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ESTREIA NO MARACA

por Marcelo Mendez


Nunca mais vou esquecer do meu pai chegando em casa com a noticia;

“Vou te levar para ver a final do Campeonato Brasileiro no Maracanã” –
Cara, entrei em transe! Nem me preocupei muito com o fato do jogo não
ser do meu Palmeiras. A final seria entre Flamengo x Santos e aí entra
o Carlinhos…

Era amigão do meu pai. Da lembrança que tenho dele nos anos 80, sempre
me vem a mente um sujeito cabeludo, todo pinta, usando umas roupas
coloridas, all star no pé, santista alucinado e dono de um Corcel II,
bala! Pretão, banco de couro e toca fita novinho! Carlinhos
seria o cara que nos levaria para aquela que até então era minha
primeira grande aventura ludopédica; Ir ao Rio de Janeiro para ver uma
partida de futebol. Foi lindo…

Lembro de enfiar a cara na janela do carro e da sensação gostosa do
ventão na minha cara rasgando a Dutra a caminho do Rio. Um gosto
incrivel de liberdade e alegria que é algo que sempre lembro quando
penso em futebol. No tal toca fita, o Carlinhos ouvia repetidas vezes
uma fita do Bob Dylan e jamais esqueci de Subterranean Homesick Blues
no talo, entrando pelos meus poros junto com aquele solzão de domingo
lindo, enquanto íamos para o Maracanã. Épico!

Na minha cabeça de menino de 13 anos, aquilo tudo me parecia muito
grande. O mar de gente em vermelho e preto caminhando para o estádio,
os rostos de alegria, de luz, de satisfação de fazer parte daquele
momento, daquela página da história do futebol brasileiro… Todas
essas coisas me davam a exata noção da grandeza a qual eu passava a
fazer parte também. Rumamos para onde estava a torcida do Santos.
Ohhhh!!! Éramos então cinco mil santistas me disse o extasiado
Carlinhos. Achei incrivel! Tinha então uma certa segurança de que não
fariamos vergonha enquanto subíamos aquela enorme rampa de concreto
que nos levaria em nosso local da arquibancada. E quando chegamos vi
que eu e Carlinhos estávamos lindamente enganados…

Em meio às bandeiras do Santos me senti uma formiguinha. Éramos parte
de 165 mil pessoas. Veja bem; 165 mil pessoas!!!!! Então nossa missão
era torcer contra 160 mil rubro-negros. Até tentamos… Tal e qual um
Caruso, um Leslie West, um Barry White, enchi meu peito para com toda
força gritar “Peixeee” em solidariedade aos amigos santistas que tão
bem me trataram e que a mim, pareciam estar em tão enorme enrascada.
Naquele momento me arrependi profundamente porque acordamos então um
gigante inteiro:


As 160 mil vozes, apaixonadas, munidas de um sentimento que só o
futebol pode propiciar e nem sempre explicar, mandaram lindamente um
“MEEEEEEEEEEEEEEEEENNNGOOOOOOOOOOOOOOOO!!!” ensurdecedor… Mas fiquei
até com vergonha! Na hora da escalação dos times no placar eletrônico
eles continuaram; Aplaudiam número por número… 5 – Vitor (EEEEEE!!!
Vitor, Vitor, Vitor…) 8 – Adílio (EEEEEE Adílio, Adílio, Adílio) 9 –
Baltazar (EEEEEEE É Baltazar, É Baltazar…) Aí veio a catarse…


De repente, a massa rubro-negra se levantou do concreto do Gigante.
Todo mundo de pé, bandeiras tremulando, fogos espocando e o placar
eletrônico parado, não punha mais nenhum nome. Apenas o número 10
apareceu no placar. Aí o 10 piscava e o povão entrava em transe. Então
veio, letra por letra; Z-I-C-O!!!!!


