PEIXE NA FOLIA
Ontem, dia 29 de janeiro, foi aniversário de Romário e, por uma falha imperdoável, não homenageamos o craque! Por isso, relembramos hoje o dia em que o artilheiro acabou com o Real Madrid e ganhou uns dias de folga para curtir o Carnaval no Rio de Janeiro.
De acordo com o saudoso Johan Cruyff, treinador do Barcelona na época, foi feita uma aposta e se Romário marcasse três gols contra o maior rival ele ganharia os dias de folga. Após marcar o terceiro gol, imediatamente o Baixinho pediu substituição:
– Treinador, meu avião sai em menos de uma hora! – e saiu às pressas para o aeroporto.
Até hoje a história não foi confirmada, mas alguém duvida do gênio da grande área?
Marco Antônio
O LATERAL DE 70
texto e entrevista: Sergio Pugliese | fotos: Marcelo Tabach | vídeo e edição: Daniel Planel
O tricolor Evaldo Santana interrompeu o café da manhã light de nossa equipe, croquete e pão com linguiça, na Casa do Alemão, para avisar que nosso entrevistado chegara meia hora antes do combinado. Pagamos a conta e saímos voados! Afinal, um campeão do mundo de 70 não pode esperar!!! Eu, Marcelo Tabach e Daniel Planel entramos no carro, e fomos seguindo Evaldo e Julinho, colaboradores do Museu da Pelada. No curto trajeto pensei como deve ser grandioso poder falar “sou campeão mundial de 70!”. Sei que em 58 tínhamos Pelé, Garrincha e Nilton Santos, mas 70 foi 70. Quantos choram até hoje o corte em cima da hora….Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Eduzinho Coimbra, Natal, Silva Batuta. O lateral esquerdo Marco Antônio, 20 anos, titular absoluto, garantiu a vaga sem sustos, mas amargou a reserva às vésperas da estreia do Brasil. Entrou Everaldo, mais marcador, mais experiente.
Com a blusa dos ex-atletas de Ribeirão Preto, Marco Antônio segura uma camisa oficial da Copa de 70
– Não é ele ali? – perguntou o atento Tabach.
E era. Sentado, sozinho, no Bar da Padilha, no bairro Agostinho Porto, em São João de Meriti, onde mora há alguns meses e diverte-se jogando carteado com amigos. Quando entramos levantou-se rapidamente, estufou o peito e ajeitou a camisa talvez para mostrar que continua sem barriga e mantém a mesma elegância dos áureos tempos de Vasco e Fluminense. Respirei fundo e pensei: “Caramba, estou diante de Marco Antônio!”. Para mim, ele não era apenas campeão de 70, mas campeão de 77 pelo meu Vascão! Mazzaropi, Orlando Lelé, Abel, Geraldo e ele, Zé Mário, Zanata e Dirceu, Wilsinho, Roberto Dinamite e Ramon. E, olha, que não sou como os pesquisadores Milton Neves, Paulo Vinícius Coelho e Roberto Assaf, que sabem as escalações até do Íbis de 64. Essa é uma das poucas que decorei. Cansei de ver Marco Antônio cruzar e Dinamite estufar a rede.
– Muito prazer, Marco Antônio!
Peraí, um campeão de 70 não deveria se apresentar, dar o nome, essas formalidades, nem mesmo Baldocchi, reserva de Brito e talvez o mais desconhecido de todo dos convocados de 70. Para mim, bastaria falar “prazer, campeão de 70”. Campeão de 70 não tem nome, campeão de 70 é campeão de 70!!! Mas, naquele momento, minha maior curiosidade era saber que camisa ele estava usando, que time era aquele???
– É dos ex-atletas de Ribeirão Preto. Jogam Guina, Mauricinho….. – revelou.
– Meu Deus, Guina e Mauricinho!!! É demais para o meu coração!!!! E você ainda bate uma bolinha? – perguntei.
