roberto Rivelino. Mas de pelada onde reencontraríamos o Mendonça, o Denílson, o Rei Zulu, e notícias sobre os rumos tomados por Carlos Alberto Pintinho. Um local democrático onde se faria, ainda que tarde do que nunca, justiça a bela carreira de Luis Pereira. E quem mais se lembraria da classe e humildade de Nei Conceição a desfilar pelo meio campo do Botafogo?
Em nome de todos nós que passamos uma vida dentro de um esporte coletivo que vive a exaltar feitos individuais como se um time fosse formado por Usain Bolt ou Cesar Cielo, que enfrentam o tempo, não onze adversários, obrigado Museu da Pelada. Desde sua fundação nós, ex-jogadores de futebol, coadjuvantes de tantas conquistas, ganhamos mais que o direito de posar em um quadro na galeria do futebol brasileiro. Mas um lugar onde a sacanagem com a história do ostracismo da gente deixará de ser exposta. E quem sabe com seu exemplo, ser respeitada para sempre.
O MARACA É DO POVO
:::: por Paulo Cezar Caju ::::
Brasil x Paraguai em 1985, com mais de 140 mil torcedores – Arquivo O Globo / Anibal Philot/
Na minha estreia no Maracanã fiz três gols no América. No Maracanã, joguei por Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo. No Maracanã já fui idolatrado e vaiado pela galera da Geral. No Maracanã, já dei balãozinho e acenei para a namorada da vez, na Tribuna. No Maracanã, assisti uma exibição do time de vôlei, de Bernard & Cia. No Maracanã, delirei com Frank Sinatra e Paul Mc Cartney. No Maracanã, chorei e sorri. No Maracanã, pela Máquina Tricolor, venci o poderoso Bayern de Munique. No Maracanã, Neymar comandou nosso primeiro título olímpico.
Todos craques sonham em pisar no Maracanã, sejam jogadores ou cantores. O Maracanã não é de Flamengo, Fluminense, Vasco ou Botafogo. O Maracanã é do povo! E o povo quer diversão e arte, futebol, música e o que mais vier. O Maracanã está em bocas de Matilde, empresas e clubes brigando por sua administração.
A Odebrecht mexe seus pauzinhos e faz suas indicações. A Odebrecht ainda tem moral para alguma coisa? A francesa Lagardere conheço dos tempos em que joguei no Olympique. O dono, falecido, era casado com uma brasileira, Beth Lagardere, e chegou a montar um time, o Racing de Paris, para fazer frente ao Paris Saint Germain. Não durou muito. A ideia era ótima, ter uma segunda força. A Lagardere administra estádios no mundo todo. Borússia Dortmund e Olympic Lyonnais são dois bons exemplos. No Brasil, cuida da Arena Castelão. Nem sei quais são seus concorrentes nessa disputa longa, interminável, e nem me interessa, mas duvido que a Lagardere não deixe Flamengo e Fluminense jogarem no Maracanã, pois seria uma grande sandice.
O povão quer um Maracanã que ele possa frequentar, com preços acessíveis, restaurantes, museus, atrações e futebol, muito futebol. Se não dá para melhorar a qualidade do futebol que pelo menos o Maracanã volte a ser um ponto turístico. O Maracanã não é dos clubes, é do povão, é do mundo, é do Rio de Janeiro.
A extinta Geral do velho Maracanã
RESENHA TRICOLOR
entrevista: Sergio Pugliese e Itiro Tanabe | texto: André Mendonça | vídeo e edição: Daniel Perpetuo
Fim do ano é a época mais tradicional para os encontros entre os amigos e nas Laranjeiras não é diferente! Recentemente, a equipe do Museu da Pelada foi convidada para o 4º encontro dos ex-atletas do Fluminense, na sede do clube. Organizada por Helso Teia, a festa contou com a presença de craques de várias gerações do Tricolor e foi regada à muita cerveja e churrasco. Búfalo Gil, Carlos Roberto, Pintinho, Taílton Menezes, Alexandre Torres e os goleiros Paulo Goulart, Nielsen, Jorge Vitório e Ricardo Cruz foram alguns dos grandes jogadores que participaram do encontro.
Entrevistados pelo parceiro Itiro Tanabe, tricolor fanático, os craques não escondiam a alegria por participarem da festa ao lado de grandes amigos. Morando atualmente em Sevilha, Carlos Alberto Pintinho, um dos grandes jogadores da Máquina Tricolor, exaltou o evento:
– Esse encontro é maravilhoso! Devemos muito ao Helso, que conseguiu reunir toda a rapaziada! É muito importante para a família tricolor!
Pintinho, Sergio Pugliese e Alexandre Torres
Quem também marcou presença foi o ex-zagueiro Alexandre Torres, que atuou pelo Flu no fim da década de 80 e início de 90. Apesar de ser mais novo que muitos dos convidados, o ex-jogador revelou que convive com esse grupo desde a infância, pois seu pai, o saudoso Carlos Alberto Torres, o levava para a concentração e para alguns jogos da Máquina Tricolor.
– Tive o prazer de ver essas feras de perto! Tenho certeza que meu pai está observando a gente lá de cima e batendo palma para esse encontro!
O craque Taílton Menezes, que recentemente lançou o livro “Minha História de Amor Com o Flu”, era um dos mais alegres. Bicampeão carioca nas divisões de base do clube, o ex-jogador teve a carreira interrompida por problemas de diabete e, hoje em dia, faz sucesso na Rádio Cultura, de Itaboraí, onde se transforma na “Valquira Fashion” e diverte os ouvintes com a personagem.
Um dos momentos mais bacanas do evento foi a resenha entre os goleiros de várias gerações que vestiram a camisa tricolor. Jorge Vitório, muralha dos anos 60, Nielsen, camisa 1 da Máquina Tricolor, Paulo Goulart, campeão brasileiro pelo Flu em 84 e Ricardo Cruz, goleiro do fim dos anos 80, se deliciavam com o encontro e a admiração era unanimidade na resenha.
– O Fluminense sempre fez grandes goleiros! Eu sou prata da casa, vim do futebol de salão e tenho muito orgulho de ter jogado nesse clube! – afirmou Nielsen.
Paulo Goulart acrescentou em seguida:
– Aprendi muito com o Nielsen e tenho certeza que o Ricardo Cruz aprendeu alguma coisa comigo, pois ele veio logo depois! Essa é a alegria do nosso encontro!
– Cheguei a treinar junto com o Paulo Goulart, que sempre foi um ídolo pra mim, e fui muito ao Maracanã com meu pai assistir ao Nielsen! – lembrou Ricardo.
Veterano na resenha, Jorge Vitório, sem dúvidas, foi a grande inspiração dos goleiros que sucederam o ídolo tricolor. Tendo vestido a camisa do Fluminense de 1965 à 1973, Vitório participou das conquistas de três Campeonatos Cariocas, três Taças Guanabaras e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 70.
– Participei de um grupo muito bom! Além de serem grandes jogadores, eram grandes companheiros! Fico muito feliz de ter participado daquele time!
A equipe do Museu da Pelada partiu para outro compromisso, mas a festa dos ídolos do Fluminense varou a noite!