O Maraca veio abaixo! A massa explodiu num coro lindo… “EI, EI, EI! O
GALINHO É NOSSO REI… ZICOOOOO, ZICOOOOO, ZICOOOOOO” Eu chorei!!!!
Cara, eu chorei! De emoção, de alegria, de tudo! Senti que eu tava
certo, pensei. “Porra meu ídolo é um deus! Zico é fodaaaaa!!” Quando
veio o jogo, aos 57 segundos, o Flamengão meteu 1×0 com gol dele e aí, acho que nem o Carlinhos ficou triste em ver que o Flamengo seria
inevitalmente campeão como foi. O Jogo acabou 3×0 e eu saí dali
convicto de que jamais abandonaria aquele esporte. Se não fosse
jogando bola, seria de alguma outra forma, mas jamais deixaria de amar
aquele jogo. Nunca mais esqueceria aquele domingo no Maracanã.

Pois bem. Passaram-se 29 anos. Muita coisa mudou…

Inventaram uma tal de globalização, outras nações apareceram, a gente
descobriu que os russos não comem criancinhas, que o Tio Sam não é
bonzinho, que o Rambo não é invencivel e que o futebol não é mais o
mesmo. Apareceu junto com as coisas novas do mundo um tal Ricardo, que por décadas se apossou do futebol brasileiro, que fez o que quis, e o
que bem entendeu com ele, até quando uma mulher virou presidente do
Brasil, e enxotou o sujeito de lá. Mas o sujeito deixou uma
herança…

A Copa do Mundo de futebol, graças ao tal Ricardo foi realizada aqui
em 2014. Com isso apareceu por aqui a tal da Fifa, cobrando
infraestrutura, exigindo passaporte diplomático para cartola
futeboleiro e querendo estádios novos. Então veio a vitima maior dessa
megalomania toda; O nosso velho Maracanã e uma afamada reforma, que no
começo custaria 700 milhões (o que já seria uma exorbitancia) e que
ultrapassou UM BILHÃO DE REAIS! É o estupro mais caro do
mundo!! Afinal é isso que fizeram com o velho Maraca. Enfim… O
futebol passa por um processo de elitização nojento!


Fomos o “País da Copa”…

Por conta disso, aceitamostodas as cretinices da FIFA. Por causa
disso, não se pega esse UM BILHÃO DE REAIS para construir um estádio
novo e com isso deixar o velho Maraca em paz, lá quieto, velho e até
desconfortável sim, para quem gosta de futebol de verdade. Não temos a
menor participação de nada! A seleção que outrora foi do povo hoje é
da CBF e joga em New Jersey; Os melhores jogadores vão para a Europa e
nosso campeonato passa em uma emissora de televisão que faz o que quer e bem entende com isso, pensando no esporte apenas como um produto. E aí chego à conclusão que não daria mesmo pro velho Maraca viver no meio disso tudo.

Em um mundo onde a beleza atrapalha, onde o encanto não é necessário, onde a paz é uma “frescura”, onde as pessoas só se permitem através de
redes sociais, onde ao invés de um abraço a rapaziada te manda “um torpedo”
via celular, pra que diabo se preocupar com o que um dia regeu o sonho
de tanta gente, com algo que tão bem fez a milhões de pessoas? Pois
bem…

Quarta-feira, 16 de maior de 2012, 15:35h da tarde:

Nessa data, tive um trabalho para fazer, cobrindo a quantas anda as
obras do maracanã para a Copa de 2014. Ao entrar vi que a marquise
lendária já não existia mais. Que não haveria mais arquibancada de
concreto para o povão, para nenhum atual menino de 13 anos ter a
chance de sentir o que eu senti em 1983. Me livrei da equipe de
trabalho e desci até onde ficava a geral do Maracanã. Será ali um
grande espaço de cadeiras nobres e caras. Um filme passou na minha
cabeça:


Pensei no Carlinhos, que hoje mora em Curitiba e poucas vezes o vi
desde então. Lembrei daquele orcel II bonitão, do som do Dylan, do
vento da minha cara. Naquela manhã chuvosa de 2012 ele não soprou.

Meu velho pai? Não, Seu Mauro não ta mais aqui conosco, foi descansar
desse mundo “novo” em 1997. Respirei fundo e sentia uma lágrima
escorrendo pela minha barba ali no meio daquelas obras. Nessa hora,
dei as costas e fui-me embora.