– Depois do AVC não deu mais…..
Há alguns anos, Marco Antônio enfrentou bravamente um AVC. A única sequela é a dificuldade para erguer a perna esquerda. Fisioterapia até resolveria, mas cadê a paciência? Duas sessões bastaram para irritá-lo. Sem poder correr, virou técnico do Fazenda, de São João de Meriti, atual campeão da região. Nosso colaborador, Evaldo Santana, do União Esportivo Coelho da Rocha, maior rival, contentou-se com o vice-campeonato, mas, resignado, levou uma camisa para o amigo autografar. Também levamos uma original da seleção de 70, da coleção de Victor Raposo, que o lateral usou durante a entrevista.
– Como é ser campeão do mundo, campeão de 70? – insisti, na esperança que ele pudesse me transmitir essa sensação mágica.
– Normal, passou, acabou. Hoje sou campeão do Fazenda….
Búfalo Gil numa de nossa conversas um dia soltou: “da pelada viestes à pelada voltarás”. Nada mais certo!!!! E Marco Antônio nunca se iludiu, nunca foi rico, nunca tirou onda. No primeiro dia no Brasil após conquista do título mundial, no México, nem quis ficar no buxixo de Copacabana, onde morava, e correu para a casa da namorada, em Quintino. É tão discreto que o árbitro José Marçal Filho nem viu o empurrão dele no goleiro Ubirajara Motta, no gol de Lula, na final do Carioca de 71, que deu o título ao seu Fluminense por onde também foi campeão brasileiro. Antes da gravação, porém, gargalhou e assumiu o empurrão, mas com a câmera ligada fez ar sério e negou.
– Coloque o pé sobre a bola – pediu Tabach, o genial fotógrafo.
Naquele momento ficou claro que o campeão não deveria ter abandonado a fisioterapia. Forçou a perna, mas ela não respondeu, só com a ajuda das mãos. Na seção de fotos posou em frente a centenas de engradados de cerveja. Assume que a bebida sempre o acompanhou desde os tempos de Vasco, quando bebeu demais, dormiu no carro, chegou atrasado ao treino e quase foi barrado por Orlando Fantoni. O presidente do clube, Agarthyno da Silva Gomes, interferiu e garantiu sua escalação para a rodada de domingo.
– Joguei e fiz dois gols.
Mas na Copa de 70 não teve presidente que garantisse a sua vaga de titular. Poucos dias antes da estreia do Brasil, conta que Gerson liderou um movimento para barrá-lo. Organizaram uma reunião secreta e quando Félix saiu do quarto que dividiam foi junto. Achava que o goleiro fosse fumar, sempre fumavam juntos, mas Félix o advertiu: “vou numa reunião, você fica”.
– Eles tiveram um momento de trairagem, mas amo todos eles. Fomos campeões e é o que importa.
Mas ficou clara a decepção pela forma com que o grupo conduziu sua barração. Olhar distante, como se voltasse no tempo, mudou de assunto, preferiu explicar o nó tático que deu no adversário na conquista do título do Fazenda….“escalei três zagueiros”. Levantou-se com dificuldade e caminhou até a mesa onde estava seu maço de cigarros. Estava seco para fumar. Colocou os óculos, soprou a fumaça, olhou pela janela do boteco e comentou com Evaldo….“o Fazenda vem forte esse ano”.
Julinho, Marco Antônio, Evaldo Santana, Sergio Pugliese, Daniel Planel e Marcelo Tabach
O TRISTE DIA DOS MENINOS BOTAFOGUENSES
por Antônio Carlos Guimarães
Tarde do dia 12 de maio de 1965.
No Rio de Janeiro, Botafogo e Fluminense se preparam para uma partida do Torneio Rio-São Paulo.
Em Aguinhas, Sul de Minas Gerais, no pequeno gramado da pracinha do prédio da antiga prefeitura (onde hoje funciona o fórum), seis meninos, alunos do Grupo João Bráulio, batiam bola.