Deixei ali meu coração de menino sangrando na geral do velho Maracanã…

OS AMIGOS DA JUVENTUDE

por Victor Kingma

Nunca perca de vista os seus amigos de juventude. Vai chegar uma época da vida em que você vai viver muito de contar histórias. E ninguem como eles vai dar mais atenção a cada uma delas que você contar. Até porque fizeram parte desse enredo, muitas vezes fantasioso.


Os amigos da juventude de Victor Kingma, em Juiz de Fora, nos anos 70

Nunca perca de vista os seus amigos de juventude. Alguns vão até ser cúmplices de suas bravatas e, com os olhos marejados de saudades, testemunhar a seu favor, quando alguém duvidar de suas “façanhas”, contadas com tanto orgulho para os filhos, sobrinhos ou netos. Tem até aquele que vai se vangloriar por ter participado do jogo no qual você fez aquele fantástico gol. Gol que você narra com tantos detalhes, e que talvez jamais tenha marcado.

Nunca perca de vista os seus amigos de juventude. Eles, com certeza, não terão mais os cabelos compridos, como nas desbotadas fotografias, nem a mesma  disposição pra correratrás da bola, ou até fugir dos vizinhos que os pegaram roubando frutos no quintal. Algum deles, que certamente não é mais o galã da turma, pode mesmo ter se casado com a disputada morena do bairro. E outros, talvez, nem curtam mais tanto assim os Beatles. Nem devem ter mais os LP´s do mágico quateto de Liverpool, formado por Ringo, George, Paul e John. Só devem torcer ainda pelo mesmo clube,  porque boleiro que se presa jamais muda de time. Bem, mas nada disso tem tanta importância.

Independente do lugar para onde a vida levou ou direcionou cada um deles, levou junto um pouco de sua história. E somente eles saberão contá-la, ou relembrá-la, junto com você, como testemunhas oculares e personagens inesquecíveis, nos importantes capítulos em que participaram, no livro de sua vida…

Por isso, nunca perca de vista os seus amigos de juventude.

 

FESTA DE GALA

Ontem o Maracanã foi palco de um verdadeiro espetáculo, o Jogo das Estrelas, e Kadu Braga, parceiro de inovação e negócios do Museu da Pelada, esteve presente e registrou tudo! Em uma linda festa, que homenageou as vítimas do acidente aéreo da Chapecoense, Carlos Alberto Torres e o jornalista Raul Quadros, mais de 58 mil torcedores deliraram com as jogadas dos craques e puderam matar a saudade dos ídolos!


Kadu Braga posa com a camisa do Museu

– Zico traz na sua festa a essência da verdadeira pelada. A ginga, a arte e alegria. É a alma viva do futebol brasileiro e é esse o nosso mesmo propósito! – disse Kadu.

E foi exatamente isso que os donos da festa proporcionaram. Com um poderoso ataque entrosado, formado por Zico, Renato Gaúcho, Neymar e Marinho, atacante do Vitória, o time do dono da festa deu um verdadeiro show e venceu com facilidade por 8 a 4. Mesmo jogando em um dos maiores times do mundo, ao lado de Messi, Neymar não escondia a felicidade:

– Quem dera ter um craque como o Zico ao meu lado. Estaria muito feliz!

Além de ter marcado um gol de cabeça, aproveitando o rebote, o Galinho ainda deu uma assistência para o craque do Barcelona e acertou o travessão em um belo chute de fora da área.


Zico e Neymar fizeram boas tabelas (Foto: Alexandre Brum/Estadão Conteúdo)

Antes da partida dos jogadores, no entanto, os torcedores assistiram ao duelo entre os artistas e o cantor Wesley Safadão saiu ovacionado de campo mesmo após ter desperdiçado duas cobranças de pênalti.

Embora os craques tenham deitado e rolado  em campo, o ponto mais alto da festa, sem dúvida, foram os tributos aos que já não estão mais entre a gente.

– As homenagens para o Capitão do Tri, Raul Quadros e a Chape, agora um time imortal, deixaram o evento ainda mais emocionante. Foi inesquecível! – finalizou Kadu.

Para nós, amantes do bom futebol, só nos resta esperar mais 365 dias para presenciar esse espetáculo novamente!

AMARELO-NÁUSEA

:::: por Paulo Cezar Caju ::::


Quando Tadeuzinho Aguiar me pediu para fazer um balanço do ano, logo pensei não ser a pessoa mais indicada porque sou muito cricri. Se nem a conquista da Olimpíada me comoveu, imagine o resto. Ganhar de um time de amadores, qual a graça? Mas ganhamos, tudo bem, e Neymar e Gabriel Jesus, ainda uma incógnita, mereciam. E o povo também, afinal a galera quer é título!

Mas vejo o futebol com outros olhos e não vi qualquer evolução desde a perda da Copa. E aí vem alguém dizer, “mas e a chegada do Tite não melhorou?”. Quando jogar contra algum time de verdade avaliaremos melhor.

A chegada do Tite só foi positiva por conta da efetivação de Philippe Coutinho como titular. No futebol sul americano fico triste com a queda da Argentina, mas feliz com a evolução da Colômbia. Do Chile, sempre gostei. Na Europa, Inglaterra e França evoluíram, mas precisam de técnicos mais ousados.

Pontos negativos são muitos e nem vou falar da tragédia da Chapecoense porque ela ofuscaria e nem poderia ser comparada a nada. Perdi um amigo, Mário Sérgio, e esse vazio dos familiares não cessará nunca. O Bom Senso acabou porque o líder foi convidado para a banda podre. E foi.

E essa Conmebol e seu calendário maluco? As guerras entre torcidas continuam e o desrespeito dos jogadores com os árbitros, nem se fala. O descaso com o Maracanã é podre e o Palmeiras foi campeão com um time fraco. Confiram a escalação! Mas o Cuca merece e ainda é um dos poucos que monta time ofensivos.

O Zé Ricardo, do Flamengo, era da base. Quantos jogadores da base ele subiu? E para terminar, o futebol carioca: o destaque é administração do Flamengo, mas falta um título para coroá-la. Ah, adoro o lateral Jorge!

No Botafogo, sou fã do zagueiro Emerson e o técnico Jair Ventura vem acertando. No Flu, gosto do garoto Scarpa e, no Vasco, Douglas surgiu bem no fim da temporada.

Resumindo foi um ano amarelo. Mas não um amarelo do ouro que já fomos um dia, mas um amarelo-náusea que me dá ânsia de vômito só de pensar nesses crápulas da CBF que continuam soltos e, nos bastidores, comandando nosso futebol.

– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 29 de dezembro de 2016.

CRAQUE EM EXTINÇÃO

por Mateus Ribeiro


O futebol precisa de mais um Suárez. Ou não.


Suárez, ainda no Groningen.

Luis Suárez está prestes a completar 30 anos. Quase metade dessas três décadas dedicadas ao futebol profissional. Hoje, pode se considerar um vitorioso, afinal, está no topo. Joga em um dos clubes mais vitoriosos dos últimos anos, ganha um salário astronômico, se ficar desempregado amanhã, terá os maiores times do mundo o disputando na base da foice e do facão.

O atacante uruguaio não chegou onde chegou por sorte, ou por qualquer outra coisa que não seus esforços. Desde o começo de sua carreira, fez gols por onde passou, seja pelo Campeonato Uruguaio, seja pelo Campeonato Holandês, ou pela Liga de Campeões da Europa.

Feitas as devidas apresentações, vamos nos aprofundar um pouco mais, e dissertar um pouco sobre as peculiaridades que tornam o atacante uruguaio um jogador único. E uma personalidade única, também.


O rosto continua praticamente o mesmo.

Qualquer pessoa que não tenha passado os últimos anos fora do Planeta Terra sabe que Suárez é um dos maiores jogadores da sua geração. E aqui vai uma opinião um pouco polêmica: pode não ser o maior, mas é de longe, o jogador que mais agrada um torcedor que preza valores tão esquecidos, como a raça, a entrega e a determinação.