Ao fundo, na casa do promotor Dr. Ferreira, apaixonado torcedor do Fluminense, no rádio ligado em volume máximo, Jorge Curi preparava-se para mais um clássico do futebol brasileiro — o Clássico Vovô.
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Time Mirim do Águas Virtuosas – 1966. Na foto: Andrezinho, Zé Maria, Xepinha, Rubens Nélson e Roberto
— Já dá dois times, vamu jogar! — disse o Guima. — Três do Botafogo e três do Fluminense, tá dividido. Topa?
— Par! — Ímpar! — Ganhei! — disse o Alexandre — Bola é nossa e ocês tira a camisa!
— Bola só sai na linha de fundo, num vale ficar dentro do gol, canelada é chute direto, dois num é falta, quem isola, busca — um deles anunciou as regras do jogo.
— E num vale bicuda, que a bola ainda nem foi usada — ordenou Andrezinho, o dono da bola de capotão número 3, estalando de nova.
De quatro metades de tijolos montaram as traves. No esquadrão alvinegro, alinharam-se Guima, Xepinha e Rubens Nélson. No tricolor, Alexandre, Zélias e Andrezinho. Guima e Alexandre, zagueiros; Rubens Nélson e Zélias, no meio; Xepinha e Andrezinho, no ataque.
Alexandre, Zélias e Guima, do Juvenil do Águas Virtuosas
E dois jogos inesquecíveis começaram ao mesmo tempo…
— É goool! Gooooollllll! Jaiiiirziiinhooo, camisa número 7! Eram decorridos seis minutos da etapa inicial! — esgoela Jorge Curi, para alegria do trio botafoguense. Inspirado, Xepinha recebe lançamento de Rubens Nélson e, à lá Jairzinho, dribla dois e anota o primeiro gol.
E jogo que segue, lá e cá…
Durou, no entanto, pouco mais de meia a hora a alegria dos botafoguenses. Em menos de sete minutos escutaram, por três vezes, bordões inconfundíveis do locutor caxambuense, anunciando a virada tricolor, que marcou, sucessivamente, com Evaldo, Antunes e Amoroso:
— Golaço! Açoo! Açooo!!!
— Dá-lhe garoto!
— Anootem!… Teempo e plaacar no Maior do Mundo! São decorridos 42 minutos da etapa inicial. Fluminense 3, Botafogo 1!
Botafogo de 1965. Em pé: Mura, Zé Carlos, Afonsinho, Manga, Rildo e Dimas. Agachados: Roberto, Gerson, Sicupira, Jairzinho e Artur. (Reprodução: www.literaturanaarquibancada.com)
— Ééé, mas aqui tá 3 a 1 pra nóis, num dianta chorar — falou Guima tentando abafar a gozação dos tricolores.
— Pois nóis vai virar no segundo tempo! – afirmaram confiantes Rubens Nélson e Xepinha. — Jairzinho e Roberto vão fazê quatro gol!
— Sou tricolor de coração! Sou do time tantas vezes campeão! — prosseguiu zombeteira a torcidinha mirim do Fluminense, sem dar ouvidos às bravatas alvinegras.
Veio o segundo tempo e Antunes, Gílson Nunes e novamente Evaldo selaram a sorte do Botafogo: 6 x 1 Fluminense!
— É goleada! É goleada!
— Aqui tamém é goleada, seus bobo! Tá 5 a 1 pro Bota, hehe!
— Pelada na pracinha num vale goleada no Maracanããã!!!… — devolveu a equipe tricolor.
De repente, no rádio:
— É pênalti para o Fogo! Pênalti!!! — Jorge Curi anuncia.
Expectativa na pracinha.
— Correu, atirou. É gol! Gooolll!!! Gérson, camisa número 10. Eram decorridos 33 minutos de luta na etapa final! Agora, noo placaarrr: Fluminense 6, Botafogo 2!