Explica se: Luis, ou Luisito, como queiram, encara cada partida como se fosse sua primeira (ou a última). Corre feito um animal ensandecido atrás de sua presa durante o jogo todo, disputa todas as bolas, e nunca se dá por vencido. Claro que existem alguns outros jogadores assim, mas no mainstream da bola fica difícil imaginar alguém com tamanha paixão e sangue no olho. Vale lembrar o chilique protagonizado pelo atacante na enfadonha Copa América 2016, quando ao saber que não entraria na partida contra a Venezuela, mostrou um pouco da sua fúria ao mundo. Bom, se vocês não se recordam…

Acontece que esse não foi o primeiro ataque de Suárez. Podemos lembrar facilmente das suas mancadas do passado. Desde as mordidas até o lamentável episódio racista contra o francês Evra. Acontece que até mesmo esse lado obscuro, curioso e de certa forma maluco de Suárez chamam a atenção, ainda mais nessa época de vacas magras, com jogadores plastificados, fabricados para não sentir ou representar emoção alguma. Podemos nos lembrar do jogo conta o Crystal Palace, onde o Livepool deixou escapar a chance do título Inglês, que não vinha (e não veio ainda) desde o início da década de 1990. Caso essa imagem não seja suficiente, voltemos mais ainda no tempo. Mais precisamente, 2010. Quartas de final da Copa do Mundo. Último lance da prorrogação. Tanto o time de Gana quanto do Uruguai estavam praticamente inteiros dentro da área Uruguaia. Um gol ganês naquela altura levaria os africanos pela primeira vez na historia do continente a uma semifinal de Copa. Levaria. Se não fosse a atitude de Suárez, que enfiou a mão na bola para salvar o tento que eliminaria sua Seleção. Expulsão, e penalidade máxima. Choro, desespero, agonia. Todos esses sentimentos foram para o espaço quando Gyan mandou a bola no travessão.

O lance mostrou o garoto Uruguaio para o mundo. Mostrou também como sua gangorra de sentimentos é parte da sua personalidade, quando trocou as lágrimas pelas comemorações insanas após a cobrança de pênalti desperdiçada.

Mesmo com todas essas características, Suárez raramente figura na lista de melhores do Mundo. Talvez por não ter o perfil de integrante de boy band que tanto agrada quem vota e quem apoia a realização desse verdadeiro concurso de marketing, que deveria ser abolido, aliás.

É óbvio que enquanto existirem os outros dois jogadores que se revezam a posição de “melhor do mundo”, nenhum outro jogador vai concorrer seriamente ao prêmio. Muito menos alguém que pouco liga para recordes, que quer apenas e puramente jogar bola.

Suárez possui uma quantidade imensa de sangue no olho e em suas veias, coisa que falta, e muito, para muita gente que é chamada de craque por aí. Pode se dizer que é uma versão melhorada de Carlos Tevez, com pitadas dos momentos do grande Wayne Rooney da década passada. Porém, para a Fifa, a France Football e demais subordinadas de patrocinadores, agrada mais a ideia de jogar holofotes em nomes que soam melhor para a publicidade do futebol do que em quem realmente pensa no coletivo, e não apenas em si mesmo e em números.

Ao contrário de muitos companheiros (de clube e de profissão), Luisito está pouco ligando para sua imagem. Não esquenta a cabeça por ter dentes avantajados, uma aparência que está longe de ser a mais apresentável do mundo, tampouco faz coisas do naipe de pintar cabelo, barba e demais atitudes que são a regra na atualidade.

Não os faz por ser a exceção. Não os faz por não ser midiático. Não os faz por ser um dos últimos dos moicanos. Talvez o último.

O último que trata a bola como seu prato de comida.

O último que encara o futebol como ele deve ser encarado.

O último que mesmo no topo, sempre quer melhorar. Em nome do seu time. Em nome de sua Seleção. Em nome do futebol.

Obrigado por jogar um pouco de sal nessa salada sem gosto chamada futebol.

Que apareça ao menos mais um Suárez por década. Ou não.