— Falta 15, ainda dá pra empatar! — Xepinha falou, sem muita convicção.
— Esperança é a última que morre! — Guima tentou animar o trio alvinegro.
— Navio já afundou! Navio já afundou! Num adianta chororô! — Os tricolores, dando pulinhos de contentamento, devolveram no ato.
Mas logo se calaram, pois Xepinha, magoado e de cara feia, meteu a bola no vão das pernas de quantos adversários viu pela frente e assinalou, inapelavelmente, no improvisado maracanã de Aguinhas: Botafogo 7, Fluminense 1.
Mas o sofrimento não havia acabado: aos 35 minutos do segundo tempo Gílson Nunes deu números finais ao que se tornaria o mais triste dia da vida dos meninos botafoguenses: FLUMINENSE 7, BOTAFOGO 2!
E, para cúmulo do azar, Andrezinho marca um gol…
E, assim, no Sul de Minas, em Aguinhas, o jogo também terminava: BOTAFOGO 7, FLUMINENSE 2!…
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— A revanche será no jogo de botão, na sala de tacos da casa do Guima — avisou Alexandre, mordido pela derrota, mas mostrando sete com os dedos para os amigos botafoguenses…
Texto em homenagem a Alexandre, Zélias, Andrezinho, Rubens Nélson e Xepinha — amigos da infância e da bola, que conservo até hoje.
PARABÉNS, TOSTÃO
texto: Marcelo Mendez | fotos: Revista do Cruzeiro
Eu não vi Tostão jogar.
Li muito mais sobre o camisa 9/10 do que o assisti em campo. Talvez por isso não o imagino quando revejo seus golaços, mas o reencontro em mim, no meu coração e nas minhas memórias afetivas quando leio Marcel Proust.
Não sei qual o motivo.
Talvez pela obsessão em comum, pela sanha em alcançar a substância do tempo para poder se subtrair de sua lei, seja pela sanha de tentar apreender, pela escrita, a essência de uma realidade escondida no inconsciente recriada pelo nosso pensamento, seja pela magnitude de um gol seu, de uma caneta ou uma cotovelada dada em um inglês na hora do passe, seja por tudo:
Tostão é a essência da busca de um tempo perdido.
De um futebol que não se joga mais, de um poema que não pode mais ser escrito, de um verso que não é mais declamado, de um tempo em sonhos que não se pode mais ser sonhado; Tostão em campo ou, na caneta a bordo de sua coluna, de suas crônicas é incessante busca do encanto que se perdeu.
Hoje, ao completar seus 70 anos de idade, muito, mas muito mais do que saudar o grande craque que ele foi, eu venho ao Museu da Pelada saudar o gênio que ele segue sendo. Agradecer a vida por tê-lo em nosso dia a dia, em nosso cotidiano meramente mortal, nos dando a honra de dividir suas letras.
Por tudo isso, saúdo Tostão em seu aniversário, um homem que para mim é muito maior que Marcel Proust, por que oras…
O francês não foi tri campeão do mundo…
Parabéns, craque!
“A tabelinha de Pelé e Tostão confirma a existência de Deus”. – Armando Nogueira (Foto: Reprodução Internet)
PLANET GLOBE
Liderada pelo parceiro Guaraci Valente, a divertida rapaziada da Planet Globe, a seleção brasileira de artistas, dá show dentro e fora dos gramados! Veja a festa que as celebridades fizeram no aniversário do Flamengo!
Vale destacar que os craques já iniciaram os treinamentos no CFZ para buscarem o bicampeonato mundial! A Copa do Mundo Fut7 de Artistas será realizada na cidade de Hamadã, no Irã, entre os dias 11 e 19 de fevereiro. Os brasileiros foram campeões em 2007, na Rússia, com craques como Marcos Palmeira, Du Moscovis, Silvinho Blau Blau e Heitor Martinez! Pra cima deles!!!